Quatro anos se passaram, e a mansão de Yorn transformou-se em um símbolo de prosperidade. Agora maior e ainda mais luxuosa, era cercada por campos verdes cheios de videiras, onde trabalhadores se dedicavam à colheita de uvas. Ao lado da estrada, estruturas metálicas despontavam como fábricas em plena atividade. As antigas trilhas de terra haviam sido pavimentadas com pedras de formatos variados, mas, apesar das mudanças, a natureza permanecia viva e abundante.
Na varanda da mansão, Yivor estava sentado em um confortável sofá, absorto em um livro. Como de costume, ele parecia em paz. Lya, vestida como uma dedicada empregada, aproximou-se carregando uma bandeja com uma xícara fumegante.
— Mestre, seu café está pronto — disse ela, oferecendo a bandeja com um sorriso educado.
Os olhos de Yivor brilharam de entusiasmo ao ver a bebida.
— Meu cafezinho! Muito obrigado, Lya. — Ele pegou a xícara, aproveitando para acariciar gentilmente a cabeça dela.
Lya corou e retribuiu com um sorriso tímido.
— De nada, mestre.
Ainda segurando a bandeja, Lya permaneceu em pé ao lado dele, o que logo chamou a atenção de Yivor. Seu semblante descontraído deu lugar a uma expressão séria.
— Lya, por que você está aí em pé?
— Ah! Perdão, mestre. Estava esperando o senhor terminar o café... Vou me retirar agora.
Quando ela se virou para sair, Yivor a chamou de volta.
— Espere, Lya. Venha, sente-se aqui comigo e relaxe enquanto eu tomo meu café.
— O senhor tem certeza? — perguntou ela, surpresa.
— Claro. Não quero você aí em pé como um cabide de roupas. Antes disso, vá à cozinha e traga outra xícara e o bule de café.
Lya acenou com a cabeça e voltou pouco depois com o que ele pedira.
— Aqui está, mestre. — Ela sentou-se ao lado de Yivor no sofá.
Ele encheu a xícara vazia e a entregou a ela.
— Pronto, Lya. Agora aproveite esta paisagem comigo.
Ela hesitou, o rosto tingido de vermelho, mas aceitou.
— O-obrigada, mestre.
— Eu que agradeço por tudo, Lya. Não sei o que seria de mim sem você.
Eles apreciaram o momento juntos, contemplando a vista tranquila. A paz, no entanto, foi interrompida por vozes altas que vinham da escada da montanha.
— Falkkor! Por que você sempre tem que me seguir? Que saco!
— Porque o mestre Yang me mandou cuidar de você, Akani! Precisamos mesmo discutir isso de novo?
— Eu sei me virar sozinha! Você só tem dois anos a mais do que eu!
— E você tem só dez anos. É uma criança ainda!
— Como se isso fosse uma grande diferença!
Os dois chegaram ao fim da escada, e Akani, ao avistar Yivor, abriu um largo sorriso.
— Oi, Yivor! Quanto tempo! — gritou, acenando animadamente enquanto corria até ele.
Ela alcançou a varanda, jogou-se no sofá ao lado de Yivor e de Lya e sorriu.
— Tudo bem com você? Eu estava com saudades.
Yivor colocou a mão na cabeça de Akani e acariciou suavemente entre os chifres dela.
— Estou bem, Akani. E você?
Ela se inclinou para abraçá-lo com entusiasmo.
— Agora eu estou ótima!
Lya, observando a cena, levantou-se discretamente.
— Com licença, mestre. Vou continuar meus afazeres.
— Claro, Lya. Muito obrigado — respondeu Yivor, ainda distraído com Akani.
Enquanto Lya passava pela porta, Falkkor, que vinha caminhando em direção à varanda, acenou para ela. Ela retribuiu o gesto com um sorriso antes de desaparecer na mansão.
Falkkor parou ao lado de Yivor e cruzou os braços.
— Só você mesmo para acalmar essa garota.
Yivor sorriu e continuou acariciando a cabeça de Akani.
— Acho que ela gosta de mim, não é, Akani?
Corada de vergonha, Akani levantou-se e deu um leve tapa na cabeça de Yivor.
— Também não abusa, Yivor! — disse, entrando na mansão apressada.
Yivor esfregou a cabeça, surpreso.
— Ai! O que foi isso, Falkkor?
— Sei lá, mano. Eu te disse que essa garota é maluca. Agora chega disso e vem dar uma volta.
