Goldie acordou com os olhos e os cabelos completamente encharcados de lágrimas, as lembranças estavam vívidas agora em sua mente, como se cada minuto tivesse acontecido naquele momento e poderiam ser lembrados a hora em que quisesse, para o resto da vida.
— Eu me chamo Sarah... — sussurrou. — Sarah Johnson.
Sentiu uma forte dor no peito, a angústia daquele momento a percorria por todo o corpo. As memórias seguintes eram extremamente leves comparadas a essa, não conseguia aguentar a tristeza de ver isso pela segunda vez. "Ajuda" seu pensamento estava gritando. Uma forte dor de cabeça a pegou em cheio e sentiu que fosse explodir, mas não saia voz de sua garganta para chamar um benfeitor. Quando pensou que ia desmaiar, ouviu alguém chamar seu nome.
— Sarah?!
O garoto intitulado observador a levantou o suficiente para por sua cabeça em seu colo. A abraçou naquela posição tentado confortar a moça angustiada. A agonia dela não diminuiu de imediato, seu peito continuou a doer fortemente assim como a sua cabeça, o que fez com que se agarrasse com força à blusa do garoto, tentando resistir a dor.
— Respire fundo! — disse a criança tentando ajudá-la a passar pela situação.
Sarah respirou fundo e expirou com dificuldade até conseguir retornar a calma. Até que estivesse completamente recuperada, a criança a manteve em seu colo, apenas lá, sem saber exatamente o que fazer depois disso, mas não deixou o seu lado. A aflição diminuiu e ela levantou a cabeça para olhar para ele com atenção.
— Jhonatan?! — Sarah exclamou surpresa, ainda em seu colo.
— Eu sempre soube que era lenta, mas você demorou bastante para perceber. — disse ele com tom desgostoso.
— Você encolheu? — Ela perguntou, levantando e segurando em seu ombro, o olhando de cima embaixo.
— Idiota! Isso por acaso é possível?! — Ele respondeu parecendo frustrado.
Toda a empatia de agora a pouco havia praticamente se esvaído. As memórias relativas a ele haviam retornado, mas estava difícil de processá-las naquele momento. Ela parcamente se recordava que ele era seu colega de trabalho.
Ela sorriu envergonhada diante da pergunta dele, realmente não era possível, mas por que ele estava lá com forma de criança?
— Como você... — perguntou fungando e limpando as lágrimas do rosto.
O que passou, passou, não podia ser mudado apesar de doer. Então ela tentou se controlar e conversar para tornar o processo de aceitação mais fácil.
— Eu não entrei pela cabine. — Ele respondeu antes que ela completasse a pergunta. — Esse avatar foi criado por Joseph.
Quase imediatamente Sarah entendeu o que aconteceu e sorriu fracamente.
— Isso realmente é algo que Joseph faria! — terminou o pensamento em voz alta e rouca.
— Já acabou? — Ele perguntou se levantando, um pouco chateado e com uma expressão difícil.
Ao perceber seus olhos tomando um tom azulado, ela se levantou também e sua cabeça latejou. Ele estava com aquela expressão depressiva que fazia quando encontrava com alguém da família dele, mas sua memória estava uma bagunça, era só quando ele encontrava com a família, certo? Então porquê estava com aquela expressão consternada?
— Você viu seus irmãos?
— Claro, como se eles pudessem entrar no laboratório sempre que quisessem! — Ele riu baixinho.
— Então por que... — começou a dizer mas se conteve.
Não queria ativar o gênio dele agora, era extremamente complicado quando ele se irritava com ela.
— Você era muito bonito quando criança... — Se arriscou a comentar enquanto analisava a aparência dele pela primeira vez. — Eu não consigo nem imaginar como era ser bonito e perfeito em tudo que fazia quando jovem... — Ela divagou um pouco se lembrando de outras coisas.
Jhonatan virou de costas pra ela com as mãos serradas.
— E ainda assim eles não se importavam... — sussurrou pensando em seu próprio passado por um momento. — Não deveria sentir inveja de mim. — terminou em um sussurro.
— O quê?
— Nada. — Ele respondeu virando-se de frente novamente, completamente controlado agora. — Você faria as coisas direito se não tivesse a péssima mania de agir por impulso!
— Como assim? Eu não ajo por impulso! — Falou alto, esquecendo que Ellen estava dormindo ali perto.
Com isso sentiu a cabeça doer novamente.
— Tem certeza? — Ele perguntou controlando perfeitamente o tom de sua voz.
O seu olhar julgador a lembrou do porquê eles não conseguiam ficar juntos na mesma sala por muito tempo. Na verdade, não conseguiam passar cinco minutos sem proferir pérolas um pro outro!
— Você continua o mesmo de sempre — disse franzindo o rosto.
— E você também. — Ele respondeu, com um meio sorriso que ela não percebeu.
Ela olhou para Ellen e depois para o céu estrelado, então disse:
— Eu havia esquecido que a paisagem básica quem montou fui eu...
— Você havia esquecido de tudo, não só isso.
Verdade, ela havia esquecido sua vida inteira.
— O que aconteceu? Eu não me lembro de haver falhas no projeto e os nossos testes haviam todos sido um sucesso!
Ele riu cansado.
— Isso foi uma falha humana, adicionada à outras falhas de planejamento, enfim, um bolo de pequenos erros e itens não considerados ou revisados com cuidado.
— Você pode me explicar?
— Claro! Assim que você desconectar.
Sarah imediatamente olhou em direção à Ellen, então voltou o olhar para ele outra vez.
— Ela não pode saber. — Ele explicou.
— Mas o que vai acontecer quando ela acordar?
— Você se esqueceu isso também?
