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11.11% Palácio / Chapter 3: Ela encontra o que procura!

Chapter 3: Ela encontra o que procura!

Volkan tinha decidido que no dia seguinte veria sua filha, já que ela na noite anterior passara mal e quando ele a procurara pelo salão não a encontrou, então deduziu que ela possa ter se retirado para que ninguém a visse sofrer, mas ele conhece muito bem os filhos que tem e sabe que Mira precisava de um momento sozinha para que pudesse em fim deixar aquela tristeza ir embora.

Ele se dirigia para o Salão de Jantar com o coração nas mãos, porque justo agora que ele tinha um jeito de fazer sua filha feliz a Princesa das Sereias decide que deveria se casar com Yin Chang, Volkan apenas pensa que Derya é o tipo de mulher que faria de tudo para ter o que quer, e por isso deveria ficar de olho nela, ela não poderia atrapalhar o plano.

Ao entrar no Salão de Jantar Volkan encontra Kadar sentando perto da janela a olhar uma pequena coruja das neves cortar o ar.

— Kadar, meu amigo. O que foi?

— Estou preocupado, algo me diz que teremos muitas surpresas a partir de agora.

— Eu também estou preocupado, mas estou mais preocupado é com a Princesa das Sereias, ela me parece que tem algo em mente.

— Sim eu reparei, ela me parece que quer de todas as formas fazer do Yin Chang o seu marido.

— Se isso acontecer Mira... — Volkan fala, mas não consegue terminar, já que a porta pesada do salão é aberta e por ela passa Abhay e Yin Chang.

— Volkan, não fique preocupado, a Mira é mais forte que a mãe! — Kadar fala mas seus olhos estão em seus filhos, que se encontravam parados os observados.

— Mesmo assim ela é sensível, Kadar, você sabe que a Yuri tinha um destino e ela cumpriu, Mira depois que ela fez aqui...

— Ela mudou o destino dela, sim eu sei Volkan! Mas temos que ter fé que ela vai traçar o destino dela com as próprias mãos.

Volkan e Kadar trocam olhares de pesar, já que somente eles sabem que o destino de Yuri tinha a ver com uma guerra, que foi declarada acabada antes mesmo de começar, Volkan ainda se lembrava de quando Yuri dançava no Jardim e as flores antes fechadas desabrochavam ao passo que ela deslizava pela neve.

— Meu Pai! — Yin Chang e Abhay falam com a mão esquerda em punho em cima do coração e se dirigem para a mesa de Jantar, onde tem uma pequena refeição da manhã os aguardando.

— Sabe, Kadar, a Mira me lembra em muito a Yuri, e não é na aparecia e sim nas atitudes, você se lembra de quando a Yuri me desafiou? — Volkan pergunta.

Abhay e Yin Chang, que antes estavam apenas a ficar sentados só observando o ambiente voltam seus olhos para os dois reis, que antes eram inimigos e agora amigos.

— Sim, ela até atirou uma bandeja na sua cabeça quando você falou que ela era apenas uma princesa sentada num trono à espera do marido. — Kadar fala sorrindo.

— Sim e depois me desafiou para um duelo!

Volkan e Kadar começam a rir ao se lembrarem em como Yuri era uma mulher forte, ela em nada se parecia com uma princesa quando estava furiosa a ponto de atirar uma bandeja contra a cabeça de quem falasse que ela era apenas uma princesa mimada.

Quem visse os dois juntos agora nunca acreditaria que um dia aqueles dois homens já lutaram de lados opostos, e por causas totalmente diferentes, é como dizem: faça do seu inimigo seu amigo que você saberá cada passo que ele dará daqui para frente, e bem para Abhay era isso que Volkan estava fazendo.

Para ele Volkan nunca mudaria, seria sempre um homem em busca do poder e levado pela ganância, seria capaz de até usar a própria filha para conseguir o quer, mas Abhay não é uma pessoa que conseguia diferenciar, já que uma vez ele não soube diferenciar o amor de sua vida de uma outra mulher que se apoderou de seu corpo. Mas ele tinha certeza de que Volkan não era um bom homem e Abhay parecia que não soltaria daquela visão que tinha do Rei do Reino de Umlilo, que nem um cachorro não solta de um osso.

