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14.7% Andarilho dos Seis Caminhos / Chapter 4: Primeiro passo

Chapter 4: Primeiro passo

Voltando o tempo, antes da pirralha acordar e logo depois de recriar a moeda da sorte, guardo a cópia recém criada no meu bolso, vou estudá-la depois agora o que vou estudar é minha técnica auto criada: oito demônios da mente.

Sento na cama em posição de lótus, não é necessário pra meditar, mas ajuda.

Synchroners não necessariamente tem que sincronizar com algo físico, é raro, mas possível. Coisas como almas são normalmente quase imperceptíveis, então normalmente estão fora de cogitação, mas emoções? Essas são perceptíveis, às vezes até demais.

é isso que eu vou usar, foco a minha mente na emoção mais forte que eu sinto: medo.

As memórias fluem na minha mente, o quarto, o garoto, o notebook, a cadeira de rodas, as pílulas e meus olhos refletidos no espelho. Se acalme Kaz, isso é só uma memória, já aconteceu, você não é mais esse garoto você é mais forte agora do que jamais sonhou naquele tempo, é só uma memória não se afogue!

Porra, resmungo em minha mente suando frio, os oito demônios tem como base estar imerso em oito emoções específicas e o jeito mais eficiente de fazer isso é usar uma memória, ou melhor dizendo se deixar imergir em uma.

"Droga assim não vou conseguir dormir, merda."

Um efeito colateral da técnica, ou é a técnica o efeito colateral? De qualquer jeito uma das consequências de usar 'Oito demônios da mente' é que eu involuntariamente ressoo com as emoções das pessoas ao meu redor, eu outras palavras: eu viro um empático pra lá de sensível.

Tente imaginar todas as emoções de todas as pessoas de uma cidade, sentir isso sem nem um filtro lógico, medo sem forma, raiva sem alvo, inveja do que você não conhece, ganância sem direção inundando sua mente, nada confortável.

Claro, eu convivi com isso por metade da minha vida, eu geralmente consigo separar o que é meu e o que não é.

Mas dormir se tornou cada vez mais difícil, felizmente como um Synchroner necessidades básicas como sono e fome são reduzidas a níveis negligenciáveis conforme se progride como um.

Eu poderia tentar praticar uma terceira técnica, mas eu me escondi por causa de uma que eu era muito dependente.

Os seis caminhos, um conceito do budismo, o qual essa minha técnica se baseava. E uma que eu não aprendi mas faz parte de mim, e de algo mais.

Algo mais que eu não conheço a origem e o objetivo.

Eu não gosto disso.

Eu basicamente selei as habilidades que isso me dava, e passei criar as minhas próprias técnicas, enquanto investigo o que ou quem me deu esses poderes.

Mas nada disso ajuda com meu problema no momento, então vou simplesmente fazer o básico: acumulação de energia, cultivação.

Essa energia é normalmente chamada de 'Ki' as vezes acompanhada de um sufixo ou prefixo para indicar sua origem e natureza.

No caso de humanos essa energia é acumulada em um órgão virtual chamado de dantian, e as diferentes formas como essa energia é extraída do ambiente são chamadas de técnicas de cultivação.

Synchroners tendem a usar técnicas baseadas em processos naturais de geração de energia como: combustão.

No meu caso consigo extrair energia elétrica, térmica, química e estou trabalhando para extrair energia cinética também.

Como agora, além disso, recentemente tenho testado se consigo converter a sobrecarga de emoções dos oito demônios em poder de combate, mas os resultados têm sido decepcionantes no mínimo.

E continuo assim até o amanhecer, quando desço até o primeiro andar da pousada, onde quatro mesas longas estavam alinhadas com pouco espaço entre elas e bancas velhas serviam de cadeira.

As mesas estavam vazias ainda, me sento num canto próximo a uma das paredes do lugar, feitas de pedra polida, na mesa frutas e pão estavam escondidos abaixo de uma pequena toalha, para não atrair insetos provavelmente.

