Alina se encontrava parada encostada contra a parede do grande salão esperando que Xing dissesse algo, mas ela sabia que aquela mulher que estava na sua frente nunca diria algo para si, nem mesmo um bom dia...
— Não vai dizer nada, Alina? — Xing diz enquanto retira os longos cabelos brancos da face e se vira para a jovem Alina, que estava apenas a observando com os olhos azuis.
— Não! — Alina diz enquanto caminha até Xing, que se encontrava no centro do salão com um sorriso nos lábios que não passa despercebido por Alina, que apenas lhe sorri também. — Porque sei que você me deixará falando sozinha, não é Madrasta?
— Ora essa, Alina... Somos quase uma família! — Xing diz enquanto Alina estava com as mãos ao lado do corpo fechadas em punhos, como se temesse dar um tapa naquela mulher que se encontrava na sua frente.
— Nunca fomos uma família, não sei o que aquele homem viu em você! — Alina diz com uma cara de nojo para Xing, que apenas sorri para ela como se suas palavras não a ferissem.
— Apenas uma coisa... Uma mulher forte o bastante para estar ao lado dele!
Ao ouvir essas palavras Alina apenas solta uma risada que mais parecia cristalina e melodiosa, que com certeza poderia atrair os homens como pequenos peixes em direção à isca.
— Uma mulher forte? Por favor, Xing... Se você fosse uma mulher forte não teria deixando com que Cixi lhe desse um tapa na face! — Alina diz com um sorriso.
No momento que Cixi dera o tapa na face de Xing a jovem Alina simplesmente se sentiu como se estivesse sendo vingada, mas ela sabia que aquele momento era uma mera encenação.
— Você sabe que tudo não passou de uma encenação! — Xing diz para Alina, que apenas lhe dá um sorriso de alguém que sabe da verdade.
— Sim, eu sei e é por isso que lhe digo que você não é uma mulher forte o bastante para se rebaixar a isso!
— Alina, nos duas sabemos que sou mais forte do que aparento, e você que foi tola! — Xing diz com os olhos da cor da Lua afiados como uma navalha e palavras venenosas nos lábios, enquanto que Alina apenas morde o lábio para não gritar na cara de Xing.
Alina estava disposta a dar o troco, mas naquele momento à única coisa que ela conseguia pensar era em como fazer com que Xing mordesse a própria língua a ponto de morrer envenenada.
— Se eu fui tola ou não, o problema é meu! — Alina diz com o queixo erguido e com a pose de alguém superior para Xing, que apenas lhe dá um sorriso.
— Sim, é verdade. O problema é seu, mas espero que seja mais esperta já que você está lidando com a neta da sua inimiga! — Xing diz em um sussurro que somente Alina ouve.
— Mira não é como a Cixi, ela é como a Yuri! — Alina diz com seus olhos azuis atravessando Xing.
— Sim, eu sei e é por isso que lhe digo: tome cuidado, porque se ela precisar te salvar ela não se importará em se colocar em perigo!
Alina então olha para a face de Xing e vê apenas os olhos da cor da lua perdidos no nada, enquanto a face antes corada se encontrava pálida e sem o brilho, mas mesmo assim ela sabia que Xing não deixaria que ninguém visse o que ela viu... Uma mulher que estava preste a entregar sua coroa, mas ao mesmo tempo uma mulher que só queria um fim definitivo para tudo aquilo.
— Tome! — Xing diz enquanto estende uma pulseira de pequenas pérolas azuis para Alina, que olha desconfiada para as mesmas.
— Por que você está me dando essa pulseira? — Alina diz enquanto pega a pulseira de pérolas azuis da palma da mão estendida de Xing, que apenas lhe dá um sorriso.
— Porque fiz uma promessa ao seu pai! — Xing diz enquanto Alina ergue a pulseira para o alto.
Ela vê as pérolas entrelaçadas por pequenas algas vermelhas que emitiam um pequeno brilho, e pequenas pedrinhas de ouro entre uma pérola e outra, como pequenos símbolos de seu nome entalhado nas mesmas. Sem conseguir acreditar no que vira, Alina apenas se vira para ver Xing saindo do salão.
— Essa pulseira é...
— Sim, era o presente que seu pai queria lhe dar por ter feito 15 anos e em breve ser a Rainha do Reino das Sereias! — Xing diz enquanto para antes da porta e com as costas viradas para Alina diz as palavras que a mesma queria ouvir.
— Mas porque você está me dando ela? — Alina pergunta.
