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23.07% Sobrevivente Z / Chapter 3: Um novo amanhecer - 2

Chapter 3: Um novo amanhecer - 2

Woosh!

O enorme monstro se impulsionou com a perna traseira que estava flexionada, lançando-se com uma velocidade tão impressionante que o som do ar sendo cortado pôde ser ouvido. A massa de músculos ambulante cruzou a distância de trinta metros que o separava dos combatentes em apenas dois segundos, movendo-se com tamanha rapidez que quase escapou da percepção de Kael,

que observava atentamente.

Apesar da vantagem numérica, os combatentes logo perceberam que quantidade não se traduzia em qualidade. Assim que o gigante chegou próximo de um dos homens, suas garras afiadas se puseram em movimento, descrevendo um arco fatal em direção ao abdômen do soldado.

Sons de rasgos foram ouvidos!

O rosto do homem congelou em incredulidade, mal haviam se passado três segundos desde o avanço feroz do monstro. Sua visão começou a escurecer, e gotas de sangue pingavam da ferida que se abria em seu torso. Três cortes profundos marcavam sua camisa, agora encharcada de sangue, e logo seus intestinos começaram a escorrer pelas lacerações.

O monstro mantinha uma expressão impassível, embora uma leve centelha de diversão brilhasse em seu olhar. Com a cabeça ligeiramente abaixada, parecia salivar com o aroma do sangue fresco que se espalhava diante dele.

"Isaac!"

Os companheiros gritaram, incrédulos ao ver o soldado ferido lutando para segurar os próprios intestinos, que escorriam por entre os cortes em sua barriga. Eles estavam atônitos, presos à visão aterradora de Isaac tentando, em vão, conter a vida que esvaía de seu corpo.

Bang!

A líder feminina foi a única que conseguiu sair do torpor. Com um movimento firme, puxou o gatilho do rifle de cano longo que trazia em mãos. O projétil rasgou o ar mais rápido que o som, cruzando a curta distância de dez metros entre a mulher de cabelos negros e a monstruosidade à sua frente. Em um instante, a bala encontrou o peito da criatura, impactando com força contra a massa de músculos expostos.

Com um salto ágil, o monstro lançou-se para trás. Sangue escorria do ferimento aberto pelo projétil, e seu olhar agora era pura fúria. Flexionando os joelhos, ele assumiu uma postura defensiva, e um rosnado ameaçador reverberou pelo campo de batalha.

"Rooah!"

"Acordem!" gritou a mulher, buscando tirar os soldados do estado de choque. "Ataquem com tudo o que têm!"

A voz dela penetrou na mente dos cinco soldados restantes, trazendo-os de volta ao foco da batalha. Eles rapidamente se moveram, correndo para formar um cerco em torno da criatura. A mulher de cabelos negros, posicionada estrategicamente sobre a carcaça de um carro destruído há muito tempo, recarregava seu rifle de precisão, mantendo os olhos fixos no monstro.

Dois soldados avançaram em uma investida sincronizada. O primeiro saltou, brandindo uma adaga que reluzia sob a luz crescente do sol. Com precisão mortal, ele direcionou o golpe à cabeça ameaçadora do gigante, traçando um arco perfeito com os braços, mirando o pescoço exposto da criatura.

O segundo soldado, empunhando uma espada curta de lâmina afiada, lançou-se em uma investida rasteira. Curvando o corpo como se estivesse para mergulhar, ele direcionou seu ataque à base da criatura, elevando a espada em um golpe certeiro contra o tendão de Aquiles. Sua intenção era clara: imobilizar o monstro.

Como um predador acuado, o gigante reagiu violentamente, atacando para se defender. Seus movimentos, embora mais lentos devido à explosão de força da corrida anterior e à ferida aberta no peito, ainda carregavam brutalidade. Girando a perna que estava sendo atacada, ele desferiu um chute contra o estômago do segundo soldado. Mesmo com a evidente perda de vigor, o golpe foi forte o suficiente para lançar o homem a vários metros, interrompendo seu avanço.

Quase simultaneamente, a cabeça da criatura

girou em direção ao primeiro soldado, que se aproximava com a adaga em mão, prestes a atingir o pescoço exposto. Com a precisão de um predador, o monstro abriu sua boca cheia de dentes afiados e avançou, tentando segurar a lâmina com uma mordida feroz.

Dang!

O som metálico ecoou entre os prédios destruídos, reverberando pela avenida. A lâmina da adaga cortou a face do monstro, deixando um rastro de sangue. Recuando de imediato, o soldado tentou pular para trás, mas foi interrompido.

Woosh!

Em um movimento rápido, os braços da criatura se projetaram como serpentes, envolvendo o torso do homem em um aperto mortal. Ele se debateu em desespero, mas estava preso, e o monstro, feito de puro músculo, não cederia facilmente. Com olhos furiosos, o gigante avançou com sua mandíbula aberta, mirando a cabeça do soldado. Seus dentes, ainda ensanguentados, estavam agora incompletos no lado direito, enquanto um corte profundo seguia até suas orelhas, traçando a linha deixada pela adaga.

Bang!

Mais uma vez, o som de um disparo ecoou. A mulher de cabelos negros havia puxado o gatilho de seu rifle novamente.

O projétil atravessou o campo de batalha e acertou o lado esquerdo da cabeça do monstro, rasgando a fina camada de músculos que cobria seu crânio. O impacto foi brutal; o projétil ricocheteou, fragmentando o osso e deixando parte do cérebro exposto.

Por um instante, o gigante cambaleou, como se sua consciência estivesse por um fio, mas seu aperto no soldado não cedeu. Pelo contrário, a força aumentou, esmagando o homem em seus braços. O soldado soltou um último gemido antes de sucumbir, o sangue fluindo por todos os orifícios. Em um movimento final, os braços dele cederam, e a mão largou o aperto firme na adaga reluzente.

"Nãooo!" gritaram os companheiros, vendo o fim trágico do soldado. O desespero enchia os olhos de todos.

A cena parecia enraizar o medo nos corações dos homens, que recuavam lentamente, incapazes de  hesitar.

"Recuem!" gritou a mulher, enquanto medo e tristeza se misturavam em seu olhar.

Sem hesitar, os homens saltaram para trás, correndo rapidamente para se juntar à líder. Os passos apressados dos quatro soldados restantes ecoavam na avenida destruída enquanto seguiam a mulher em direção ao subúrbio sul, onde o Campo dos Sentinelas oferecia alguma chance de abrigo.

O monstro moribundo pouco se importava com a fuga de seus atacantes. Com o corpo ferido e a energia se esgotando devido aos sucessivos contra-ataques, ele se limitava a observar, imóvel, como se a própria luta tivesse drenado seu último resquício de força.

Aterrorizado pela batalha brutal que acabara de presenciar, Kael segurava sua adaga com força, quase a cravando em sua própria mão. Ele mantinha a respiração presa, temendo que o mínimo som pudesse atrair a atenção do gigante ferido para seu esconderijo.


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