Deixando o livro sobre o sofá, Yivor se levantou e acompanhou Falkkor pelas estradas de mármore que serpenteavam pelo jardim ao lado esquerdo da mansão.
— Deixe-me adivinhar... você quer uma aula de magia, não é, Falkkor?
Falkkor soltou um sorriso meio sem graça enquanto coçava a nuca, acompanhando o ritmo da caminhada.
— Haha... Me pegou. É exatamente isso.
Yivor sorriu de canto, sem surpresa.
— Eu gosto de te ensinar magia, você sabe disso. É o nosso combinado: eu te ensino magia e você me ensina a lutar. Vamos lá!
Os dois seguiram pela estrada de mármore que se estendia até a grande árvore distante no coração do jardim. Pelo caminho, a conversa fluiu naturalmente.
— E então, como vão as coisas com a sua namorada? — perguntou Falkkor com um olhar provocativo.
Yivor suspirou, revirando os olhos.
— Já falei que a Lya não é minha namorada. Ela é só minha empregada.
— Sei... — Falkkor deu uma risada maliciosa. — Seu safadinho. Impressionante como ela e a Akani gostam tanto de você, hein? Você é um verdadeiro garanhão!
— Meu objetivo não é ter um relacionamento... não por enquanto. — Yivor respondeu com um tom irritado, mas mantendo a compostura. — E você? Quer construir um harém, mas afasta mais gente do que atrai.
— Poxa, mano, não precisa jogar na cara. — Falkkor deu de ombros com um sorriso confiante. — Eu só preciso alcançar o shape, aí ninguém me segura.
Chegando à grande árvore, agora cercada por uma praça ornamentada com bancos de pedra, Falkkor se jogou em um dos assentos, esticando os braços. Yivor ficou de pé à sua frente, ajeitando a gravata com um gesto meticuloso.
— Muito bem. Vamos começar. Me diga o que é o triângulo elemental.
Falkkor franziu o cenho, pensando por um instante antes de responder:
— O triângulo elemental define quais elementos cada um de nós pode manipular. No máximo, conseguimos usar três elementos diferentes. Ele também determina se usamos mana ou espírito para criar e manipular magias elementais.
Yivor assentiu, satisfeito, mas logo ergueu o dedo, corrigindo:
— Quase perfeito. Mas você esqueceu de um detalhe importante.
Ele começou a andar lentamente de um lado para o outro, uma mão no queixo, como se elaborasse um pensamento complexo.
— O triângulo elemental também é como uma assinatura do seu DNA. Ele revela sua raça. Existem médicos que conseguem usar magia para analisar o triângulo elemental, mas são poucos os que têm experiência suficiente para realizar esse tipo de diagnóstico.
Falkkor confirmou com um aceno de cabeça, braços cruzados.
— É exatamente isso que eu disse.
— Mas você não... — Yivor suspirou, tentando manter a paciência antes de continuar. — Enfim, agora me explique como você conjura uma magia.
— Tenho que definir os canalizadores, que determinam o tipo e o elemento da magia. Além disso, preciso imaginar a forma e o efeito que quero produzir.
— Perfeito, Falkkor. Agora venha, vamos praticar.
— A pior parte... que porcaria. — Falkkor se levantou desanimado e seguiu Yivor, que caminhava para fora da praça, levando-os a um campo coberto por grama verdejante.
— Vamos lá, faça aquela magia de terra que eu ensinei. Lembre-se: é uma magia de defesa. — Yivor parou e cruzou os braços, aguardando.
Falkkor se posicionou, apontando a mão para o chão.
— Fortein Petrio!
Uma parede de terra emergiu rapidamente, erguendo-se diante dele.
— Muito bem, mas... — Yivor ergueu a mão e conjurou uma adaga metálica. — Invocatio Petrio!
Ele cravou a adaga na parede de terra, que se desfez em pedaços ao impacto.
— Ainda está muito frágil. Você precisa concentrar mais mana durante a conjuração.
Falkkor arqueou uma sobrancelha e sorriu com sarcasmo.
— Olha só o prodígio falando... Já que é tão bom, por que não aproveita que está armado e me ataca?
Ele assumiu uma postura de combate, com um pé à frente e os punhos posicionados.
— Não vou lutar com você desarmado. — Yivor respondeu, deslizando os dedos pela lâmina da adaga.
— Está com medo, é? — Falkkor provocou, com um sorriso malicioso. — Sabia que a Akani tem uma bunda incrível de...
