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7.4% Palácio / Chapter 2: O coração dela não é de ferro!

Chapter 2: O coração dela não é de ferro!

Na manhã seguinte ao sacrifício que Mira fez, Volkan se encontrava sentado no trono do salão do seu castelo, no alto de uma grande montanha de onde deslizava lava. Sua mente estava a planejar um jeito de fazer sua filha feliz antes que ela seguisse os passos de sua mãe, ele não queira perdê-la de jeito nenhum. Mas para que sua filha fosse feliz Volkan teria que fazer com que Yin Chang a aceitasse como esposa, como mulher e que ela fosse a única de sua vida.

No momento em que pensou nisso, o Antigo Rei do Reino de Kon se encontrava na sua frente com a testa franzida, e como o tempo nublado parecia que ele lhe trazia más notícias.

— Volkan... — O Antigo Rei de Kon fala, sua voz parece que se quebraria em milhares de pedaços de gelo.

— O que aconteceu, Kadar? — Pergunta com medo da resposta.

Naquele momento ele necessitava da resposta, mas o medo da resposta lhe era como flecha a atravessar seu peito e o medo pelo destino a ser traçado pelas pétalas da Xuè Yīng ainda estava em suas veias como gelo.

— Yin Chang acordou e...

— E?

— Ele não se lembra da Mira. Acredito que o destino possa estar a quebrar um amor unilateral por parte da Mira.

— Kadar, você não entende, o Yin Chang foi o primeiro amor da minha filha, e o primeiro amor é que tem como missão decidir qual será o destino que a Mira tomará.

— Volkan, a Yuri fez a escolha dela naquele tempo, não se culpe.

— Como não me culpar? Olhar para a Mira é como olhar para a Yuri. Não tem como as separar, ainda mais agora que estou vendo que minha filha trilhara os mesmos passos que a mãe.

— Você acha que a Mira vai se desfazer em pétalas? — Kadar pergunta, sua mente não consegue processar a informação.

Yuri se desfez em pétalas por causa do amor que lhe parecia veneno e Mira estava entrando no mesmo estado que sua mãe...

Quando Yuri se encontrou com Kadar pela primeira vez, Mira tinha cinco anos e estava com ela, com o vestido vermelho e sua face aristocrata, Kadar sabia que ela se tornaria uma Rainha justa e bela. Ele sabia que Volkan nunca amou a Yuri e pelo jeito ela também sabia, mas mesmo assim estava do seu lado o apoiando... Era como dizem, um Grande Homem sempre tem uma Grande Mulher do seu lado.

— Eu não acho... Eu tenho certeza! — Volkan fala se levantando do trono, sua capa desliza pelos degraus da pequena escada.

— Mira não é como os meus outros filhos, ela saiu à mãe e por causa disso eu posso dizer que se Yin Chang lhe quebrar o coração... Ela vai se desfazer em pétalas.

— Acho que nesse momento temos que fazer alguma coisa, por que se a Imperatriz das Fadas descobrir a verdade...

— Ela pode dar início a uma nova guerra! — Volkan fala enquanto suspira.

Ele sabia que a Imperatriz das Fadas iria dirigir sua fúria para os dois reinos se descobrisse que sua neta se desfez em pétalas...

Como sua filha!

— Temos que pensar em alguma coisa, Volkan. Não podemos apenas ficar de braços cruzados e esperar que ela venha com sua fúria e destrua o que lutamos escondidos para criar.

— Acredito que a Mira tenha sido apenas usada para me dizer que a nossa luta não é válida se uma vida importante lhe é tomada.

— Podemos fazer com que Mira se case com o Yin Chang! — Kadar fala enquanto pensa se essa é a melhor escolha, mas ele não consegue ver mais nenhuma ao qual possa se agarrar.

— Mas se ele não se lembra dela, como vamos fazer esse casamento dar certo? Eu não quero que minha filha se torne a Yuri ou pior, a Samia.

— Não fale isso, a Yuri apenas se entregou a dor enquanto a Samia só quis vingança.

— Mas como vamos fazer para esse casamento dar certo?

— Vamos encontrar uma solução, sempre encontramos! — Kadar fala enquanto olha para o horizonte.

— Sim, sempre encontrávamos, mas no trajeto sacrificamos o que nos é mais importante.

Mira sabia que, seu pai a partir do momento em que ela acordou, passou a rondá-la com medo de que ela, num momento de loucura se transformasse em pétalas, sim, Volkan sentia um medo grande e animalesco ao se dar conta de que Mira estava seguindo os mesmos passos de sua mãe.

Sua mãe... Pensar na sua mãe ainda lhe era doloroso, mas enquanto estivesse ali no jardim da Xuè Yīng ela ainda estaria ligada à sua mãe.

— Porque você está me seguindo? — Ela pergunta olhando para o lago, onde uma pequena libélula se encontrava a pousar nuns pequenos lótus.

— Seu pai me pediu, Sua Alteza! — O homem fala enquanto se senta do seu lado — E também porque eu estava preocupado com a senhorita. — Fala colocando as mãos atrás do pescoço e se jogando na grama.

— Está com medo que eu siga os mesmos passos da minha mãe! — Fala enquanto olha para o lago, um pequeno vaga-lume rodopia no ar.

— Na verdade eu tenho medo que Sua Alteza trace seu próprio caminho a partir do caminho da sua mãe!

— Hummm... Não se preocupe, eu não vou cometer o mesmo erro que minha mãe... Me desfazer em pétalas por causa de um trágico amor.

— Você não vai se desfazer em pétalas... Porque eu não vou deixar! — Osman fala enquanto Mira arregala os olhos e se vira para ele.

Como assim? Ele não vai deixar com que ela se desfaça em pétalas? Como... A amando? Enquanto ela ama outro homem? Ela queria rir, mas sua risada ficou entalada na sua garganta porque para ela isso era como se fosse algo sobrenatural.

— Como assim? — Pergunta.

Osman se senta na grama enquanto pensa em como pôr em palavras os seus pensamentos em relação a Mira, ele sabe que ela nunca poderia amar ele como ama Yin Chang.

