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19.44% Rebirth - O Despertar / Chapter 14: Reencontro

章節 14: Reencontro

O último sino do dia ecoou pelos corredores, anunciando o fim das aulas. Eu estava sentado na minha carteira, absorto em um caderno, rascunhando palavras que se transformavam lentamente em frases, parágrafos, uma história.

Ao meu redor, os colegas de classe se levantavam, conversavam animadamente sobre planos para depois da escola, mas eu estava alheio a tudo, concentrado em meu próprio mundo.

— O que você tá escrevendo aí, Shin? — A voz de Seiji me trouxe de volta à realidade. Ele se inclinou sobre minha mesa, tentando espiar o que eu estava fazendo.

— Nada, só rascunhando umas ideias — respondi, tentando desviar o caderno para longe do seu alcance, mas Seiji era rápido e já havia pegado o caderno.

— Ei, devolve isso! — tentei puxar o caderno de volta, mas Seiji já o estava lendo.

Rintarou, que estava perto, se juntou a ele, e ambos começaram a folhear as páginas.

— É uma história? — Rintarou perguntou, surpreso, enquanto lia alguns trechos.

Eu acenei de leve, sentindo um calor incômodo subir pelo rosto. Era a primeira vez que alguém lia algo que eu havia escrito.

— De quem é essa história? — insistiu Rintarou, ainda mais curioso.

— É... minha — murmurei, quase inaudível. Seiji e Rintarou se entreolharam, surpresos.

— Sua!? Uau, Shin, você realmente nos surpreendeu dessa vez. — Seiji comentou, devolvendo o caderno. — Nunca imaginei que você fosse escrever algo.

Fiquei em silêncio por um momento, organizando meus pensamentos. Olhei para o caderno, ainda um pouco constrangido, mas decidi abrir o jogo.

— Eu... comecei a ler uns livros recentemente, como o livro que o Rin me indicou. Me inspirou a tentar escrever algo — murmurei, ainda um pouco nervoso.

Rintarou sorriu e assentiu, parecendo compreender.

— Isso é ótimo, Shin! Mas você sabe que escrever uma história é um grande desafio, né? — Rintarou disse com um sorriso de incentivo — Requer muito tempo e dedicação.

Assenti, sentindo um misto de ansiedade e determinação.

— Eu sei... mas quero tentar mesmo assim — respondi, sentindo uma mistura de nervosismo e entusiasmo.

Seiji me deu um empurrão amigável no ombro, com seu sorriso largo e encorajador.

— Estamos torcendo por você — disse Seiji. Com um último sorriso de incentivo, eles se despediram e foram embora.

Quando eles saíram, fiquei um momento parado, refletindo sobre o que havia acabado de acontecer. Meus amigos me apoiavam, o que me dava um pouco mais de coragem.

A escola estava barulhenta, ainda com muitas conversas e risos. Eu precisava de um lugar mais silencioso para me concentrar. As conversas ao meu redor se transformaram em um murmúrio distante enquanto pensava em um refúgio.

A biblioteca parecia o lugar perfeito. Peguei a chave na sala dos professores e me dirigi até lá

Quando cheguei, senti uma onda de alívio. A biblioteca estava quase deserta, um santuário de tranquilidade em meio ao caos da escola. Escolhi uma mesa perto da janela. Sentado ali, comecei a reler a história que havia escrito até o momento, tentando encontrar pontos a melhorar ou desenvolver.

Enquanto pensava no que escrever, meus olhos foram atraídos para o campo de atletismo do lado de fora. Os membros do clube estavam praticando, e para minha surpresa, vi Yuki entre eles. Eu não sabia que ela fazia parte do clube, mas pensando bem, fazia sentido. Ela sempre se destacava nas aulas de educação física.

Observá-la me deixou fascinado; ela corria com uma graça e uma determinação que eu nunca tinha notado antes, como se estivesse perseguindo algo.

— Yuki, a respiração! — alguém do clube gritou, enquanto ela corria.

— Continue firme! — disse outro

Me peguei sorrindo ao ver o esforço e a dedicação dela. Mas logo me lembrei do caderno à minha frente e da história que eu deveria estar trabalhando. Olhei para as páginas em branco e suspirei.

— Droga, me distraí... — murmurei para mim mesmo, tentando voltar ao trabalho.

Escrevi algumas linhas, mas não consegui parar de olhar para ela do lado de fora. Decidi que precisava de uma mudança de ambiente para clarear a mente, então arrumei minhas coisas e saí do local.

Enquanto caminhava pelos corredores vazios, pensei em como era estranho estar escrevendo uma história. Era algo tão novo para mim, algo que nunca tinha imaginado fazer. Se eu não tivesse ligado para Rintarou naquele dia, eu provavelmente estaria em casa jogando ao invés de estar tentando escrever algo.