— Ai, ai, ai como os velhos tempos eram bons... — Kadar fala enquanto Yasmine e Derya entram na sala.

Se os homens fossem bons observadores veriam que aquelas duas mulheres se tratavam bem dentro do permitido, porque se deixassem elas poderiam a qualquer momento se estapearem ali, na frente deles como dois homens numa guerra, ah, se Abhay fosse mais esperto teria visto a cobra que ele tinha como amiga e deixaria que Yasmine acabasse com ela.

— Abhay! — Derya fala sorrindo, enquanto com a voz mansa como uma serpente preste a dar o bote fala. — Yin Chang, como passou a noite?

Derya sabia que Yin Chang tinha conversando com Mira, então para ela no momento em que Yin Chang voltou sozinho para o salão, ela tinha certeza que a Mira enfim foi quebrada, sorrindo já estava planejando como conquistar o Rei Poderoso.

Yasmine bufa e vai até a cadeira que se encontra ao lado de Abhay, o fazendo se levantar e puxar a cadeira como um cavaleiro, a fazendo sorrir e pensar que sorte grande ela tinha por ter o conquistando, mas se sentiu mal por saber que Abhay foi capaz de mentir para o próprio irmão apenas porque ele acreditava que Volkan não era de confiança.

Ao se sentar, pega um pãozinho que tinha numa pequena cesta no centro da mesa e o coloca na boca, Derya fica em pé esperando que algum dos homens lhe puxe a cadeira, mas ao se dar conta de que nem Abhay ou Yin Chang estava prestando a atenção na mesma, bufa e depois vai até a mesa e ela mesma puxa a cadeira. Yasmine ao ver a cara que Derya faz sorri para a mesma, o mesmo sorriso da noite passada que a Derya deu para ela e ergue a taça de gelo fino, fazendo com que uma das mulheres que ficam num canto do salão com jarros de gelo fosse até ela e colocasse suco no copo. Se as pessoas ao redor soubessem que aquele gesto de erguer a taça não era para chamar uma das mulheres para encher a taça, mas sim uma forma de vingança pela noite passada, nunca acreditariam que Yasmine fosse tão vingativa assim.

Derya, ao ver o gesto de Yasmine apenas sorri como se nada tivesse acontecido, mas por dentro está fervilhando em uma raiva que ela espera que não exploda.

Kadar e Volkan vão até as pontas opostas da mesa, puxam as cadeiras e se sentam.

Aquela seria uma manhã qualquer se não fosse pela ama de Mira a atravessar as portas de gelo do Salão de Jantar correndo e se dirigindo para Volkan com um olhar preocupado e com lágrimas.

— O que aconteceu? — Volkan pergunta enquanto a ama se senta em cima dos joelhos e se curvando, encosta a cabeça no chão com as mãos a proteger a testa.

Volkan apenas olha para a mulher que se encontrava curvada no chão com a cabeça abaixada quase lhe beijando os sapatos negros.

— Meu Rei... algo aconteceu! — A ama fala enquanto tenta reprimir os soluços.

Volkan olha com seus olhos vermelhos em pânico para Kadar, o fazendo empurrar a cadeira para trás enquanto Volkan coloca uma mão no ombro da moça e pode sentir o corpo da mesma tremer.

— O que aconteceu, me fale? — Volkan fala enquanto a ergue do chão, a moça se encontrava em lágrimas.

— A Princesa, ela... — A moça não consegue terminar, apenas soluça e chora ainda mais.

Volkan, ao se dar conta que se trata da sua filha simplesmente entra em pânico, como nunca antes visto. Kadar, ao ver o estado do amigo corre até onde os dois então.

— O que aconteceu com a minha filha? — Volkan pergunta atraindo a atenção de todos para si.

— Ela... Ela desapareceu, Meu Rei! — A ama fala enquanto outra entra com uma almofada de seda escarlate, onde em cima se encontra o colar e um pequeno ramo de flores.

Volkan, ao ver o colar o tira de cima da almofada.

— Volkan, esse é... — Kadar fala, mas não consegue terminar porque Volkan simplesmente pega o copo fino de gelo e o atira na parede.