Começo um café da manhã improvisado, uma coisa que ser um Synchroner não elimina ou reduz são os efeitos de estresse, então aproveitar momentos de tranquilidade é quase uma regra não escrita para um.

Ouço passos de alguém descendo as escadas, dos quais sei quem é a dona antes mesmo de vê-la, parece que Mingten acordou.

Cabelo vermelho longo amarrado em um rabo de cavalo, olhos verdes e roupas pretas sem detalhes notáveis.

Esse cabelo chamativo não facilita ser discreta, mas fazer o que.

Com um sinal chamo Mingten para a mesa, depois da nossa refeição andamos pela cidade, nem um guarda nos observando ao que parece ele não repassou o suborno, até encontrarmos um artista de rua.

O show era interessante, o artista dizia que conseguia continuar os malabares não importava o que atirassem nele, e até mesmo usaria o que fosse atirado como parte do espetáculo, com uma regra o que fizesse parte do espetáculo passava a ser seu equipamento.

Acho que vi um homem atirar uma joia e virou parte do show, coitado.

Quando o show acaba, eu e Mingten discutimos um pouco sobre como ele se sairia se fosse um Synchroner, até ela se aproximar dele e fazer uma proposta que me deixou estupefato.

"Vamos fazer uma aposta!" Ela diz apontando para o malabarista, e ele tão surpreso quanto eu, aponta para própria face procurando confirmar se ouviu direito.

"Está falando comigo jovem senhorita?"

Ele fala, a voz é grave e calma, quase relaxante.

"Sim, você." Mingten fala de modo energético.

"Primeiro me diga no que estamos apostando, antes de concordarmos em apostar."

Sensato, mas que porra a pirralha está fazendo?

"Vou apostar que consigo quebrar seu ritmo numa só jogada."

Ouvindo isso o malabarista levanta uma sobrancelha, intrigado.

"Quais são os prêmios?"

"Se você vencer esse cara te dá dinheiro o suficiente pra passar uma semana confortável aqui." Ela fala apontando para mim.

Que droga,Mingten porquê você está usando o dinheiro dos outros como se fosse seu?

Espero que perca, porque eu não vou te livrar dessa.

"E se eu vencer, eu só preciso de dois favores."

Levantando dois dedos, ela fala.

"Interessante, aceito a aposta. Vamos começar?"

Argh, eu ainda o chamei de sensato. Ele devia ter colocados algumas regras para limitar quanto interferência ela poderia causar, e proibido o uso de Synchros, do jeito que esta eu não devia nem ter me preocupado com o pagamento,

Honestamente ele é um pouco ingenuo.

O malabarista pega seis bolas de borracha do monte que ele havia feito antes, olha ao redor para medir o espaço e com um sorriso confiante ele começa o malabarismo.

Mingten, do meu lado a cerca de três metros a frente do artista sem nada nas, mãos, fecha os olhos, por curiosidade tento sentir as flutuações de energia e a frequência que ela está usando.

Interessante, então é por isso que eles se chamam de disjuntores, é mais literal do que eu esperava.

Menos de um minuto desde que a pequena aposta começou, uma das bolas de borracha começa a vibrar descontroladamente, a frequência das vibrações aumentam a cada volta até que na terceira volta, quando a bola de borracha que vibrava ficou no ponto mais alto, Mingten fechou abruptamente a mão.

Plaff.

A bola estourou e pedaços de borracha se espalharam aos ventos, surpreso o malabarista perde o equilíbrio, e cai sentado no chão e as bolas de borracha vem em sequencia.

"Synchro. Por essa eu não esperava, eu perdi." o malabarista fala ainda sentado no chão "Quais são os favores? Só pra deixar claro eu aceitei porque achei que vocês não iam pedir nada fora do bom senso, mas agora tenho minhas duvidas."

Sério? Eu também não conto com o bom senso da pirralha, mas não muda o fato de que ele foi muito descuidado aceitando uma proposta dessas sem pedir os detalhes.