Sarah parou para pensar e recordou, que as interações dos participantes eram controladas pela equipe técnica e quando não estavam conectados ao console, eram colocados novamente em sono induzido. Nem mesmo perceberiam que dias haviam se passado desde que estiveram conscientes no mundo virtual pela última vez!
— Ela vai se lembrar do que vivenciamos quando acordar aqui de novo?
— Sobre isso, não tenho uma resposta correta. — respondeu franzindo as sobrancelhas. — Ela pode lembrar, não lembrar, e pode recordar poucas coisas. Vai depender dela!
— Eu vou conseguir voltar?
— Você se apegou? — Ele perguntou parecendo um pouco irritado.
— Ela é minha amiga...
Jhonatan não conseguiu responder a isso, Sarah não tinha amigos, assim como ele. Um suspiro deixou a boca dele e respondeu apertando as têmporas:
— Então volte depois de fazer o seu trabalho.
Sarah ponderou sobre o assunto por um tempo, um breve silêncio se instalou entre os dois antes que falar novamente.
— Está certo, vou desconectar e consertar os meus erros no projeto!
Na verdade, Jhonatan já havia resolvido a maior parte deles, mas ele não contaria isso pra ela.
— É a escolha certa! — Ele respondeu.
— Comando de sistema, abrir menu! — Ela disse ainda com voz chorosa.
Uma tela saltou à sua frente com diversas opções. Passando os olhos rapidamente pela lista de títulos, ela encontrou o botão de sair com facilidade. Com uma última olhada em direção à Ellen e outra em direção à Jhonatan, quem assentiu como que confirmando sua escolha, Sarah selecionou o botão de sair e perdeu brevemente a consciência antes de acordar no mundo real.
Por favor, não esqueçam de votar e me dizer o que estão achando!
Bjsss e até a próxima!
Jisung Ho, em aparência era um típico asiático coreano, porém um tanto gordinho, que trabalhava na ARIA Inc. Ao chegar na empresa e se registrar, ele trocou as roupas formais pelo uniforme de trabalho e se vestiu com todos os acessórios de segurança exigidos pela lei. Sem esquecer nenhum único item, ele pegou sua caixa de ferramentas, a conferiu e caminhou até o quadro de agendamento de manutenções preventivas. Era dia de verificar o gerador reserva.
Hoje estava sendo um dia maravilhoso, havia comido seu bolo favorito de uma franquia de padarias que ele adorava, bebido um café grande com chantilly e tudo tinha saído pela metade do preço! Cantarolando ele saiu da área dos funcionários e se dirigiu para sala do gerador.
— Bom dia, Carl!
— Bom dia, Jane! — Carl respondeu a recepcionista interna da organização, ela estava atrás de um balcão de informações que era voltados aos raros visitantes e novos funcionários da empresa.
Essa era uma função quase extinta! já que o trabalho era feito na maioria das vezes por máquinas, era difícil encontrar recepcionistas dentro dos prédios. Isso era mais uma das cláusulas dentro da lei de proteção ao trabalho humanizado, que as empresas garantissem 60% de mão de obra humana, independente do ramo de operações.
— Você parece animado hoje, alguma novidade que a gente precisa saber? — A mulher sorriu se inclinando sobre o balcão ao perguntar.
— Não, eu só comecei o dia bem!
— Não me deixe por fora se acontecer alguma boa notícia, hein?!
— Até mais tarde, Jane! — disse ele acenando com as mãos enquanto ia embora.
A verdade é que ele havia acabado de se casar também, mas não ia contar isso para a maior fofoqueira da empresa! Tem certas coisas que são melhores aproveitadas no Silêncio.
Carl continuou seguindo seu caminho até o gerador sem outras interrupções. Ele precisou pegar um elevador para os andares inferiores, mas continuou cantarolando no caminho, independente da presença de outras pessoas ou não. Ao chegar lá, iniciou todos os procedimentos necessários para realizar a manutenção e pôs todos os sinalizadores nos lugares designados, afinal, seguir as regras era importante para que soubessem que ele estava ali fazendo o seu trabalho. Em toda sua vida, Carl nunca deixou de seguir o protocolo!
Com a energia desligada, ele inspecionou todos os lugares na sua lista de checagem, mas antes de terminar e fechar a lista ele notou que um dos fios estava um pouco queimado. Não era qualquer fio, era um dos cabos de alimentação do laboratório principal! Como Carl estava no seu horário de manutenção programada, ele resolveu dar uma olhada mais de perto, então retirou o fio do lugar. Ele estava um pouco queimado, parecia sobrecarregado, imediatamente ele passou uma mensagem para o encarregado e pediu um novo cabo para fazer a troca.
O trabalho não demorou muito, o novo cabo havia chegado rápido e eles o colocaram no lugar. Na verdade era um cabo transitivo, ele saía do gerador e conectava em outra saída de energia: um grande filtro de tensão. Acontece que o cabo que colocaram antes estava errado, era um cabo mais fraco do que deveria ser, agora não haveria mais perigo, pois o problema havia sido identificado antes de maiores complicações!
Carl saiu dali satisfeito e continuou com o seu itinerário.
Infelizmente, durante a sua manutenção houve um pequeno apagão na cidade e por alguns minutos, o laboratório não recebeu energia. O gerador sobressalente era pequeno e não suportou sustentar todo laboratório durante aquele período, como fazia em tempos normais. O motivo? Eles estavam utilizando uma quantidade absurda de energia nesse dia! Haviam trinta pessoas conectadas ao mesmo tempo a um dispositivo de imersão virtual.
Gostaram do meu presente? Se sim, então comente pra mim!!! Bjsss e até a próxima!
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