— Eu posso amá-la no lugar do seu amado Yin Chang! — Fala a olhando nos olhos.

Ela arregala os olhos sem acreditar naquelas palavras que deslizaram da boca dele. Como amá-la no lugar de outro homem? Ele não era o seu amor, então porque ela tinha que viver um "amor" que ela não corresponderia?

— Você não pode me amar no lugar dele, porque você não é ele!

— Sim, eu não sou ele, mas posso amá-la e fazê-la me amar.

— Acho que... É melhor eu ir!

Ela se levanta limpando o tecido do vestido escarlate, as suas mãos se encontram a tremer e ela quer apenas fugir para bem longe, onde nada a faça se lembrar das dores que ela se encontrava a passar, suspirando se vira e se dirigi para o castelo de fogo... Para o seu refúgio, seu quarto.

Nem sempre quando fazemos um desejo para Xuè Yīng o nosso desejo é realizado, bem, na verdade ele é realizado, mas do jeito dela. A Xuè Yīng sempre realiza o nosso desejo... Mas o sacrifício é grande e ela já estava pagando caro no fato de desejar que a paz e que Yin Chang tivesse a paz.

Ele a esquecera, não tinha nenhuma lembrança dela e nem saberia quem é ela, mesmo se ela quisesse, porque o sacrifício foi esse. O trajeto até seu quarto lhe parecia longo e cansativo, nunca em toda a sua vida esse trajeto lhe parecia tão longo como naquele dia, ela não sabia se era por causa do vestido que lhe parecia pesado ou por causa da dor que lhe cobria como uma manta. Mas enquanto andava até seu quarto no lado leste do castelo, ela pensava se poderia de alguma forma retomar aquela amizade-não-amizade com seu eterno amor, se fossem apenas desconhecidos que estavam se vendo pela primeira vez talvez fosse mais fácil, mas eles já foram inimigos declarados e ela sabia que seria essa imagem que Yin Chang teria, a única imagem dela que restava, ou seja, a imagem que os outros tinham dela não a imagem que o verdadeiro Yin Chang conhecia.

Suspirando ela vira num corredor dando de cara com seu pai parado na porta do seu quarto, ele tem a face limpa como se tentasse transmitir uma imagem de alguém calmo, mas quem o conhecia sabia que por dentro ele estava entrando em erupção como um vulcão ativo depois de tanto tempo inativo.

— Pai, o que o senhor está fazendo aqui? — Ela pergunta enquanto olha para as suas damas de companhia que se encontram paradas de cabeça baixa ao lado do seu pai.

— Filha, podemos entrar? Preciso conversar com você! — Volkan fala enquanto com o cajado bate no chão fazendo com que uma das amas que se encontravam ao lado do mesmo se dirigisse a porta e a abrisse.

Mira gira os olhos para aquele ato de seu pai e entra no quarto.

Seu quarto tem uma cama grande no centro com tecidos e travesseiros escarlates, sua penteadeira se encontrava com a tiara de sua mãe em cima e umas pequenas joias que sua avó lhe deixou, se parasse para pensar, o quarto de Mira seria o quarto de uma mulher feita, mas tinha um pequeno detalhe que era infantil... Do lado da janela que dava para o jardim comum tinha uma pequena gaiola pendurada e dentro um pequeno beija-flor, que durante o dia visitava os jardins atrás de pólens e depois voltava para a gaiola.

— Meu pai, o que o senhor deseja? — Pergunta enquanto observa as suas amas colocarem em cima da cama um vestido branco, longo, com as mangas longas e rendadas.

— Minha filha, iremos a um jantar no Reino de Kon! — Volkan fala enquanto com a cabeça acena para as amas que se curvam e depois vão até Mira e a puxam para uma divisória de biombo que se encontrava do lado esquerdo do quarto.

— Num jantar? — Ela pergunta e deixa que as amas lhe tiram o vestido que antes lhe sufoca.

— Sim, fomos convidados para um jantar muito importante.

Volkan, depois que falou vai até a gaiola de ouro e fica a brincar com o pequeno beija-flor que sua esposa deixou com Mira, mesmo sabendo que Yuri ainda protege a sua amada filha, ele ainda teme rque as escolhas que tomará a partir de agora sejam as mais dolorosas para sua filha.

— Sim, vamos no jantar de coroação do Yin Chang.

— Como? Espera... — Mira dá um tapa na mão da ama que está penteando seus longos cabelos negros e sai de trás da divisória apenas com uma fina e delicada camisa longa de tecido vermelho.

— Sim, o Yin Chang foi escolhido para representar o Reino de seu pai.

— Mas pai... Ele mal fez o acordo e voltou a ser quem é.

— Eu sei, mas o Kadar e eu estamos preocupados com o que ele possa fazer, não é apenas pelo fato dele ser um dos únicos imortais mais poderosos que existem, mas porque ele pode escolher uma das princesas e unir forças.

— O senhor está com medo dele algum dia virar as costas para os Reinos e unir forças com algum inimigo?

— Sim.

— Então o jantar não é para a coroação dele, mas sim para que vocês possam saber quem ele vai escolher? — Ela pergunta, sua voz parece que se quebraria a qualquer momento. Quando se deu conta que choraria, se dirige para a divisória e encontra as amas ajoelhadas no chão a aguardando — Podem continuar.

— Sim, Kadar acha que mesmo que ele tenha voltando a ser quem é ele ainda é misterioso e frio.

Mira tenta manter as lágrimas escondidas, mas não consegue, suas lágrimas deslizam pela sua pele e as amas, ao se darem conta que a princesa está chorando, tentam não prestar atenção, mas não tem como... A forte e guerreira princesa do Reino de Umlilo está chorando? Elas começam a tirar a fina camisa da princesa de cabeça baixa enquanto ela morde o lábio para reprimir um soluço que, com certeza cortaria o coração daquelas mulheres que viviam a cuidar da princesa.

— Minha senhora, preciso que me deixe cuidar de seus cabelos! — Uma das amas fala com a cabeça baixa para que a princesa não veja em seus olhos o quanto a dor dela lhe parece uma adaga.

