Enquanto Itadori se esforçava para ajustar as roupas fornecidas pelos servos do santuário, uma sensação de desconforto persistia em sua mente. Ele decidiu jogar o jogo da confusão, pedindo ajuda a um servo próximo para lidar com os detalhes complicados das vestes.
"Desculpe, mas como eu vim parar aqui? Tive um acidente na floresta e acordei sem entender nada." Itadori escolheu suas palavras com cuidado, tentando manter uma expressão de perplexidade genuína.
O servo, um garoto com olhos cheios de medo, hesitou antes de responder.
"Por favor, não diga nada. Não quero me envolver em problemas por falar com a noiva de Sukuna-Sama." O garoto eunuco implorou, temendo pela própria vida.
A informação atingiu Itadori como um soco. "Noiva?" "Por que diabos eu seria a noiva de alguém? Ainda mais dele?" Ele perguntou, genuinamente confuso e chocado com a revelação.
O jovem, com uma expressão tensa, continuou sua explicação enquanto Itadori absorvia a magnitude da situação.
"Os clãs em conflito fizeram um acordo delicado para garantir a paz. Uma oferta, uma troca de paz. Você, Yuji-sama, foi escolhido como uma oferenda para selar esse acordo. Não podemos ignorar o protocolo, e sua presença aqui é essencial para manter a paz entre os que vivem nessas terras e … Ele." O eunuco falou com uma mistura de temor e resignação.
Itadori, ainda processando a informação, sentiu uma onda de emoções conflitantes. A ideia de ser oferecido como parte de um acordo de paz era absurda e desconcertante. Ele questionou mais uma vez, buscando entender o porquê de ter sido escolhido para tal papel.
"Por que eu? Porque eu fui escolhido para ser essa oferenda?" Itadori indagou, sua expressão refletindo confusão e incredulidade.
O eunuco baixou os olhos, relutante em divulgar os detalhes mais sombrios do acordo. "As razões exatas estão além do meu conhecimento, Yuji-sama."
Itadori não estava satisfeito com a resposta vaga, mas percebeu a tensão no rosto do servo. Era evidente que o garoto temia retaliações por compartilhar essas informações, e Itadori decidiu não pressionar mais por enquanto.
Mas a mente dele girava com essas revelações inesperadas. Ele perguntou rapidamente sobre o local em que estavam.
O eunuco olhou ao redor antes de responder em um sussurro temeroso, "Estamos em Heian-Kyo."
O corpo de Itadori paralisou por um momento, aflito ao pensar nos eventos que o trouxeram até aqui. Ligando os pontos, a ideia de viajar no tempo começou a se formar em sua mente, e a possível conexão com a era Heian deixou-o perplexo.
"Espera, você está dizendo que estamos em Heian-Kyo? Como Kyoto? Como isso é possível?" Itadori perguntou, uma mistura de choque e incredulidade em sua voz.
Antes que pudesse responder às perguntas adicionais do feiticeiro, uma voz firme soou na sala.
"Yezo. Não fale mais com Yuji-sama."
Uraume interrompeu abruptamente a conversa. Seu tom não admitia desobediência, e Yezo abaixou a cabeça em sinal de submissão.
"Siga-me, Yuji-sama. Sukuna-sama está esperando por você no salão de banquetes", disse Uraume, levando Itadori em direção ao coração do santuário.
A atmosfera do santuário era carregada de uma energia que vibrava com antigas tradições e rituais.
O cheiro de incenso pairava no ar, e velas tremeluziam, lançando sombras dançantes nas paredes adornadas com símbolos místicos. Tapetes luxuosos e tapeçarias ricamente decoradas completam a ambientação.
Finalmente, eles chegaram a um grande salão com teto alto, onde uma longa mesa estava preparada com uma variedade de pratos exóticos e iguarias. No final da mesa, Sukuna estava sentado em um trono improvisado, com uma expressão de impaciência no rosto.
O grande salão do santuário estava envolto em uma atmosfera pesada, carregada com a presença imponente de Sukuna. O Rei das Maldições estava sentado em um trono improvisado, olhando fixamente para Itadori com olhos que pareciam transcender o tempo.
"Agora, moleque, sente-se." Sukuna apontou para o lugar vago à sua direita, como um monarca comandando seu súdito.
Itadori hesitou por um momento, sentindo o peso do olhar de Sukuna sobre ele, mas logo se dirigiu ao assento indicado. Enquanto se acomodava, as iguarias à sua frente exalavam aromas que ele nunca imaginara, fazendo sua mente se perder por um instante.
Sukuna observava cada movimento de Itadori com uma expressão imperturbável, como se estivesse lendo os pensamentos do jovem feiticeiro.
"Agora, responda-me uma coisa." Sukuna quebrou o silêncio, sua voz firme e autoritária. "Por que você fugiu?"