— Não ache que estou sendo boazinha, é apenas uma promessa que fiz e apenas a cumpri! — Xing diz enquanto vira o rosto para a esquerda permitindo que Alina visse o sorriso que se encontrava em seus lábios antes de sair daquela Sala do Trono.
Xing se pôs a caminhar pelo corredor daquele palácio de gelo com a postura de uma Rainha destemida, e com os ombros para trás enquanto seu peito se encontrava estufado, deixado claro que ela era uma Rainha em tudo, desde postura, a imagem que queria passar.
— Nunca pensei que veria você tão doce com a filha do seu amante? — Uma voz masculina diz das sombras na sua frente, fazendo com que Xing pare no meio do corredor com os olhos arregalados e o corpo tenso pela surpresa que ela estava tendo.
As sombras na sua frente cobriam um homem alto, com os olhos afiados cravados em Xing, e a brilharem com um brilho de maldade e crueldade, que não passara despercebido a Xing, que apenas suspirara e coloca na face um sorriso de Rainha.
— Ela merecia a verdade, não acha, Wang Xu? — Xing pergunta para as sombras que cobrem o homem como se fosse um escudo a protegê-lo do mundo.
— Mesmo assim você sabe que se ela lutar pelo trono o destino dela estará nas mãos do General! — Wang Xu diz saindo das sombras e mostrando a face para Xing, que apenas ofega brevemente pelo fato daquele homem ainda exercer certo fascínio sobre ela.
— Sim, mas vai ser o melhor para ela! — Xing diz enquanto vê Wang Xu caminhar na sua direção.
Ela consegue ver o que nele chamou atenção.
O caminhar de um guerreiro feito para a batalha assim como o corpo, os olhos dele que atraíam como pequenos ímãs, e suas mãos que lhe tocavam quando os dois estavam numa cama... Mas ela também conseguia ver no que ela o transformou... Um homem frio!
— Nunca é melhor viver com alguém que não ama, ainda mais se esse alguém tem a fama de um homem que mata suas noivas na noite de núpcias! — Wang Xu fala enquanto para na frente de Xing, que apenas lhe dá um sorriso para irritá-lo.
— Preocupado com a jovem guerreira? — Xing pergunta com veneno nos lábios e com certo ciúme que não passa despercebido por Wang Xu, que apenas lhe dá um sorriso.
— Se eu estiver, o que você vai fazer? — Wang Xu pergunta enquanto puxa Xing pela cintura lhe colando o corpo contra o seu.
— Irei matá-la! — Xing diz com um sorriso nos lábios que atraem Wang Xu.
— Irei impedi-la! — Wang Xu diz enquanto a puxa mais ainda para si, seus corpos tão colados quanto podiam e suas bocas a míseros centímetros uma da outra, seus olhos que não se desgrudavam um do outro.
— Se beijem logo, porque está ficando chata essa conversa! — Eles ouvem uma voz masculina dizer e logo depois dar uma risada, que faz eco pelo corredor como um fantasma a visitar seus parentes e atormentar seus inimigos.
Xing foi a primeira a se desfazer do encanto que os dois estavam para se virar e ver um homem sentado numa mureta de uma janela no corredor, mas ela não conseguia ver muito bem quem era já que a pessoa estava encoberta pelas sombras.
— Quem é? Revele-se! — Xing diz enquanto olha para as sombras.
— Ora essa, Xing, até parece que não reconhece minha voz! — O homem diz enquanto ergue a mão onde se encontra uma pequena labareda de fogo azul, que ilumina a face do homem fazendo com que Xing de um passo para trás com os olhos arregalados, sem conseguir acreditar no que via! — Bummm!
— Não pode ser... Você estava na Montanha da Redenção! — Xing diz enquanto era amparada por Wang Xu, que apenas olha para tudo com os olhos neutros.
Xo Bou assim que voltou para seu quarto, logo depois de ter conversado com sua avó apenas se deixara cair na cama em um sono profundo que lhe veio em uma boa hora, já que seu corpo estava cansando, mas sua mente se encontrava a trabalhar em estratégias para conseguir fazer com que Amir a desejasse e a fizesse Rainha, mas ela também estava pensando na pequena pérola vermelha que sua avó tinha dado para ela, e o significado da mesma.
Porque sua avó lhe disse para usar em último caso? Porque não a usar para conquistar Amir? Xo Bou pensou enquanto se remexia na cama tentando encontrar uma posição que não lhe deixasse com dor nas costas no dia seguinte.
Suspirando ela acabou encontrando uma posição boa o bastante para lhe deixar dormir o sono dos justos, enquanto ainda podia, já que assim que o sol nascesse Lótus entraria por aquela porta e lhe chamaria para passear pelas ruas da cidade Central.