— Sim, pode cuidar deles. — Mira fala enquanto se dirige para um pequeno ofurô, que em seu interior possui nas águas pétalas, do qual exala um delicioso cheiro de rosas.

Ela entra no ofurô e joga seus cabelos para fora, enquanto uma das amas penteia seus cabelos, a outra pega um pequeno frasco e despeja o líquido nas mãos e passa a fazer uma massagem na princesa, que parece não estar prestando a devida atenção, fazendo com as amas troquem um olha preocupado.

Mira não conseguia pensar em nada, apenas que se seu Yin Chang escolhesse outra mulher no seu lugar, ela seguiria os mesmos passos que sua mãe trilhou, então, num momento em que sua dor lhe era insuportável, ela decidiu que o conquistaria, nem que para isso fosse preciso usar de seus dotes femininos.

— Me deixem bonita o bastante para que o brilho das paredes do castelo fiquem ofuscadas! — Ela fala com um olhar determinado, algo que fazem as amas se lembrarem de uma antiga história que rondava pelo castelo... A mãe da princesa tinha dito as mesmas palavras quando foi conhecer o Rei de Kon e bem, a amante do seu marido também.

— Sim, sua alteza!

O Antigo Rei do Reino de Kon estava na sacada a olhar a aurora boreal enquanto pensava se devia ter dito para o Yin Chang a verdade em relação Mira, mas sabia que não podia se envolver, já que o destino foi mudado.

— Meu pai, o senhor tem que se arrumar! — Ele ouve alguém falar e se vira.

Ao se virar encontra Yin Chang com as roupas do Reino de Kon o olhando, suas roupas eram brancas com pequenos bordados dourados, a calça branca parecia grudar contra suas coxas, enquanto a camisa quase da cor de gelo lhe destacava os músculos, que eram ocultados pela longa capa branca, que nos punhos possuía bordados dourados que se destacavam.

— Sim, mas estou aqui apenas pensando em como você cresceu muito rápido, meu filho!

— Meu pai, tive que crescer se quisesse viver!

— Eu preferia que você ainda fosse um pequeno menino a correr atrás do seu irmão, não um homem que já perdeu tantas coisas antes de uma tenra idade. — Kadar fala, seus olhos parecem tristes.

Ele se lembra da mãe do Yin Chang, que sacrificara tudo que tinha por uma vingança que lhe cegara os olhos e a fizera deixar o filho sozinho, Kadar vira para olhar a aurora boreal e coloca as mãos atrás das costas. Yin Chang ao ver seu pai na posição de um homem sábio se põe ao lado dele e passa a observar a aurora boreal.

— Sabe, meu filho... Às vezes temos que fazer sacrifícios que nos sãos dolorosos.

— Sim, eu sei meu pai!

— Espero que você faça uma escolha sabia no dia de hoje e seja muito feliz.

— Meu pai, o senhor tem algum conselho a me dar?

Kadar olha para Yin Chang e vê que seu filho ainda tinha algo de quando ainda era um jovem rapaz, sorri e passa a mão em seus cabelos, fazendo com que Yin Chang sorrisse e olhasse para ele com um olhar de filho.

— Posso apenas lhe dar o seguinte conselho... Siga seu coração que saberá fazer as escolhas certas, mas lembre-se sempre que o seu dever é com seu povo, precisa encontrar a mulher que, além de princesa, é uma guerreira que lutará com você no campo de batalha para proteger aqueles ao qual vocês têm como dever proteger.

Depois de dar o conselho, Kadar se vira para frente e passa a pensar se Yin Chang poderia chegar a amar Mira, já que o destino de várias pessoas, não apenas dele ou do Volkan se encontravam nas mãos da jovem princesa do Reino de Umlilo.

Kadar e Volkan acreditavam que aqueles dois jovens poderiam sim ficar junto, mesmo que o destino deles não fossem ficar juntos, eles um dia poderiam em fim viver aquele amor unilateral que Mira tinha pelo Yin Chang?

Bem, talvez fosse possível se não fosse por uma pessoa, uma princesa que de boba só tinha mesmo a cara, Derya estava escondida atrás de um pilar perto da sacada ouvindo a conversa dos dois, ela sabia que se quisesse ser um dia uma rainha, que teria o seu reinado por vários e vários anos, teria que colocar as mãos no mais poderoso dos reis e que a partir daquele momento esse seria Yin Chang e que em breve seria imperador do Mundo Imortal.

Sabendo que a partir daquele dia ela teria que usar todo seu charme de donzela em perigo para fazer Yin Chang a ver como uma rainha não daria certo e que o Rei do Reino de Kon está já fazendo uma indicação de princesa, ela tomaria medidas drásticas, usaria todo o seu poder de princesa de confiança para fazer a cruz daquela que é a mais indicada.

Derya desde de muito pequena ouvia que um dia seria uma rainha, uma das rainhas mais belas que existia no mundo imortal, até que conheceu Abhay e se apaixonou pelo príncipe de Kon, fazendo dele o seu Rei Poderoso, aquele pelo qual ela seria capaz de tudo, e bem, ela tinha algo dele... Apenas a amizade, já que ele se encontrava tão apaixonado por uma mortal, uma simples mortal que de nada tinha apenas uma espada e uma arma. Derya, ao se dar conta de que Abhay nunca a amaria tinha pensado em fazer de tudo para tê-lo, mas no momento em que Yin Chang foi declarado o Rei mais poderoso que existia, seus olhos se voltaram para ele. Ela queria ele apenas por causa do poder e o status de mais poderosa e bela rainha que se tinha notícia.

Sorrindo ela sabia que lhe escolheria, ela era a imagem clara de uma rainha, uma mulher que abaixaria a cabeça quando ele falar e faria o que ele falasse para fazer, mas por trás estaria planejando fazer daquele reinado único.

Dizem que quando você ama alguém, você é capaz de tudo, bem, digamos que seja verdade porque naquele momento em seu quarto, Mira perdera a imagem de uma guerreira e passara a ser uma princesa, mas quem observasse bem veria que ela nunca deixava seu chicote longe de suas mãos.

