Elvira virou-se, seus lábios curvando num sorriso fácil de novo. Ao sair do guarda-roupa, ele quase tropeçou no Georgewill caído no chão.
"Como ele está agora?" Elvira perguntou, olhando para Georgewill no chão.
No momento, a ferida no olho de Georgewill havia cicatrizado, voltando ao seu aspecto juvenil original, sem rastro das marcas ferozes e aterrorizantes. Agora, ele parecia um belo garoto perdido num sono profundo, tranquilo e sereno.
"Você o carrega," Altair disse, virando-se para abrir a porta do escritório do Reitor e saindo a passos largos.
Sabendo que suas ações tinham sido excessivas há pouco, e lembrando que ele mesmo já foi uma criança do Orfanato Const, Elvira relutantemente se inclinou, levantou Georgewill sobre o ombro e o carregou.
Altair ativou a lanterna de seu telefone, a luz amarela fraca iluminando a escada obscura. Ele parou, esperando por Elvira.
À frente jazia a escuridão, iluminada apenas pela luz de um smartphone, revelando o caminho embaixo de seus pés.
Elvira, carregando Georgewill sobre os ombros, seguiu de perto atrás de Altair, subindo as escadas cuidadosamente. Altair se movia com passos deliberados e lentos. Abrigado em sua sombra, Elvira sentiu a inquietação em seu coração assentar-se gradativamente, já não sentindo a tontura e desorientação de antes ao descer as escadas.
Finalmente chegando ao fim da escadaria, Altair estava prestes a empurrar a porta.
Elvira estendeu a mão para deter a porta, prevenindo, "Quanto àquele raio laser, só posso garantir minha própria segurança ao passar por ele."
Altair olhou para trás para o Georgewill nos ombros de Elvira e disse numa voz profunda, "Tá tranquilo."
Com isso, ele empurrou a porta e saiu primeiro.
Elvira, com Georgewill ainda nos ombros, seguiu de perto atrás de Altair. Ele olhava para trás de tempos em tempos, vigilantemente procurando por qualquer sinal dos raios laser, cheio de perguntas.
"Vire-se," veio a voz de Altair, calma como água parada.
Apesar de confuso, Elvira sentiu um inexplícavel senso de segurança na simples afirmação de Altair de que "tá tranquilo."
"Feche seus olhos." A voz fria soou novamente, e Elvira sentiu uma mão gelada cobrir gentilmente seus olhos. Ele piscou involuntariamente.
"Desculpe por isso." A voz estava próxima, e com sua visão obstruída, sua audição tornou-se excepcionalmente aguçada. Sua voz era fria, como gelo ártico se quebrando, neve leve caindo num rio.
Elvira sentiu uma força envolver sua cintura, o braço forte e firme, oferecendo-lhe uma sensação de segurança sem precedentes.
No momento seguinte, foi como se ele tivesse brotado asas, planando livremente ao vento. À frente, havia uma onda de calor abrasadora; ele parecia voar rapidamente acima da superfície do mar, com o sol perseguindo sua sombra.
"Chegamos." A voz trouxe seus pensamentos de volta à realidade, e Elvira abriu lentamente os olhos. Ele estava à entrada da seção expandida, na escada que levava ao porão.
"Como você fez isso?" A surpresa na voz de Elvira era evidente.
Altair não respondeu, continuando sua caminhada escada abaixo. Ao chegarem ao primeiro andar, Altair estava prestes a se dirigir ao hall.
"Vai na frente; vou cuidar desse moleque," Elvira disse, gesticulando para Georgewill em seu ombro. "Não quero ficar desfilando com ele na frente dos outros, sendo confundido por um maluco."
Altair olhou para Georgewill, apontou para seu relógio e depois virou para partir.
Elvira ouviu atentamente aos sons dentro do Orfanato; a maioria parecia vir da direção do hall, enquanto as crianças estavam no refeitório. Quanto à Blair—sua voz parecia vir do segundo andar.
Elvira subiu do primeiro para o segundo andar, ouvindo cuidadosamente aos sons vindos de cada quarto. Quando chegou ao quarto 203—
De fato, Blair estava lá dentro.
Elvira bateu na porta, dizendo suavemente, "Blair? Sou eu, Elvira."
Depois de um curto momento, a porta se abriu uma fresta. Blair espiou para fora, verificando cautelosamente os arredores antes de abrir a porta para deixar Elvira entrar.
"Por que você foi para o 302 e como você o desenterrou?" Blair andou atrás de Elvira, viu o rosto de Georgewill, e sentou-se na cama meio desapontada.
"Você o conhece?" Elvira, carregando Georgewill, estava ponderando onde escondê-lo.
"Coloque ele no guarda-roupa," Blair sugeriu, apontando para o guarda-roupa gasto ao lado de sua cama, e depois acrescentou, "Cachorro do Reitor."
Elvira abriu o guarda-roupa e enfiou Georgewill lá dentro. "Vou deixá-lo aqui com você, cuida dele por um tempo," ele disse.
Os olhos de Blair mostraram clara resistência. "Não sou a Professora Ginger; não tenho interesse em cuidar de cachorro. Leva ele com você."
Elvira tirou uma bolsa de gelo e alguns chocolates do bolso, colocando-os nas mãos de Blair.
"Você machucou seu braço ontem, primeiro use uma bolsa de gelo e depois aplique água quente após um dia," ele instruiu, apontando para a bolsa de gelo, "Não é conveniente trazer guloseimas hoje, mas uma vez que tudo se ajeitar, eu comprarei até mais."
Blair olhou para baixo, mexendo na bolsa de gelo em voz baixa, "Foram crianças salvas pelo Dean, mas desapareceram logo depois. Não esperava que ainda estivessem vivas."