Xo Bou sabia que era um sonho assim que se viu numa sala onde tinha um pequeno arranjo no centro, e tudo ao redor era apenas escuridão, as sombras pareciam deslizar pelo ar como pequenos fantasmas a brincarem, mas então tudo se tornou claro como se um trovão tivesse caído do lado de fora, fazendo com que tudo se iluminasse.
— O que? — Ela sussurrou enquanto tampava os olhos para evitar a claridade que lhe cegaria.
— Olhe, pequena Princesa... Você precisará das respostas! — Xo Bou ouviu uma voz feminina lhe sussurrar no ouvido direito como um canto de um pássaro distante, mas melodioso.
Então Xo Bou tira a mão da frente dos olhos para poder observar uma jovem mulher de cabelos brancos caída no chão, e ao seu redor sangue deslizando como pequenas correntezas em direção ao mar... À neve que se encontrava do lado de fora.
Então tudo se tornou escuridão e Xo Bou só conseguia ver a jovem mulher de cabelos brancos parada olhando para o pequeno arranjo... Uma pequena rosa branca!
— Mas o que está acontecendo? — Xo Bou pergunta olhando para a pequena rosa branca que parecia brilhar como o luar.
— Você precisa encontrar a rosa e entregar para Amir!
— Mas por que eu? — Xo Bou pergunta enquanto gira no próprio eixo para observar melhor a escuridão a procura da voz, que lhe diz mais, mas a única coisa que ela consegue ver são as sombras deslizando pelo ar.
— Porque você sabe qual é seu destino!
— Xo Bou, acorde pelo amor dos deuses! — Ela conseguia ouvir a voz de sua irmã lhe chamando mas o sonho parecia se tornar mais nítido, e a escuridão a fugir da luz que se encontrava não muito longe dela, mas ela não conseguia mais ficar ali porque a voz de sua irmã parecia ficar cada vez mais alta e mais forte, como se fosse uma âncora a puxando e então...
Ela abre os olhos para dar de cara com os olhos violetas de sua irmã, que a olhava preocupada como se ela estivesse doente, ou a beira da morte, mas Xo Bou apenas olha para o nada como se ele fosse à coisa mais interessante do mundo... Como se o sonho não fosse nada, apenas um sonho.
— Pelos Deuses, Xo Bou, parecia que você estava morta e olha só... Você está suando! — Lótus diz enquanto ajuda sua irmã se levantar.
— O que? — Xo Bou pergunta enquanto observa o tecido da sua camisola vermelha molhada, e então olha para a sua irmã com os olhos assustados e fala: — Tive um sonho!
— Como a mamãe? — Lótus pergunta enquanto se levanta e vai até o armário de sua irmã em busca de algum vestido leve que Xo Bou pudesse usar naquele dia de calor, enquanto caminharão pelas ruas da Cidade Central.
— Eu acho que não, a mamãe tem os sonhos sobre o futuro, e muitas vezes sobre o passado, o que os torna meio que confusos! — Xo Bou diz enquanto retira a mecha de cabelo que se encontrava grudada na sua face, e olha para a sua irmã que se encontrava com um vestido azul com pequenas rosas douradas decorando a bainha do vestido.
— Mas se não é como os sonhos da mamãe, que tipo de sonho você teve? — Lótus fala enquanto ergue o vestido para Xo Bou, que apenas acena a cabeça para os lados lhe dizendo que não.
— Você só gosta de vermelho e branco! — Lótus fala enquanto atira o vestido azul por cima das costas para dentro do armário e bufa com os braços cruzados na frente dos seios, fazendo com que Xo Bou dê uma risada.
— Mas também gosto de dourado! — Xo Bou diz enquanto retira sua camisola, que desliza pelo seu corpo em direção ao chão, fazendo uma pequena poça de seda vermelha aos pés da mesma. — Mas eu não sei que tipo de sonho foi esse, apenas sei que vi uma mulher de longos cabelos brancos rodeada por sangue!
— Não pode ser a Xing, ela é a única entre os que conhecemos que possui longos cabelos brancos! — Lótus diz enquanto pega um vestido do armário da irmã e lhe mostra.
— Não, eu tenho certeza que não era a Xing, além do mais os cabelos da mulher são mais longos do que o da Xing! — Xo Bou fala enquanto caminha em direção ao ofuro e coloca a ponta do pé para ver se a água não estava tão quente.
— Como você pode ter certeza! — Lótus diz depois de ouvir que sua irmã entrara no ofuro.
