PDV DRAKE
"Elaine, você sabe a quanto tempo nós nos conhecemos?" Após Elaine e eu voltamos para o chapéu de javali, eu resolvi que já passou da hora de contar algumas coisas para ela.
"Tem mais de 500 anos, mas por que você pergunta?" Elaine me respondeu confusa.
"Certo, já nos conhecemos há mais de 500 anos, então eu acho que já é hora de eu contar sobre mim." Falei, me sentando na cama de Elaine.
"Falar sobre você?" Elaine perguntou com interesse.
"Sim, sente-se porque vai demorar." Falei.
Elaine acenou com a cabeça e se sentou do meu lado.
"Primeiro, eu sou muito velho, muito mesmo." Falei.
"O quão velho?" Elaine perguntou.
"Mais de 6000 mil anos." Respondi.
"6000 mil?" Elaine perguntou, com a boca aberta.
"Sim." Respondi com uma risada.
"Bem, você conhece a história da guerra entre o clã das deusas e do clã dos demônios, não é?" Perguntei.
"Sim." Elaine respondeu, após se acalmar.
"Eu vi o início dessa guerra, claro eu não participei, mas eu vi o início e muitas coisas mais." Falei.
"Eu não sou uma pessoa originariamente deste universo, vamos apenas dizer que eu tive sorte no ciclo cármico e acabei aqui." Falei, e parei para Elaine poder absorver a informações.
"Não é deste universo?" Elaine perguntou, após alguns segundos.
"Sim, eu morri e tive a chance de conhecer uma deusa." Respondi.
"Uma deusa igual a Suprema Divindade?" Elaine perguntou.
"Não." Respondi.
"Deixe-me explicar melhor, existem vários universos e existem divindades em cada universo, e a divindade desse universo é o Caos." Dei uma breve explicação.
"Caos?" Elaine perguntou confusa, afinal nunca escutou esse nome.
"Sim, Caos é o criador de tudo desse universo inclusive dos deuses como Suprema Divindade, Rei Demônio e a Árvore Sagrada. Você não deve ter escutado sobre ele, porque a muito tempo atrás ele foi selado pela Suprema Divindade junto com o Rei Demônio." Expliquei.
"Mas voltando ao foco, eu morri, conheci uma deusa e ganhei a chance de reencarnar, mas ela não me deu a escolha de onde reencarnar e eu acabei nesse universo a muito tempo atrás." Falei, e parei um pouco para Elaien processar.
"Pode continuar." Elaine falou, após uns minutos.
"Quando reencarnei eu estava perdido, eu não conhecia ninguém e nem mesmo conseguia controlar os meus poderes direito, demorou muito para mim controlar os meus poderes, para você ter uma ideia eu só consegui invocar o meu primeiro soldado mais de 4000 mil anos depois que reencarnei." Falei, soltando uma risada seca.
"Mais de 4000 anos depois?" Elaine perguntou, em choque.
"Bastante tempo, né? Claro, nem tudo foi ruim, mesmo eu não conseguindo controlar os meus poderes direito, a minha força física sempre foi muito alta." Falei.
"Mas continuando, depois que eu reencarnei nesse mundo eu andei por um tempo relativamente grande, até que eu cheguei em Belialuin, que na época era conhecida como a capital dos magos." Falei, parando para tomar um fôlego.
"Essa foi a época do início da guerra entre os clãs, mas a cidade Belialuin ficou neutra nessa guerra. Eu passei muitos anos na cidade de Belialuin, aprendendo a usar mana e controlar minha magia, e nesses anos eu não fiz amigos, afinal nessa época a minha magia da escuridão estava fora de controle, e eu fiquei muitos anos sozinho tentando conter minha magia." Falei, com um sorriso de escárnio, pela minha própria incompetência.
"Mas por quê tantos anos? Pelo o que eu sei você é muito talentosa em controle de mana." Elaine perguntou.
"Foram anos para aprender a não matar todo mundo sem querer, mas mesmo depois de encontrar você, eu não conseguia controlar minha magia totalmente. Mas respondendo a sua pergunta, sim, eu sou considerado um gênio da magia." Respondi.
"Você é?" Elaine perguntou, com uma expressão estranha.
"Sim, pela minha quantidade de mana, demorar 6000 anos para controlar meu mana é bem pouco." Falei, com um sorriso.
"O quanto de mana você tem?" Elaine perguntou, com uma expressão de espanto.
"O quanto exato? Não sei, mas é muito mais do que eu possa usar." Respondi normalmente.
Elaine ficou de queixo caído pela minha resposta.
"Mas continuando, na época em que eu tentava controlar minha magia eu fiquei isolado na cidade de Belialuin, e depois de muitos anos, eu finalmente consegui controlar minha magia a ponto de não matar todo mundo que chegava muito perto de mim." Falei, olhando para as minhas mãos.