Antes que terminasse a frase, Yivor avançou com uma velocidade impressionante.
— Forten Fulgur!
A lâmina da adaga se envolveu em eletricidade enquanto ele tentava atingir o rosto de Falkkor. Num movimento ágil, Falkkor segurou o pulso de Yivor e, com a outra mão, desferiu um soco leve em seu abdômen, fazendo Yivor recuar com uma careta de dor.
— Hahaha! Está com ciúmes? Vou te mostrar quem manda aqui! — Falkkor avançou, decidido.
— Falkkor, seu desgraçado! Fortein Petrio! — Yivor conjurou uma parede de terra, muito mais robusta que a anterior.
Mas não foi o suficiente. Falkkor a destruiu com um soco poderoso, forçando Yivor a se esquivar no último instante.
— Ictus Petrio! — Ainda desequilibrado, Yivor invocou uma lança metálica que surgiu do chão, apontando diretamente para o pescoço de Falkkor.
— Locus Glacio! — Uma voz firme ecoou, e, num instante, ambos foram congelados em cristais de gelo.
Yorn, acompanhado de sua empregada Marta, caminhou até o local com uma expressão furiosa. Ele estalou os dedos, desfazendo o gelo, a lança e a adaga. Yivor caiu no chão, enquanto Falkkor permanecia de pé, olhando para o lado.
— Vocês dois estavam tentando se matar?! Yivor, você quase perfurou o pescoço do Falkkor! — Yorn vociferou.
Arrependido, Yivor se levanta de cabeça baixa.
— Desculpe, pai... Falkkor me provocou, e eu perdi o controle.
Yorn se aproximou e pousou uma mão sobre a cabeça do filho, esboçando um sorriso contido.
— Está bem, mas tome cuidado. Já avisei para treinar apenas sob a supervisão de Yang. Da última vez, o Falkkor quebrou o seu braço.
Enquanto Falkkor permanecia em silêncio no canto, Yorn voltou sua atenção para ele.
— Bom dia, Falkkor. Onde está Yang? Preciso falar com ele.
— Mestre Yang partiu. Disse que iria resolver algo importante e que demoraria. Pediu para dizer ao senhor que "as penas divinas caem"... Não entendi, mas ele também perguntou se eu e Akani poderíamos passar a noite aqui.
Yorn ergueu as sobrancelhas, claramente surpreso com a mensagem. Ele colocou uma mão firme no ombro de Falkkor e sorriu.
— Claro, vocês são sempre bem-vindos em minha casa. Vamos entrar, já está quase na hora do almoço.
Virando-se para a empregada ao lado, Yorn instruiu:
— Marta, avise a todas as empregadas que teremos um banquete esta noite.
— Sim, mestre. Vou informá-las imediatamente. Com licença.
Marta retirou-se, e Yorn começou a caminhar em direção à mansão, seguido por Yivor e Falkkor. Durante o trajeto, Yivor se aproximou de Falkkor.
— Perdão por ter mirado no seu pescoço mais cedo. Não pensei nas consequências.
— Haha, relaxa, mano! De qualquer forma, você nunca ia conseguir me matar. Eu sou foda. — Falkkor deu um tapa amigável nas costas de Yivor.
— Eu sei disso, amigo.
Os três entraram no imponente salão principal da mansão. Ecos de uma discussão na cozinha chamaram a atenção.
— Sou muito mais bonita que você! Ele jamais escolheria uma empregada!
— Você nunca teve ninguém e ainda foi chifrada antes de começar!
Yorn seguiu diretamente para a cozinha, enquanto os dois garotos se sentaram à grande mesa no centro do salão. Ao chegar na cozinha, viu Lya, concentrada no preparo do almoço, e Akani, visivelmente irritada, discutindo com ela.
— O que está acontecendo aqui? — Yorn perguntou, sério.
Akani cruzou os braços, a expressão emburrada.
— Nada.
Lya tampou a panela que estava mexendo e fez uma reverência.
— Perdão, mestre. É apenas uma discussão boba.
Yorn esboçou um sorriso gentil.
— Não se preocupe, Lya. Você fez um excelente trabalho preparando o almoço. Agora deixe que as outras empregadas sirvam a mesa. Depois, converse com sua mãe. Hoje à noite teremos um banquete.
— Sim, mestre. Com licença. — Lya respondeu, retirando-se da cozinha.
— Venha, Akani. Vamos almoçar. Os garotos estão esperando na mesa.
