Com a cabeça ainda girando pelos eventos inesperados, Itadori deixou as instalações de banho e seguiu Uraume de volta aos seus aposentos no santuário. Os corredores silenciosos ecoavam com seus passos.
Ao entrar em seu quarto, uma sensação de isolamento envolveu Itadori. Ele se sentou à beira da cama, fitando o chão enquanto sua mente girava em torno das perguntas que ainda pairavam.
Como será que estão todos?Se estou aqui, o que aconteceu após a explosão?
Ele tentou se lembrar dos momentos antes de ser transportado para este lugar estranho, mas as memórias pareciam distantes, como se pertencessem a outra vida.
Parece que estou em Heian-Kyo, mas por quê? Como vim parar nesta época? E por que todos me reconhecem como Yuji? Para todos nada está diferente, mas … eu sou o único diferente aqui.
A confusão persistia, e Itadori apertou as têmporas, tentando organizar seus pensamentos.
Ao observar-se no espelho, fora a ausência de cicatrizes, ele notou que sua aparência não mudou. Não havia sinais visíveis de que o tempo tivesse passado ou que ele tivesse envelhecido ou de rejuvenescimento. Era como se estivesse congelado em um momento específico, enquanto o mundo ao seu redor se movia em uma dança complexa de intrigas e acordos.
Se eu sou o preço de um acordo entre clãs, por que eu? Por que meu avô faria tal acordo?
A sensação de solidão aumentava à medida que essas perguntas sem resposta pairavam sobre ele. O isolamento não vinha apenas do ambiente desconhecido, mas também da falta de compreensão sobre seu propósito neste estranho período histórico.
Itadori levantou-se e caminhou até a janela. O céu estava tingido com as cores do crepúsculo, e a vista para os jardins do santuário era serena. No entanto, essa serenidade contrastava com o turbilhão de pensamentos que ecoava em sua mente.
Uma enxurrada de emoções finalmente o atingiu com toda a força. As lágrimas que ele segurou por tanto tempo começaram a rolar, uma expressão de dor e desespero cruzou seu rosto.
"Tanta coisa acontecendo... e mal tive tempo para processar. Kugisaki, Sensei Gojo, Megumi... Nanami, Shibuya. O que está acontecendo comigo?" Ele murmurou para si mesmo, sentindo o peso do luto e da responsabilidade.
A imagem de Sensei Gojo no chão, a explosão em Shibuya, as vozes ecoando na sua mente - tudo isso era um fardo pesado demais para carregar. O jovem feiticeiro se permitiu, finalmente, liberar as lágrimas que guardava.
Mas ele tinha que ser forte, o tempo de lamento, arrependimento ou comemoração ainda não chegou, então ele se vestiu, decidido.
As lágrimas secaram, mas a determinação se firmou em seu olhar. Ele saiu do quarto, viu que Uraume não estava mais ali e caminhou pelos corredores do santuário.
Cada passo era carregado com a urgência de encontrar respostas, de entender o motivo de sua presença ali.
O santuário parecia um labirinto de mistérios, mas Yuji estava determinado a encontrar algum lugar que pudesse fornecer conhecimento. Ele ignorou os olhares curiosos dos servos que cruzavam seu caminho, focado em sua busca.
Ao passar por diferentes salões e corredores, ele abriu alguns shojis e encontrou uma sala aparentemente diferente das outras. Uma inscrição na porta indicava que era uma biblioteca. Yuji abriu a porta com esperança nos olhos.
O interior estava repleto de estantes empoeiradas cheias de pergaminhos e livros antigos. Ele sabia que, se quisesse entender melhor esse lugar e encontrar uma maneira de voltar para casa, precisava mergulhar no conhecimento contido ali.
Itadori começou a vasculhar os pergaminhos e livros, ansioso por descobrir mais sobre esta época ou algo que o ajudasse, afinal a biblioteca de Ryomen Sukuna não deve ser qualquer coisa. A cada página virada, ele sentia uma mistura de fascínio e frustração. A linguagem antiga e os conceitos desconhecidos eram um desafio, mas Yuji estava determinado a superá-los.
Yuji continuou sua busca ávida por conhecimento na biblioteca de Ryomen Sukuna. Os pergaminhos revelavam detalhes sobre a era Heian-Kyo, seus clãs que constantemente estão em conflito sendo Fujiwara, Sugawara, Yamaguchi, e as complexidades das negociações entre eles.
Ele encontrou um livro bem velho sobre energia amaldiçoada e começou a folheá-lo com grande interesse. As páginas amareladas continham informações sobre a natureza da energia amaldiçoada, seus diferentes tipos e como era manipulada naquela época.
Ao longo de sua leitura, Itadori percebeu que as práticas de feitiçaria e o controle da energia amaldiçoada eram raros mas bem conhecidos à sociedade de Heian-Kyo. Os clãs usavam essas habilidades tanto para conflitos quanto para acordos de paz. O livro mencionava rituais, encantamentos e técnicas de exorcismo que eram comuns na época.