Seu olhar se escureceu e sua voz caiu ao chegar nas últimas palavras.
Elvira agachou-se no chão, entregando a Blair uma garrafa de vidro.
Blair pegou a garrafa, lendo o rótulo: Francesca Hall. De repente, ela olhou para cima para Elvira, incrédula.
"Eu tropecei nisso enquanto vagava pelo Orfanato, então trouxe comigo," Elvira deu um tapinha no ombro de Blair, "Abra a garrafa depois que tudo isso acabar."
A mão de Francesca tremia enquanto segurava a garrafa, sua voz levemente embargada embora tentasse se manter composta, "Ele... Eu vou guardá-la em segurança para você por enquanto."
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Elvira levantou-se, segurando a maçaneta. Estava prestes a sair, quando a voz de Blair, suave como seda, ecoou novamente: "Professora Ginger disse que te viu e ficou muito aliviada."
O movimento de Elvira subitamente congelou; ele parou em seus passos, cabeça baixa, silencioso. O ar ao redor deles pareceu solidificar naquele momento, tão quieto que somente o fraco tique-taque do segundo ponteiro podia ser ouvido.
Nesse silêncio, nenhum dos dois falou novamente.
Finalmente, Elvira respirou fundo e disse suavemente, "Cuide-se."
Antes que o som de sua voz se desvanecesse, ele já havia se virado e se apressado para longe, fechando a porta gentilmente atrás de si.
Passo a passo, Elvira desceu do segundo andar para o primeiro, tocando a carta escondida dentro de seu casaco. Ele não ousava refletir sobre o motivo pelo qual a Professora Ginger os evitava consistentemente.
Começava a formular algumas suposições sobre o que realmente estava acontecendo dentro do Orfanato. No entanto, sempre que pensava na Professora Ginger, evitava o pensamento —
Foi então que uma clara e melodiosa voz de canto veio de longe, a voz de uma menina, pura e comovedora. A canção reverberava pela escadaria, acompanhada por um som ritmado de batidas, duas longas e duas curtas, transmitindo alguma mensagem.
"Ele se transformou em uma criança,"
"com olhos curiosos e canção estranha."
"Bate ---- bate-bate-bate ---."
"Tornando-se um peculiar acréscimo aos nossos experimentos."
"Bate ---- bate-bate-bate ---."
Era Francesca! Aquelas duas batidas longas e duas curtas eram um aviso de perigo.
Seguindo a direção do canto, Elvira viu uma silhueta de menina; ela estava vestida de branco com listras, seus cabelos castanhos escorrendo.
Sua figura parecia oscilar entre distância e proximidade no fim do corredor.
Elvira sabia que era Francesca.
Seu canto era um aviso para Elvira sobre o perigo no corredor.
Girando lentamente, seus olhos desapareceram, deixando para trás dois vazios escuros.
Francesca se aproximou de Elvira, apontando para o quarto 203.
Elvira agachou-se, tentando tocar seu cabelo, mas sua mão passou direto pelo corpo dela.
Francesca tocou sua garganta, conseguindo espremer algumas palavras, "Proteja... ela..."
Elvira apertou os punhos firmemente, assentindo com decisão, "Eu protegerei Blair. Eu juro."
Francesca conseguiu um sorriso fraco, e então virou-se e saltou, desaparecendo no final do corredor.
Ela era como o anjo da guarda de Blair, usando todas as suas forças para proteger a amiga.
Sua vida terminou no Orfanato, mas sua determinação se transformou em eternidade.
Elvira acenou levemente na direção onde Francesca desapareceu. Seguindo as pistas da cantiga infantil, ele finalmente desvendou o último pedaço da verdade.
Ele levantou o olhar para o prédio principal, seus passos em direção ao salão firmes e resolutos. Estava pronto para confrontar Landric numa batalha até a morte, buscando justiça pelas almas inocentes do Orfanato.
Usando a máscara prateada de meia-face, entrou na entrada do salão. O último banquete havia descerrado sua cortina para ele.
Neste momento, os demais investidores estavam absortos nas bebidas e iguarias cuidadosamente preparadas do Orfanato Const. Seus rostos irradiavam satisfação e intoxicação, como se saboreassem os mais finos sabores que o mundo tinha a oferecer.
Entretanto, Elvira viu fumaça negra girando acima das bebidas e iguarias, envolvendo os investidores.
Observando a sala, seu olhar se fixou num homem no centro da multidão.
Este homem, próximo dos quarenta anos, irradiava uma aura extraordinária. Seus olhos brilhavam com sabedoria e racionalidade, parecendo perfurar todos os véus. O comportamento do homem era refinado, comandando respeito.
Ele não usava máscara, identificando-o claramente como Landric Austin.
Elvira imediatamente notou algo distinto no estado de alma de Landric. Seu corpo era anormalmente pequeno, mal passando de um metro de altura.
Quando Elvira fixou seu olhar em Landric, uma figura alta e esguia obstruiu sua visão.
Olhando para cima, era Altair.
Agora, ele também usava a máscara prateada de meia-face. Sob a luz amarela, sua aparência parecia ainda mais distinta, sua aura fria e misteriosa.
Nesse círculo de fama e fortuna, ele se movia com facilidade, como o mais reverenciado soberano, banhando-se na admiração e louvor de todos.
Ele pegou um copo vazio e o entregou a Elvira. Entendendo o sinal, Elvira fingiu se envolver em conversa com ele, dando um leve gole.
"Senhoras e senhores, boa noite! O banquete de investidores no Orfanato Const está prestes a atingir seu clímax. Eu sou o Reitor deste Orfanato - Landric Austin."
Finalmente, o momento havia chegado, a apresentação do projeto de investimento do Orfanato Const estava prestes a começar.
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