— A Algo na mulher do meu sonho que passa a sensação de paz, mas a ar de tristeza! — Xo Bou fala enquanto faz com ambas as mãos uma concha para molhar os ombros enquanto que Lótus penteava seus cabelos.
— Então a mulher pode ser algum presságio de coisa boa! — Lótus diz enquanto desliza com a escova de pelos naturais longos fios negros de sua irmã e começa a fazer tranças.
— Não sei, mas é melhor só ficar entre nós duas por enquanto! — Xo Bou fala enquanto pega uma pequena pétala de rosa vermelha da água.
— Tudo bem, mas vamos logo porque quero comer bolinho de peixe! — Lótus diz deixando a escova ao lado do ofuro e corre para o armário da irmã, tirado um vestido branco com mangas longos e bordado com pequenos fios de ouro.
Xo Bou apenas dá uma risada e sai do ofuro e pega uma toalha que estava estendida ao lado do ofuro enquanto que sua mente se encontrava a pensar na mulher e nas palavras que a mesma proferira para ela.
Encontre a Rosa e entregue a Amir!
Ela sabia que aquela rosa tinha algum valor, e que se ela encontrasse aquela rosa e entregasse a Amir será que ele a aceitaria como sua Rainha?
Xo Bou não sabia, mas ela tinha que tentar, suas chances eram altas porque ela sabia que pelo menos um pouco ele se sentia atraído por ela, e se ela fosse esperta o bastante ela seria capaz de usar essa rosa para conseguir o que queria.
— Xo Bou, o que acha desse vestido? — Lótus perguntou enquanto estendia na frente da irmã um vestido dourado com um pequeno decote que realçava seus seios.
Ela então dá um sorriso para a irmã que lhe atira o vestido a fazendo pegá-lo no ar e sai à procura de alguma joia que combinasse com o mesmo.
Vozes baixas como o zumbido de pequenas vespas podiam ser ouvidas pela Sala do Trono, enquanto que Vulkan e Kadar apenas observavam o homem de longos cabelos brancos sentado no trono que se encontrava no centro do salão, como se fosse o Imperador do Mundo e isso os dois sabiam que era verdade, ali na frente deles estava Fun Xu, o Imperador do Imperio Imortal, aquele que fora tirado do trono pela própria esposa e feito prisioneiro na Montanha da Redenção.
— Isso vai ser uma longa reunião! — Volkan fala logo depois de um suspiro que não passa despercebido por Kadar, que apenas pega na mão de Volkan a apertando para que ele se sinta bem.
— Mas você acha que ele irá fazer alguma coisa? — Kadar diz enquanto observa Fu Xu erguer os olhos para ver a todos os Reis dos Reinos ali reunidos, sussurrando como pequenas vespas.
— Kadar, ele uma vez fez nevar no Reino de Umlilo apenas porque queria ver a Yuri, e ela teve que ir até ele! — Volkan diz enquanto se lembrava de quando Yuri vira a neve pela janela e gritara para o céu: Paiiiiii!
— Serio? — Kadar diz com os olhos arregalados para Volkan, que apenas confirma com a cabeça.
— Sim! — Volkan diz com um sorriso nos lábios porque se lembra também de quando sua esposa voltara espumando pela boca e jogando pragas no próprio pai, que ao ouvir de longe as palavras da filha apenas fizera com que um raio atravessasse as nuvens e deslizasse em direção ao vulcão, fazendo com que Yuri se calasse e o tempo se acalmasse.
Mas ele sabia que sem a Yuri ali Fun Xu poderia ser imprevisível, principalmente para sua própria esposa, que já não era a mesma. Volkan conhecia Fun Xu pelas histórias que Yuri contava e pelos acontecimentos, digamos, sobrenaturais que aconteciam no Reino de Umlilo, como por exemplo o dia em que nevou lá e o dia em que o lago de lava congelou como gelo vermelho, fazendo com que Yuri bufasse e saísse batendo o pé enquanto desaparecia como sombra, e depois de horas volta com um sorriso nos lábios e com o lago de lava normal.
Volkan então olha rapidamente para Fun Xu, que se encontrava a observá-los com os olhos azuis que escondiam a cor vermelha... Ele sente seu corpo congelar, como se estivesse sido colocado em contato com a água mais fria que existisse no mundo quando encontra os olhos de Fun Xu, que apenas lhe sorri, e Volkan sem acreditar no sorriso dele apenas lhe dá um aceno de cabeça como forma de comprimento, e logo depois olha para Kadar que também observa Fun Xu.
