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0.53% A Pequena Escrava do Alfa / Chapter 2: Os Irmãos Valentine I

Chapter 2: Os Irmãos Valentine I

"Você..." Eu dei um passo instável para trás, apesar de cada nervo do meu corpo ansiar por dar um passo à frente, correr em direção à fonte da voz. Essa sensação de anseio, o forte aroma tentador... só podia haver uma explicação.

Este homem era meu companheiro. Todo lobisomem, até mesmo um considerado um fracasso como eu, sabia o que um companheiro significava. Alguém para amar e valorizar você pelo resto de seus dias, a outra metade da sua alma. Sendo a pária da matilha, eu havia perdido todas as esperanças de encontrar meu companheiro na Garra da Tempestade. 

Nos meus piores momentos, eu me enrolava no meu colchão fino e sonhava que meu companheiro era um alfa forte e gentil de outra matilha. Alguém que me levaria embora e me faria sua Luna, me dando amor e liberdade. Claro, o sonho desaparecia quando eu abria os olhos e me encontrava de volta no porão.

Agora, só pude soltar um riso fraco. Quem diria que minhas ilusões de outrora estavam se tornando realidade? 

Nunca esperei encontrar meu companheiro nos escombros da minha matilha atual. 

Nunca esperei que meu companheiro fosse a causa de tanta brutalidade. Enquanto eu abominava o tratamento da matilha para comigo como uma serva, eu nunca quis que todos eles fossem abatidos como porcos no açougue! 

Além disso, mesmo que houvesse alguém que merecesse matar meus algozes, deveria ser eu, mas agora, até minha vingança me foi roubada. 

Meu coração batia em dobro enquanto eu lutava para manter meu foco. Eu tinha que fazer um grande esforço para não me jogar em seus braços. Meu companheiro, percebendo que eu não estava andando em sua direção, decidiu avançar. Cada passo fazia o calor percorrendo meu corpo intensificar. Meus respirações ficaram superficial, minha visão turva.

 

"O que... O que você me chamou?" Perguntei, dando outro passo para trás diante de sua aura imponente. Eu tinha que me afastar antes que ele me pegasse, mas minhas pernas não me obedeciam. Parecia que minha alma ansiava por este estranho, mas minha mente ainda não havia captado a mensagem. 

Este homem era a outra metade da minha alma, e ele assassinou seus companheiros lobisomens como se fosse nada.

O que isso dizia sobre mim?

Meu companheiro estava agora de pé na minha frente, seu aroma avassalador. Não pude deixar de admirar sua aparência ― se ele fosse me matar, eu não poderia ter pedido por um algoz mais bonito, por mais louco que isso soasse. 

Seu cabelo era tão negro quanto a noite, um contraste nítido com os olhos azuis-gelo que ele usava para me encarar. Mesmo com as camadas de roupas nele, eu podia perceber o físico forte e musculoso que o tecido tentava ― e falhava ― esconder.

Sem dúvida, ele era um membro de alta patente da matilha inimiga. Afinal, sua aura dominadora exigia a atenção e a obediência de todos que ousassem cruzar seu caminho.

O que chamou minha atenção foi a longa e fina cicatriz correndo pelo lado esquerdo de seu rosto, a única falha em sua face.

Mas ele ainda era bonito, quase impresionante em sua aparência. Aquela cicatriz — aquela marca de imperfeição — deveria ter arruinado sua aparência, mas de alguma forma lhe caía bem. Ela acentuava a ferocidade em seus olhos, dando-lhe uma beleza selvagem e imprudente.

"Coelhinha, mentir é pecado. Eu posso ouvir seu coração acelerado. Você me deseja," o estranho sussurrou. 

Subconscientemente, eu soltei um gemido ao som de sua voz. O timbre grave de sua voz, juntamente com a leve rouquidão enquanto ele enrolava a língua nas sílabas de suas palavras causou um intenso desejo de percorrer por mim.

"Eu só perguntei como você me chamou," Eu respondi, tentando manter minha voz firme. Infelizmente, eu falhei.

