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66.66% Anjemónios - O Silêncio Mortal (Português) / Chapter 2: Prólogo

Chapter 2: Prólogo

31 de Outubro, um dia que está marcado na mente de muitas pessoas, pela pior situação. Algo muito assustador tinha acontecido, algo que causou muita dor, sofrimento e estragos, naquela zona. Mas para quê continuar aqui a dar dicas, se posso simplesmente contar tudo o que se passou.

"Estava um dia enublado na Figueira da Foz. As árvores "dançavam" intensamente, acompanhando os ventos fortes, vindos do norte de Portugal. Se o tempo continuasse assim, brevemente, ninguém conseguiria andar pelas ruas, sem sentir o corpo a enfraquecer de frio, contudo mesmo com a dificuldade atmosférica, algumas pessoas ainda aproveitavam para passear, caso de Brenda e sua filha, Nicole.

As duas encontravam-se no jardim da cidade, já há tempo suficiente para Brenda perceber que estava na hora de regressar a casa. Como óbvio, sua filha, não gostou da ideia, era Halloween, dia para passear mascarada e recolher doces ao lado dos amigos, não de ficar em casa a assistir desenhos animados.

- Só mais um pouco, por favor mãe... - Implorou na tentativa de obter os resultados desejados.

Brenda levantou o seu olhar observando as nuvens carregadas, que ocupavam o céu, brevemente começaria a chover, tornando aquele temporal, impossível de se suportar.

- Desculpa filha, mas não. – Agarrou na mão da criança começando a andar para fora do parque. – Daqui a pouco vai chover, e ainda temos de passar pelo café dos Gomez.

- Posso comer um croissant de chocolate? – Questionou entusiasmada, esquecendo-se, completamente, do tema inicial.

- Claro que sim, pequena. – Passaram a estrada para o outro lado, seguindo caminho em direção ao café. – Vou aproveitar e levar uma pizza para o jantar, o que achas?

- Gosto muito da tua feijoada, mas pizza é outro nível, mãe...

Do nada Nicole pará. Uma sensação estranha apodera-se de seu corpo, como se alguém a estivesse a observar, a analisar, cada um dos seus movimentos. O seu olhar desvia-se para os lados, na tentativa de encontrar alguma coisa que justifica-se aquela sensação, mas nada.

- Estás bem filha? – Brenda, ao perceber a ausência de Nicole, para de andar olhando-a.

- Sim... - Acenou positivamente na tentativa de tranquilizar sua mãe, no entanto, ela sabia que algo não estava certo, que algo estava prestes acontecer.

- Então despacha-te, antes que o café feche e depois não há comida, não saudável, para ninguém.

- Não te preocupes, eu vou lá pedir.

Nicole saiu a correr em direção do café "Marmelada", deixando Brenda para trás. Impressionante, como aquela pequena criança conseguia deixar sua mãe com tantos cabelos brancos, muito provavelmente a culpa era da mais velha, porém educar uma criança sozinha não era tarefa fácil, muito menos uma tão energética como Nicole.

- Olá senhora Gomez! Pode-me dar um Croissant de chocolate, uma pata de veado e duas pizzas simples para levar? Por favor? – Tentou alcançar o balcão.

- Claro que sim... Pedro prepara duas pizzas simples... - Pediu ao empregado colocando os bolos nos seus respetivos sacos. - Aposto que o Croissant é para agora...

- Sim! Estou esfomeada! – Gomez começou a rir com atitude de Nicole entregando-lhe o alimento.

- Mas onde está a tua mãe? Não me digas que vieste sozinha!? – Questionou olhando para a porta, vendo Brenda a entrar, nesse exato momento, no estabelecimento.

- Estavam a falar de mim? – Brenda caminhou até ao balcão cumprimentando senhora Gomez, sua conhecida.

- Por momentos fiquei preocupada. Pensei que ela tivesse vindo sozinha!

- Ainda é muito nova para isso... – Aproximou-se de sua filha vendo-a a comer. – Já estás a comer! Ao menos pediste o resto das coisas? – Baixou-se aos seu nível.

- Pediu tudo, um croissant de chocolate, uma pata de veado e duas pizzas margarita... - Disse Gomez preparando as coisas.

- Era uma pizza... - Sussurrou para sua filha fazendo-a rir. – Tudo certinho, quanto vai ser? – Focou toda a sua atenção na mulher.

Nicole andou até um banco, pronta para se sentar enquanto esperava pelas pizzas, no entanto, algo a impede de continuar. A sensação estava de volta, porém, mais forte do que antes. Vários arrepios invadiram o seu corpo. Alguém estava ali; a questão era, onde? Os seus olhos pararam na janela do estabelecimento fazendo com que a sensação aumentasse.

- Nicole... - A criança olhou para sua mãe, verificando que a mesma se encontrava distraída, pelos vistos não tinha sido ela a chama-la. – Nicole... - Nicole, assustada, vira-se em direção da voz parando o seu olhar numa loja que estava no outro lado da rua. – Nicole...

Algo estava ali, a tentar chamá-la, mas quem? E porquê ela?

- Mãe... - Brenda olhou para sua filha. – Posso ir ver aquela loja? – Questionou, apontando o seu pequeno dedo indicador em direção à loja "Demoníaca".

O olhar de Brenda parou no local fazendo-a analisar o ambiente; ela nunca tinha ouvido falar sobre aquele estabelecimento, o que a deixou com receio.

