Mallory estava fora do quarto de Hadeon Van Doren, bandeja na mão, segurando um copo de sangue. Ela suprimiu a vontade de questionar de onde o sangue vinha. Afinal, a ignorância era uma bênção.
Com passos cautelosos, Mallory entrou cuidadosamente no vasto quarto, coberto de escuridão enquanto as cortinas escondiam as janelas. Colocando a bandeja na superfície próxima, ela caminhou até as janelas. Ela então afastou as cortinas, deixando a luz do sol entrar pela janela e iluminar a figura dormindo na cama.
O sol não deveria ferir os vampiros? Mallory questionou em sua mente. Pelo menos, era o que as pessoas diziam no Dia das Bruxas.
Ela levou a bandeja até a beira da cama e a colocou. Seu olhar se demorou em Hadeon, que dormia em êxtase e sem nenhuma preocupação no mundo. Por que ele teria, quando era ele o mestre em causar estresse, não a vítima. O homem tornava as pessoas suas vítimas de tortura.
Mallory não conseguia esquecer a memória de como este vampiro ardiloso a tinha enganado para assinar aquele contrato. Sem resistir e em um momento de rebelião, ela se viu inclinando-se em direção a Hadeon, suas mãos se aproximando de seu pescoço como se tentadas a dar-lhe um bom aperto.
Mas então, para seu horror, os olhos de Hadeon se abriram de repente, fixando-se diretamente nela, deixando-a congelada no lugar.
"Que negócios de macaco você está aprontando logo cedo?" Seus olhos dourados brilhantes se estreitaram para ela.
Esperando te sufocar com minhas mãos! Mallory retrucou em sua mente, enquanto ela observava Hadeon sutilmente estreitar os olhos. Ela ofereceu a ele um sorriso sem jeito e reuniu forças,
"Eu estava, ah, indo arrumar seu cabelo."
"Falar sobre ser assustador logo de manhã. Eu sei que você é minha admiradora número um, mas isso é um pouco demais, até mesmo para você," a voz de Hadeon pingava com diversão seca. Seu olhar penetrou no de Mallory, e por um momento, ela se sentiu como um inseto sob uma lupa.
"..." Você e seus subordinados é que são assustadores! Mallory gritou silenciosamente para ele. Enquanto o olhar de Hadeon se demorava nela, ela poderia apostar que quase conseguia ouvir os grilos cantando no silêncio constrangedor que se seguiu.
"Algo cheira exquisitamente delicioso esta manhã," Hadeon murmurou. Mallory lembrou que tinha trazido a ele um copo de sangue para que ele pudesse ter força para irritá-la mais, pensou sarcasticamente consigo mesma.
"Sim, Mestre Hades. Delicioso sangue de uma alma inocente exatamente do seu agrado, acredito," Mallory ofereceu a ele um sorriso educado e falso. Ela retirou as mãos e disse, "Deixe-me dar—"
Mas quando Mallory alcançou o copo de sangue, Hadeon rapidamente agarrou seu pulso, puxando-a para a cama. Seus olhos se arregalaram de alarme ao se encontrar à mercê do vampiro, seu olhar dourado brilhando com travessura, que pairava acima dela.
"Ah, fresco e quente da fonte," Hadeon ronronou, aproveitando o crescente desconforto de Mallory.
Mallory gaguejou, buscando qualquer desculpa. "Ex-existe uma opção muito mais saborosa esperando por você no copo," ela conseguiu dizer. Ela era jovem demais para morrer!
"Por que se contentar com o segundo melhor quando o verdadeiro banquete está bem aqui?" O sorriso de Hadeon se alargou, seus caninos brilhando perigosamente.
Enquanto ele se aproximava, Mallory entrou em pânico, e rolou para fora da cama com o cobertor em uma tentativa desajeitada de fuga, caindo no chão como um saco de batatas. Ela rapidamente juntou o cobertor ao redor de si e continuou sentada na mesma posição, como se um mero edredom pudesse salvá-la de se transformar em um café da manhã luxuoso.
"O que você está fazendo, macaco?" Hadeon questionou, e um sorriso astuto dançou em seus lábios enquanto ele observava a tentativa de fuga de Mallory. Ao sair da cama, ela rangiu levemente, o que só a fez agarrar o cobertor com mais força. "Tentando entrar para o circo para o meu entretenimento pessoal?"
"Mestre Hades, eu acho que é hora de estabelecermos algumas regras básicas," Mallory começou, sua voz abafada pela proteção do cobertor. Seu coração batia acelerado com a lembrança de quase se tornar seu café da manhã. "Por exemplo, eu estou mais do que feliz em servi-lo, mas morder está estritamente proibido! Veja bem, quando eu era pequena, o médico me diagnosticou com uma grave falta de sangue. É praticamente uma condição médica!"
"Hm." Mallory ouviu Hadeon sussurrar, e seus passos no chão. "Isso é sua maneira de dizer que você precisa beber sangue? Parece que alguém está ansioso para ampliar suas opções alimentares."
Como ele chegou a essa conclusão?! Mallory estava pasma. Ela retrucou, "Eu não quero beber sangue nenhum! Eu sou humana! Eu como comida normal."