O copo se espatifa ao bater com tudo na parede fazendo com que todos que se encontram naquele recinto ficassem com os olhos arregalados, Volkan não consegue acreditar que sua filha tenha feito isso. Não conseguia acreditar que justo agora tudo isso estava acontecendo, mas antes que conseguisse racionar direito sua fúria lhe cega como a luz do sol.

— Guardas! Guardas do Reino de Umlilo! — Volkan urra como um animal enfurecido fazendo com que os guardas do Reino de Umlilo se encontrem na sua frente ajoelhados com a mão no peito.

— Chamou, Meu Rei? — Aquele que se encontrava na frente perguntou.

— Procurem a Mira, agora! — Volkan fala.

Assim que a ordem é dada os guardas se retiram e Volkan se vira.

— Volkan, fica calmo, a Mira deve estar por aí! — Kadar fala enquanto aperta o ombro do amigo em sinal de respeito.

— Kadar, o colar... A Mira nunca sai sem o colar.

Ao falar isso, Volkan pega o Colar e o atira em cima da mesa, o fazendo deslizar até parar em frente a Yin Chang, que fica a fitá-lo como se esperasse que algo acontecesse... E acontece, num momento ele se encontrava com a cabeça curvada olhando para o colar e no outro seu corpo é atirado para trás batendo com força na cadeira e a levando ao chão, com Yin Chang jogado no chão, Volkan ergue sua mão e vai em direção a Yin Chang, que se encontrava com uma mão de fogo a apertar seu pescoço, enquanto com suas duas mãos tenta fazer com que elas o soltem.

— Foi tudo sua culpa! — Volkan fala enquanto com seus olhos cravados em Yin Chang, começa a fechar a mão, fazendo com que a mão de fogo aperte ainda mais o pescoço de Yin Chang.

— Volkan! — Kadar grita enquanto puxa Volkan, fazendo que o mesmo o empurrasse.

Abhay, ao ver a situação sair do controle se levanta e vai até onde eles estão, as duas amas se encontram encolhidas num canto enquanto as moças que serviam a comida os olhavam assustadas.

Kadar se encontrava a puxar Volkan para longe de Yin Chang, que via apenas pontos de luzes na sua frente.

— Me solte Kadar! É culpa dele, se ela não tivesse o conhecido naquela época ela poderia estar aqui. — Volkan fala enquanto Kadar passa os braços por debaixo dos braços do mesmo o puxando para longe, fazendo com que ele desfaça a mão de fogo que antes se encontrava a apertar o pescoço de Yin Chang.

— Eu devia tê-la proibido de chegar perto dele, devia tê-la casado com o Osman quando tive a chance, mas não, eu respeitei o momento dela e olha no que deu? — Volkan fala aos berros enquanto Kadar tenta acalmá-lo, mas não consegue.

Volkan se encontra dominado pela raiva e pelo desespero naquele momento, sua única filha agora se encontrava desaparecia, não porque foi sequestrada, algo impossível, já que a mesma sabia se defender sozinha, mas sim porque fugira.

Fugira da dor que um amor destinado a nunca existir lhe causava, Volkan sabia que Mira era diferente da mãe, que mesmo sofrendo e se desfazendo em pétalas, ficara ao lado dele até o momento em que não aguentou mais, a Mira poderia ter ficado e enfrentado a situação, mas ela era nova no assunto amor... Nunca tinha se deixado levar por um amor como ela tem pelo Yin Chang, antes então no momento em que viu que sua dor era muito grande, viu apenas fugir como solução.

Abhay se encontrava ao lado do irmão o ajudando a se erguer enquanto Yasmine e Kadar tentavam acalmar Volkan, que ainda sentia a fúria se apoderar dele.

— Meu Rei, fique calmo, por favor! — Yasmine fala enquanto tenta pensar no que pode ter acontecido com Mira.

— É a minha filha que está desaparecida... — Volkan fala enquanto Yin Chang e Abhay vão até os mesmos, mas antes mesmo de Yin Chang pudesse abrir a boca, Volkan direcionava um murro de esquerda em direção a sua mandíbula, fazendo com que Abhay desviasse o golpe.

