Uma risada de incredulidade ressoou no quarto.
"Eu não quero saber," Adeline disse, a irritação crescendo em seu olhar a cada segundo que passava.
Os lábios de Dimitri se curvaram num sorriso zombeteiro, uma de suas mãos subitamente agarrando o queixo dela e fazendo suas bochechas incharem de cada lado.
"Eu pensei em realmente te punir e te infligir dor," ele murmurou com ódio. "Mas sendo tão generoso quanto fui, decidi deixar pra lá. Você estava intoxicada, afinal. Talvez fosse isso que tivesse atingido seu crânio vazio."
"Você está errado." Um sorriso repentinamente desprovido de emoção se fez caminho até a expressão impassível de Adeline, seus olhos encarando-o como se ele fosse estúpido. "Intoxicada ou não, fiz o que fiz com plena consciência. Eu sabia o que estava fazendo e segui em frente com isso. Não se contradiga, Dimitri, e pense que eu não repetiria se você ousasse se forçar sobre mim novamente."
Os olhos de Dimitri brilharam com uma fagulha de raiva, afiando seu foco. Ele agarrou um bom punhado de seu cabelo e puxou sua cabeça para trás. "Eu realmente odeio esse comportamento insolente que você desenvolveu de repente. Você não sabe mais quando ficar quieta."
"Me faz pensar. A morte da sua mãe realmente te machucou tanto assim?" Ele fazia uma cara de deboche, diversão brilhando em seus olhos.
O corpo de Adeline estremeceu, respiração trêmula em ódio absoluto. "Saia do meu caminho." Havia dor óbvia em seu tom de voz.
Mas Dimitri em vez disso começou a beijar-lhe o pescoço e lambeu até o lado de seus lábios com sua língua úmida.
Adeline sentiu vontade de vomitar e imediatamente estendeu a mão, agarrando a orelha dele com a intenção de arrancá-la.
"Deixe-me em paz!!" ela gritou para ele.
"Adeline!!" Dimitri gritou com a dor repentina e cortante que percorreu todo seu corpo e rapidamente a soltou, dando alguns passos trôpegos para trás. "Sua maldita!!" Um brilho perverso brilhou em seus olhos, e ambos os globos estavam inundados com um tipo contaminado de fúria.
Ele avançou com a intenção de colocá-la em seu lugar, mas Adeline foi rápida em alcançar a lanterna na mini mesa perto da cama.
"Chegue perto se você ousar, Dimitri." Ela restringiu seu olhar nele, desafiando-o.
Dimitri ficou além de surpreso e chocado, incapaz de desviar o olhar dela.
Adeline não podia exatamente dizer o que estava passando na mente dele, mas ela podia muito bem afirmar que ele não estaria se aproximando dela tão cedo.
"Você é louca, Adeline! Você é uma mulher louca! Veja no que você está se tornando!" ele gritou para ela, com a mão segurando a orelha esquerda dolorida.
Adeline se endireitou, relaxando. "E tudo isso é sua culpa. Isso é o que você queria."
"Minha culpa?" Dimitri riu, achando-a ridícula. "Você vai se arrepender disso um dia, Adeline, eu prometo. Quando você vier rastejando, eu nem estarei disposto a olhar para a sua cara," ele cuspiu, suas orelhas fervendo vermelhas de fúria.
"Vamos ver como se sai uma inútil sem valor, um lixo recolhido como você sem mim!" Ele saiu tempestuosamente do quarto, batendo a porta.
Adeline encarou a porta com uma expressão vazia, respirando pesadamente.
"Vamos ver quem vai rastejar."
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"Senhor!" Uma mulher vestida com calças de couro justas e uma camisa de compressão entrou no escritório, batendo a porta.
Seus cabelos loiros fluíam passando dos ombros em ondas encaracoladas, complementando muito bem seus olhos cinzentos, que atualmente estavam cheios de desagrado.
Ela estava com os braços apoiados na cintura.
"Diana, saia do meu escritório." A voz repentina de César era profunda, cheia de irritação. Ele estava sentado no sofá de um lugar em seu escritório, com as pernas cruzadas, a cabeça jogada para trás, e seu braço direito cobrindo seus olhos.
No seu colo havia um gato da raça Scottish fold branco, com olhos castanhos afiados e orelhas dobradas, inclinando-se para frente e para baixo em direção à sua cabeça frontal. Sua mão livre estava penteando seus pelos macios.