— Não o olhe nos olhos! — Volkan sussurra para Kadar, que apenas confirma com a cabeça e então olha para a porta por onde passa Abhya e Yasmine.
— O que está acontecendo aqui? — Abhya pergunta assim que atravessa as pesadas portas de gelo e vê todos sussurrando e olhando para o homem de cabelos brancos sentando no seu trono.
— Ora, ora... Se não é o Rei Abhya, o Rei do Reino de Kon e filho de Kadar! — O homem diz se levantando do trono com um sorriso que deixaria a todos tensos se ele não estivesse desarmado como estava, mas era melhor todos serem espertos porque aquele homem de longos cabelos brancos não era como eles.
— Quem é você? — Abhya pergunta enquanto observa o homem na sua frente e dá um passo à frente, mas a mão de sua esposa o impede de ir até o homem.
Yasmine, assim que pôs os olhos naquele homem, sentira como se pequenas vibrações no ar estivessem eletrizadas, e o gelo parecia certo momento brilhar, e em outros derreter sem motivo. Ela apenas passa a observar o homem de longos cabelos brancos com as vestes negras parado no meio do salão com um sorriso nos lábios, mas o que chamou sua atenção foram os olhos...
Era de um azul reluzente, mas se fosse observado melhor se podia ver o brilho de uma chama, de um vermelho sangue que lembrava e muito a Reino de Umlilo, mas Yasmine apenas balançou a cabeça para aquilo.
— Nossa! É assim que você me recebe, justo eu o... — Fun Xu não pode terminar, já que as pesadas portas daquela sala do trono foram abertas com um estrondo por uma mulher de longos cabelos negros, que com uma força sem tamanho fizera com que as portas fossem em direção as paredes com um estrondo que parecia um trovão, fazendo vários Reis darem um pulo do trono.
Volkan, assim que viu quem estava entrando na sala do trono com uma fúria que parecia sua aura deu um sorriso de lado, porque ele sabia o que poderia acontecer.
— Isso vai ficar interessante! — Volkan diz enquanto observa uma Cixi com seu vestido roxo caminhar furiosa até Fun Xu, que apenas a olha com os olhos arregalados.
Sim, Fum Xu assim que viu os olhos violetas de Cixi soube que estava encrencado, assim que ela colocou seus olhos nele e ele pode ver a fúria tomar conta de cada mísera molécula de sua mulher.
— Fun Xu, o que está fazendo aqui? — Cixi pergunta assim que se coloca na frente de seu marido, que apenas a observa.
— Ora essa, minha amada, vim apenas lhe ver! — Fun Xu diz com um sorriso de dentes brancos enquanto Cixi apenas o olha e depois suspira como se não acreditasse no que estivesse acontecendo.
— Como você fugiu da Montanha da Redenção? — Cixi pergunta fazendo todos ofegarem por saberem que aquele homem já esteve na Montanha da Redenção.
— A magia da montanha está perdendo as forças, já que o sangue que mancha a neve já está secando! — Fu Xu fala enquanto Cixi, ao ouvir as palavras proferidas por seu marido apenas fica tensa e seu corpo se congela.
Cixi então olha para o marido, que a observa, Fu Xu não sabia o porquê, mas quando viu Cixi seu coração não bateu como ele esperava, apenas sentiu como se uma pequena ferroada tivesse no seu coração, ele apenas queria rever a esposa, e ali estava ela... Mas no encanto, parecia perdido, mas ele sabia que mesmo sem o encanto ele era ainda louco por ela.
— Vovô? — Fu Xu então ouve a voz de sua neta lhe chamando e olha para frente, para dar de cara com Mira parada o olhando com os olhos com lágrimas contidas e um sorriso nos lábios.
— Olá, minha pequena Fire! — Fun Xu diz enquanto sorri para a mesma, que apenas lhe dá um sorriso enquanto se dirige para o seu trono ao lado do marido, que apenas olha para Mira com os olhos preocupados.
Fun Xu observa sua neta ir até o marido com a graça de sua filha, e sorri mais ainda por se lembrar de sua filha.
Oh, a doce e gentil Yuri... Sua Princesinha que ele amara com todas as suas forças, e tentara proteger do destino trágico que a mesma tivera.
Xo Bou e Lótus estavam sentadas no piso de madeira da pequena ponte protegida, que ficava na frente da Casa das Rosas, esperando com que a fina chuva passasse para que elas pudessem faz a caminhada que as mesmas faziam todos os dias, elas tinham o habito de sair de manhã e caminhar pelas ruas de pedra e poeira da Cidade Central maravilhadas com os costumes e comidas dos humanos, já que os Imortais tinham o costume apenas de fazer as festas se fossem aniversários ou casamentos, deixando para os humanos as outras festas... O que elas consideram uma pena, já que muitas daquelas festas eram tão bem decoradas que pareciam ter sido feitas pelos deuses e os Imortais.
