Chapter 13: Floresta
Meu corpo parou de abrupto no ar a poucos metros do chão, então eu lentamente pousei no solo.
Em minha volta se estendiam árvores e vegetação abundante por uma imensidão de tamanho.
Ouvi o barulho de cada pequeno animal ao meu redor, o cheiro predatório, sangue, plantas, terra e tudo que há. Então coloquei a mão no bolso e tirei o cartão com o mapa e as instruções.
A primeira instrução era: Adentre até o coração da floresta, centralizando sua posição nela. O que vai lhe indicar que está chegando no lugar certo irá ser a vegetação que começará a ficar mais volumosa, as árvores com menor espaçamento entre si, a umidade se tornando maior e os animais aumentando de porte.
Vi o mapa, com um olhar eu pude identificar o lugar onde eu estava, região sudoeste da floresta.
Guardei o cartão e avancei pela floresta, com o malão na mão esquerda, em uma caminhada que mais parecia uma corrida, rápido o suficiente para fazer alguns insetos ao redor voarem para longe com o vento.
As folhas grandes ficavam meio caídas das árvores, bloqueando a visão e caminho, mas eu conseguia identificar tudo perfeitamente e não sofri nenhum problema com isso.
Assim como foi dito nas instruções, a floresta começou lentamente a mudar.
Mesmo estando de dia, com um sol quente raiando no céu, os arredores começaram a escurecer.
Atravessando pelas árvores, dei uma desacelerada e passei em certo momento perto de um lago.
Em sua beira, olhos amarelos verticais me olharam com intensidade, o corpo grande e gordo parado, deitado sobre a terra molhada, estendido em linha reta.
Sua língua saiu para fora em um silvo sinistro, as intenções desconhecidas me fitando.
Meu olhar, porém, passou brevemente por seus olhos, e foi o suficiente para que qualquer sinal cessasse imediatamente e a criatura se encolhesse, paralisada fora das expectativas, tendo seu lugar predatório tomado.
Meus olhos brilharam vermelho em aviso, mas não fiz nada.
Continuei andando e achei que era o momento de ver a próxima instrução.
Dizia: No centro da floresta, encontre uma Mafumeira em frente a uma grande formação de rocha, semelhante a uma parede.
Tinha uma foto do lugar, mas era tão minúsculo que você só poderia tirar conclusões vagas.
Com meus olhos eu varri toda a área, logo identificando o lugar dito.
Meus pés avançaram com uma agilidade sobrenatural, deixando borrões para trás enquanto eu andava mais rápido que um carro em direção a dita árvore.
Quando cheguei perto, imediatamente vi uma garota de cabelos dourados entrando e desaparecendo dentro do tronco, de alguma forma.
Atrás dela, do lado de fora, um homem observava satisfeito com um sorriso.
Comecei a me aproximar com passos dessa vez normais, eu percebi bem rápido quem era.
Ele se virou para trás, suspirando de olhos fechados.
Eu já estava na sua frente quando seu olhar caiu sobre mim.
"Eh?"
Sua feição mudou de sorridente para duvidosa, enquanto usava uma mão para coçar a barba castanha. Era Salomão.
Eu olhei para ele e fingi inocência.
Então passei ao seu lado em direção a árvore, tirando as instruções para ler a terceira e última.
"Calma aí, garotinho." Salomão disse atrás de mim.
Me virei lentamente, já dirigindo meu olhar ao seu.
"Você não precisa de ajuda?"
Admito que na hora esbocei uma expressão de surpresa questionadora.
"Está sozinho nessa floresta? Como alguém pode te largar assim simplesmente? Como que você poderia passar?" Ele soltou um suspiro.
"As pessoas me enojam. É sorte que você não tenha sido atacado por uma cobra ou outro animal selvagem. Vamos, eu te ajudo."
Ele se aproximou da árvore e com uma das mão fez um movimento ondulatório.
Ouvi bem baixo o som de "Alohomora" sendo sussurrado por ele.
Um brilho passou pela árvore e ouvi o som de fechadura se abrindo.
Ele abriu a porta e gesticulou para eu entrar, então fiz como ele induziu sem dizer uma palavra.
"Antes disso, espere." Salomão colocou a mão em meu ombro, na falha tentativa de me parar, mas eu o fiz mesmo assim.
Olhei para trás, seu olhar deveria ter se encontrado com o meu, mas ele permaneceu olhando para baixo.
"Na verdade, minha sobrinha, Anne, vai começar em Castelobruxo esse ano também, ela tem a sua idade. É uma linda garota de cabelos dourados, vai se destacar com certeza." Ele deu uma pausa.
"Sei que é estranho pedir isso agora, mas espero que você cuide dela para mim. Sabe, seja seu amigo. Ela não é muito boa de se socializar com outras pessoas e eu não quero que acabe isolada ou algo assim. Está tudo bem para você?" Ele terminou perguntando rapidamente.
Fiz um resmungo de aprovação, já que ele ainda olhava para baixo envergonhado.
Quando ouviu que eu concordei, imediatamente soltou um suspiro de alívio.
"Obrigado. Só não lhe diga que eu falei isso, tudo bem? Do contrário ela ficará realmente chateada comigo." Ele falou e finalmente olhou nos meus olhos.
De repente, ele fez uma expressão de como se lembrasse de algo, arregalando os olhos para mim.
Mas sem ter tempo de fazer outra coisa, seu corpo enrijeceu como uma estátua e sua íris perdeu o brilho instantaneamente.
Um homem estranho, me parar dessa forma para dizer algo assim, nem ao menos me ofereceu algo ou deu motivo.
Tirei a sua mão de meu ombro e o empurrei levemente, fazendo-o cair de costas na terra atrás dele.
Fechei a porta, que se trancou novamente, e comecei a subir as escadas de madeira na minha frente.
Era em espiral crescente, lentamente parecia se alargar conforme eu subia.
A madeira que cobria ao redor não era de árvore natural, estava esculpida e lisa como se dentro de uma casa chique.
Demorou um pouco para eu subir tudo, mas logo um som de televisão tocou mais perto de mim, aparentemente um canal de notícias passando.
Pisei o pé no último degrau, de frente para um lugar que só poderia ser traduzido como um bar.
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