"Eu fiquei muito feliz na época, mas essa felicidade não durou muito pois toda a cidade de Belialuin foi cercada por uma névoa, relâmpagos, fogo e várias outras coisas, todas as pessoas morreram, pelo menos foi o que eu achei até que encontrei uma menina na borda da cidade chorando." Falei, e olhei para minha sombra.
"Menina? Como ela sobreviveu sendo que todos os magos da cidade morreram?" Elaine perguntou confusa.
"Essa menina se chama Merlim, e ela sobreviveu por dois motivos." Falei.
"Merlim?" Elaine murmurou, mas logo deixou de lado e perguntou.
"Quais são os motivos?"
"São dois, o primeiro é que ela nasceu com uma magia chamada Infinity, essa magia permite que todos os feitiços de Merlim fiquem ativos pela eternidade ou até que ela os desative, e o segundo motivo foi que ela enganou a Suprema Divindade e o Rei dos Demônios para adquirir suas bênçãos." Respondi.
"Enganou?" Elaine perguntou limpando o ouvido, não acreditando no que ouviu.
"Sim." Falei, rindo.
"Dep…" Eu ia continuar a falar, mas Elaine me parou e falou.
"Espere um pouco, isso é muito para ser contado de uma vez só." Elaine falou, pegando e bebendo a água de um copo que sempre fica ao lado da cama.
Eu apenas fiquei olhando para Elaine, esperando ela se acalmar.
Após alguns longos minutos Elaine falou.
"Continue."
"Desse ponto em diante não tem muita coisa para contar, mas após conhecer Merlim, eu conversei e fiquei bastante tempo com ela, ela é uma pessoa que gosta muito de conhecimento, tanto que parou seu próprio tempo de vida para poder aprender mais." Falei rindo, lembrando dos anos em que passei com Merlim.
"Parou o seu próprio tempo?" Elaine falou rindo.
"Será que eu a quebrei?" Pensei, olhando para Elaine rindo.
"Por favor continue." Elaine falou, após soltar algumas risadas.
"Tem certeza?" Perguntei, em dúvida.
"Sim." Elaine respondeu.
"Ok, como eu disse, quando eu conheci Merlim, ela estava chorando na beira da cidade de Belialuin."
FLASHBACK
"Por quê você está chorando garotinha?" Perguntei olhando para a garotinha, sem nem mesmo pensar que alguém importante da família dela poderia ter morrido na cidade.
"Você está vivo?" A garotinha que estava ajoelhada no chão, levantou a cabeça em minha direção e perguntou com descrença.
"É claro." Respondi olhando com se ela fosse uma idiota.
"Como você sobreviveu à catástrofe que ocorreu na cidade?" Ela perguntou, ignorando o meu olhar.
"Com minha magia e corpo físico, é claro." Respondi enquanto me sentava ao lado da garotinha e olhava para a cidade.
"E você?" Perguntei, mudando o meu foco para a garotinha.
"Você não sabe quem eu sou?" Ela não me respondeu, e perguntou.
"Não, por quê? Você é famosa?" Perguntei, não entendo.
"Meu nome é Merlim." A garotinha falou.
"Prazer o meu é Drake." Me apresentei, já que a garotinha se apresentou.
"Você não me conhece mesmo?" Merlim perguntou, olhando para mim como se eu fosse burro.
"Não." Respondi.
"Como?" Ela perguntou.
"Como, o que?" Perguntei.
"Como você não conhece?" Ela perguntou.
"Eu sou obrigado a te conhecer?" Perguntei, levantando uma sobrancelha.
"HAHAHAHA." Merlim não me respondeu, e começou a rir, se esquecendo que estava chorando a poucos segundos.
"Você está bem?" Perguntei, achando estranho ela começar a rir do nada.
"Você viveu em uma pedra, ou algo assim?" Ela perguntou, após parar de rir.
"Não, eu vivia na cidade." falei, apontando para as ruínas.
"Mas eu não nunca fui de sair muito, afinal eu aprendi a conter minha magia a pouco tempo." Completei.
"Conter?" Ela perguntou, interessada.
"Sim, afinal eu não acho que vou controlar tão cedo." Falei, suspirando e me deitando olhando para cima.
"Qual é a sua magia?" Ela perguntou.
"Garotinha que tal, você me falar o que aconteceu com a cidade e por que você estava chorando aqui?" Perguntei, desviando o assunto.
Merlim, vendo eu tentar mudar de assunto, não insistiu.
"Uma maldição da Suprema Divindade e do Rei Demônio, por eu ter enfurecido eles." Merlin falou, abaixando a cabeça.
