Enquanto o grupo prosseguia em sua missão para impedir o ressurgimento de Devastus, Elena fez uma descoberta que abalaria os alicerces da crença de Roones sobre o legado de Arbon. Ela encontrou, em textos antigos e proibidos, um segredo perturbador: Arbon, o grande herói, não havia derrotado Devastus sozinho. Durante a Batalha de Elarion, ele havia recorrido a um ritual sombrio e proibido para aprisionar a alma do rei das trevas. A alma de Devastus foi selada dentro da espada flamejante de Arbon, um sacrifício terrível que deu ao herói sua vitória, mas também o amaldiçoou para o resto de sua vida.
A revelação caiu sobre Roones como um peso insuportável. Ele sempre havia visto Arbon como a personificação da justiça e da pureza, um modelo perfeito de heroísmo. Mas agora ele soubera que o maior herói que o mundo já conhecera carregara, até sua morte, um fardo sombrio e uma escuridão dentro de si.
— Então, todo esse tempo, Arbon carregou uma escuridão dentro de si? — perguntou Roones, sua voz trêmula, o coração pesado com a revelação.
Eryon, que estava com eles desde o início, confirmou o que Elena havia descoberto. Seus olhos, cheios de sabedoria, refletiam uma tristeza profunda.
— Ser herói não é sobre ser perfeito, Roones. Arbon fez o que tinha que ser feito, mesmo que o custo fosse sua própria alma. Ele sacrificou a si mesmo para proteger o mundo, mas esse sacrifício não veio sem suas consequências. A escuridão que Arbon aprisionou na espada agora está tentando se libertar, e você... você deve impedir que o mesmo destino recaia sobre você.
Roones sentiu uma onda de dúvida invadir sua mente. Ele sempre acreditara que, como herdeiro de Arbon, estava destinado a ser o herói que salvaria Valiandra, mas agora ele se via confrontado com a realidade de que, como Arbon antes dele, ele também poderia ser consumido por uma escuridão impossível de escapar. Como poderia ele lutar contra o mal e, ao mesmo tempo, não se corromper por ele? Como poderia impedir que a história se repetisse?
Mas seus aliados estavam ao seu lado. Lyra, Taron e Elena, cada um à sua maneira, lembrou-lhe que a jornada de Arbon nunca foi sobre perfeição. Era sobre enfrentar o mal, não com a expectativa de ser imune à dor e ao sacrifício, mas com a coragem de fazer o que fosse necessário, mesmo quando o preço fosse alto.
— Não é sobre ser perfeito — disse Lyra, sua voz firme e encorajadora. — É sobre o que você faz com o que tem, o que você escolhe ser. Arbon fez escolhas difíceis, e você também vai ter que fazer. Mas você não está sozinho nisso. Nós estamos com você.
Taron, com sua força quieta, também falou.
— Você não carrega o peso de Arbon sozinho. Você tem todos nós ao seu lado. Não importa o que o futuro traga, juntos, podemos enfrentar isso.
Roones olhou para seus aliados, sentindo um calor de esperança surgir em seu coração. Eles estavam certos. Ele não estava sozinho. O legado de Arbon não era apenas um fardo, mas uma chama que poderia ser passada adiante, desde que ele não perdesse de vista o que era realmente importante: proteger aqueles que não podiam se proteger sozinhos e lutar contra a escuridão com coragem e compaixão.
Com renovada determinação, Roones ergueu a cabeça. Sabia que a batalha contra Devastus e seus seguidores estava longe de terminar, mas ele também sabia que, ao lado de seus amigos, ele poderia resistir ao que quer que o futuro trouxesse.
— Não importa o que aconteça, vou impedir que a escuridão vença. Não só por Arbon, mas por todos nós — disse Roones, a voz firme e cheia de resolução.
E assim, com um novo entendimento de seu destino, Roones se preparou para o que estava por vir. A escuridão de Devastus não seria sua, e ele lutaria para garantir que o legado de Arbon fosse lembrado por sua luz, não por sua sombra.