"Você está tentando negar a parte de você que quer se aproximar," ele disse, lendo minha mente como se estivesse escrita em tinta no papel. "Você nunca sentirá o calor de um fogo se tiver medo de se queimar."

Seus lábios se contorceram num sorriso, como se ele soubesse o que eu estava pensando. Imediatamente franzi o cenho e dei outro passo para trás.

"Eu... Eu nem te conheço," eu resmunguei, encarando seus olhos. 

Um lampejo de desagrado atravessou seu rosto, e uma parte de mim imediatamente quis ir de joelhos para pedir perdão. Era inédito para alguém de tão baixa patente como eu ser tão rude com um membro de elite de uma matilha, quanto mais com seu próprio companheiro, mas eu não tinha esperanças de sobreviver.

Até se ele me poupasse agora, com certeza ele se livraria de mim quando percebesse que eu não tinha um lobo. Ele poderia ser meu companheiro, mas definitivamente não era um homem bom. 

As centenas de corpos mortos ao meu redor eram prova. 

"Eu sou Damon Valentine," meu companheiro se apresentou, e eu franzi o cenho. Esse nome me era vagamente familiar...

"Damon Valentine, você é filho de Regulus Valentine?" Eu exclamei chocada. "Como você está vivo? Sua família não pereceu depois do seu pai―"

De repente, eu não consegui falar. Damon tinha se movido mais rápido do que eu esperava, sua mão apertada em volta do meu pescoço. Seus dedos se fecharam em volta da minha garganta esbelta, com a clara intenção de me sufocar. A pele do meu pescoço queimava de desejo; o contato de pele entre companheiros era sempre prazeroso, mas qualquer alegria que eu sentia rapidamente foi eclipsada pelo fato de que eu não conseguia respirar. 

"P...por que... me solta..." Eu consegui sussurrar fracamente, mas ele permaneceu imóvel. Em vez disso, ele me levantou com a própria mão que estava enrolada em volta do meu pescoço. Eu tentei chutá-lo, mas era tão eficaz quanto chutar uma parede de aço.

"Nunca. Fale. Do. Meu. Pai." Ele pontuou cada palavra com um sacudir doloroso, seus dedos afundando na carne da minha garganta delicada. Eu me sentia como um brinquedo na boca de um rottweiler violento. 

O que mais eu poderia fazer além de concordar com a cabeça? Ou pelo menos, eu tentei. Minha cabeça deu alguns solavancos. 

"Pare! Solte-a!" A voz de Lydia cortou a neblina na minha mente. Eu queria gritar para ela correr, para se salvar, mas eu nem conseguia reunir força suficiente para um gemido fraco. 

Damon olhou para Lydia pelo canto do olho, e meu coração afundou ao ver seus lábios se torcerem num sorriso feio. 

Lydia estava em apuros.

Com um aperto final, Damon me jogou longe, fazendo-me bater contra a parede. Eu só pude deitar no chão e ofegar, tentando desesperadamente colocar ar nos meus pulmões, mesmo enquanto o resto do meu corpo clamava por alívio. 

"Harper! Você está bem?" Lydia correu em minha direção. 

Eu queria estender a mão e tranquilizá-la, mas então avistei Damon correndo em direção a ela por trás, um sorriso malévolo no rosto enquanto ele brandia um espeto de aço que havia pegado no chão. 

"Lydia, atrás de você!" Eu gritei desesperadamente, tentando empurrá-la para fora do caminho, mas era tarde demais. 

O sangue de Lydia espirrou no meu rosto enquanto eu ouvia um som horripilante de algo sendo perfurado. Meu bastardo companheiro havia a esfaqueado pelas costas com força suficiente para que a lâmina atravessasse seu corpo. Era quase como se ela não passasse de um pedaço de carne na grelha. 

Eu só pude assistir com completa incredulidade e horror quando vi  a outra extremidade do espeto sair do ventre dela, sangue escorrendo da ferida fresca.

Lydia tremeu e caiu, como uma marionete com seus fios cortados.

"Seu monstro!"


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