Um dia, um mês, um ano, a muito perdi a simples habilidade de perceber o passar do tempo, estou a Deus sabe quanto tempo preso neste lugar, um quarto de madeira simples, com uma cama, uma lareira e uma janela.
Olhando pela janela, vejo o mesmo de sempre, escuridão, longa e infinita, um abismo negro de nada.
Caminho até a cama e me deito, mas, assim como sempre não consigo dormir, desde que cheguei aqui, nunca mais consegui dormir.
Eu provavelmente já estou louco, fico divagando comigo mesmo, como se alguém pudesse me ouvir, haha, como se isso fosse possível, não é como se isso fosse uma história não é mesmo?
Depois de algum tempo deitado, perdido em minha própria loucura, me sento e começo a meditar, um abito que adquiri no meu tempo aqui. Meditei pelo que pareceram horas, mas quem sabe quanto tempo realmente se passou, me levantei, caminhei até o centro da sala e comecei a me exercitar, alongamentos, flexões, abdominais, agachamentos.
Posso estar preso aqui, mas ainda tenho esperança de um dia sair, então continuo tentando manter minha saúde, física e mental, bem, ênfase em "TENTANDO", afinal, depois de tanto tempo aqui, já estou muito paranoico, chegando ao ponto em que pensei em me jogar no fogo para me matar.
Não que eu goste de dor, não, nem perto disso. Mas me jogar no fogo seria a única forma de morrer, já que aqui não tem nada que possa me matar, nem facas, nem armas, nem veneno, nem mesmo água, que seria uma forma muito menos dolorosa de morrer, mas desisti disso temporariamente.
Dias se passaram, pelo menos é isso que eu suponho, estou novamente olhando pela janela, para o vasto e grande nada, quando do nada acabo por ter uma grande dor de cabeça, depois de um tempo a dor passa e comecei a pensar novamente.
Essa dor de cabeça é algo normal, acontece as vezes, tenho alguns flexes do que suponho que sejam memórias, não sei de quem é, mas com toda certeza ele é um soldado, o vi várias vezes dando ordens a outros parecidos com soldados, e também protegendo o que suponho ser uma base.
O que me preocupa é que essas memórias estão se sobrepondo as minhas próprias, aos poucos estou esquecendo de minha família, dos meus amigos, do que gostava e do que desgostava, espero que eu não me torne uma pessoa vazia, sem emoções próprias.
Pulo de tempo
Eu já não sei quem sou, já não sei se já tive família, não sei de onde vim nem para onde irei, neste ponto eu estou simplesmente existindo, esperando que algo novo aconteça, e oque me surpreendeu foi que algo realmente aconteceu, um grande clarão, olhei pela janela e vi o que parecia ser um buraco negro, que sugava toda a escuridão ao redor, e acabou por absorver o pequeno quarto também, quando isso aconteceu eu perdi minha consciência.