— Volkan, o que você pensa que está fazendo? — Abhay pergunta com raiva enquanto com a mão esquerda aperta o pulso de Volkan.

— O que você acha? Estou tentando bater no homem que feriu minha filha! — Volkan fala enquanto puxa seu pulso do aperto de Abhay, que o olha com um olhar de raiva.

Uma guerra de olhares começou, se olhares pudessem ter poderes nesse momento o salão de jantar estaria todo destruído enquanto aqueles dois duelavam como nunca.

Kadar, ao ver que o filho se encontrava irredutível em relação a Volkan, tenta encontrar uma saída para a situação, mas não vê nenhuma, já que com o desaparecimento de Mira uma guerra poderia estar a bater na porta a qualquer momento.

— Meu Senhor! — Um dos guarda de Kon fala enquanto com as mãos erguidas estende a tiara que Mira usava na noite passada, em direção ao Rei do Reino de Kon, que era o único que parecia mais calmo.

Kadar, ao ver a tiara sabe que Mira estava deixando para trás o mundo Imortal e indo em direção ao mundo mortal.

— Volkan, já sei onde Mira pode estar! — Kadar fala enquanto pega a tiara e estende para Volkan, que a pega com as mãos tremulas.

As amas ao verem a tiara que a sua princesa usava ofegam enquanto por dentro se encontram destruídas... A tiara foi deixada para trás como uma forma de mostrar ao pai que ela estaria abandonando o mundo imortal para sempre.

Volkan não consegue se sustentar em pé e cai, mas antes que possa encontrar os joelhos no chão Kadar já tinha o pego pelos braços e colocado sentado na cadeira, a mão que segurava a tiara cai em cima de seu colo enquanto lágrimas caíam de seus olhos em cima da tiara.

Se todos não tivessem tão centrados na confusão teriam visto

que Derya se encontrava calma enquanto levava o pãozinho na boca para esconder o sorriso, mas ela sabia que se aparentasse calma todos poderiam desconfiar dela, e ela deixaria de ser a doce e inocente princesa que vivia num mundo de fantasias para uma mulher que não tinha sentimentos, então no momento em que o colar de Mira começara a brilhar ela decidiu agir como a princesa que todos a viam.

Derya joga a cadeira para trás, a fazendo cair no chão enquanto coloca a mão na boca e arregala os olhos em uma falsa inocência apontando o dedo para o colar que se encontrava no ar.

— O que é isso? — Derya pergunta enquanto observa o brilho se tornar uma pequena labareda de fogo, que deslizava no ar ao redor do colar.

Mas Derya pisca e o que ela vê é algo sobrenatural, pequenos fios de fogo saem do colar, fazendo com que Volkan se levante da cadeira com os olhos arregalados e enquanto os fios de fogo vão se entrelaçando, Volkan pega a tiara e a coloca em baixo do colar, que se encontrava no ar.

Quando os fios em fim se entrelaçam formando uma figura de uma mulher, todos que estão no salão não conseguem acreditar no que veem até que uma luz fraca surge e ilumina a mulher, revelando uma face delicada com olhos violetas, seus cabelos são negros como a noite sem estrelas e possuía mechas vermelhas. A mulher então sorrir e desliza pelo ar até que se encontra na frente do Volkan.

— Volkan, meu amor! — A mulher fala enquanto toca a face do mesmo, que já se encontrava em lágrimas.

— Yuri, minha doce esposa e amiga! — Volkan fala enquanto tenta encostar na face da mesma, mas atravessa seu rosto.

— Meu amor, não posso ficar por muito tempo, apenas vim para lhe falar sobre a nossa pequena Fire. — Yuri fala com um sorriso enquanto olha para Volkan.

Yuri ainda poderia o amar, mas sabia que esse amor não poderia se tornar real por que desejava e nem porque queria... O amor que ela tinha por Volkan poderia ter sido eterno se não fosse pelo fato dele não a amar de volta, e também por ele não ser o destino dela.

— Mira?

— Sim, meu amor... Nossa filha se encontra num lugar não muito distante daqui, mas você não pode ir até lá. — Fala com a face triste, ela sabe que o destino da sua filha lhe era desconhecido pelo fato dela a qualquer momento se tornar parte dela.

