No 88º andar da Luminous Entertainment, você encontra o escritório do CEO.
Neste momento, Altair sentava-se em uma cadeira giratória de couro à frente de sua mesa, aparentemente envolto pelo encosto e pelos apoios de braço da cadeira. Ele inclinava-se levemente para trás, inclinando a cabeça para um lado, com os olhos semi-cerrados, massageando as têmporas.
Em cima da mesa havia uma caixa trazida da residência de Elvira, contendo a relíquia lupina que estava desaparecida por anos — a Coroa de Louro.
Para ser exato, não estava perdida, mas sim tomada por Lorcan sem o consentimento de Altair.
Altair, de olhos fechados, alcançou dentro da caixa e pegou a Coroa de Louro, virando-a em suas mãos. Era um dos heranças da família Sterling, simbolizando a glória e a honra da família lupina Sterling, bem como seu insígnia de lobisomem.
Sendo descendente de lobisomem e vampiro, ele possuía o físico formidável de um lobisomem e a constituição imortal de um vampiro, carregando as responsabilidades de ambas as raças.
Ao acariciar a Coroa de Louro, um sorriso amargo surgia em seus lábios. Pelo menos para a cerimônia de transformação lupina deste ano, ele poderia participar com a insígnia.
"Bip bip"
Um som nítido de notificação de repente ecoou no escritório. Os olhos de Altair se abriram de repente, uma luz fria irrompendo, como se uma fera, totalmente carregada, levantasse-se de sua cadeira giratória.
Ele puxou um smartphone de baixo de sua mesa, exibindo uma mensagem: "Recebida uma reclamação: Suspeita de abuso no Orfanato Const. Um cheiro anormal foi detectado na carta. Investigar imediatamente."
Com o olhar fixo nas poucas palavras na tela, Altair reconheceu o nome do lugar; parecia-lhe familiar. Parecia que as cartas que ele tinha retirado da caixa de correio de Elvira, lá embaixo, eram enviadas do Orfanato Const.
Aos dezesseis anos, Elvira entrou no Orfanato Const e ficou lá até ir para a faculdade. Pouco depois, Altair recebia uma compilação de rumores recentes sobre o Orfanato Const, preparada por Saxon para ele. Entre estes, um e-mail estava marcado como importante — um convite para um jantar do Orfanato Const para seus investidores, incluindo Saxon.
Saxon, sendo o contato nominal para a Luminous Entertainment, recebia vários e-mails externos todos os dias.
"Caro Sr. Sterling,
Saudações! O Orfanato Const está organizando um jantar misterioso exclusivamente para nossos investidores, com os detalhes a seguir:
Hora: 20h do dia depois de amanhã
Local: Salão do Orfanato Const
Estamos preparados para tratar de quaisquer preocupações ou problemas que você possa ter, caso esteja disposto.
Este evento é confidencial, e sua presença pontual é solicitada.
Estamos ansiosos para recebê-lo!
Atenciosamente,
Orfanato Const"
Altair, ao rever o convite, parecia contemplativo.
O olhar de Elvira se desviou da janela para a carta em suas mãos. Ele raramente recebia cartas, apenas uma por ano. Provavelmente vinha do Orfanato Const, ao qual ele apoiava financeiramente; eles lhe enviavam uma carta anual de gratidão. Depois de fazer dezesseis anos, Elvira vivia no Orfanato Const, onde a Professora Ginger lhe fornecia cuidados desinteressados. Como adulto, Elvira trabalhava para ganhar dinheiro para despesas de vida e mensalidades da faculdade, enviando qualquer excedente, por mais modesto que fosse, de volta ao Orfanato Const.
"Querido pequeno Elvira,
Sou a Professora Ginger do Orfanato Const, e estou encantada por ouvir que tudo vai bem com você recentemente. Recebi sua carta e fico tão feliz que você se formou na faculdade. Se tiver tempo, por favor, venha visitar o Orfanato e compartilhe suas experiências da faculdade com as crianças.