No entanto, não havia informações claras sobre como ele tinha chegado lá e como poderia retornar, claramente na sua época tinha muito mais descobrimento e entendimento da energia amaldiçoada.
Com a frustração crescendo, Yuji fechou o livro antigo com cuidado. Olhou ao redor da biblioteca, como se esperasse que alguma resposta mágica surgisse diante dele. As estantes empoeiradas guardavam segredos que pareciam fugir de suas mãos..
Entre os pergaminhos e livros empoeirados, ele encontrou um texto intrigante sobre encantamentos inatos. O livro detalhava a rara habilidade de alguns indivíduos de possuir encantamentos naturalmente, sem a necessidade de rituais ou ensinamentos específicos.
O livro explicava que esses encantamentos estavam muitas vezes ligados à linhagem sanguínea, manifestando-se em momentos de grande estresse ou desespero. Itadori relembrou a explosão em Shinjuku, o momento em que foi transportado para este lugar desconhecido.
Sensei Gojo disse que não posso usar encantamento mas…. Agora que eu sou como um objeto que foi mergulhado na energia amaldiçoada de Sukuna, seria possível que sua energia amaldiçoada inata estivesse ligada a essa habilidade? Eu é possível que eu mesmo…
Mesmo com essa descoberta intrigante, a questão de como ele poderia usar esse conhecimento para voltar para casa ainda permanecia sem resposta. A frustração e a incerteza pesavam em seus ombros.
Enquanto se concentrava nas palavras diante dele, a porta do shoji da biblioteca se abriu silenciosamente.
Uraume adentrou o recinto, sua figura imponente e expressão misteriosa. Seus olhos permaneceram fixos em Itadori, como se estivesse analisando seus pensamentos.
"Yuji-sama, você parece perdido em pensamentos. Posso ajudar, à algo em particular que procura?", Perguntou Uraume, sua voz suave carregando uma serenidade que contrastava com a tensão de Itadori.
Itadori olhou para ela por um momento, ponderando sobre a oferta. Ele agradeceu internamente pela disposição de Uraume em ajudar, mas sua determinação em descobrir por si mesmo era inabalável.
"Obrigado, Uraume-san, mas não há nada de importante só conhecimento empírico por enquanto.
Pelo visto não fui tão discreto como aparentava.
Uraume assentiu respeitosamente e saiu da biblioteca, fechando a porta atrás de si. Itadori voltou sua atenção para os pergaminhos e livros, mergulhando novamente nas páginas antigas em busca de pistas.
Yuji, concentrado em sua busca por conhecimento, encontrou um pergaminho que detalhava informações sobre objetos amaldiçoados. Ele mergulhou na leitura, buscando entender melhor como esses objetos funcionavam na era Heian-Kyo.
O pergaminho descrevia a variedade de objetos amaldiçoados, desde itens cotidianos até artefatos poderosos carregados com energia maligna. Alguns eram usados como ferramentas em rituais, enquanto outros eram temidos por seus efeitos devastadores.
Uma seção particular do pergaminho chamou a atenção de Itadori. Ele descobriu que, naquela época, objetos amaldiçoados eram frequentemente selados por feiticeiros habilidosos para evitar que sua energia maligna se espalhasse. Esses selos eram complexos e muitas vezes exigiam conhecimentos avançados em feitiçaria.
A mente de Yuji começou a girar com possibilidades. Se conseguisse aprender a dominar esses selos, talvez pudesse encontrar uma maneira de manipular a energia amaldiçoada que o envolvia, uma chave para controlar sua própria situação.
Enquanto ele continuava a leitura, uma ideia começou a se formar em sua mente.
Ele poderia usar esse conhecimento para entender melhor a energia amaldiçoada que o ligava a Sukuna e, talvez, encontrar uma maneira de usá-la a seu favor.
Mas até que encontre uma chance de canalizar essa energia ele precisa aprender mais sobre si mesmo.
Enquanto Itadori estava imerso na leitura dos pergaminhos, uma presença sinistra pairava atrás de seu ombro esquerdo. Uma sombra silenciosa que se movia com uma elegância predatória.
No entanto, Itadori permanecia focado em seu estudo, alheio à figura imponente que se erguia atrás dele.
De repente, Sukuna falou, sua voz ecoando na sala como um sussurro sombrio. "Interessante, garoto. Descobrindo segredos que nem mesmo os feiticeiros desta era compreendem completamente."
Itadori deu um pequeno salto, surpreendido pela súbita revelação da presença de Sukuna. Seu coração acelerou enquanto ele se virava para encarar o Rei das Maldições, que estava lá, imponente e arrogante.
"Você... sempre está observando, não é?" Itadori murmurou, seus olhos fixos nos de Sukuna.