— Porque? Ela é minha filha! — Volkan fala sem acreditar no que sua esposa morta fala.

— Volkan, a Mira está cumprindo o papel dela no destino de todos vocês, ela não poderia ficar aqui... Ela tinha que ir embora se ela quisesse um dia reviver as memórias.

— Mas, Yuri, ela não pode ir!

— Volkan... — Kadar fala enquanto com a mão aperta o ombro do mesmo.

— Kadar, há quanto tempo? Espero que Volkan não esteja dando trabalho! — Yuri fala sorrindo.

— Ele não está me dando nenhum trabalho.

— Volkan, a nossa filha precisa desse momento...

— Mas...

— Volkan, espero que você entenda que a nossa filha não é mais uma criança, mas sim uma mulher feita. — Ela fala para Volkan, mas depois se vira para todos e com o olhar em Yin Chang diz: — Um futuro de paz só depende das escolhas sábias que vocês tomarem a partir de agora, lembrem-se sempre, não é o passado que escreve o futuro, mas, sim o presente.

Yuri se vira para Volkan e com um sorriso lhe estende a mão onde está o colar que emite uma imagem de uma mulher num vestido dourado a dançar em frente a uma casa, enquanto uma pequena menina brinca em um balanço.

A mulher começa a rodopiar no ar enquanto sorri até que num momento para de frente e todos podem ver que é Mira, que com um sorriso acena... Não para eles, mas sim para um homem que caminha em direção as duas.

— Esse... Esse é o destino da Mira? — Yasmine pergunta enquanto observa a imagem de Mira acenar para o homem que caminha na sua direção.

— Não, esse é parte do destino dela e não destino dela! — Yuri

fala fazendo com que Volkan e Kadar se lembrem do que ela disse uma vez: Serei parte do Destino dos dois, mas não o Destino de vocês!

— Sim, ela tem o mesmo trabalho que eu, ser parte do destino de um homem mas, não ser o Destino dele! — Yuri fala enquanto com o olhar de dor olha para Volkan.

— Yuri! — Volkan fala dando um passo para frente fazendo com a Yuri de um para trás atravessado a mesa, ela sorri para ele.

— Meu amor, eu não sou o Seu Destino e nunca fui, posso ter lhe guiado em meio a toda aquela ganância, mas no fim nós dois não fomos feitos para ficar junto. — Yuri fala enquanto começa a desaparecer em pequenos vaga-lumes. — Talvez num futuro não tão longe possamos em fim ser o Destino um do outro, não apenas uma passagem de momento.

Volkan sabe que é verdade, ele nunca a amou de verdade, se em algum momento ele chegou a amá-la ele não sabe, mas quando ela disse essas palavras uma dor lhe atravessou o peito, talvez tenha sido seu coração a despedaçar ou apenas algo passageiro.

— Não se preocupe, meu Amor, eu vou estar sempre com a nossa filha, ainda mais agora que ela se encontra... — Yuri não consegue terminar, apenas sorri em meio às lágrimas da dor de um amor que no fim, não poderia ser verdadeiro.

Volkan não podia acreditar que sua linda e doce esposa se desfizera em pequenos vaga-lumes na sua frente, e sua filha desaparecera no mesmo dia, ele ainda se lembrava de quando ia até o jardim para conversar com o fantasma de sua falecida esposa e depois que saia dali, voltava a ser o homem mau e ganancioso que um dia fora.

— Não se preocupe, meu amor, no futuro iremos nós encontrar, mas agora o Destino o está preparando para o que vira daqui para frente!

Derya, que estava ali perto se dirigira para a porta com um sorriso no rosto, mas quando passava pelos guardas fez uma cara de donzela a chorar a dor do outro.

Ao se encontrar no lado de fora do salão, ela voltara a sorrir e quando viu que não tinha ninguém por perto, simplesmente pulou de alegria, como se a dor de um pai não lhe fosse uma facada, mas o que ela não sabia era que os vaga-lumes a tinham seguido.

— Acho melhor você não comemorar antes da hora, Princesa Derya! — Ela ouviu uma voz feminina lhe falar perto do ouvido, a fazendo dar um pulo para trás enquanto se virava.