- Aquela loja é nova? – Questionou Brenda sem tirar os olhos do local, algo a fazia suspeitar daquilo.

- Já está aí há mais ou menos uma semana. – Respondeu Gomez. – Por acaso nunca tive interesse de ir lá, são só coisas para as épocas festivas, notasse pela montra assustadora, deve ser por causa do Halloween.

Brenda voltou a analisar melhor e com algum receio lá acabou por ceder.

- Sim, podes ir filha, mas tem cuidado! Vais até lá, vês o que tem a montra e voltas, não te quero dentro da loja sem mim.

A pequena menina assentiu, caminhando em direção da loja. Brenda continuou a falar com Gomez, no entanto, sempre com os olhos mantidos em cima de Nicole, tomando atenção a cada movimento de sua pequena.

Á medida que a criança se aproximava, a sensação de estar a ser vigiada apenas aumentava. Ela podia dar a volta e ir ter com a sua mãe, no entanto, o seu lado curioso apenas a fez continuar. Assim que chegou à frente da loja, aproximou-se da montra e observou tudo lá dentro. O ambiente era sinistro e muito silencioso. As aranhas que se encontravam presas no teto da montra pareciam reais, mexiam-se, assim como as cobras, de resto, parecia tudo bem quieto; ou pensava ela. Enquanto analisava, identificou um ser a mexer-se, mas desta vez não era um bicho, mas um vulto.

Do nada o céu começou a ficar negro e o vento a piorar, aumentando a sua potência. As cadeiras do café "Marmelada", começaram a voar, chamando a atenção de Brenda que decidiu ir buscar a sua filha, antes que a tempestade piorasse.

- Já venho buscar as coisas. – Disse para Gomez saindo porta fora.

Nicole permanecia quieta, sentindo o medo apoderar-se do seu corpo, assim como a sensação de que algo de mal estava prestes acontecer. O vulto ia-se aproximando lentamente da criança, fazendo com que o vento aumentasse a sua força à medida que a distância entre os dois ia diminuindo. Assim que o vulto se encontrava frente a frente com Nicole, carros começaram a voar, árvores a cair e lojas a ficarem destruídas.

- Quem és tu? – Questionou identificando, então, uma pessoa vestida com uma capa preta. Vários arrepios passavam pelo seu corpo, poderia ser do vento, mas esses aumentaram quando ela percebeu que era a única que se encontrava na rua e que não estava a ser atacada pelos sopros fortes. – Não me vais responder? – Questionou, começando a sentir uma presença maligna perto de si. – Tu não és bom, pois não?

- Eu sou uma parte de ti...

Nesse momento ouve-se um estrondo que levou a atenção de todos os que se encontravam na rua a tentar sair daquele desastre. Estava a ficar tudo destruído, pessoas já se encontravam no chão caídas, outras a chamar por pessoas que estavam perdidas ou a gritar por pessoas que tivessem sido esmagadas pelo ocorrido. Nesse momento a pequena menina apenas se lembrou de procurar a sua mãe, onde ela estaria? Olhou por todo o lado com receio do que pudesse encontrar, foi então que a viu encostada a uma árvore, sem forças.

- Mama. – Gritou Nicole tentando correr em direção de Brenda, no entanto, parecia que os seus pés estavam presos. Com receio, virou-se de novo para a única loja que se encontrava intacta naquela rua, vendo um homem à sua frente. – O que queres de mim? – Questionou com receio. – És tu que estas a fazer isto tudo acontecer?

O individuo, que tinha a capa preta, não pronunciou uma única palavra, apenas estalou os dedos fazendo com que outro estrondo fosse ouvido. A menina virou, de novo, o seu olhar para a cidade, em destruição, vendo que essa agora se encontrava em chamas.

- MÃEEE. – As lágrimas começaram a cair pela sua cara, ela não aguentava tanto sofrimento, não aguentava tanta dor, tanto sangue, tanta solidão que poderia ser evitada. Os seus pensamentos pararam no homem que estava atrás dela; é ele o culpado disto tudo. Mas porquê? Porquê a eles? – PÁRA. – Gritou a rapariga com todas as suas forças.

Assim que as suas palavras foram pronunciadas, uma enorme luz apoderou-se do corpo da criança fazendo com que a mesma expandisse em todo o local e acabasse com os acontecimentos trágicos; tudo ficou normal.

- Eu sabia... – Disse o sujeito da capa agarrando fortemente em Nicole que, com o toque, começou a sentir o corpo a enfraquecer. – Tu vens comigo. - Assim que a segurou, começou a voar para longe daquela cidade.

- FILHAAA. – Brenda gritou ao ver que sua filha estava a ser levada. Começou a correr em direção a ela, deixando suas lágrimas escorrer pelos seus olhos. – AJUDEM-ME! ELE TEM A MINHA FILHA. – O desespero estava presente na sua voz, normal, não é fácil perder alguém que se ama.

- MÃEE... – Gritou Nicole, utilizando o resto das suas forças para falar, uma última vez, com sua mãe. – Eu amo-te, muito. – Assim que a frase foi pronunciada, o seu corpo relaxou ficando mole e sem sentidos.

O vulto afastou-se do local voando em direção aos montes onde se encontrava a porta para o mundo sem amor, sem felicidade, sem honestidade; um mundo de pura tristeza, ganância e sofrimento, o seu mundo: o Mundo dos Demónios."


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