Relutante, Akani seguiu Yorn até o salão principal, sentando-se ao lado de Yivor.
— Oi, Yivor. O que estava fazendo?
Falkkor, do outro lado da mesa, arqueou as sobrancelhas e comentou:
— E eu? Vai me ignorar, Akani?
Akani lançou-lhe um olhar desinteressado.
— Quem é esse aí? Nunca nem vi.
— Esse aí? — Yivor respondeu com um tom sereno. — Meu pai achou ele mendigando na praça do jardim.
Falkkor se inclinou, indignado.
— Vocês estão de brincadeira comigo!
Antes que a discussão continuasse, Yorn sentou-se na cadeira central da mesa.
— Chega de conversa, crianças. É hora de comer.
Ele bateu levemente na taça ao lado do prato vazio, e quatro empregadas entraram carregando bandejas com carnes e legumes. Uma delas, uma loira de aparência juvenil, piscou discretamente para Falkkor, que notou o gesto. Yivor também percebeu, mas preferiu ignorar.
Com a mesa servida, todos começaram a comer.
— Pai, por que vamos ter um banquete hoje à noite? — Yivor perguntou, curioso.
— Uma antiga amiga minha virá nos visitar. Temos alguns assuntos importantes a discutir.
O almoço foi acompanhado de conversas descontraídas, até que um som alto ecoou do lado de fora da mansão. Ao saírem para a varanda, viram um dirigível colossal no céu, com um símbolo de um livro e engrenagens gravado em seu casco, indo em direção à montanha onde Yang residia.
— Que merda é essa? — Falkkor perguntou, surpreso.
— Pelo símbolo, deve ser coisa da família Ivangelion — respondeu Yorn, com a mão no queixo.
Eles permaneceram observando enquanto o dirigível pairava acima da montanha. Ao entardecer, uma torre foi erguida, coroada por um cristal azul brilhante no topo. Após concluir a construção, o dirigível partiu, deixando apenas Yorn na varanda, enquanto os garotos voltavam para seus quartos.
— Como conseguiram construir isso tão rápido? — Yorn murmurou para si mesmo.
— Tecnomagia! — Uma voz feminina ecoou ao longe.
Yorn virou-se e viu Agatha D. Wollyn, uma mulher ruiva de olhos azuis e chapéu pontudo, aproximando-se.
— Agatha! Quanto tempo, minha amiga! — Yorn sorriu.
— Yorn, finalmente gastou sua fortuna em algo que presta.
— Haha, entre! Temos muito para conversar. Já está quase noite, e o banquete está sendo preparado.
Enquanto Yorn e Agatha se reuniam na sala, os garotos conversavam em seus quartos.
— Incrível como eles conseguem fazer chover do nada. — Yivor comentou, deitado, enquanto lia um livro.
— Quem sabe, um dia, você também consiga.
— Quem disse que eu não consigo?
Falkkor levantou-se, curioso.
— O quê? Você consegue?
Yivor largou o livro e foi até a janela.
— Observe. Ictus Fulgur!
Com uma esfera azul em mãos ele laçou a magia, formando uma nuvem negra sobre o campo. Um vento forte soprou ao redor da mansão, seguido por um raio que atingiu o solo com um estrondo ensurdecedor. Momentos depois, o céu voltou a se abrir, revelando o pôr do sol.
— Isso foi incrível, Yivor! — Falkkor exclamou, impressionado.
Antes que Yivor pudesse responder, uma empregada entrou no quarto para trocar o jarro de água. Era a mesma loira que havia piscado para Falkkor. Antes de sair, fez um gesto chamando-o.
— Bem, vou indo, Yivor.
— Onde você vai?
— Brincar com uma amiga. — Falkkor sorriu, ajeitando a roupa e os cabelos antes de sair.
Yivor apenas balançou a cabeça, rindo para si mesmo, enquanto voltava à leitura. Akani, que dormia no quarto de Lya, foi despertada pelo som estrondoso do trovão. Ainda meio sonolenta, ela seguiu para o salão principal, onde Yorn estava conversando com Agatha. Sentando-se à mesa, notou que Agatha a encarava fixamente, como se examinasse cada detalhe de sua presença.
— O que um demônio do clã Kurotsuki faz aqui? — perguntou Agatha, dirigindo-se a Yorn com uma sobrancelha arqueada.
— Esta é Akani. Nós a encontramos sendo levada em uma carruagem da Igreja do Sol para um sacrifício — explicou Yorn, com um tom sério.