— Yuri? — Derya não podia acreditar em quem estava na sua frente.

Yuri, a rainha de Umlilo estava parada a olhando, se algum dia alguém lhe dissesse que veria um fantasma em forma humana, Derya riria na cara da pessoa até que ali, na sua frente e em carne e osso se encontrava a Rainha de Umlilo.

— Sim e deixe-me lhe dar um recado. — Yuri fala se colocando em frente da mesma, os olhos violetas se encontravam em tempestade. — Você nunca será a Rainha do Reino de Asūla e sabe o porquê? Porque o Yin Chang, mesmo não tendo lembranças da minha filha, tem seu destino entrelaçado ao dela, e tem mais... Você é apenas uma princesa mimada que precisa de proteção, enquanto a minha filha, a Princesa de Umlilo não precisa que um homem se preocupe com ela, já que a mesma sabe se defender.

— Olha como fala comigo! — Derya fala enquanto Yuri dá um sorriso de lado e em seguida uma risada que lhe lembra a Mira.

— É você que tem que ter cuidado onde pisa porque o gelo é escorregadio e muito fino, assim como sua inocência falsa.

Dizendo isso Yuri lhe dá um tapa e desaparece no ar deixando para trás uma Derya paralisada depois de levar um tapa de uma mulher morta.

Dulal, assim que chegou na sua casa com Mira nos braços, com o sangue que deslizava de suas pernas pingando chão, chamara a sua governanta que estava no jardim a cuidar das flores, acabou deixando tudo como estava e entrara correndo.

— Sim, meu senhor! — A governanta fala enquanto observa a moça que se encontrava nos braços do seu senhor.

— Vá chamar um curandeiro que a moça está sangrando! — Fala enquanto sobe as escadas e vai em direção ao seu quarto e coloca a mesma em sua cama.

Dulal não sabe o porquê, mas algo dentro de si parece se aquecer ao ver aquela linda mulher em sua cama, mas ele sabe que ela no momento se encontrava desmaiada e ele não podia se aproveitar da fragilidade da moça.

— Senhor, o curandeiro! — A mulher fala enquanto entra no quarto acompanhada por um homem já idoso, mas sábio, que logo ao ver Mira deitada na cama arregala os olhos.

— Princesa! — O homem fala enquanto se coloca ao lado da mesma e pega o pulso dela.

Dulal, ao ver que o velho curandeiro conhecia a moça que se encontrava na cama e lhe chamara de princesa, sabia que poderia ficar despreocupado, já que o velho curandeiro lhe era de confiança e nunca mentiria para ele, ao ver o velho curandeiro arregalar os olhos como se não acreditasse no que estivesse vendo.

— O que foi? — Dulal pergunta preocupado.

Algo nele lhe diz que aquela mulher não seria uma mulher qualquer que passaria pela sua vida, e sim uma que ficaria.

— A princesa está... Está... — O velho curandeiro não conseguia encontrar as palavras certas para dizer a real situação da princesa.

— Ela está como...

— Ela está grávida, Meu Senhor! — Quem respondeu não foi o curandeiro, mas sim a governanta que está num canto do quarto os observando.

— Como? — Dulal pergunta com os olhos arregalados sem acreditar nas palavras da governanta.

— Ela não tem nenhum machucado, nem ferida e o sangue estava a escorrer entre as pernas da mesma, e ela se encontra pálida. Ela está ou estava sofrendo um aborto!

— Um aborto?

— Sim, meu senhor, a Senhora Nana está certa! Mas me parece que a criança está usando seu poder mágico para curar a mãe.

Todos podem observar que de sua barriga desliza fios prateados que se enroscam entre as pernas da mesma, fazendo com que o sangue desapareça e sua pele antes pálida passe a ter um brilho de saúde.

— O senhor a chamou de Princesa, quem é ela? — Dulal pergunta enquanto observa a mesma.

— Ela é a princesa do Reino de Umlilo, Mira! — O Curandeiro responde enquanto observa que Dulal não consegue parar de olhá-la.

Num momento em que ninguém está observando Mira abre os olhos e observa o teto de madeira, ela só se lembra de andar pela floresta até que num momento sente fisgadas na barriga a fazendo cair na neve, enquanto alguém pergunta se ela está bem.