— Minha senhora, a senhora está tão linda! — Uma das damas de companhia falou enquanto entrava no quarto e via Mira com o pequeno beija-flor na mão.

— Obrigada. — Mira fala se virando para a sua dama de companhia, que a olhava maravilhada.

Quem visse Mira, veria uma beleza sobrenatural e uma rainha.

Bem, ela tinha já o porte de rainha e lembra sempre os mais velhos súditos de sua mãe... Ah, a Rainha do Reino de Umlilo, a doce e bela rainha que com um sorriso iluminava o ambiente.

Mira vai até o pequeno espelho que tinha no seu quarto e passa a olhar para seu rosto, ela conseguia ver os olhos vermelhos emoldurados por longos cílios e pintados de preto, sua boca vermelha e pensa na sua mãe, em como ela era bonita e nem com seu brilho e beleza conseguiu prender seu pai a ela.

Será que Yin Chang não a veria como mulher? Como uma candidata a ser sua esposa e rainha? Ela não sabia, mas tinha certeza que sua beleza e charme ofuscaria o brilho das paredes do castelo sim, e era isso que ela queria.

— Minha senhora, temos que ir, seu pai a aguarda na sala do trono! — A Dama de companhia fala enquanto Mira coloca a tiara de sua mãe e sorri.

Ao ver aquela tiara que sempre via com sua mãe algo dentro dela desperta, uma força que não sabia de onde vêm, e conhecendo bem sua mãe, sabia que ela deve ter feito um encantamento com a tiara.

— Sim, vamos! — Fala enquanto sua Dama de companhia se colocava atrás dela e pegava a calda do vestido branco para que ele não se arrastasse no chão.

Com um suspiro, Mira vai até a porta onde tem uma outra Dama de companhia a aguardado com a porta aberta, quando ela passa, a mesma se coloca ao lado da outra Dama de companhia e segura a barra do vestido.

Enquanto Mira passava pelos corredores do castelo, todos paravam para ver a princesa e se curvarem em respeito a aquela mulher, que para eles seria a Rainha num futuro próximo, assim como sua mãe um dia foi. As paredes do castelo pareciam perder todo o brilho apenas para que a mesma pudesse ser a única a brilhar naquele ambiente, onde se ouvia apenas o barulho do salto da bota da mesma.

A caminhada durara poucos minutos até a sala de trono, onde na porta dois corpulentos homens se encontravam a manter a guarda da sala onde se encontrava o rei, assim que viram a princesa, eles se colocaram em posição de respeito com os braços ao lado do corpo e a cabeça abaixada.

— Princesa! — Os dois falaram enquanto tentavam não olhar para a mesma, mas existia algo nela que os puxam.

— Meu pai está me esperando no salão! — Diz Mira enquanto as Damas de Companhia mantinham erguida a calda do vestido.

Eles colocaram a mão em punho em cima do coração e logo depois abriram a porta do salão do trono, fazendo com que Mira entrasse.

— Meu pai, estou aqui! — Mira fala fazendo com que Volkan se vire e arregale os olhos...

— Yuri? — Volkan pergunta sem acreditar no que vê na sua frente, até que a imagem da sua esposa morta se desfaz em pétalas e na sua frente aparece sua filha num vestido branco, de mangas longas de renda, seus cabelos estavam presos por um pequeno arranjo de flor na parte de trás, e em sua cabeça se encontrava a tiara de Yuri.

Mira sorri para o pai e pensa que mesmo que sua mãe esteja morta, ela ainda exerce um papel importante em cima de seu pai, o papel que ela quer exercer em cima de Yin Chang.

— Vamos? — Pergunta e Volkan pode ver que em seus olhos se encontra uma determinação que lhe lembra Yuri o fazendo sorrir.

— Sim, vamos minha filha! — Volkan fala enquanto com o cajado erguido no ar abre uma fenda no tempo, que os levaria direto para o castelo de gelo, mas antes que ela pudesse dar um passo algo passa entre suas pernas se escondendo embaixo do vestido.

— Xou, sai daí! — Mira fala fazendo todos a olharem como se ela fosse uma louca, mas ela ergue a saia do vestido até os joelhos revelado um pequeno lobo da neve escondido ali.

O pequeno lobo da neve sai debaixo do vestido e começa a correr ao redor de Mira, fazendo com que as Dama de Companhia soltassem a calda do vestido, até que num momento o pequeno lobo das neves se torna um pequeno beija-flor, fazendo com que a Mira ria.

— Xou, conseguiu fazer a transformação, mas ainda não consegue controlá-la.

— Pelo jeito ele não quer deixá-la sozinha! — Volkan fala enquanto observa o pequeno beija-flor deitar nas mãos abertas de Mira, ele sabe que o pequeno esgotou todas as suas forças para fazer a transformação.

— Sim! — Ela fala olhando para o pequeno que se encontra na sua mão, enquanto as Damas de Companhia pegam a calda do vestido do chão.

— Então vamos agora ou terá outra surpresa?

— Da minha parte nenhuma, e do senhor, alguma surpresa? — Ela pergunta. Volkan não sabe se a mesma desconfia de algo, mas tenta passar a imagem de um homem calmo.

— Nenhuma, minha filha!

— Então podemos ir. — Fala enquanto se coloca embaixo da fenda que lhe puxa para cima.

Quando ela coloca os pés no chão do castelo, algo acontece e ela se encontra quase jogada em cima de um homem, que para impedir que ela caísse a segura pela cintura, o fazendo sem querer pisar na barra do vestido os jogando no chão.

Assim que Volkan coloca os pés no chão do castelo ele vê sua filha no chão, nos braços de Yin Chang, que ficara a olhar para ela enquanto a mesma o olhava também, se fossem parar para pensar, algo acontecia ali, algo parecia um déjà vu para Yin Chang, mas ele não conseguia se lembrar do que, apenas ficava a olhar para aquela linda mulher que se encontra em cima dele e bem... Em cima mesmo, no meio de todo mundo e todo mundo a olhar, num momento ele a tinha nos braços e no outro ele a tinha atirado para longe dele a fazendo cair sentada no chão.