Saudades,
Professora Ginger"
No ano anterior, a Professora Ginger lhe escreveu, informando que o Orfanato Const estava sob uma nova direção. Ela mencionava sentir mais fortemente a sua idade, percebendo uma queda em sua saúde e um aumento no seu temperamento, frequentemente provocado por duas meninas travessas no Orfanato. No entanto, ela não conseguia deixar de perdoá-las, pensando na vitalidade que suas travessuras traziam.
Já se passaram quatro anos desde que Elvira deixou o Orfanato Const, e embora ele tenha passado apenas dois anos lá, ele lembrava-se carinhosamente dos seus tempos — árvores frutíferas selvagens na montanha, o jardim de lavanda e a floresta atrás do morro.
O Orfanato Const está localizado nos subúrbios, a uma certa distância do centro da cidade. Chegar lá exigia uma viagem de ônibus até o último ponto, seguida por uma hora de caminhada até a Montanha Const. Há apenas um caminho estreito levando ao cume, mal largo o suficiente para um carro e dois pedestres lado a lado. A subida da montanha levava cerca de trinta minutos.
No dia seguinte, abençoado com um clima agradável, sol quente e uma brisa suave, Elvira estava na base da Montanha Const, olhando para o alto para a cruz imponente apontando para o céu no telhado do Orfanato.
A estrada era bastante suave, indicando uso frequente. No entanto, as florestas ao longo do caminho estavam estranhamente silenciosas, o solo amolecido por musgo úmido e anos de ramos mortos e folhas acumuladas. Ervas daninhas crescidas estendiam-se para a estrada como se tentassem agarrar seus tornozelos. Tudo estava envolvido em quietude.
Elvira lembrava-se de como costumava subir nas árvores ali, colhendo frutas. Naquele tempo, a Professora Ginger ficava embaixo, repetidamente alertando-o para ter cuidado enquanto juntava as frutas caídas. A Professora Ginger insistia que as crianças, sendo frágeis, precisavam consumir frutas diariamente para reforçar seus sistemas imunológicos. Apesar dos fundos limitados do orfanato, a Professora Ginger sempre encontrava uma forma de adquirir frutas.
— Fazer Elvira subir em árvores para colher frutas era um desses métodos.
Em pouco tempo, ele chegou ao cume, e a visão familiar da Igreja Const surgiu à sua frente. Elvira aguçou os ouvidos, na esperança de captar a risada e as brincadeiras das crianças, sons que ele sentia muita falta. Mas havia silêncio. Totalmente quieto, sem um som.
Ele empurrou o portão de ferro preto, e o som do metal raspando contra o chão era irritante para os ouvidos. Ele viu um homem dormindo na mesa dentro da guarita. Elvira bateu na janela, mas o homem não acordou, nem mesmo se mexeu no mínimo. Elvira deu um passo à frente, caminhando pelo que costumava ser o jardim de lavanda.
Agora, o jardim era nada mais do que um terreno baldio sem vegetação sobrevivente, coberto por uma camada de pó ou cinza, como um buraco gigante corroído por ácido, escancarado para o céu.
Sem lavanda. Parecia discordante.
Elvira sentiu que o Orfanato Const havia mudado; era uma mudança geral no ambiente. Não era apenas a ausência da vivacidade e do calor que ele se lembrava, havia algo mais à espreita, embora ele não conseguisse identificar exatamente o que era. Talvez estivesse apenas excessivamente sensível, sempre capaz de sentir muitas coisas indescritíveis que nem mesmo ele conseguia articular. Ele só podia seguir em frente, andando para o prédio principal do Orfanato.
Ele estava no primeiro andar, na estreita escada preta manchada, sozinho.
De repente, de longe veio o som—
"Tap—tap—tap—"
Alguém!
