Quando eu era apenas um garoto, ouvia várias histórias sobre um lugar distante e misterioso chamado Orario.
Diziam que lá existia uma masmorra gigantesca, praticamente infinita, repleta de monstros. Mas o que mais me encantava nessas histórias era o conto de um jovem aventureiro, que enfrentou provações e desafios, criando seu próprio caminho rumo ao topo. Eu sempre admirei esses relatos, me perdendo neles. Mas gostar dessas histórias e querer fazer parte delas são coisas completamente diferentes.
Esse mundo... é cruel.
A linha entre a vida e a morte é tênue, quase inexistente.
Se você acredita que, por algum motivo, chegará a esse lugar e se tornará um herói, um tipo de deus entre os homens... está completamente enganado. No entanto, em minha ingenuidade, pensei de forma otimista. Talvez eu pudesse conhecer uma garota legal, quem sabe até sair com ela. Nada grandioso, nada muito chamativo. Imaginei que poderia levar uma vida tranquila se me mantivesse nos níveis mais baixos da Dungeon.
Mas, como se o destino estivesse zombando de mim, fui atingido por uma realidade brutal.
— Waaaarg!
— Ah, merda!!!
Esse, talvez, fosse o meu verdadeiro destino desde o momento em que pisei nessa maldita Dungeon.
Agora estou sendo perseguido por uma matilha de kobolds. Eles resistem aos meus ataques, não porque são fortes, mas porque... eu sou fraco.
Por que eu não escolhi o caminho mais fácil? Eu não quero morrer assim, não por causa de uns monstros de nível inicial. Se eu pudesse voltar no tempo, daria um soco em mim mesmo por ter assinado aquele maldito contrato na Guilda.
— Waaaarg!
— Ahhh!
Um kobold bloqueou meu caminho, brandindo uma clava. Não podia parar, então, em um reflexo desesperado, saltei e rolei no chão, buscando uma saída. Mas eu já estava cansado de fugir. Nesse instante, uma única pergunta ecoou em minha mente: "Eu realmente vou morrer aqui?"
Minha história mal começou... Eu não sou forte. Nem mesmo busco a força. Não sou sábio, mas também não sou tolo. Então por que, mesmo sendo considerado um covarde eu não estou tremendo nesse momento?
Minhas costas tocaram o chão da masmorra, e sete kobolds me cercaram, suas presas expostas em um sorriso irritante. Aquilo fez com que minhas veias da testa saltassem
"Eu... não vou morrer aqui. Não importa o que aconteça."
Meus dentes rangeram enquanto eu lutava para me erguer. Com uma fúria que eu não sabia que possuía, lancei meu punhal, atingindo a garganta de um dos monstros. O choque congelou os demais por um segundo, mas eu não perdi tempo. Com um segundo punhal, enterrei a lâmina no coração de outro, assistindo-o se transformar em cinzas.
O kobold com a clava tentou me esmagar, mas eu me desviei por um triz e ataquei seu pulso, desarmando-o. Com um movimento rápido, agarrei sua arma com minha outra mão — um machado improvisado — e, antes que dois dos monstros pudessem reagir, eu os golpeei, arrancando suas cabeças com um só movimento.
Agora restavam três.
Eles saltaram ao mesmo tempo. O som que ecoou pela masmorra foi grotesco, como ossos sendo esmagados e carne rasgada. Mas quando a poeira baixou, eu ainda estava vivo.
…
Na calada da noite, um jovem rapaz saiu da masmorra, respirando com dificuldade.
— Haa... huu... haaa...
Eu estou bem... Eu vou ficar bem...
Eu não era o protagonista que seria salvo por uma heroína. Não era alguém que seria protegido por conveniência, nem de longe era forte o suficiente para me proteger.
Mas, pelo menos, eu ainda estava vivo.
— Pelo menos... sou um pouco mais forte agora!