— Filha! — Volkan fala enquanto se dirige até ela, mas antes mesmo de ter ido, o pequeno beija-flor se encontrava na sua forma de lobo a protegendo.

— Um lobo da neve? — Abhay, que se encontrava ali desde o momento em que a Mira caíra no Yin Chang perguntou.

— Não, uma fada! — Kadar fala enquanto olha para Mira, vê que seus poderes novos estavam evoluindo junto com os poderes de transformação de Xou.

— Uma fada? Mas como? — Yasmine pergunta enquanto observa Mira, algo nela lhe parece doloroso e ao mesmo tempo feliz.

— Sim, a Mira a tem desde os 5 anos, me lembro da vez em que o Xou se transformou pela primeira vez... Ele ficou a correr das bolas de fogo que a Mira lançava contra ele pelo fato dele a ter mordido. — Kadar fala chamando a atenção de todos. — Tivemos que chamar a Yuri, que conseguiu fazer com que Xou voltasse a forma de beija-flor.

Kadar se lembrava muito bem do momento em que Mira estava sentada na terra coberta pela neve chorando enquanto sua mãe, com o poder de fada transformava o pequeno lobo da neve no beija-flor, ninguém conseguia fazê-la parar de chorar, nem mesmo a doce e gentil Rainha do Reino de Kon, até que no momento que Asima se ajoelhou na sua frente e conversou com ela, foi nessa hora que a mesma parou de chorar e perguntou sobre o bebê que ela tinha na barriga.

Bem, Mira não sabia que estava na frente da mulher que seu pai dizia amar e que sua mãe sentia não ódio, mas sim uma mágoa grande.

— Xou, pare. — Mira fala enquanto Xou ficava a rodeando com o rabo entre as pernas e a choramingar. — Eu estou bem, agora volte a sua forma original.

Volkan se dirige até a filha, a ajuda a se erguer enquanto a mesma limpa a frente do vestido e ri quando Xou volta a sua forma original e fica a girar ao redor da mesma, Volkan olha para Kadar com um olhar significativo, como se eles pudessem ler o pensamento um do outro.

— Volkan, como vai? — O Antigo Rei do Reino de Kon fala se dirigindo até o mesmo, enquanto Mira, com as mãos erguidas brinca com o pequeno beija-flor.

— Estou bem, Kadar.

— Princesa, como vai? — O Antigo Rei do Reino de Kon olha para Mira.

— Vou bem, Sua Alteza. E o senhor, como está? — Pergunta, algo na postura da mesma transmite a imagem de uma rainha.

— Vou bem, vejo que a pequena Xou já consegue fazer uma transformação completa.

— Na verdade a transformação dura apenas poucos minutos e ele se cansa muito rápido.

— Ahahah, estou vendo que Xou ainda tem muito o que aprender, mas por agora vamos entrar. — Kadar fala enquanto Volkan vai para o lado dele e caminham juntos para dentro do castelo.

Mira se encontra ainda parada no pátio do Castelo de Gelo com todos a olhando, como se ela fosse alguém de outro mundo, sua beleza chama a atenção de todos, algo parece que era emitido dela como pequenas luzes.

— Minha senhora, desculpa a nossa demora! — As Damas de Companhia falam com as cabeças abaixadas.

— Tudo bem, vamos?

— Sim. — As Damas de Companhia falam enquanto pegam a barra do vestido e o erguem.

Mira tenta não demonstrar que, ao ver o homem que ama, algo dentro dela despertara a fazendo se perguntar se era o seu coração a bater ou algo mais fundo, algo que nunca antes foi despertado.

— Espere! — Ela ouve alguém falar, a fazendo parar e seu coração a bater mais rápido, ela não queria ver quem lhe chama, apenas queria ir logo para dentro, precisava pensar numa maneira de fazer com ele a olhasse... Bem, ele a olhou, mas de baixo.

— Sim? — Ela se vira para ele.

Sua face estava limpa como um dia de primavera, mas por dentro ela estava nervosa e a ter inúmeras ideias. Ela apenas queria abraçá-lo, mas sabia que se ela o abraçasse isso seria como uma loucura para o mesmo.

— Você está bem? — Yin Chang pergunta a olhando preocupado.

O coração de Mira se enche de esperança como um balão, mas para Abhay e os outros naquele momento seria como um presságio de algo, algo que eles não queriam.

— Estou muito bem, obrigada por perguntar! — Mira fala com um sorriso de dentes brancos, Yin Chang a olha e não consegue tirar os olhos dela, algo parece o prender a mesma.

Talvez fosse aqueles olhos vermelhos, ou o fato de que ela tinha um ar de princesa e... Antes mesmo dele conseguir completar a frase, um raio de energia atravessou no meio deles e se cravou na parede do castelo. Mira, que tinha o chicote enrolado no pescoço como um colar o puxou, fazendo ele se tornar um longo chicote com pequenas pregas de labaredas de fogo, ela o estalou no ar e passou a observar o ambiente até que viu o que procurava.

Deu um impulso e foi para o ar erguendo o chicote e o direcionando para o local que se enrolou entorno do nada, enquanto ela deslizava pelo vento até o chão e puxava o chicote fazendo com que o que fosse que estivesse preso no chicote, fosse para o chão entre os dois.

— Ai! — Eles ouviram uma voz dizer e quando olharam para o chão tinha um menino deitado ali.

— Quantas vezes eu já disse para você não usar seus poderes para brincar, Li Yi Feng!

— Oi para você também, Mira, estou bem, obrigado por perguntar! — O pequeno menino fala enquanto emburrado se solta do chicote, que se encontrava enrolado ao redor dele.

— Oi, como você está? E quem te trouxe? — Mira pergunta.

— Fui eu! — Uma voz fala, fazendo com que Mira se vire e encontre Osman atrás dela a olhando.

Yin Chang não sabe explicar, mas sente algo se contorcer no seu estômago quando vê o jeito como aquele homem olha para Mira, bem, não era só ele que via o jeito que Osman a olhava, todos viam.

