Stefan encontrou Chloe esperando por ele na plataforma do hangar que levava até o seu robô.
Ele estava tão machucado que o professor teve que carregá-lo, e ele viu a expressão assustada no rosto dela.
— O-o que aconteceu? Stefan?
O professor a ignorou completamente, passando por ela, enquanto alguns mecânicos a impediam de segui-lo. Stefan virou o rosto para ela e sorriu, mas não tinha forças para consolá-la.
Ela não disse nada, mas ele conseguia ver a sua preocupação, e então voltou a sorrir, agora com toda a honestidade. Não importava o quão ruins fossem as coisas, vê-la sempre deixava tudo melhor.
O professor o jogou na cabine e prendeu os seus cintos, enquanto se aproximava, garantindo que não havia mais ninguém por perto e disse:
— Se sabe o que é bom pra você, é melhor perder.
Ele não esperou por uma resposta. Fechou a porta da cabine, enquanto Stefan iniciava os controles do robô.
Tinham lhe dado alguns analgésicos e pomadas, mas tinha pelo menos três costelas quebradas e vários hematomas espalhados pelo corpo.
— Não temos tempo agora, mas vamos tratar você direito depois da luta — eles disseram. Mas era óbvio o que estavam tentando fazer.
A porta do hangar se abriu e ele levou o robô até a arena.
De alguma forma, o estádio parecia mais cheio e barulhento do que nos outros dias do torneio. Os espectadores gritaram e comemoraram quando Stefan apareceu. A maioria torcia por Warren, o seu adversário, mas alguns deles tinham ficado tão impressionados com a sua performance nos últimos dias que formaram uma torcida para ele. Não fazia diferença, a blindagem do seu robô abafava os ruídos externos.
Ele parou no meio da arena, em frente ao robô do seu oponente. O telão no topo da arena mostrou os robôs, junto das fotos dos seus pilotos. Stefan usava o robô azul, Warren o vermelho.
— Bem-vindos à final do torneio do quarto ano da academia Ases de Prata — o apresentador falou para toda a arena, com o sinal captado no rádio do seu robô. — Warren Ballet, da família do nosso grande líder.
A multidão comemorou ao ouvir o nome.
— E Stephan Köhler, a surpresa do torneio.
Houve alguns corajosos que comemoraram, mas suas vozes se perderam no enorme estádio.
— Qual deles terá a honra de entrar na prestigiada unidade dos Cavaleiros Negros? Só tem um jeito de descobrir. Competidores…
Warren ativou sua espada de energia, e Stefan fez o mesmo.
O primeiro apito soou. Então o segundo, e o seu adversário atacou com velocidade, avançando contra Stefan com um movimento rápido. A sua espada veio de cima, então Stefan a bloqueou e se afastou.
Aquela era uma falta clara, mas os juízes nada disseram, e ninguém pareceu se importar.
— E pensar que a minha última batalha seria com você — a voz do seu adversário invadiu o rádio do seu robô. Stefan o ignorou.
Warren voltou a atacar, gastando os propulsores do seu robô como um idiota. Talvez ele tivesse esperanças de acabar com a luta rapidamente, ou simplesmente fosse estupido demais para se lembrar de economizar o combustível.
Não importava. Stefan bloqueou seus ataques e esquivou, conforme necessário. Mas tinha algo errado. Quando Warren veio com um corte pela esquerda, as alavancas do robô de Stefan prenderam, duras, e ele teve que usar mais força do que o normal para recuar. Isso o atrasou e, por uma fração de segundos, a espada do seu adversário não atingiu o braço do seu robô.
Não foi apenas a alavanca. As telas do seu robô ficaram vermelhas, mostrando várias falhas nos sistemas do seu robô. Até o combustível estava desaparecendo depressa, mesmo sem ele usar os propulsores.
Ele devia avisar os juízes. Uma falha mecânica era motivo para parar o combate e rodar uma checagem rápida. Mas ele sentiu que não faria diferença. Eles certamente iriam ignorá-lo e dar a vitória para o seu oponente.
— O que foi, por que você tá fugindo? — aquela voz irritante voltou a invadir o seu rádio. — Algum problema aí? Hahaha.
"Ele sabe", Stefan percebeu. Mas se manteve em silêncio.
— Aqui não é o seu lugar. Achou mesmo que tinha alguma chance contra mim, só porque você venceu aqueles idiotas? Eu vou te mostrar o que é um piloto de verdade.
Warren avançou usando os propulsores, mas os controles de Stefan falharam e foi por pouco que ele conseguiu escapar, perdendo apenas o braço esquerdo do seu robô.
A risada de Warren invadiu o seu rádio, junto dos gritos de comemoração da plateia. Stefan podia até ouvir os comentários de aprovação vindos do próprio apresentador.
— Que ataque incrível.
"Não."
— As habilidades de Warren são incríveis.
"Não são."
— Stefan não consegue fazer nada diante dos ataques implacáveis do seu adversário.
"Porque ele tá trapaceando, droga."
— Será que a batalha acabou?
— UMA OVA QUE ACABOU! — Stefan gritou e a sua voz foi projetada pelo estádio, calando a boca do apresentador.
Ele estava furioso. Como eles não conseguiam notar? Aquele desgraçado estava gastando seu combustível como louco, e nada acontecia. Não tinha ninguém ali que achava aquilo estranho?
"Não. Eles notaram. Só não se importam."
— Do que você tá falando, idiota? — Warren perguntou, e mesmo sem ver o rosto do seu oponente, Stefan sabia que ele estava sorrindo.
— Quem vai vencer esse torneio. Quem vai se tornar um Cavaleiro Negro. Sou eu, porra! — a sua voz trovejou pelo estádio, mas ele não esperou nenhuma resposta e atacou.
Seu combustível estava baixo, mas ele usou os propulsores assim mesmo e forçou os motores. Num piscar de olhos, ele estava frente a frente com Warren, e sua lâmina cortou o braço dele, mas o golpe não foi registrado.
"Eles não vão nem tentar disfarçar?"
Stefan soltou a espada de energia e esmagou a cabine do seu oponente com um soco, fazendo ele cair no chão, soltando a espada.
— Se a espada não funciona, então eu vou usar a força.
Ele só tinha um braço, mas era o bastante. O seu soco esmagou a cabeça do robô adversário. Mais um soco, e outro, e outro, até que o metal ficasse completamente arruinado e retorcido. Ele agarrou o topo da cabeça do robô caído e puxou, fazendo os cabos se romperem, jorrando óleo pelo buraco da cabeça como se fosse sangue.
Stefan se levantou, jogando a cabeça arrancada do seu adversário para longe. Sem ela, não tinha como ele controlar o robô. A luta tinha acabado, mas ninguém comemorou.
Ele olhou para o estádio ao seu redor, e todos o olharam de volta, mas a única coisa que viu foi espanto.
Finalmente estamos chegando à conclusão. O próximo capítulo vai encerrar o conto. Espero que gostem.