Agatha bufou com desprezo. — Malditos fanáticos... Prazer, garota. Sou Agatha. Como conseguiu escapar deles e chegar tão longe?
Akani mordeu uma uva antes de responder, ainda se recuperando do sono. — Não sei ao certo... Minha única lembrança é de acordar em uma igreja, e então fui trancada em uma jaula.
— Você teve sorte de encontrar essas pessoas. São boas companhias — comentou Agatha, suavizando a expressão. Com um movimento elegante de sua mão, ela estalou os dedos. Um colar reluzente surgiu ao redor do pescoço de Akani, e, no mesmo instante, seus chifres desapareceram.
Akani arregalou os olhos, tocando a própria cabeça com surpresa. — Nossa, isso é incrível! Muito obrigada, senhorita!
Agatha sorriu. — Com isso, ninguém perceberá que você é um demônio. Agora, poderá até visitar o vilarejo.
— Obrigado, Agatha. Isso significa muito para nós — disse Yorn, genuinamente grato.
— Não há de quê, Yorn.
À noite, o banquete começou. Um aroma delicioso preenchia o grande salão, enquanto todos se serviam generosamente. Yivor se retirou cedo para seu quarto, enquanto Akani voltou para o quarto de Lya. Já Falkkor, sem surpresa, passou a noite no quarto da empregada loira, onde duas outras garotas também dormiam.
Na mesa central, Yorn e Agatha permaneceram por mais tempo, apreciando o vinho da casa.
— Isso aqui está rendendo, Yorn. Esse vinho é espetacular — comentou Agatha, balançando levemente a taça antes de dar um gole.
— A marca Vainor tem crescido muito. Já estamos exportando para seis países — disse Yorn, orgulhoso. Ele fez uma pausa antes de perguntar: — E quanto àquela torre? Você sabe para que serve?
Agatha pousou a taça sobre a mesa. — Ah, Yorn, o avanço da Tecnomagia é algo impressionante. Você não faz ideia. Aliás, aqui. Pegue isso. — Ela retirou dois pequenos discos metálicos com runas gravadas e os entregou a Yorn.
— O que é isso?
— Comunicadores. Ligue-o e diga seu nome.
Curioso, Yorn apertou um botão escondido na parte de trás do dispositivo. Uma luz vermelha piscou, então ele disse:
— Yorn Vanahain.
O dispositivo brilhou em verde, mostrando seu nome na superfície. Agatha retirou outro comunicador de um pequeno portal e aproximou-o do de Yorn.
— Agora encoste o seu no meu.
Os dispositivos brilharam em azul, e o nome de Agatha apareceu no comunicador de Yorn.
— Pronto. Sempre que precisar falar comigo, é só pressionar meu nome — explicou ela, satisfeita.
— Impressionante — comentou Yorn, fascinado.
— A Tecnomagia está mudando o mundo... Mas Yorn, precisamos falar sobre seu filho. Você sabe que aquele raio que ele conjurou não foi natural, certo?
Yorn assentiu. — Sim, ele é incrivelmente talentoso.
— Você não entende a gravidade disso. Estamos falando de uma magia de nível mestre! O próprio Yang Cho levou uma semana para aperfeiçoá-la. Seu filho deveria estar na Universidade de Magia de Stanvard, em Atylla. Mas, para isso, ele precisará de uma indicação.
O semblante de Yorn endureceu. Ele murmurou: — As penas divinas caem.
Agatha ficou em silêncio por um instante, processando as palavras. — Então ele está lá... De novo.
Enquanto isso, em uma montanha coberta por uma intensa nevasca, Yang estava sentado em uma rocha, aparentemente alheio ao frio. De repente, a figura de um homem loiro surgiu em meio à tormenta, suas asas de penas brancas e vestes douradas brilhando contra o branco gélido da paisagem.
— Yang Cho Voltrion, o Dragão Negro de Raios Brancos! — exclamou o homem com um sorriso que misturava desafio e arrogância.
Yang se levantou lentamente, erguendo sua arma tradicional, o Guan Dao, na direção do anjo.
— Mais um anjo idiota que aparece para me provocar. Veio ameaçar meu filho, foi isso?
O anjo riu. — Que comovente... Já o chama de filho? Imagino que teve de adotá-lo depois que meu mestre decapitou o pai dele na sua frente.
Yang estreitou os olhos, a ponta de sua lâmina brilhando com energia elétrica. — Espero que tenha vindo preparado para não sair daqui vivo.
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