Chapter 1: Bell dos lábios doces
Belle Reese estava feliz, deitada confortavelmente em sua cama com uma companhia agradável ao seu lado e com tudo o que o dinheiro pudesse comprar dentro de sua rica propriedade.
Tinha tudo o que queria, dinheiro, poder e fama...
Não, ela não tinha fama alguma e isso era o que mais ela prezava. Poder e dinheiro era muito mais do que ela poderia desejar e a ausência de holofotes em sua vida (ou uma total falta de fama) era a cereja de seu bolo.
Mas o melhor de tudo era o poder que estava a sua disposição.
E um pequeno quadro com montanhas ao fundo e um lago aparentemente azul relembrava-a constantemente.
Uma pequena frase recortada de um jornal e colada na própria foto geralmente a fazia se sentir bem.
"O tempo é senhor do mundo".
E um complemento escrito por cima do vidro do quadro com letras bem elaboradas, provavelmente com uma caneta piloto dizia:
"E eu sou a senhora dele".
E quando seus olhos pousavam sobre essa pequena afirmação, seus lábios se desenhavam num belo sorriso, que duravam até ela se dar conta de que precisava apagar aquilo...Qualquer dia desses.
Olhou para o despertador e sentiu-se preguiçosa, pois sabia que faltava apenas mais alguns minutos para seu sossego acabar.
Logo teria que entrar em ação e colocar seu companheiro de quarto para ir trabalhar e logo após isso receberia uma visita de um alguém pra lá de especial.
Então ela iria descansar mais um pouco, curtindo sua preguiça, afinal há muito que ela não precisava trabalhar duro, mas só de lembrar o quanto havia lutado, já se sentia afadigada.
Tinha plena convicção de que conquistar aquela boa vida não tinha sido moleza não.
Fora muito trabalhoso, mas graças a sua beleza natural juntamente com seus encantos e alguma astúcia ela chegou onde ninguém havia sonhado em chegar.
Mesmo assim, às vezes se sentia triste e solitária e nesses momentos costumava a dizer consigo mesma de que tudo se resumia num grande golpe de sorte.
Súbito assustou-se com o barulho perturbador e estridente do despertador que marcava 7 horas em ponto e teve um impetuoso desejo de dar-lhe um sopapo, tendo certeza de que o chão traria um belo fim para ele.
Mas ao olhar para o chão viu o espesso tapete de pele que impediria a quebra total do despertador mesmo que ela o arremessasse com toda a sua força.
Concentrada na improvável destruição do velho relógio assustou-se novamente, dessa vez com um braço que saia debaixo das cobertas e tocava suavemente em seu ombro.
Não era nada demais, nem ninguém em especial, apenas sua marionete de cordas que precisava de seu aval para fazer as coisas mais simples, como ir tomar banho, tomar café, se trocar, ir trabalhar e etc...
E a companhia do mesmo já estava se tornando cansativa e só o retinha em seu controle porque no final de tudo ele era uma peça chave para o seu plano maior.
Se não fosse por isso, há muito que teria se livrado dele, afinal Belle Reese gostava de homens fortes e independentes e não um cara magricela como aquele, que mais parecia um bambu falante de braços e pernas.
Ao menos ela ficaria livre dele o dia inteiro.
E se ele seguisse o plano dela à risca, voltaria somente a noite e com ótimas novidades.
Olhou para o despertador novamente, ela tinha que tirar aquela mala sem alça dali, o mais rápido possível, pois sua visita matinal estava para chegar e ele não gostava muito de marionetes, mesmo que no fundo soubesse que também não passava de uma nas mãos de Belle Reese.
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