O som de passos adultos era inconfundivelmente claro no corredor vazio. Elvira caminhou em direção ao som e, ao virar uma esquina, colidiu com uma mulher. Ela usava um uniforme azul, que Elvira reconheceu como o traje padrão para a equipe do Orfanato. A mulher, assustada com a súbita aparição de um estranho ao virar a esquina, arregalou os olhos com medo e deixou cair o pano que segurava. Ela deu alguns passos para trás, até levantando a vassoura em suas mãos defensivamente.
"Olá?" Elvira ofereceu um sorriso, tentando parecer amigável, e continuou, "Eu sou Elvira, eu costumava ficar neste Orfanato—"
Ele parou no meio da frase quando percebeu a mulher apontando para as próprias orelhas e balançando a cabeça.
Ela era surda?
Ao pegar o caderno e a caneta que ela oferecia, Elvira passou para uma página em branco e escreveu rapidamente:
"Eu costumava ficar neste Orfanato. A Professora Ginger pediu que eu viesse ver as crianças."
A mulher se inclinou para ler a mensagem no caderno. Elvira notou que seus olhos se arregalaram levemente surpresos, e seu corpo estremeceu. Ela pegou a caneta e escreveu apressadamente algumas palavras que surpreenderam e até chocaram Elvira:
"A Professora Ginger deixou o Orfanato há meio ano."
Ele rapidamente tirou a carta que havia recebido e a cheirou intensamente. Ela não tinha cheiro. As pontas dos dedos de Elvira tremiam; naquele momento, seu sangue parecia ter congelado, transformando-o em uma peça de pedra rígida. Ele sentiu que algo estava errado com a carta, mas inicialmente não conseguiu identificar o que era.
Agora, ele se lembrou — a carta não tinha o cheiro de lavanda característico da Professora Ginger.
```
Um calafrio subiu pela espinha de Elvira, fazendo suas pupilas se contraírem enquanto seus dedos roçavam o papel. Quem teria escrito essa carta?
Elvira mirou a mulher, avaliando-a com um olhar criterioso. Ele apertou o punho, estabilizando sua expressão, e então continuou escrevendo no caderno:
"Eu desejo adotar uma criança. Onde está o Dean?"
Os olhos da mulher vaguearam como se em pensamento, então ela pegou a caneta e escreveu firmemente:
"Posso levá-lo para ver as crianças. Alguém lá é responsável por isso."
Elvira acenou com a cabeça, pegou o pano, e o devolveu à mulher junto com o caderno.
A mulher, segurando o pano e a vassoura, conduziu Elvira até o segundo andar. Seu passo era rápido, olhando para o relógio como se alguém a estivesse perseguindo.
Elvira seguiu, disfarçadamente sentindo o pedaço de papel no bolso, que ele havia sorrateiramente arrancado do caderno enquanto se abaixava para pegar o pano.
Enquanto andava, Elvira observou vários Trabalhadores de Cuidados, todos profundamente absortos em suas tarefas, mal lhe lançando um olhar exceto por checagens ocasionais nos seus relógios de pulso.
Logo, Elvira sentiu-se aliviado ao ouvir o som de crianças brincando e rindo, o que o fez relaxar e aliviar suas preocupações.
No segundo andar ficava a sala de brincadeiras.
As paredes estavam adornadas com desenhos infantis e cantos repletos de brinquedos fofinhos. Perto da janela havia uma televisão e um console de jogos. A sala também contava com um pequeno palco para que as crianças pudessem exibir livremente seus talentos.
A mulher apontou para um homem sentado em um canto. Esse homem, na faixa dos quarenta ou cinquenta anos, usava o uniforme específico do Orfanato. Ele estava lá, olhando para um relógio no canto com uma postura muito séria.
Antes que Elvira pudesse reagir, a mulher virou-se apressadamente e saiu andando, como se tivesse assuntos urgentes a resolver.
Aproximando-se do homem, Elvira disse, "Olá, posso perguntar se você é o responsável aqui?"