Itadori, corajoso, levantou os olhos para encarar Sukuna. Seus olhares se encontraram, e nesse momento, Itadori pôde ver mais claramente as características originais do corpo do Rei das Maldições. Os quatro braços musculosos se destacavam, cada um deles parecendo tão formidável quanto o outro, as orelhas com furos ornamentados adicionavam uma aura sinistra à sua aparência. Quatro olhos que pareciam penetrar a alma, metade de seu rosto tinha uma máscara que conferia um ar ainda mais enigmático.
Itadori não podia deixar de notar a segunda boca em seu estômago, que parecia sussurrar algumas coisas de vez em quando. Característica perturbadora que acrescentava ao seu aspecto sobrenatural.
Sukuna vestia apenas a parte inferior de um hakama, revelando sua forma física excepcionalmente forte e imponente de maneira despojada. Era uma visão impressionante e aterradora, e Itadori não conseguia deixar de se perguntar sobre a origem e a história por trás desse ser colossal.
Ele ponderou por um momento, decidindo escolher suas palavras com cuidado.
"Fugir? Eu não... Eu não estava tentando fugir. Eu só estava… Buscando respostas." A voz de Itadori estava misturada com confusão e determinação.
Sukuna soltou uma risada, uma mistura de desdém e divertimento. "Mesmo em meio a minha presença sua coragem não vacila. Mas saiba que sua fuga não passou despercebida garoto."
A tensão no ar aumentou à medida que Sukuna se inclinava para a frente, seus olhos vermelhos perfurando a alma de Itadori.
"Você pode não compreender completamente o que está acontecendo, mas suas ações têm consequências. Não tolerarei mais tentativas de fuga." Sukuna deu-lhe um olhar gélido em advertência.
Itadori sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas ele não recuou. A confiança e o desassombro que eram inerentes a sua personalidade ainda persistem, mesmo diante da aura ameaçadora de Sukuna.
"Eu não pedi por isso. Eu só quero entender por que estou aqui, e o que você espera de mim Sukuna!" Itadori fixou seu olhar no de Sukuna, buscando respostas.
Sukuna, ao ouvir as palavras de Itadori, sentiu uma pontada de irritação misturada com uma estranha admiração. A coragem do jovem feiticeiro em encará-lo de frente, questionando sua presença ali, não passou despercebida.
"Que ousadia! Falando comigo como se fosse um igual, como se me conhecesse há anos." Sukuna retrucou, seus olhos vermelhos brilhando com uma intensidade quase predatória. "Mas vou te dar um conselho, moleque: nem tudo é compreensível para uma mente tão limitada quanto a sua."
Itadori não se deixou intimidar. Ele sustentou o olhar de Sukuna com firmeza, sua determinação inabalada.
"Não sou moleque, eu tenho um nome! E mesmo que minha mente seja limitada, mereço respostas."
O Rei das Maldições riu, uma risada que reverbera no grande salão, sumindo com a atmosfera enigmática do santuário.
O silêncio na sala do santuário era quebrado apenas pelo suave crepitar das velas e o murmúrio distante da floresta lá fora. Sukuna, mesmo após estar estagnado, não parecia ter desviado completamente sua atenção de Itadori.
De repente, os olhos vermelhos do Rei das Maldições se estreitaram, captando algo sutil, mas significativo, na aura de Itadori. Ele levantou uma sobrancelha, uma expressão de interesse mesclada com desconfiança.
"Algo mudou em você. Sinto uma energia diferente, que não estava presente antes." Sukuna falou, sua voz carregada de uma cautelosa curiosidade.
Itadori franziu o cenho, surpreso pela sensibilidade de Sukuna. "Eu... não sei do que está falando. "
Os olhos de Sukuna estavam fixos em Itadori como se estivesse tentando desvendar um enigma. "Não tente me enganar, garoto. Há uma energia amaldiçoada diferente em você, isso não é apenas fruto de um mero acaso. O que você fez naquele lugar?"
Itadori, sentindo o olhar penetrante de Sukuna sobre si, buscou rapidamente uma desculpa convincente. Ele ponderou por um momento, tentando construir uma história que pudesse explicar sua presença na floresta sem revelar demais.
"Bem, é complicado explicar, mas eu estava na floresta por causa de um ritual. Um ritual que envolvia canalizar energia amaldiçoada para... para buscar respostas sobre o meu … destino ." Itadori tentou parecer hesitante, como se estivesse compartilhando um segredo pessoal.
Sukuna arqueou uma sobrancelha, ainda desconfiado. "Um ritual? Você é um feiticeiro então?"
Itadori concordou rapidamente, sentindo a necessidade de reforçar a credibilidade de sua história. "Sim.. Eu sou. Eu estava tentando aprimorar minhas habilidades, mas algo deu errado, e a energia ficou fora de controle. A próxima coisa que lembro é acordar na floresta, sem ideia de como cheguei aqui."