"O primeiro favor é bem simples e vai te beneficiar na verdade." Mingten, como se ela pudesse sentir minhas dúvidas, fala.

"Sério? O que é esse favor então?" O artista pergunta.

Mingten sorri, com um ar de malícia infantil, e responde.

"Vire um Synchroner."

Hahaha, agora faz sentido o ar de malícia, se tornar um Synchroner pode ser tanto simples quanto complicado, dependendo de como você faz isso, considerando que não tenho o equipamento necessário comigo isso vai ser... divertido.

"Desculpe-me, mas ao meu ver virar um Synchroner não é algo simples, então como exatamente espera que eu faça isso?" O malabarista diz, preocupações compreensíveis de fato, e para o responder a pirralha aponta para mim.

Droga, eu não tô surpreso, mas essa garota da ordens tão naturalmente que me pergunto se ela não é a reencarnação de algum CEO.

"Esse cara aqui vai resolver essa parte, mas vamos deixar claro uma coisa" ela fala mais séria do que o normal "depois disso ainda há o segundo favor."

O tom mais sério da pirralha o fez engolir em seco, provavelmente com imaginação correndo solta.

Que pena o primeiro favor já é bem ruim por si só.

"Vamos logo com isso vocês dois, ou querem fazer isso no meio da calçada?"

Pergunto, para fazer os dois andarem.

O artista ajunta o que conseguia dos equipamentos em uma mochila de panos, e começa nos seguir.

Até chegarmos a uma viela deserta.

"Que tal nos apresentarmos antes de continuarmos?"

Falo antes que um dos dois tenha a chance de me irritarem.

"Meu nome é Baha Anun, artista de rua como vocês viram e terceiro de cinco irmãos. E vocês seriam?" Baha se apresenta primeiro.

"Kaz, decente na forja, melhor ainda em batalha." Me apresento tão honesta e humildemente quanto o possível, pros meus padrões claro.

"Mingten, a assistente desse ferreiro." A ultima a se apresentar, e por razões obvias a menos honesta.

"Então como exatamente eu sou suposto a simplesmente virar um Synchroner?" Baha faz a pergunta que ele devia, temer mas não sabe disso ainda.

"Normalmente usaríamos uma lapis sensus, uma pedra artificial feita com o núcleo de uma besta para acordar seus sexto sentido, mas como eu não tenho nenhuma comigo e o meu tempo é limitado terei que usar métodos mais extremos. Só um problema para você isso vai se resumir a tortura."

Baha olha para mim visível e compreensivelmente surpreso pela menção súbita de tortura, que pena, mas sem uma lapis sensus, os outros métodos pra despertar como um Synchroner se resumem a dois extremos: lento e seguro ou rápido e arriscado.

Como quero seguir meu cronograma de mais ou menos dez dias de viagem é claro que vou usar o método mais rápido.

O primeiro passo de um Synchroner é se tornar capaz de sentir a vibração e a frequência de todos os fenômenos do mundo de uma forma muito mais intima e detalhada do que os cinco sentidos normalmente permitem.

Um dos jeitos de fazer isso é carregar uma lapis sensus, sempre em contato direto com a pele, já que a pedra foi feita para harmonizar os sentidos do usuário com um fenômeno natural em especifico e ajudar Synchroners nos estágios iniciais a progredirem.

O método seguro e lento se trata de entrar em contato regularmente com o elemento ou fenômeno que se deseja se sincronizar, quanto mais dos cinco sentidos você puder usar para sentir o elemento melhor, sincronizar com água é o padrão para que usa esse método, e então continuar até a harmonia com o elemento vir naturalmente.

Como coisas como sincronização e harmonia são semelhantes a epifanias esse método é um pouco de dependente do talento e da sorte do praticante.

O método rápido, eu não vou entrar nos detalhes mas se resume a instinto de sobrevivência.

Com um sorriso que falha totalmente em esconder a excitação sádica que estou sentindo minha mente só consegue pensar em uma coisa.

Queime, sobreviva e renasça Baha.


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