Mira passa a observar os cabelos negros com pequenas penas de aves milenares de Osman, que com sua capa negra, bordada com pequenos desenhos dourados que se encontrava aberta, deixando à mostra a camisa feita de algodão e uma calça de um tecido meio que mole, mas que lhe protegia do vento frio que vinha do norte, ela sabia que Osman tinha um porte de um homem forte e poderoso, mas nada que Osman oferecesse faria com que ela desistisse de Ying Chang.

— Com sua licença, Sua Alteza, eu irei entrar! — Mira fala enquanto se vira e vai em direção ao interior do castelo.

Yin Chang fica a olhar para o homem que chegou, Osman olha de volta. Uma troca de olhares que poderia dar início a uma luta, se não fosse pelas pessoas que se encontravam no pátio.

— Sua Alteza! — Osman fala com o punho em cima do coração. — Com sua licença!

— Toda! — Yin Chang fala com a voz neutra, mas por dentro, a única coisa que consegue pensar é em porque aquele homem olhava para Mira daquele jeito.

Yin Chang fica parado no meio do pátio o olhando entrar e não consegue pensar em nada, apenas na mulher que teve nos braços e em como ela tinha um lindo sorriso. Então se lembra do que seu pai disse: Uma princesa que fosse guerreira e bem, pelo jeito acabara de encontrar.

Derya apenas queria usar um vestido azul lindo capaz de refletir o brilho das paredes de gelo e não um vestido azul escuro que lhe caia bem, bufando ela apenas andava pelos corredores sem um destino defi nido, até que num momento deu de cara com Mira.

— Princesa Mira! — Derya fala enquanto pega um pedaço do vestido se curvando na frente da mesma.

— Princesa Derya! — Mira diz e depois continua o seu caminho, como se não tivesse a visto.

Mira não queria ter encontrando Derya, não naquele momento, não com ela usando um vestido azul que combinava com seus cabelos castanhos com californiana azul e seus olhos castanhos.

Derya não consegue acreditar no que acabara de acontecer, a outra princesa devia parar e a cumprimentar de acordo com o protocolo, mas não, ela apenas a olhou com um olhar duro e depois seguiu o caminho, só isso e tchau!

Uma fúria nunca antes sentida atravessou Derya. Algo lhe dizia que a princesa do Reino de Umlilo seria a sua inimiga número 1 na disputa pelo posto de Rainha, ah, mas Derya não deixaria.

Ela que seria a rainha, não importasse a forma, apenas tinha que fazer algo para que Yin Chang não visse a princesa de Umlilo.

Derya sabia que se alguém ali fosse escolhida para ser rainha pela beleza seria ela, mas Yin Chang não queria apenas uma rainha que ocuparia o trono 24 horas por dia e só ditaria ordens, ele queria uma rainha que, além de poder ocupar o trono, fosse também para guerra ao lado dele, e isso ela não era...

Quem era essa Rainha era Yasmine e Mira, nunca seria ela.

Todos já se encontravam no grande salão do castelo de Gelo apenas esperando o futuro Rei do Reino de Asūla aparecer, mas tinham que seguir um protocolo.

Mira estava perto de uma das saídas do salão apenas esperando a hora de agir, ela sabia o que tinha que fazer.

Ela apenas tinha que agir do jeito dela, uma princesa que era uma guerreira pronta para tudo.

— Minha filha, tem como você vir um momento comigo? — Volkan pergunta.

Mira olha para ele com um olhar de dúvida.

— Claro, meu pai!

Derya, ao ver que Volkan e Mira estavam se retirando do salão vê a oportunidade perfeita para saber o que ela poderia usar contra Mira, ela queria que a princesa de Umlilo apenas saísse do seu caminho. Ela então decidiu segui-los, eles vão até a sacada do castelo.

— Minha filha, eu só quero sua felicidade.

— Sim, eu sei meu pai, mas por que o senhor está me dizendo isso? — Mira pergunta.

— Porque faz alguns dias que eu e o Kadar estávamos conversando sobre o quanto Yin Chang poderia precisar de uma Rainha.

— Sim, eu sei meu pai... Um Rei nunca é inteiro sem uma Rainha!

— Ela fala se lembrando de sua mãe.

— Sim, é verdade e é por isso que decidimos que Yin Chang escolherá a futura esposa hoje no jantar.

— O que? Não era para que vocês vissem quem ele poderia pensar em escolher e a qual ele se casaria?

— Bem, é por isso que estou lhe falando, ninguém sabe, mas parece que Yin Chang já fez sua escolha e também a da concubina Real.

Mira sente seu coração bater mais forte.

Derya, que estava a ouvir tudo escondida sorri e pensa que poderia usar isso a seu favor, ela então se vira e vai em direção ao salão com um sorriso no rosto. Quando chega lá encontra Yin Chang parado a conversar com o Antigo Rei do Reino de Kon e ela pensa: "As coisas estão ao meu favor!" e vai em direção a Yin Chang com um sorriso de sereia.

Ela sabia que o conquistaria se lhe sorrisse com o sorriso de sereia, ela apenas queria dançar com ele enquanto ele a olhasse com um olhar admirado pelo feitiço e, quando Mira aparecesse, ela se quebraria em inúmeros pedaços e desapareceria da sua frente e lhe deixaria o caminho livre para que ela trilhar o caminho para o trono do Reino mais poderoso.

Algo cheirava bem ao redor do Yin Chang o fazendo olhar para o lado e ver a Derya se dirigir até ele com um sorriso no rosto, Kadar, ao se dar conta de que Yin Chang olhava para o lado com o olhar de bobo se vira e ver Derya a sorrir para o mesmo. Ele pensa que seu plano de fazer com Yin Chang e Mira pudessem ter um momento sozinhos estava indo água a baixo.

— Yin Chang...

— Meu pai, se o senhor me dar licença, vou chamar a dama para dançar! — Fala enquanto com a mão erguida cala o pai e vai na direção de Derya.

Kadar pensa que talvez seja hora de anunciar o jantar, mas bem nessa hora em que Yin Chang está se curvado para Derya e a convidando para dançar Mira chega com seu pai.