"E eu estava chorando porque foi minha culpa." Merlin falou, com lágrimas.
"Não é sua culpa." Falei, passando a mão na cabeça dela.
Ao sentir o meu toque Merlin se assustou, mas deixou pois o meu toque é bastante quente.
"Agora me conte o que aconteceu direito." Falei, vendo que ela parou de chorar.
Merlin pareceu pensar um pouco e começou a explicar, que por causa de sua magia, tanto o clã das deusas quanto os dos demônios queriam recrutar ela, e ela enganou os dois assim adquirindo a benção dos dois, mas sem entrar para um lado.
"Não se culpe, as coisas que já aconteceram não voltam, então não adianta se culpar." Falei, após pensar um pouco.
"Mas por que você fez isso?" Perguntei curioso.
"Porque eu quero aprender o máximo possível." Merlin respondeu.
"Entendo." Falei, vendo que Merlin já está melhor, afinal ela é apenas uma criança e não sabe o que estava fazendo.
"Você tem algum lugar para ir?" Perguntei, depois de alguns segundos.
"Não." Merlin falou.
"Vamos andando então." Falei, me levantando.
"Você vai me levar?" Merlin perguntou surpresa, afinal ela contou toda a história e eu sei que tanto o clã das deusas quanto o dos demônios estão atrás dela.
"Claro." Falei, olhando para ela como se ela fosse idiota.
"Por quê?" Ela perguntou.
"Simples, você é uma criança e eu não vou deixar uma criança assim." Falei, com um sorriso.
Ao ver o meu sorriso Merlin sentiu um calor no peito.
"O que será que é isso?" Ela se perguntou, enquanto me seguia.
END FLASHBACK
"E foi assim que eu acabei vagando muito tempo com Merlin." Falei.
"Depois de alguns anos, Merlin até andou pelo mundo sozinha e conheceu algumas pessoas e as ajudou em troca de ganhar mais conhecimento, mas sempre mantinha contato." Falei, parando.
"E onde ela está agora?" Elaine perguntou, ao terminar de escutar.
"No meu reino." Respondi.
"No seu reino?" Elaine perguntou, olhando para minha sombra.
"Sim, ela tinha algumas experiências para fazer e ficou lá, depois que os sete pecados se separaram." Falei casualmente.
"Ela está lá há mais de 10 anos?" Elaine perguntou, com descrença.
"Sim, lá tem tudo que ela precisa, afinal." Respondi.
"Mas continuando a história, eu viajei pelo mundo e conheci muitas coisas, mas nunca me relacionei com ninguém além de Merlin, e isso continuou até que eu te conheci na floresta do rei das fadas, a partir daí você já sabe o que acontece." Falei, terminando de contar minha mini história de vida.
"Aconteceu muitas coisas em sua vida, mas por que você está me contando isso?" Elaine perguntou olhando para mim.
"Então você já entendeu que eu tinha um significado a mais em te contar a minha história." Falei, suspirando.
"Sim." Elaine respondeu.
"Ok, Lembra que eu te disse que tinha outros universos? Então eu posso viajar entre eles." Falei, soltando a bomba, mas a reação de Elaine me surpreendeu.
"É isso?" Elaine perguntou, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
"Você não acha estranho?" Perguntei, com uma expressão peculiar.
"Depois de tudo o que você me falou, você acha que pode me deixar mais surpresa?" Elaine perguntou.
"Justo." Falei.
"Então você vai comigo?" Perguntei, depois de alguns segundos.
"Isso é uma pergunta? É claro que eu vou." Elaine respondeu, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
"Tem certeza?" Perguntei.
"É claro." Ela respondeu com convicção.
"Por quê?" Perguntei.
"Você ainda precisa perguntar? Nós passamos mais de 300 anos juntos, e esse foram os melhores dias da minha vida, e você ainda precisa perguntar o por quê? É claro que eu te amo." Elaine falou, corado.
Ao ouvir Elaine, eu só consegui ficar com a boca aberta, olhando para ela.
"Diga algo." Elaine falou, após ver que eu não respondi por um tempo.
"É claro que eu te amo, só não achava que você ia falar algo assim." Falei, saindo do meu estado de choque.
Após falar, eu me aproximei de Elaine e a abracei pela cintura, enquanto aproximava o meu rosto do dela.
Elaine, que já havia pesquisado sobre relações entre homens e mulheres, sabe o que eu quero fazer e também aproximou o rosto para o nosso beijo.
Nossos lábios se conectaram por poucos minutos e nós separamos para pegar fôlego.
"Eu te amo." Falei, olhando para os olhos dela.
"Eu também te amo." Elaine falou, corando.
Obrigado por ler.