Carlos afastou-se da multidão dos Ofanis e foi à beira de Celestia, a barreira entre seu reino de Luz e o vazio primordial. Somente ele poderia chegar até aquele ponto. Sentou-se alí e começou a refletir:
'Será que eles realmente são reais?' pensou ele, 'Eles me alegram muito, são tão pessoas e distintos, como pessoas reais. Cada um possui uma peculiaridade própria, uma beleza exclusiva. Tenho medo de criar apresso por eles e me entristecer.'
Todo esse drama interior estava o corroendo, causando-o uma sensação incomoda na barriga. Ele realmente sentia que amava aqueles seres. "Não!" Falou ele com voz forte, "Eles são reais, eu os fiz reais. Porém confesso que devo me aproximar mais deles afim de firmar minha certeza."
Com essa decisão, seu coração ficou brando. Ele então, contemplando um pouco mais do vazio de onde tudo foi tirado, decidiu voltar para o convívio dos seus filhos.
Ele assentou-se em seu trono, e dalí, observou todos os Ofanis. Ele notou como cada um dos milhões de milhões de Ofanis agia. E ficou enamorado por toda a complexidade da beleza de suas criaturas.
Cada um interagia de um modo, falava de um modo, encaravam as realidades exteriores e interiores de um modo único. Eles estavam tão felizes, tão satisfeitos, e isso alegrava profundamente o coração de Carlos. Suas alegrias eram as alegrias dele, sua sabedoria era a sabedoria dele, tudo em seu ser era sustentado por ele.
'Não, podem ser meras extensões do meu subconsciente.' pensou Carlos, 'Eles são muito mais que isso, são pessoas, pessoas celestes, pessoas ofanicas.' Isso praticamente tirava todas as suas dúvidas sobre a individualidade e pessoalidade dos Ofanis.
Passou perto do trono um belo Ofani, que logo fez reverência à Carlos. "Aproxime se!" Falou Carlos com uma voz suave. O Ofani então se apresentou diante do trono, e imediatamente com dois dos pares de asas que usava para voar, cobriu os olhos, pois o brilho de Carlos era imenso.
"Como você está?" Carlos perguntou alegre. "Bem meu senhor. Sempre irradiado por tuas maravilhas, não há como não estar alegre." Disse o Ofani com entusiasmo e reverência, com um belo sorriso de gratidão no rosto. Também Carlos sorriu ao notar toda a alegria daquele Ofani e disse: "Tu se chamará Nael, que quer dizer: Aquele que é iluminador pelo criador. Nael alegrou-se ainda mais, e novamente prestando reverência saiu dalí.
Carlos agora havia contemplado intimamente uma de suas criaturas, e suas dúvidas foram todas sanadas. "São belos os meus feitos." Disse convencido, "Eu os amarei e cuidarei de cada um deles, dando-os a conhecer mais de mim." Isso o encheu de determinação, e um brilho nasceu em seu olhar.
Carlos em seu íntimo começou a planejar-lhes um momento de extremo amor e liberdade, um teste para que eles escolhessem a felicidade, e não lhes foste imposta. E assim ele fará, e logo os anunciará seu plano.