— Dulal? — Mira pergunta sem acreditar ainda, ela o encontrou na noite passada, ela pensa que a imagem dele foi apenas uma miragem, mas uma face muito conhecida cobre a imagem do teto que ela estava vendo.

— Princesa! — O velho curandeiro fala enquanto a ajuda a se sentar.

Ela olha para o mesmo e franze a testa. O curandeiro sorri para a mesma que, num momento de reconhecimento arregala os olhos e se joga nele o fazendo a abraçar.

— Krishna! — Mira fala enquanto lágrimas escorrem de seus olhos.

— Minha pequena Fire, ainda bem que você pode vir! — O velho Curandeiro fala enquanto acaricia a face da mesma em sinal de respeito.

— Krishna, onde eu estou? — Mira pergunta.

— Você está na minha casa! — Ela ouve uma voz conhecida que a faz se lembrar de Dulal a fazendo se virar.

Ao ver Dulal parado ali na sua frente a olhando, era como se o tempo parasse e somente os dois existissem, se algum momento Mira esquecera que chegara a amar com todo o seu coração Yin Chang, foi no momento em que pôs os olhos naquele Dulal que se encontrava na sua frente.

E Dulal não conseguia tirar os olhos da mesma, algo o puxava em direção a mesma, o fazendo dar um passo à frente, enquanto se sentava na beirada da cama e segurava a mão de Mira.

Dizem que um amor vem e vai depressa, mas Mira ia amar Yin Chang para sempre, mesmo que algum dia ela chegue a gostar de alguém, como é o caso daquele momento.

A governanta e o curandeiro trocaram olhares enquanto aqueles dois se encontravam encoberto por uma bolha, se os dois não tivessem tão encantados um pelo outro eles veriam que das costas dos dois saíram pequenas asas.

— Minha princesa amada, tenho que lhe dar uma notícia!

— Que notícia? — Mira pergunta enquanto aperta mais forte a mão de Dulal, o fazendo aperta de volta.

— Você está grávida!

Quando Mira ouve essas palavras, era como se algo lhe atirasse facas afiadas em seu coração, como ela poderia estar grávida de um homem que a faria concubina sem nem pensar?

Ela não conseguia acreditar naquelas palavras, não podia ser real.

Ela fugira para não ter que o ver, mas agora ela teria uma lembrança eterna daquela tarde e do amor que ela sentia por Yin Chang, lágrimas caíram da face da mesma.

— Não posso estar grávida, isso é impossível!

— Ora essa, até parece que não sabe como é feito os bebês! — Krishna fala, mas ao ver que sua princesa se encontrava em choque, pensa que talvez não tenha sido certo fazer do destino um amigo.

— Não, não, não quero estar grávida! — Mira, enquanto tenta se erguer da cama mais uma tontura lhe faz cair para trás em cima dos travesseiros, ela cobre o rosto com o braço enquanto sussurra. — Tira, por favor tira. Não posso ter essa lembrança.

Dulal, ao ouvir isso pensa em como uma mulher pode querer fazer isso, e num momento de raiva se joga em cima da mesma e tira o braço que cobria o rosto inchado e vermelho.

— Você não vai se desfazer de uma criança que não tem culpa de nada, não ouse fazer isso! — Mira só ficara o observando.

Sua face furiosa lhe era maravilhosa, mas naquele momento olhar para ele era como olhar para Yin Chang.

— Sai, sai! — Ela grita o fazendo sair de cima dela enquanto a mesma pega o travesseiro e atira nele. — Você não tem nenhum direito de falar assim comigo!

Mas depois Mira se encontrava em lágrimas, que só pararam no raiar do sol a fazendo dormir, mas mesmo assim Dulal não saia de perto dela com medo da mesma tentar fazer alguma besteira, como dar murros contra a barriga ou simplesmente arranjar um jeito de tirar aquela criança que não tinha culpa de nada.

Se um dia alguém diria que o jovem Capital e Rei de um Reino se encontraria sentando na cabeceira da cama de uma jovem dama, com medo dela fazer alguma besteira pode ter certeza que essa pessoa seria considerada uma louca, mas ali estava ele, sentando a observar aquela moça enquanto ela dormia.

