O garoto olhou para os heróis à sua frente, sua expressão permanecendo inabalável, como se estivesse no controle da situação. Ele terminou mais uma colherada de sorvete antes de finalmente se apresentar:
— Me chamo Vazio Ada. Minha mãe é japonesa. Meu pai? Não sei quem é e nem quero saber. Mas, me digam... O que traz a Liga da Justiça atrás de um mero garoto?
Superman avançou um passo, ainda recuperando-se da tontura que sentiu antes. Sua voz era firme, mas carregava um tom de preocupação.
— Pessoas morreram em Nova York. Sabemos que você está envolvido.
Vazio deu de ombros, o canto de sua boca se curvando em um sorriso despreocupado.
— Que pena. Mas, sinceramente? Não tenho ressentimento pelos Estados Unidos... ainda.
Batman estreitou os olhos, sua paciência claramente no limite. Ele deu um passo à frente, sua voz cortante como aço.
— Chega desses joguinhos, garoto. Quero respostas.
Vazio inclinou levemente a cabeça para o lado, acariciando a gata no colo, que ronronava suavemente.
— E quem disse que isso é problema meu? Escute bem: o Japão é o único país que não vou deixar ser destruído. O resto do mundo? Não me importo.
Ele pausou, olhando diretamente para cada um dos heróis.
— Afinal, o mundo mantém uma paz ilusória. Eu só estou aqui para corrigir isso.
Mulher-Maravilha cruzou os braços, sua paciência tão frágil quanto a de Bruce.
— Moleque, não sei quem você é, mas se não sair daqui agora e responder às minhas perguntas, vou chamar todas as Amazonas para lidar com você.
Vazio soltou uma risada baixa, como se tivesse acabado de ouvir uma piada excelente.
— Que engraçado... A Mulher-Maravilha, um "conto de fadas" ambulante. Vocês heróis sempre foram bons em ignorar o que não querem ver.
Ela franziu o cenho, irritada.
— O que quer dizer com isso?
O garoto olhou para ela, seus olhos vazios refletindo algo que parecia um misto de piedade e desprezo.
— Sabiam que no passado só existiam pesadelos e pessoas normais? Vocês e os deuses não passavam de invenções para alimentar a ilusão de um mundo sob controle.
Mulher-Maravilha cerrou os punhos, sua voz carregada de indignação.
— Isso é mentira! Os deuses sempre governaram este planeta, protegendo a humanidade!
Vazio voltou a tomar seu sorvete, completamente indiferente ao protesto.
— Vocês são ignorantes. — ele respondeu calmamente, sem olhar para ela. — Se recusam a aceitar a verdade do mundo. Vivem presos em uma narrativa que já perdeu o sentido há muito tempo.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Nenhum dos heróis sabia como reagir. A presença de Vazio, tão jovem e despretensioso, parecia esconder algo muito mais profundo e perigoso do que estavam prontos para enfrentar.