A mulher, Diana, fechou os punhos e se aproximou dele. Ela colocou as mãos em cada braço do assento e se inclinou para ele. "Senhor, onde você estava ontem?" Ela parecia tensa, com uma expressão séria.
César removeu a mão e piscou abrindo seus olhos verdes como floresta para encontrar o olhar dela. "Está um pouco tarde para invadir meu escritório, não acha?"
O aperto de Diana no braço da cadeira se intensificou, e ela mordeu dolorosamente seu lábio inferior, tirando sangue.
"Você tinha cheiro de outra mulher ontem à noite, senhor. Quem era?" ela perguntou.
"Você perdeu a noção?" Os olhos de César escureceram.
"Por que diabos você sabe como eu cheirava?" Ele a empurrou para longe, levantou-se cuidadosamente com o gato nos braços e caminhou até o armário de vinhos em seu escritório.
Seus dedos longos deslizaram pelas diferentes marcas de vinho, e ele pegou uma garrafa de 'Chateau Margaux.'
Os ombros de Diana subiam e desciam enquanto ela o observava colocar o gato no chão e se servir de uma taça fina de vinho. "Senhor, você não está vendo outra mulher, está?"
"Outra?" César sorriu com a palavra. Ele se acomodou numa posição sentada no sofá, com os cotovelos apoiados nos joelhos.
"Hmm," ele murmurou. "E se eu estiver? O que isso tem a ver com você?"
Os olhos de Diana imediatamente se estreitaram uma fração, ficando mais raivosos do que estavam um segundo atrás. Ela avançou para ficar na frente dele e mordeu o lábio, tirando sangue novamente. O gosto de metal era áspero em sua língua.
"É aquela mulher, não é?" ela perguntou, com certeza transbordando em suas pupilas. "Nikolai te levou ontem à noite para encontrar com ela, eu sei disso!"
César imediatamente levantou a cabeça para franzir para ela. "Você ainda está me seguindo?"
Ele estava surpreso — primeiro que Diana tinha sido capaz de segui-lo sem que nem Nikolai nem ele percebessem. Talvez porque ele estivesse ocupado demais para notar, ou talvez porque ela tivesse disfarçado seu cheiro com um adesivo de odor.
Tinha que ser isso!
Diana não era apenas qualquer mulher. Ela era uma assassina excelentemente treinada que seu pai havia recrutado há cinco anos para sua Alcateia Noite Vermelha para fazer seu trabalho sujo sem deixar rastros indesejados.
Ele tinha que admitir suas habilidades surpreendentes — ela era realmente boa, ele tinha visto com seus próprios olhos. Mas tolerá-la era uma coisa que ele tinha achado muito difícil.
Ela tinha se tornado tão obcecada por ele com o tempo que às vezes ele falhava em entender a razão.
Que tipo de amor era esse? Se é que se podia chamar isso de amor. Ela o havia assustado com seu comportamento tantas vezes que se não fosse por seu autocontrole e habilidades dela, ele a teria descartado.
Ele tinha feito de tudo para afastá-la, mas de alguma forma, ela sempre encontrava um jeito de voltar.
Diana cerrava os dentes, crescendo furiosa a cada segundo que passava. "Eu tenho que. Sempre tenho que te seguir, senhor, caso contrário, eu não saberia quem poderia te tirar de mim."
"Diana!" César rosnou o nome dela. Ela estava drenando sua paciência pouco a pouco. "Eu honestamente teria me livrado de você se não fossem suas habilidades úteis e meu velho."
"Tenha cuidado comigo."
Sua voz persistente estava afiada como uma lâmina nos ouvidos de Diana enquanto ela começou a morder freneticamente suas unhas. Ela estava olhando ao redor, parecendo estar ponderando algo. Isso causou César a escanear seu corpo esbelto e voltar a olhar para o rosto dela antes de desviar o olhar em descrença.
"Eu vou matá-la!" Diana exclamou, ainda mordendo seus dedos. "Eu vou matá-la! Ninguém pode ter você, senhor. Só eu, mais ninguém. Você pertence a mim, senhor, e-"
O olhar subitamente sombrio de César a calou instantaneamente.
Erguendo-se lentamente do sofá, ele perguntou, "O que você acabou de dizer?"