— Quando é que essa chuva vai passar? — Lótus pergunta enquanto se deita no chão de madeira colocando os braços embaixo da cabeça.
— Logo, ela já está fina. — Xo Bou diz enquanto observa sua irmã com os cabelos negros como uma nuvem ao redor da sua cabeça e os olhos violetas a decorarem sua face de boneca.
— Eu quero sair um pouco! — Lótus diz enquanto se vira para ficar com os cotovelos contra o piso e as pernas a balançarem no ar, enquanto bufa como uma criança mimada fazendo com que sua irmã dê uma risada, que ela esconde com a manga do vestido.
Assim que ela olha para o céu, Xo Bou consegue ver que as pequenas gotículas de água estavam se tornando quase inexistentes e que os raios de sol estavam a atravessar as barreiras de nuvens pesadas, que se encontrasse a pintarem o céu de uma pintura negra e sombria.
— Olha, Lótus, parece que os Deuses ouviram seu pedido! — Xo Bou fala enquanto coloca a palma da mão para fora da parte protegida da Casa das Rosas e sente apenas uma pequena fisgada de algo pontiagudo, mas logo depois apenas o vento a deslizar pelo ambiente.
Assim que ouve o que sua irmã disse, Lótus se vira para dar de cara com o sol a deslizar entre as nuvens negras e iluminar o céu com sua forte e calorosa luz, fazendo com que Lótus dê um pulo e corra em direção aos portões do grande Palácio, deixando para trás Xo Bou, que apenas ri.
Lótus corria como se sua vida dependesse disso, como se ver o sol, as pessoas, sentir o cheiro que deslizava no ar fossem o seu alimento, mas ela queria mesmo era sair daquele palácio sufocante que parecia ter feito dela sua refém.
Ao virar num corredor ela acaba batendo contra algo sólido e quente, o que faz com que ela caia no chão com tudo, enquanto olha para o nada.
— Lótus, o que está fazendo correndo pelo corredor? — Ela ouve uma voz masculina lhe reprimir, mas apenas retira os cabelos que lhe cobriam a face.
— Está fazendo sol e eu quero ir ver as barracas e comer bolinho de peixe! —Lótus diz enquanto se ergue e sorri para o jovem homem que estava na sua frente.
— Mas cadê sua irmã?
— Xo Bou? Ela... — Lótus diz e se vira, e quando vê que sua irmã não estava atrás de si apenas leva uma mão até a nunca e coça, enquanto olha para o jovem homem e lhe dá um sorriso envergonhando e diz: — Bem, ela estava bem atrás de mim, não sei o que aconteceu para ela não estar agora!
Assim que termina de falar, Lótus apenas balança o peso do corpo entre uma perna e outra, sua face de boneca se encontra vermelha e seus olhos fogem dos olhos negros do jovem homem que estava parado na sua frente.
— Lótus, quantas vezes eu tenho que lhe dizer para não sair correndo? — Xo Bou diz quando se materializou ao lado da irmã, fazendo com que os outros que estavam por perto pulassem de susto e olhassem para a jovem Princesa, que tinha aparecido ali como um fantasma.
— Nada mais, nada menos, vamos! — Xo Bou diz quando se vira e dá de cara com olhos negros a observando.
Amir se encontrava parado na frente de Xo Bou apreciando cada detalhe daquela jovem Princesa que se encontrava na sua frente, e a mesma se encontrava paralisada ao observar os olhos negros de Amir e se lembrar do que acontecerá na noite anterior...
Os beijos, os lábios, as mãos... Não saíam da cabeça da jovem Princesa, que se sentia como se estivesse dentro de um caldeirão.
— Posso saber aonde as Princesas vão? — Amir pergunta para Lótus, que apenas sorri enquanto Xo Bou o observa.
— Vamos caminhar um pouco e comer bolinhos de peixe! — Lótus diz enquanto junta as duas mãos num sinal de oração, mas na verdade ela apenas estava maravilhada porque poderia comer seu tão querido bolinho de peixe.
Amir ao perceber que Lótus parecia maravilhada com o tal bolinho de peixe, apenas dá uma pequena e quase silenciosa risada, que não passa despercebida por Xo Bou, que apenas o olha.