Yin Chang não consegue tirar os olhos de Derya, que só sorri com seu sorriso de sereia.

— Nossa, como eles ficam bem juntos! — Mira ouve alguém falar

e pensa em sair dali, mas ela sabe que se ela fizer isso vai pegar mal para O Reino de Umlilo.

— Eles são lindos juntos, espero que ele a escolha.

Uma dor atravessou Mira, que se segurava no braço esquerdo do pai e tentava respirar, suas vistas ficaram turvas e um bolo se encontrava na garganta. Volkan, ao se dar conta que sua filha estava passando mal e que a qualquer momento poderia chamar a atenção a leva até uma das cadeiras de gelo a sentando na mesma.

Yasmine, que usava um vestido branco longo, que combinava com seus cabelos brancos, apenas estava por perto observando como Derya estava a cercar Yin Chang bufa e se vira. Nessa hora ela dá de cara com Mira com as mãos em pétalas a se desfazerem. As pétalas ao se dirigirem ao ar se desfaziam até que só restassem apenas fumaça, Yasmine se dirige até Mira e se ajoelha na sua frente.

— Mira? O que aconteceu?

— Não, não, eu não posso ter o mesmo destino que minha mãe! — Mira fala enquanto respira fundo e pensa naquele Yin Chang que ela conheceu, aquele que a protegia, mesmo ela sendo inimiga. As pétalas começaram a desaparecer, até que apenas restasse entre as mãos de Mira uma pequena pérola vermelha.

— Mira, acho melhor te levar para o quarto de hospede que já está preparado para você.

— Quarto de hospede?

— Sim, você e seu pai vão ficar alguns dias a mais aqui!

— Não, estou bem, só preciso ficar sentada mais um pouco.

Yasmine tenta não ficar preocupada com o que acabara de acontecer, Mira estava se desfazendo em pétalas e ela ainda se lembrava do momento no jardim. Derya, que se encontrava conversando com Yin Chang num canto com a intimidade de um casal apaixonado vê Mira sentada não muito distante dela junto com Yasmine.

— Com sua licença, Alteza, acho que vi uma conhecida! — Ela fala sorrindo para Yin Chang, que lhe permite ir até a tal pessoa.

Derya então se dirige para as duas com um sorriso que apenas as duas as quais ela se dirigia entendia... Ela tinha algo em mente, e conhecendo a mente feminina, elas sabiam que não vinha coisa boa de uma mulher que se fazia de donzela. Derya ficara tentada a cantar de tanta felicidade pelo fato de poder acabar com as duas de uma vez, ela sabia que Yasmine começara a ter um respeito maior por Mira desde o dia em que ela fizera o sacrifício.

Quando ela se pôs em frente as duas uma atmosfera pesada se encontrava ao redor delas deixado a todos de fora, apenas elas viam o que se passava naquele campo de guerra.

— Yasmine, achei que estaria com Abhay — Fala com uma voz doce como mel, mas Yasmine sabe que mel é escorregadio.

— Eu estava, mas Abhay decidiu tratar de política com os príncipes e esse é um assunto chato.

— Achei que você gostasse desse tipo de assunto.

— Gosto, mas também gosto de conversar sobre outras coisas.

— Vejo que vocês duas se deram tão bem... Ah, é verdade, vocês são duas mulheres que estão no campo de batalha ao lado dos homens, enquanto nós mulheres estamos aqui os aguardados. — Derya fala com um sorriso no rosto.

Mira fica tentada a dar uma na cara da princesa das sereias, mas ela sabe que naquele momento ela não consegue fazer nada, apenas se levanta e com o olhar duro faz com que a Derya estremeça.

— Posso estar no campo de batalha ao lado dos homens, mas sou eu quem manda neles e não eles que mandam em mim depois da guerra.

Derya olha para Mira e morde o lábio.

Yasmine sorri de lado como se nada tivesse acontecido, e pensa que Mira não é tão ruim assim.

— Sabe, os reis não escolhem as rainhas pela força. — Derya fala fazendo com que Mira aperte as mãos do lado corpo.

— Sabe, os reis não escolhem as rainhas apenas pela beleza.

Yasmine e Mira sorriem uma para a outra porque sabem que é verdade, já que Abhay escolheu a Yasmine, uma simples mortal que é guerreira em vez da Princesa das Sereias que é apenas linda... Mas traiçoeira, se os homens não vissem apenas a beleza.

Mira então sorri para Derya e se vira para poder sair da presença tóxica da princesa das sereias, mas antes mesmo que ela pudesse dar um passo, Derya agarra seu pulso a fazendo olhar e ver um sorriso perverso.

— Eu serei a Rainha. A mulher dele, enquanto você será apenas uma simples concubina! — O olhar de sereia parecia brilhar ainda mais quando com a voz mansa soltava o veneno de serpente para cima da princesa. Aqueles que se encontravam no salão não viam o que estava acontecendo entre as duas, mas quem conhecesse bem a princesa saberia que naquele momento seu coração, que antes batia apenas para Yin Chang acabara de se despedaçar aos pés da outra princesa enquanto a mesma sorria.

Mira a olhava com um olhar arregalado, sem acreditar naquelas duras palavras, mas então se lembra que os dois dançaram como se fossem um casal, então Mira sorri para Derya, e com a mão esquerda aperta o pulso do braço que segura o seu.

— Espero que você seja boa no campo de batalha, porque senão pode ser que seu reinado dure apenas uma estação e eu estarei esperando por esse momento. — Mira, assustando Derya e Yasmine que a olha com medo, mas ao mesmo tempo admirada. — Se for só isso que tinha a me falar então por favor solte meu pulso, Rainha!

Mira, assim que Derya solta seu pulso se vira indo em direção as portas do salão, ela precisava ficar sozinha por um momento. Yin Chang, que estava por perto da porta vê Mira sair com uma cara não muito boa e algo parece avisá-lo de que a mesma precisaria de um ombro amigo, ele não consegue ficar parado e vai em direção a porta na qual Mira acabara de sair.

Abhay, quando vê que seu irmão vai atrás da princesa de Umlilo dá um passo na direção da porta, mas uma mão macia o impede de ir em direção dos dois.

