Os primeiros dias de aula naquela escola se tornaram turbulentos, pois as 'rodinhas' de amigos já haviam sido formadas, e Naoya fora excluído de formar amizades. O medo dos outros alunos de se aproximar dele era visível, e ele não conseguia mudar essa situação.Suas tentativas de criar amizades já haviam sido fracassadas pelas inúmeras reações de espanto que os outros tinham quando ele chegava perto para conversar. Enquanto estava em sua mesa com a cabeça baixa, ele sentiu a presença de alguém parado à sua frente. Ele levantou a cabeça sutilmente para olhar quem era: um garoto que aparentava ter seus 16 anos e um corpo físico de um jogador de beisebol estava sentado na cadeira de frente para Naoya.Aquele garoto emitia um ar de popularidade que fazia com que Naoya se sentisse inferior próximo a ele. Alguns alunos que estavam na sala olhavam espantados com a súbita coragem daquele garoto de falar com Naoya.
"Hey, Akagawa-san"
Aquelas palavras amigáveis ecoaram pelo ouvido de Naoya, que se sentiu estranho por ter alguém que estava puxando conversa com ele. Ele já havia desistido de tentar criar uma amizade e estava apenas ali, sentado no canto.
'O-Oi'
As palavras falhavam, deixando visível seu nervosismo. Ele tentava manter a calma, mas sentia como se não conseguisse continuar uma conversa ou iniciar uma sem parecer assustador.
"Podemos ser amigos?"
"Por que eu deveria aceitar?"
De repente a sala que estava em silêncio se tornou barulhenta. Aquela pergunta saiu em um tom rude. A tentativa de manter a calma não estava funcionando; Naoya não conseguia agir naturalmente. No seu limite de nervosismo, ele se levantou e caminhou em direção ao banheiro, sendo seguido por aquele garoto que mantinha um sorriso brilhante em seu rosto.Enquanto se olhava no espelho do banheiro, ele tentava manter a calma. Seu medo de errar novamente na tentativa de fazer amizade o estava perturbando e tirando suas oportunidades. Sem aquele rosto assustador, ele era apenas um adolescente comum tentando levar uma vida normal.
"Chefe, isso foi rude. Fugir sem me dar uma resposta foi realmente rude da sua parte."
"Chefe?"
"Desculpe, onde estão meus modos? Eu nem me apresentei antes e já fui na intimidade. Eu sou Akinoshita Rui, mas você pode me chamar só de Rui mesmo."
"Akinoshita Rui? O número 1 do beisebol?"
Aquela apresentação deixara Naoya assustado. Um dos garotos mais famosos da escola, sendo amado e elogiado por garotos e garotas, estava fazendo amizade com ele e, principalmente, chamando-o de 'chefe'. Aquilo parecia até brincadeira, era como se ele fosse um objeto de zombaria.
"P-Prazer em conhecê-lo, Akinoshita-san."
"É Rui, me chame apenas de Rui."
"O-Ok, Rui-san."
Aquela tentativa forçada de criar uma amizade deixava Naoya feliz e bastante assustado também, pois uma pessoa que era famosa em seu círculo de amizade estava tentando fazer amizade com ele, e pensando ainda mais era o primeiro amigo dele desde o primário, a solidão sempre o acompanhou enquanto ele frequentava o fundamental I, o sentimento de solidão e inexperiência sempre o perturbava e o mantinha triste.
Enquanto ele estava comendo seu almoço na sala de aula, uma notificação tomou sua atenção, ele segurou em sua mão seu celular e ao ligar notou um e-mail de um número desconhecido, aquele era o segundo e-mail mandado por alguém que não queria resposta ou que estava apenas zombando de Naoya, estes pensamentos permeiavam ele.
"Parabéns pela sua entrada no instituto mais difícil de ser aceito, te dou meus parabéns pela conquista, a propósito… a contagem regressiva para a chegada da sua futura noiva começou, você está perto de ser mais um 'enrolado pelo fio vermelho', você vai deixar sua promessa acabar sem tentar cumpri-la?"
Aquele e-mail deixou Naoya curioso, alguém que sabia da promessa que ele havia feito quando pequeno estava sempre falando dela como se não quisesse que Naoya esquecesse, seu medo maior era de saber quem estava por trás destes e-mails sem remetente.