— O que acham se eu for com vocês? — Amir pergunta enquanto começa a caminhar em direção os portões do grande Palácio, fazendo com que Lótus e Xo Bou troquem uma breve troca de olhares.
Lótus dá de ombros e corre atrás de Amir, deixando para trás Xo Bou, que apenas suspira e caminha até Amir, que estava a esperando com um sorriso nos lábios.
As ruas da Cidade Central estavam todas decoradas com pequenas lamparinas de papel colorido e doces aromas, fazendo com que Lótus olhasse tudo maravilhada, ela não conseguia tirar os olhos das pequenas lamparinas que decoravam as ruas da cidade, e nem das barracas de enfeites para cabelo que estavam espalhadas de ambos os lados, enquanto que Xo Bou e Amir estavam caminhando um do lado do outro, com seus ombros a se encostarem algumas vezes.
Xo Bou se sentia tensa e como uma jovem boba ao lado de Amir, enquanto ela estava apertando o tecido do seu vestido, como se fosse um objeto que impediria ela de tocar nele. Rapidamente Xo Bou olhou pelo canto do olho esquerdo para Amir e pode visualizar sua barba por fazer, o pescoço largo, a face limpa e os lábios carnudos menores quase femininos, mas mesmo assim, tudo aquilo parecia atraí-la como uma pequena mariposa em direção a uma chama de uma lamparina.
— Xo Bou, Xo Bou, venha aqui! — Lótus diz com a mão esquerda a balançar de um lado para o outro no ar enquanto que Xo Bou caminha até ela.
Assim que chega onde está Lótus, pôde observar que sua irmã tinha parado na frente de uma pequena banca de enfeites para cabelo, todos decorados com delicadeza, na frente delas tinham brincos, colares, pulseiras e pentes, todos decorados com belos detalhes que pareciam não passar despercebidos pelos olhos de quem os fabricavam.
— Olha, esse daqui combina com você! — Lótus diz erguendo um pequeno pente todo dourado com uma flor feita de ouro presa, e com pequenos fios de pedras douradas que faziam charme.
— É lindo, Lótus, mas você sabe que não gosto muito desses enfeites! — Xo Bou fala, mas parecia que sua irmã não a estava ouvindo, já que pega um pente feito de pequenas pérolas, que coloca na cabeça, enquanto observa por um pequeno espelho feito de prata.
— Mas, Xo Bou, você sempre teve os mais lindos enfeites de cabelo e nunca usara, só usara um e esse foi há muito tempo, não acha que está na hora de voltar a usar por mais tempo? — Lótus pergunta enquanto pega um pequeno brinco de sino todo decorado com pedras rosa e coloca na orelha.
— Lótus, eu... — Xo Bou não conseguira terminar o que estava preste a falar, já que sua atenção se voltara para a banca na sua frente.
Seus olhos estavam presos em duas pulseiras feitas de couro entrelaçado e com uma moeda da sorte entrelaçando os couros, ela apenas ficara olhando até ver uma mão ir até as duas pulseiras, e sentira que alguém erguia a sua mão e algo macio era colocando na mesma, a fazendo olhar para o próprio pulso e ver que a pulseira que ela tinha visto se encontrava no seu pulso.
Sem acreditar ela olha para a pulseira no pulso, seus olhos se sentem tentados a olhar para quem fora a pessoa que colocara a pulseira ali, a fazendo erguer o rosto e dar de cara com os olhos negros de Amir, que a olhava enquanto o mesmo erguia o pulso, mostrando que também tinha uma pulseira no mesmo estilo que a dela.
— O que? — Xo Bou pergunta, mas antes mesmo que ela pudesse fazer alguma outra pergunta Amir apenas lhe toca com o dedo nos lábios, a fazendo ficar quieta e o olhar assustada pelo fato dele a estar tocando em público.
— Quieta, a sua irmã pode te ouvir! — Amir diz enquanto desliza a mão esquerda pelo braço coberto de Xo Bou, até a sua mão e a dela se entrelaçarem, como se pequenos fios de eletricidade estivessem os unindo.
Xo Bou apenas sorri para ele enquanto entrelaça sua mão na dele.
Enfim ela tinha dado um passo na direção dele, suas mãos unidas, a pulseira... Era um sinal de que ela conseguira chegar onde devia, ou era apenas uma ilusão que a qualquer momento iria se desfazer na sua frente?
Ela não sabia, mas ela apenas queria aproveitar esse momento.
— Olha, olha! — Lótus diz com o dedo apontado para o alto, onde uma lamparina movida por uma pequena vela estava a deslizar pelo céu, o pintando com sua cor vermelha.