Todos os dias ele dormia num sofá que tinha no canto do quarto e no meio da noite se retirava para poder ditar ordens e cumprir com as obrigações de Capital e de um rei, mas no final do dia volta para o mesmo sofá enquanto a mesma se encontrava a olhar para o horizonte sempre. Durante uma semana essa foi a rotina do mesmo.

Dormia no sofá, olhava Mira enquanto a mesma dormia e na manhã seguinte se retirava, mas num certo dia ele entrara no quarto enquanto tirava o sobretudo e não encontrou a mesma na cama como era comum.

— Mira? — Ele pergunta olhando ao redor e não a encontra.

Se algum dia Dulal já sentira medo, foi nesse dia em que Mira não se encontrava na cama.

— Aqui! — Ele ouve uma voz vir de trás do biombo de onde sai uma fumaça.

Dulal sem pensar se dirige até o biombo e o puxa revelando Mira dentro do ofurô com pétalas de rosas a tampar sua nudez, o fazendo ficar vermelho de vergonha. Mira, que estava a pensar em dar uma chance ao homem que cuidara da mesma se levanta, fazendo com que o mesmo jogue o sobretudo em cima da mesma, que ri daquela cena.

— Princesa... — Dulal fala envergonhando enquanto se vira e cobre a boca em sinal de vergonha.

— Pode me chamar de Mira! — Ela fala enquanto se cobre com o sobretudo e depois se coloca ao lado de Dulal, que a olha mais vermelho ainda. — Dulal!

Mira sorri para o mesmo que sorri de volta.

Três meses tinham se passado como se fosse o vento da primavera e Mira já aparentava uma barriguinha de grávida, que Dulal vivia a acariciar como se fosse a coisa mais preciosa do mundo, fazendo com que Mira sorrisse.

Mira nunca pensara que um dia poderia chegar a amar alguém a não ser Yin Chang, mas ali estava ela, casada com um homem que conhecera há apenas três meses, mas que lhe parecia que conhecia a vida inteira, para quem olhasse de fora os veria como um casal apaixonado e com um filho a caminho, mas era quase isso... Mira ainda se encontrava apaixonada por Yin Chang e grávida do mesmo, mas ela também estava pelo Dulal, que lhe tratava com tanto carinho que em alguma parte do seu coração já era dele, assim como o filho que ela esperava, Dulal era como um pai para o bebê que estava por vir e ele faria tudo que pudesse pelos dois tesouros da sua vida.

Dulal sempre soube desde o início que Mira nunca poderia amá-lo por inteiro, mas ele aceitava o fato de que ela também o amava, mesmo que fosse só metade do que ela amava o Yin Chang, mas aquela metade lhe era o suficiente porque ele sabia que podia fazer dela a mulher mais feliz desse mundo.

Existia um amor tão puro como aquele?

Dulal e Mira tinham se tornando amigos antes de marido e mulher, era essa a base para um relacionamento feliz e próspero. Os dois governavam o reino com sabedoria, o que fazia com que os moradores fossem felizes por terem uma rainha capaz de traçar meios para que todos ficassem bem, assim como também fosse capaz de pegar numa espada se fosse necessário.

Ela era a Rainha que todos pediram para ter, assim como Dulal tinha pedido uma mulher capaz de ir com ele para guerra.

Se algum dia alguém perguntar a Dulal o que lhe era mais importante ele não hesitaria em dizer: A minha mulher, que com uma espada é capaz de me fazer temê-la, mas também com essa mesma mão que ergue a espada é capaz de me ajudar. A minha filha, Xo Bou, que será igual a mãe, uma guerreira.

Mira o olhava enquanto ele cariciava sua barriga e sorriu como se dissesse que o amava, e era verdade, podia estar rolando uma festa ao redor deles pelo anuncio de que seria uma menina, mas eles não estavam prestando a devida atenção, apenas se olhavam maravilhados como se fosse a primeira vez.

E Dulal sabia que ela o amava, mesmo que fosse um pouco, ela o amava e era isso que lhe importava e mais nada, apenas isso.


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