O homem virou-se abruptamente, franzindo a testa como se preferisse não ser incomodado. No entanto, ele rapidamente ajustou sua expressão, levantou-se e estendeu a mão calorosamente para Elvira, se apresentando, "Olá, eu sou Georgewill, o supervisor diurno do Orfanato Const. E você é?"
"Elvira Nieva, estou interessado em adotar uma criança aqui." Elvira apertou as mãos de Georgewill.
"Isso é maravilhoso," disse Georgewill, puxando uma cadeira para Elvira sentar-se, "Normalmente, eu te convidaria para o meu escritório no primeiro andar para conversarmos. No entanto, agora é hora do recreio para as crianças, e eu preciso supervisioná-las aqui. Então, teremos que conversar aqui. Espero que você compreenda."
"Na verdade, quero adotar uma criança que goste de mim tanto quanto eu dela. Por isso, estou ansioso para passar um tempo com as crianças antes de tomar qualquer decisão." Elvira aceitou gentilmente a gentileza de Georgewill e sentou-se, assistindo as crianças brincarem enquanto falavam.
"Claro, isso é compreensível. Na verdade, muitas pessoas compartilham do seu sentimento," Georgewill lançou um olhar ao relógio, aparentemente atento ao tempo. "Nós aconselhamos o mesmo, que você brinque com eles e aumente a interação. No entanto, agora são 4:05 PM, e eles têm que ir para a sala de aula no primeiro andar para as aulas às 4:15 PM."
"Você precisará ficar de olho no tempo," Georgewill acrescentou de forma incisiva.
"Serei cuidadoso para não interromper a rotina diária das crianças," Elvira observou, notando que Georgewill relaxou visivelmente ao ouvir isso.
"Então, por favor, sinta-se à vontade."
Elvira levantou-se e observou as crianças, com as bochechas rosadas, os olhos brilhantes e vivazes, e as roupas arrumadas, até as bordas das mangas estavam limpas.
As unhas deles não estavam excessivamente longas nem roídas de maneira irregular.
Ao menos na superfície, as crianças pareciam saudáveis de corpo e mente, inocentes e românticas, e bem-cuidadas.
Mas havia uma que parecia diferente.
Elvira notou uma menininha no canto, brincando com uma boneca enquanto lançava olhares frios e avaliativos em sua direção.
A garota, com uns sete ou oito anos de idade, tinha o cabelo preso em dois rabos de cavalo, usava um vestido plissado e tinha um laço de borboleta em volta da cintura.
Seu olhar parecia maduro demais para sua idade e distinto dos outros crianças. Apesar de suas tentativas de esconder, ela não era páreo para a observação aguçada de Elvira, e ele a notou imediatamente.
Elvira aproximou-se dela, agachando-se para olhar para cima, prestes a falar, quando a menininha o cortou.
"Vá embora, eu não quero que você me adote."
Elvira piscou, a afirmação dela imediatamente despertou seu interesse. A garota à sua frente era como um pequeno ouriço, mantendo todos que se aproximavam à distância.
Assim como ele costumava ser.
Ele deu um passo para trás, com as mãos para cima em um gesto de rendição, e continuou, "Eu me afastei, agora me diga seu nome. Se você me disser, compartilharei um segredo com você, do tipo que ninguém mais sabe."
Elvira sabia muito bem como se conectar com uma criança espinhosa e sensível.
A menininha olhou para baixo, mexendo no rosto da boneca, em silêncio, como se lutasse com uma decisão. Logo, ela sussurrou, "Blair."
"Agora é sua vez de contar um segredo!" Blair olhou para cima, para Elvira, com um olhar ameaçador.
Elvira inclinou-se próximo ao ouvido de Blair, cobrindo a boca enquanto sussurrava, "Eu costumava ser órfão aqui, depois fui embora."
"Você está mentindo." Blair virou o rosto, apertando os olhos, o olhar cheio de desdém enquanto ela balançava a cabeça, "Não sou tão ingênua quanto aqueles porquinhos."
O olhar de Blair tinha uma frieza e desprezo que não condizia com sua idade.
```