Sukuna sorriu, um sorriso cheio de malícia. "Sempre, garoto. Afinal, você está mexendo com algo muito mais antigo e complexo do que se pode compreender."
"Eu invadi?" Itadori perguntou.
"Digamos que qualquer um que pisar nesse corredor em especificamente já resultaria em sua morte".Sukuna respondeu rapidamente.
"Mas eu não sou qualquer um." Yuji fala atrevidamente ainda segurando o pergaminho e o colocando de volta e caminhando pela biblioteca antiga.
"O que se tem para fazer nesse lugar à noite?"
Sukuna observou enquanto Itadori, em vez de mostrar medo ou hesitação, adotava uma postura ousada e questionadora. Isso parecia intrigá-lo mais, alimentando seu interesse pelo jovem feiticeiro.
"Não sou nenhum guia turístico, garoto. Este é o meu domínio, e aqui, minhas regras prevalecem." Sukuna falou com um toque de desdém.
Itadori continuou a caminhar pela biblioteca antiga, mantendo uma expressão resoluta. Ele não estava disposto a se curvar facilmente às ameaças de Sukuna.
"Mesmo no seu domínio, eu tenho o direito de procurar respostas e conhecimento. Se quer que eu fique fora desse corredor à noite, deve me dar um bom motivo."
Sukuna soltou uma risada sombria. "Ah, vejo que você tem espinha dorsal, garoto. Bem, se está tão determinado, talvez eu deva lhe mostrar algo interessante."
Itadori, curioso, olhou para Sukuna, esperando que ele revelasse mais. A atmosfera na biblioteca se tornou ainda mais densa, à medida que o Rei das Maldições deslizava pela sala em direção a uma das estantes.
"Venha, garoto. Há algo que você pode achar... esclarecedor." Sukuna falou, enquanto retirava um antigo pergaminho e o estendia na direção de Itadori.
Itadori pegou o pergaminho com cautela, seus olhos analisando as inscrições antigas. Sukuna observava com atenção, como se estivesse avaliando a reação de Itadori ao conteúdo do pergaminho.
"Esse é um registro antigo, um segredo que poucos conhecem nesta era. Revela uma técnica perdida de manipulação de energia amaldiçoada", disse Sukuna, seu tom carregado de significado.
Itadori franziu a testa, intrigado. "Por que você compartilharia algo assim comigo?"
Sukuna deu de ombros, um sorriso sardônico nos lábios. "Digamos que é um pequeno presente. Um gesto de boa vontade, se preferir."
Itadori estava ciente de que presentes de Sukuna eram raramente desprovidos de intenções ocultas, mas sua curiosidade superou a desconfiança. Ele começou a estudar o pergaminho, mergulhando nos detalhes da técnica esquecida.
À medida que lia, Itadori sentiu uma compreensão gradual se formando em sua mente. A técnica descrita no pergaminho era intrincada, exigindo uma compreensão profunda da energia amaldiçoada. Era um conhecimento valioso, algo que poderia ajudá-lo a desvendar os mistérios de seu atual estado.
Sukuna observou enquanto Itadori absorvia as informações. "Se você acha que pode dominar essa técnica, garoto, talvez eu possa te ensinar."
Itadori ergueu as sobrancelhas, surpreso com a proposta de Sukuna, isso é sério?
A ideia de aprender com o próprio Rei das Maldições era tanto intrigante quanto assustadora. No entanto, a determinação em encontrar uma maneira de voltar para casa superou qualquer hesitação.
"Você? Ensinar algo que não seja sobre maldade e destruição?" Itadori questionou sorrindo e desafiador.
Sukuna sorriu, um sorriso astuto que refletia sua confiança. "Sou mais do que apenas um monstro, garoto. Tenho conhecimento acumulado ao longo dos séculos. Pode ser que você se beneficie mais do que imagina."
Itadori ponderou por um momento. A ideia de aprender com Sukuna era tentadora, mas ele sabia que não podia abaixar completamente suas defesas. Contudo, se isso significasse adquirir mais habilidades e conhecimento, era uma oferta difícil de recusar.
"Vamos lá, garoto. Se deseja sobreviver e entender o que aconteceu, terá que aceitar a escuridão junto com a luz." Sukuna falou com um tom persuasivo.
Itadori, com uma expressão séria, concordou. "Está bem. Ensine-me."
Vou aprender tudo o que for necessário para voltar para casa, mesmo que isso signifique aceitar algo dele, Sukuna aguarde-me.
Sukuna acenou com aprovação, e a atmosfera na biblioteca mudou. A escuridão parecia se intensificar, como se o próprio ambiente respondesse à presença do Rei das Maldições.
"Amanhã"
"O quê?"
"Amanhã começamos!"
No entanto, ao contrário das expectativas de Itadori, Sukuna começou a sair da biblioteca e Uraume veio em seu lugar chamá-lo para jantar.