Enquanto caminhava para casa, o céu estava tingido de um belo tom de laranja pelo pôr do sol. As ruas estavam movimentadas, cheias de pessoas indo e vindo, conversando e rindo. Era uma cena reconfortante.

Quando cheguei em casa, cumprimentei minha família e fui direto para o quarto. Sentei-me na escrivaninha, pronto para continuar escrevendo e tentar encontrar o fio que conectava todas as ideias da história, mas fui interrompido por vozes na sala de estar.

Curioso, me aproximei silenciosamente da escada e fiquei escutando.

— Ah, você voltou! — Ouvi a voz da minha mãe, calorosa mas surpresa.

— Sim, consegui um tempo livre — A voz era familiar, mas não consegui identificar de imediato.

Intrigado, desci as escadas, pensando que poderia ser algum conhecido da minha mãe. Quando cheguei à sala, meus olhos se arregalaram.

Era meu pai.

Ele estava sentado no sofá, com um sorriso calmo. Hana estava animada ao seu lado, segurando sua mão.

— Pai...? — minha voz saiu num sussurro incrédulo.

Ele tinha se mudado para uma cidade distante há algum tempo, para trabalhar em uma empresa. Tinha tentado nos convencer a nos mudar com ele, mas a vida ali era boa, e mudar parecia difícil e desnecessário.

— Olá, Shin. — Ele sorriu, mas havia um cansaço em seus olhos. — Desculpe aparecer assim, de repente.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando manter a voz firme, mas sentindo um nó de nervosismo.

— Consegui uma folga no trabalho e achei que era uma boa oportunidade para visitar — ele explicou, forçando um sorriso que não alcançava seus olhos.

Havia um cansaço profundo ali, algo que eu não via desde antes de ele partir. Talvez ele estivesse lutando para encontrar as palavras certas ou tentando esconder a verdadeira razão de sua visita.

Senti um misto de confusão e ressentimento, lembrando de todas as promessas de visitas que ele nunca cumpriu.

— Vamos jantar fora hoje para comemorar, então! — anunciou minha mãe, tentando aliviar a tensão.

Concordei com um aceno, ainda processando a presença dele ali. Depois de tanto tempo...

No caminho para o restaurante, permaneci em silêncio, imerso em pensamentos. A relação com meu pai sempre foi cordial, mas distante. Na última vez que estivemos tão próximos, foi para uma despedida apressada na estação de trem.

Desde então, nossas conversas se resumiam a breves ligações e mensagens formais, cheias de 'como vai?' e 'está tudo bem?'. Ele tentava disfarçar o desconforto com uma piada, mas o silêncio que se seguia falava mais alto do que qualquer palavra.

Quando finalmente chegamos ao restaurante, era um local aconchegante, com uma luz suave que criava uma atmosfera acolhedora. Nos sentamos perto de uma janela, de onde podíamos ver as luzes da cidade começando a brilhar.

Hana estava animada, folheando o cardápio, enquanto minha mãe e meu pai discutiam suas opções.

Eu estava quieto, ainda tentando entender a súbita presença do meu pai. 

— Então, vamos pedir algo? — perguntou minha mãe, enquanto folheava o cardápio ao lado de meu pai.

— Sim... — respondi, distraído, enquanto examinava as opções do menu.

Hana estava animada, olhando todas as opções disponíveis e discutindo com o pai sobre o que iria escolher.

— Quero este aqui! — exclamou, apontando para uma foto de uma sobremesa enorme.

— Calma, Hana. Vamos escolher o prato principal primeiro. — ele respondeu, rindo.

— ...

— Então... você tem estado ocupado na escola? — ele perguntou casualmente, enquanto olhava o cardápio.

— É... um pouco — murmurei, brincando com meu guardanapo.

Hana, sempre animada, aproveitou a oportunidade para se gabar.

— O Shin está escrevendo uma história! — exclamou, com os olhos brilhando de entusiasmo.

Meu pai ergueu as sobrancelhas, surpreso, e pousou o cardápio.

— Sério? Do que se trata? — perguntou, com uma curiosidade sincera na voz.

Eu me senti um pouco desconfortável com o foco sobre mim, então dei de ombros.

— Ainda não sei direito... só umas ideias que estou tentando colocar no papel — disse, tentando manter a conversa leve.

O garçom chegou com nossos pedidos, e a conversa foi interrompida. Enquanto comíamos, meus pais conversavam sobre o trabalho e como minha mãe estava administrando tudo em casa. Tentei me envolver na conversa, mas minha mente estava em outro lugar.