Sukuna continuou observando-o, sua expressão indecifrável. "Interessante. Você pode não ser tão tolo quanto eu pensava. No entanto, garoto, fique ciente de que eu sou capaz de perceber mentiras e trapaças. Se estiver escondendo algo de mim, descobrirei."
Itadori engoliu em seco, sentindo o peso das palavras de Sukuna. Ele sabia que estava em território perigoso e que qualquer deslize poderia ter consequências graves.
"Entendi. Eu só queria entender o que estava acontecendo, e acabei me perdendo nesse processo. Sei que você tem suas próprias razões, Sukuna, mas espero que possamos chegar a um entendimento." Itadori escolheu suas palavras com cuidado, tentando apaziguar o Rei das Maldições.
Sukuna, após um momento de silêncio, soltou uma risada áspera. "Entendimento, garoto? Talvez. Mas, por enquanto, esteja ciente de que sua vida está em minhas mãos. Se você se mostrar útil, talvez eu permita que continue existindo."
Itadori sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele percebeu que estava lidando com uma força incompreensível e que o desafio de enganar Sukuna estava longe de ser encerrado.
Sukuna, em um gesto sutil, cheirou o ar ao redor de Itadori, sentindo uma familiaridade estranha, uma energia que provocou uma pontada de reconhecimento.
"Interessante..." Sukuna murmurou, mantendo sua expressão fria e impenetrável. Seus olhos vermelhos encaravam Itadori com intensidade, como se estivessem sondando mais profundamente do que as palavras poderiam revelar.
Esse Pirralho com certeza está escondendo alguma coisa.
Ele se inclinou ligeiramente para a frente, como se estivesse prestes a encontrar algo.
Pode até ser que tenha um truque ou dois na manga, mas saiba que nada permanece oculto para sempre.
Itadori sentiu a pressão crescente. Ele compreendia que Sukuna, mesmo sem conhecer todos os detalhes, estava longe de ser ingênuo. Cada movimento, cada palavra, era um jogo perigoso, e Itadori estava determinado a jogar da melhor maneira possível.
Sukuna falou num tom de lembrete a Yuji que o avô dele o trouxe como noiva para Sukuna em troca do clã deles, Fujiwara, ter paz, pois eles viviam em seu domínio naquelas terras. No entanto, como Sukuna tem estado ocupado, não conheceu Yuji adequadamente. Este, que era contra um casamento arranjado, já fugiu três vezes na ausência de Sukuna, sendo levado de volta por Uraume, que fora encarregada de seus cuidados.
Sukuna se levantou do trono improvisado, seus passos pesados ecoando pelo salão. "Você fugiu novamente, moleque. Isso começou a ser irritante."
Itadori ergueu o queixo, mostrando uma expressão de desafio. "Não pedi por isso. Eu não pedi para ser parte desse acordo absurdo entre os clãs."
Sukuna se aproximou, seu olhar penetrante nunca deixando o rosto de Itadori. "Absurdo ou não, as escolhas foram feitas. Seu clã quis a paz, e você é o preço a ser pago por ela."
"Eu não sou um prêmio a ser dado!" Itadori respondeu, sua voz firme. "Não pedi por isso, e não vou me curvar aos caprichos de nenhum clã ou maldição."
Sukuna, com um sorriso sardônico, observou Itadori com um interesse crescente. "Você é mais interessante do que eu pensava, Moleque. Um rebelde, talvez eu me divirta mais do que inicialmente previ."
Itadori, mesmo sentindo o peso da situação, não recuou. Ele sabia que estava nas mãos de Sukuna, mas até descobrir como voltar para casa ele teria que se sujeitar a esse lugar, isso não significava que aceitaria passivamente seu destino.
Tudo o que Sukuna disse nessa época sempre foi costume dos antigos fazer, então não era surpresa para ele que tivessem oferecido um casamento em troca da paz. Mas sobre um certo clã ele tinha uma pequena familiaridade ao ouvir sobre seu avô.
Desde quando Fujiwara faz parte da minha linhagem? Talvez Itadori não seja um nome tão recente assim, talvez tenha mudado com o passar dos anos.
Yuji estava perdido, antes ele estava em uma tempestade, em uma aflição inexplicável, em uma guerra de conflitos e agora numa calmaria que o deixava mais desesperado pela sua confusão, mas Sukuna mesmo assim estava ali, como se não fosse o bastante a quantidade de tempo que passou na sua cabeça e o terror que os tem feito passar todos esses meses.
Enquanto a conversa continuava, Uraume permanecia em silêncio, observando a interação entre Sukuna e Itadori.
Sextou Galerinhaaaa, capítulo fresquinho para vocês..
Aproveite!