Stefan colocou o braço em volta do ombro de Chloe e apoiou seu peso nela.
Tinha sido chamado para a sala de conferência e os professores estavam furiosos, enquanto Warren reclamava com eles.
— Aquilo foi uma falta. Não tem como aquilo ser permitido.
— Ele tem razão. Aquela foi uma falta grave.
— Não tem como permitirmos isso. Já é ruim ele usar truques sujos, mas isso já é demais. Eu acho que ele deve ser eliminado.
— Eu concordo. Warren claramente venceu a luta.
— E-ei… — a Chloe começou, mas ele a parou com um olhar. Não faria diferença. Já estava feito. Se ela dissesse algo errado ali, isso podia prejudicar o seu futuro; era uma das alunas mais brilhantes da academia, mas Stefan não duvidava de que o diretor a enviaria para um posto isolado em alguma lua distante ou planeta de gelo se não gostasse do que ela tinha a dizer.
— Você ouviu isso, seu trapaceiro? — Warren o olhou, irritado. Sua testa estava sangrando onde ele bateu a cabeça quando Stefan derrubou o seu robô. — Eu ganhei.
— Não. Não ganhou — o tenente-coronel disse, e todos se calaram, confusos.
— C-coronel…? — o diretor disse. — Aquela foi claramente uma falta eliminatória.
— Não foi não.
— Como?
— Usamos espadas de energia pra não danificar os robôs e nem machucar os pilotos, mas não existe nenhuma regra proibindo outros tipos de ataque.
— M-mesmo assim, não é assim que um piloto deve lutar.
— Está tentando me dizer como um piloto deve lutar, diretor?
— …
— De qualquer forma, eu fiquei um pouco curioso durante a luta. — Ele se virou para Stefan. — Os controles do seu robô. Eles foram adulterados, não é?
— I-isso é impossível — o diretor interveio, antes que Stefan pudesse dizer qualquer coisa. Então o tenente-coronel se virou para ele.
— Mas aconteceu. Eu pedi pros meus técnicos rodarem uma checagem nos dois robôs. Esse garoto estava lutando numa banheira com pernas. Eram tantos vírus e falhas que eu nem sei como aquela coisa saiu do hangar.
O diretor abaixou a cabeça, com o rosto vermelho de vergonha por trás daquela barba espessa.
— E-eu não sabia disso… — ele disse, e então se virou para Stefan, com um olhar carrancudo. — Eu peço desculpas pelo nosso erro. Vamos reparar seu robô e reiniciar a luta.
Stefan não estava feliz. Não duvidava que eles fariam exatamente isso. Talvez fossem até mais discretos da próxima vez, mas certamente iriam fazer alguma coisa para impedi-lo de ganhar, e ele sabia disso.
O tenente-coronel ficou ainda menos satisfeito.
— Não vai ter outra luta. Eu já vi tudo o que precisava. Essa escola é uma vergonha.
— C-coronel, por favor. Foi só um erro.
— Espera mesmo que eu acredite nisso?
— …
— Meus técnicos checaram o robô dele também — o tenente-coronel apontou para Warren. — Aquele garoto tinha recebido tantas melhorias que até uma criança teria vencido e, mesmo assim, ele perdeu. De qualquer forma, eu já me decidi.
Ele se aproximou de Stefan.
— Stefan. Você venceu o torneio, e vai vir comigo para os Cavaleiros Negros.
Stefan não tinha palavras, então quem falou foi Warren:
— Não. Isso não é justo.
Todos o olharam. Tinha dezessete anos, mas se comportava como uma criança.
— Você sabe quem eu sou? Você vai dar a minha vaga pra… ele?
— Isso mesmo — o tenente-coronel respondeu, com uma expressão tranquila, mas claramente irritado com a atitude do rapaz.
— Você não pode!
— Warren, por favor, se acalme — o diretor disse, preocupado. Mas ele não se importou.
— Eu sou o melhor piloto dessa academia. Acha mesmo que um coronelzinho que nem você pode me negar isso? Uma ligação e eu destruo a sua carreira, então é melhor você--
Um tapa forte e Warren perdeu o equilíbrio, caindo no chão, chocado e assustado, quando o tenente-coronel se aproximou.
— Em respeito a sua família, não vou mandar os meus homens o esfolarem por esse desrespeito. Mas você não é uma criança, é um soldado. Comece a agir como um. Diretor.
— S-sim, senhor.
— Na minha época, algo desse tipo era mais do que o bastante pra algumas chibatadas e três semanas na detenção.
Não foi preciso dizer mais, os guardas levaram Warren e ninguém interveio.
— Pode ter certeza de que eu vou relatar tudo o que aconteceu aqui — ele disse ao diretor e se virou para Stefan. — E quanto a você, bem-vindo aos Cavaleiros Negros. Agora vamos, tenho um monte de papelada pra preencher.
— S-sim, senhor.
E esse foi o fim do torneio de seleção para a unidade dos Cavaleiros Negros.
Vencedor: Stephan Köhler.
E assim termina a história. Foi o meu primeiro conto e eu espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu. Também queria agradecer uma última vez por terem lido até aqui, então: obrigado, e espero que voltem a ler mais histórias minhas no futuro.
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