Enquanto todos comiam ouvi uma voz familiar na mesa ao lado. Olhei discretamente e não pude acreditar.

Vi Yuki, sentada com sua família.

Por um momento, nossos olhares se encontraram. Senti meu coração acelerar e rapidamente desviei o olhar, tentando agir naturalmente.

O que ela estava fazendo ali? A coincidência de estarmos no mesmo restaurante me deixou... com um leve desconforto

— Já volto, vou pegar algo para beber — anunciei, levantando-me. Precisava de um momento para me recompor.

No bar de bebidas, olhei as opções enquanto pensava no que estava acontecendo. Estava prestes a pegar um refrigerante qualquer quando Yuki apareceu ao meu lado. Ela também ia beber algo.

Troquei um breve aceno de cabeça com ela, sentindo uma onda de nervosismo crescer. Tentamos não parecer conscientes da presença um do outro, mas a tensão era palpável, como uma corda esticada prestes a quebrar

De repente, para tentar parecer mais maduro, decidi pegar um café preto, embora não gostasse muito. Peguei o copo e dei um gole, mas... esqueci de colocar açúcar.

O sabor amargo quase me fez engasgar, mas me controlei para não fazer uma careta na frente dela.

— Ei, Yuki, pode pegar para nós também? O de sempre, por favor! — ouvi a voz de alguém da família dela. Ela assentiu e começou a encher mais copos.

Enquanto ela enchia mais copos, fiquei ao lado dela, tentando não parecer nervoso. Quando ela terminou, trocamos outro breve aceno antes de eu voltar para a minha mesa.

Meu pai notou a interação, e sorriu.

— Quem era aquela garota? — perguntou, curioso.

— Uma colega de classe — respondi, tentando minimizar a situação.

— Ah, ela é bonitinha, é sua namorada? — comentou ele, sorrindo.

— Querido, não diga isso — minha mãe o repreendeu, rindo. Eu apenas balancei a cabeça, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas.

Enquanto terminávamos a refeição, meus pais continuaram a conversa sobre o trabalho de meu pai e as novidades da cidade. Hana estava animada, contando histórias da escola. E eu, continuava quieto, perdido em pensamentos.

Meus olhos, constantemente atraídos para a mesa ao lado, onde Yuki estava sentada com sua família, não conseguiam se fixar no prato à minha frente.

Cada vez que nossas olhares se encontravam, meu coração dava um salto, e eu rapidamente desviava o olhar, fingindo interesse em qualquer outra coisa. Ela parecia tão à vontade, sorrindo e conversando, enquanto eu me sentia um intruso em minha própria vida.

Após a refeição, enquanto meus pais pagavam a conta, Yuki se afastou da sua família e se aproximou de mim. Ela mostrava um leve nervosismo, mas havia uma firmeza em seu olhar.

— Shin... não conte para ninguém sobre hoje, tá? — Ela desviou o olhar, uma leve cor surgindo em suas bochechas. — É meio constrangedor... — completou com um sorriso nervoso, os olhos evitando os meus.

Honestamente, eu não entendi o que ela quis dizer com constrangedor, mas apenas assenti.

— Claro, não vou contar — respondi rapidamente, tentando esconder minha surpresa por ela estar falando comigo tão diretamente. Era raro vê-la tão vulnerável, e isso me fez perceber o quão pouco eu realmente a conhecia. Senti uma onda de empatia, mas também de nervosismo.

— Obrigada — ela respondeu, dando-me um leve sorriso antes de voltar para sua família. Observei-a sair, ainda sentindo o coração bater um pouco mais rápido.

"Mas isso não te constrange?" pensei, enquanto olhava para Yuki sair, ainda usando seu uniforme do clube de atletismo.

Após sairmos do restaurante, entramos no carro. Meu pai sugeriu que fôssemos ao parque no fim de semana, algo que não fazíamos há muito tempo. Concordei, mais por cortesia do que entusiasmo, ainda processando o retorno dele. 

O silêncio preencheu o espaço entre nós enquanto ele dirigia pelas ruas iluminadas pelos postes. A cidade passava pela janela, mas minha mente estava longe dali.

A súbita chegada dele ainda me deixava com um nó no estômago. Depois de tanto tempo afastado, ele estava ali, agindo como se nada tivesse mudado.

Mas tinha mudado. Eu havia mudado.

Olhando de canto, vi sua expressão relaxada enquanto guiava o carro, como se aquele fosse apenas mais um dia comum para ele. Para mim, no entanto, ainda era difícil entender o que eu deveria sentir.

Suspirei baixinho, apoiando a cabeça contra o vidro. Não sabia ao certo o que esperar daquele fim de semana.

Mas, de alguma forma, tinha a sensação de que não seria tão simples quanto ele fazia parecer.


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