— Abhay, deixe que Yin Chang possa ter um último momento com a Mira! — Yasmine fala enquanto com a mão erguida mostra a pérola vermelha.

— Mas...

— Meu querido, nesse momento Mira precisa apenas de uma confirmação do Yin Chang, e se for o que ela está pensando, não precisa se preocupar, ela não vai se casar com seu irmão. — Yasmine fala o olhando nos olhos.

Abhay a olha e suspira.

Yasmine então volta seus olhos para Derya, que lhe ergue a taça de vidro fino em sinal de felicidade e sorri.

Mira caminha entre os corredores sem ver o caminho, até que num momento ela para, olha ao redor e vê somente neve e uma pequena fonte no meio de um pátio, a pequena fonte se encontra toda congelada.

Ela, no momento em que olha para a neve lhe lembra de Yin Chang, deixa que de suas mãos deslizem fios de fogo que vão até a pequena fonte, fazendo com que a água descongele e comece a borbulhar.

— Eu não esperava que a princesa de Umlilo fosse fazer algo tão comum como isso.

Ela se vira e dá de cara com Yin Chang, que fica a olhando.

— Eu não sou tão comum assim, Vossa Graça! — Mira fala com uma voz dura.

— O que eu fiz para você me tratar assim?

— É verdade que você já escolheu sua esposa e a concubina?

— Sim.

— Deixe-me ver... A Princesa das Sereias e Eu, a Princesa de Umlilo! — Ela fala o olhando.

— Sim!

Mira sem pensar lhe dá um tapa no rosto.

— Acha mesmo que vou deixar que você me faça de uma concubina? Acha mesmo que vou deixar que você faça dela uma rainha?

Yin Chang quando ouviu essas perguntas entra em estado de um homem frio como a nevasca que vêm do sul.

— O que você vai fazer se eu fizer de você a minha concubina?

Você não tem voz para exigir algo, é apenas uma princesa!

— Acha mesmo que eu sou uma simples princesa? Sinto te informar, mas sou eu quem decide o que fazer da minha vida. Você pode até fazer daquela ali uma rainha, mas saiba que nunca serei a sua concubina. — Mira fala.

— E o que você seria de mim se não fosse uma concubina?

— Seria sua Rainha se você não fosse o homem que você é hoje.

Ao ouvir essas palavras Yin Chang se vira e pensa em como as coisas mudaram em tão pouco tempo, ele queria fazer dela sua rainha, mas parece que alguém já fez da Derya a Rainha.

— Então o nosso noivado está desfeito?

— Sim, eu nunca me casarei com alguém que apenas me fará de concubina e não de sua Rainha.

— Então nosso noivado está desfeito e eu tenho apenas uma rainha!

Mira não sabia qual era o tamanho da dor que sua mãe sentira quando descobrira que seu pai tinha uma amante, mas naquele momento em que Yin Chang disse que Derya seria a única para ele, era como se dissesse que a princesa das Sereias fosse sua amante e bem, agora ela sabia qual era o tamanho da dor que sua mãe sentira ao descobrir a verdade.

Ela se encontrava sentada na cama do quarto de hospede tentando não sofrer por um amor que estava destinado a ser apenas passageiro da outra parte, mas ela sentia uma dor tão grande que lhe deixava apenas em carne viva e ainda tinha o fato de que passaria alguns dias a mais ali, e seria obrigada a vê-los juntos todos os dias.

Num momento de insanidade ela apenas trocou de roupa e pôs um vestido branco, já que era a única cor que se encontrava no armário e por cima uma capa vermelha. Ela apenas deixou em cima da cama o colar de sua mãe, um pequeno ramo de flores e mais nada. Saiu do quarto e foi em direção ao jardim de onde viu a fonte, e na beira da fonte deixara a tiara de sua mãe, e foi em direção a floresta, talvez fosse loucura, mas naquele momento ela não pensava, apenas queria ir para bem longe dele.

Não muito longe dali, no salão do castelo a espada que se encontrava ao lado do trono começara a brilhar com um brilho vermelho, fazendo com que todos a olhassem.

— O que está acontecendo? — Abhay pergunta.

A espada se pôs no ar enquanto girava fazendo com que uma ventania surgisse no salão, Yasmine, que se encontrava do lado de Abhay viu que de sua mão saia um brilho vermelho, a abriu e viu a pérola de Mira a brilhar.

Num momento a pérola estava na sua mão, mas no outro ela já estava no ar em frente a espada, quando parecia deslizar ramos de fios vermelhos em direção a pérola que estava sendo toda coberta dos ramos, até que num momento a espada cai no chão e apenas a pérola encoberta pelos ramos se encontra no ar, e um brilho vermelho muito forte surge fazendo com que todos cubram seus olhos e logo depois se desfaz.

— Rei! — Alguém fala apontando para o chão.

Todos olham para o chão e veem um pequeno Yin Chang ali, de pé os olhando, ele se ergue no ar como se estivesse a procurar alguma coisa.

— Cadê a Mira? Eu quero brincar.

Enquanto o pequeno Yin Chang pergunta por Mira, a mesma já se encontrava dentro da floresta, sua capa se solta da mesma e voa pelo ar.

Sem que Mira se dê conta, uma luz vermelha surge atrás dela, revelando um homem com um sobretudo a seguindo.

— Ai, ai! — Mira fala enquanto se curva para frente.

Sua barriga dói, ela sente uma pontada que lhe parece com adagas afiadas sendo cravadas.

— Você está bem?

Ela então olha para trás e vê um homem parado a olhando, mas o que ela não consegue acreditar é que ele se parece muito com um homem que não deveria existir, um homem que ela deu um fim para que outro pudesse voltar a viver.

— Dulal? — Ela pergunta antes de desmaiar nos braços dele.

Dulal fica assustado por ver que ela sabe seu nome, mas o que o assusta mais é ver que ela estava sangrando, e o sangue não era de ferida nem de alguma batalha travada, mais sim, sangue de perda, sangue que deslizava pelas pernas da mesma e ia em direção a neve a manchando com o sangue de aborto!


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