— Por que eles estão soltando as lamparinas de dia? — Xo Bou pergunta enquanto sente o calor de Amir na sua mão entrelaçada a dela.
— Eles estão testando as lamparinas para o Festival das Lanternas! — Amir diz enquanto observa a pequena lanterna se perder no céu azul com pequenas nuvens negras que sobraram da breve chuva.
— Festival das Lanternas? — Lótus pergunta enquanto se coloca na frente dos dois, fazendo com que Amir tenha que esconder as mãos entrelaçadas dele e de Xo Bou atrás das costas.
— Sim, é o Festival que minha mãe mais amava, e que se tornou uma tradição! — Amir fala enquanto sorri para o céu e logo depois se vira para Lótus e diz: —Terminou? Tenho que voltar para o palácio por causa do treinamento!
— Sim!
Logo depois eles se colocam a caminhar entre as pessoas, Xo Bou se sentia feliz pela primeira vez em muito tempo, mas ela não sabia se aquela felicidade era verdadeira ou falsa, mas ela só queria aproveita-la. Ela rapidamente olhou para Amir, que olhava para a frente e não pode deixar de sorrir...
Ela viveria!
Então seus olhos captaram fios brancos flutuando no ar, e ao olhar melhor ela pode ver uma mulher de longos cabelos brancos parada não muito longe deles, os observando. Ela parecia um anjo, mas dava para ver o vestido rosa com uma pequena mancha vermelha, da qual Xo Bou acho que poderia ser sangue, mas a mulher apenas a olhava... Com os olhos da cor da Lua e em seus lábios vermelhos se podiam ver um sorriso que se misturava com o sangue que deslizava por eles... Era um sorriso de alguém que estava feliz... Mas se Xo Bou tivesse prestado a devida atenção teria visto a pequena lágrima que deslizara de seus olhos antes da mesma desaparecer entre as pessoas.
Todos nós temos direito a um dia de sol.
E Xo Bou e Amir tiveram o dia deles, seus corações se encontraram e naquele momento tudo que eles queriam era que aquele dia de sol logo após a chuva continuasse por algum tempo, porque eles sabiam que uma tempestade estava a caminho, assim como sabiam que aquele dia de sol era apenas uma ilusão...
Eles queriam vivê-lo o máximo que poderiam.
Enquanto uns tem seus dias de sol, outros se encontravam em meio a uma tempestade que poderia devastar tudo que encontrava pela frente, com sua forte rajada e com sua chuva que poderia descer como navalhas...
Cixi estava sentada num trono na Grande Sala do trono olhando seu marido conversar com o Rei de Kon, ela observa com os olhos violetas como se fossem olhos de rapina observando à presa.
— Não acha que está sendo injusta? — Ela ouve uma voz masculina lhe dizer enquanto alguém lhe oferece uma taça de gelo com vinho dentro.
— Porque eu estaria sendo injusta, Volkan? — Cixi pergunta enquanto leva aos lábios a taça e deixa com que pequenos goles de vinho molhem sua garganta seca.
— Porque você olha seu marido desconfiada, parece que você teme que ele roube seu trono enquanto o que ele apenas quer é você! — Volkan diz enquanto leva a taça aos lábios e deixa sozinha uma Rainha que apenas se sente acuada.
— Fun Xu nunca quer apenas uma coisa, se ele quer uma coisa ele também vai querer o pacote completo! — Cixi sussurra para si mesma enquanto aperta a taça na mão.
Ela sabia que Fun Xu nunca iria querer apenas uma coisa, ela tinha aprendido isso quando viveu com ele. Ela sabia dos poderes dele e também sabia que ele nunca a perdoaria pelo que ela fez, mesmo que a amasse com todo o seu coração, Fun Xu ainda guardava magoas da esposa que o fizera prisioneiro na Montanha da Redenção apenas para conseguir o trono.
Cixi leva outra vez a taça aos lábios e bebe todo o líquido que tinha.
Seus olhos estavam no seu marido, que rapidamente a olhou e ela soube naquela hora que ele queria falar com ela, uma hora ou outra isso ia acontecer... Eles teriam que se falar, agir como marido e mulher, como Imperador e Imperatriz enquanto que entre quatro paredes eles estariam com as guardas erguidas e com as espadas debaixo dos travesseiros, porque não confiavam um no outro.
Suspirando Cixi apenas confirmou com a cabeça que o encontraria.
Ela sabia que uma tempestade estava vindo com seus trovões e rajadas de vento... Ela apenas esperava que com essa tempestade ela pudesse colocar um ponto final em tudo aquilo.