"Tsk, criança exigente," Hadeon comentou antes de um sorriso presunçoso aparecer enquanto ele notava Mallory se agarrando ao cobertor. "Você sabe, se você quer me cheirar, tudo o que tem que fazer é perguntar. Não há necessidade de abraçar meu cobertor como se você não pudesse viver sem ele. Eu sei que sou irresistível, mas precisamos de alguns limites aqui."
Mallory cerrou os dentes e soltou o cobertor antes que Hadeon fizesse mais comentários, como se ela estivesse obcecada por seu eu narcisista. Levantando-se, ela o viu pegar o copo e beber o sangue com uma inclinação do copo. Em seguida, ele estendeu o copo vazio para ela, seu olhar fixo nela. Ela se aproximou cautelosamente dele, estendendo a mão para aceitar o copo de sua mão estendida.
Ela pegou o copo e fez uma retirada rápida, pronta para escapar antes que Hadeon decidisse que precisava de uma segunda porção para o café da manhã. "Eu vou, ah, ir trabalhar então," ela o informou, tentando parecer casual.
Mas Hadeon inclinou a cabeça, uma expressão intrigada no rosto. "Você vai ficar bem aqui. Seu trabalho é comigo," ele comentou casualmente, sua voz tingida de diversão. "Além disso, eu tenho uma pergunta para você. Quando você abriu meu caixão, o que estava procurando no cemitério, além de sujar o espaço do meu caixão?"
Mallory franziu os lábios, contemplando sua resposta. "Minha avó mencionou algo sobre um artefato enterrado lá... Uma arma poderosa," ela finalmente respondeu, seu tom cauteloso.
"Que emocionante! Um artefato com poder," Hadeon refletiu, sua expressão tornando-se séria. "De fato parece peculiar que meu caixão foi aberto novamente atrás de uma igreja, especialmente porque me lembro de ter entrado na cova em outro lugar. Uma visita se faz necessária."
"O cemitério?" Mallory perguntou com um franzido.
"Sempre com o cemitério. Você deve ter sido um zelador de túmulos ou um fabricante de caixões em sua vida passada," Hadeon zombou dela. "Você está certa, no entanto."
Eles foram interrompidos por uma batida na porta, e Hadeon deu permissão para entrar no quarto. Ivy logo apareceu dentro do quarto com um envelope, fazendo Mallory perceber que ela não tinha pedido permissão antes de entrar no quarto de Hadeon. Seus olhos se arregalaram levemente quando se voltaram para ele, apenas para encontrar seus lábios torcidos em um sorriso.
"Percebi que você não desejou uma boa manhã desde que entrou. A rudeza não tem limites, né?" Hadeon perguntou. Mallory notou como ele não parecia zangado, mas seus olhos brilhavam como se sua mente já estivesse bolando planos de como tornar sua vida já miserável ainda pior.
"Eu não sabia que precisava dos meus votos quando seu dia brilha tão brilhantemente quanto você," Mallory sorriu nervosamente.
"Ah, os raios da sua adoração estão me cegando. Embora eu goste de um pouco de bajulação pela manhã," Hadeon cantarolou com um canto dos lábios se erguendo. "Mas lembre-se, muita bajulação pode tornar alguém suspeito."
"..." Ele achava que ela estava de fato o elogiando?!
"Senhor Hadeon," a criada ofereceu uma reverência profunda antes de levantar a cabeça. "Você tem uma carta da Dama Chevaliar."
Hadeon pegou a carta e a rasgou para ler. Ele comentou,
"Parece que a notícia do meu retorno já se espalhou. Prepare a carruagem," ele instruiu. Depois, lançando um olhar para Mallory, acrescentou, "Teremos almoço com alguns dos meus velhos conhecidos."
Mais vampiros? Mallory temia só de pensar nisso. Quantos havia?! Ela duvidava muito que Hadeon tivesse amigos humanos. Mesmo que tivesse, seriam provavelmente um dos mais antigos moradores dos túmulos. O nome da dama lhe soava de alguma maneira familiar, pensou consigo mesma.
"Sim, Senhor Hadeon," Ivy respondeu alegremente contrastando com as paredes escuras cor de vinho que os cercavam. A criada se virou e saiu rapidamente.
Mallory ainda estava preocupada com seus pensamentos sobre o número de vampiros andando ao seu redor, o que poderia ter passado despercebido até agora. Isso foi até sua atenção ser subitamente atraída para Hadeon. Seus dedos esguios começaram a desabotoar os botões de sua camisa.
O fôlego dela ficou preso em sua garganta quando ele tirou a camisa, revelando os contornos esculpidos de seus ombros largos e músculos bem definidos, onde seu tronco superior afilava-se para dentro das calças. Seus braços eram tonificados e tatuados, mas num momento estava lá, no outro, havia desaparecido. Com seus olhos dourados olhando para ela como um falcão e seus cabelos espalhados pelos ombros, o homem exalava pura masculinidade.
"Você está esperando para me banhar com água quente ou…" Hadeon a provocou, deixando cair a camisa no chão que ele tinha equilibrado com um de seus dedos.