A curiosidade por descobrir quem era aumentava a cada dia, aqueles e-mails faziam com que Naoya pensasse sobre o passado e esquecesse que em alguns meses ele se encontraria com aquela que seria sua futura noiva, em um almoço de família, este almoço era apenas para que duas famílias apresentassem seus filhos um para o outro. O encontro dos futuros noivos tinha data e hora marcada, a cada dia que se passava Naoya se aproximava mais deste dia, a sua misteriosa futura noiva não seria mais misteriosa e a decisão de tentar romper este casamento já havia sido tomada ele não havia comentado nada com sua família com medo de ser repreendido por ela, era uma decisão egoísta que não envolvia mais ninguém ele estava disposto a enfrentar o aviso do governo para cumprir sua promessa feita a uma garota na infância.
'Eu estou decidido a ir contra a minha esposa para cumprir o que eu prometi, e não voltarei atrás.'
Enquanto pensava já decidido, o sinal da última aula da tarde havia tocado, ele não havia prestado atenção em nenhuma das aulas que havia passado, e os professores ficaram com medo de lhe chamar a atenção para que prestasse atenção na aula.
"Chefe, você está bem?"
Uma voz ecoou atrás de Naoya, Rui estava parado atrás dele enquanto o olhava atentamente para ele com uma expressão de preocupação em seu rosto.
"Eu estou bem. Não é nada."
"Você tem certeza que não tá sentindo nada?"
"Eu já disse, eu estou bem."
Após dizer isso, ele se virou e foi em direção à sua caixa de sapatos. Ao abri-la, um bilhete caiu. Ele o pegou; não havia remetente. Guardou o bilhete, trocou seus sapatos e seguiu para casa. No caminho, pegou o bilhete que estava em seu bolso e o abriu.Sua expressão rapidamente mudou de apática para assustada.
Aquelas palavras eram da mesma pessoa que mandava os e-mails sem remetente. Esta pessoa agora havia partido para investidas mais assertivas. Era como se estivesse testando o nível de paciência de Naoya e o quanto ele poderia aguentar tanta provocação.
O trajeto para casa se tornou tortuoso devido às inúmeras tentativas de adivinhar quem era a pessoa misteriosa e qual o motivo dela saber coisas pessoais sobre Naoya.
Uma ligação chamou a atenção de Naoya; Sayuri estava ligando para ele após muito tempo ignorando suas ligações.
"Onii-sama, chegou um envelope para você hoje."
"Obrigado pelo aviso, Sayuri."
Aquela notícia sobre o recebimento de um envelope deixou Naoya curioso para saber o que seria aquilo. A situação era algo que só acontecia nos mangás que ele lia. Sua mente se perturbou com fantasias de uma possível confissão de alguma garota. Seria aquilo realmente uma carta de amor? A curiosidade o consumia, então ele foi vencido por ela e abriu a carta para descobrir o que estava escrito.
"Você está tão perto, mas tão longe de encontrar sua amiga de infância. Continue procurando, ou... você será mais uma vítima do fio vermelho. Você irá mesmo abandonar sua promessa?"
Aquele bilhete perturbou a mente de Naoya, que relembrou das palavras de sua amiga antes de ir para casa. Estariam aqueles e-mails sendo realmente mandados por ela, ou alguém que sabia dessas informações estava se passando por ela para fazer uma brincadeira com ele?
Inúmeras perguntas surgiram na cabeça dele. As respostas pareciam inalcançáveis. Toda vez que ele buscava por respostas, surgiam mais perguntas. Aquele jogo psicológico estava afetando a concentração de Naoya em seus estudos. Quando chegou em casa, subiu direto para o quarto, ignorando os cumprimentos de sua mãe e sua irmã que estavam na cozinha.Aquele era um dos raros momentos em que a mãe de Naoya aparecia em casa. Ela estava constantemente trabalhando e não aparecia com muita frequência.
Sayuri ficava responsável por alguns deveres domésticos. Naoya havia ignorado o cumprimento de sua mãe, deixando-a preocupada com a estranha atitude dele. Ela resolveu ir ver o que estava acontecendo com ele.
"Toc, toc."
As batidas na porta ecoaram no quarto de Naoya, que estava deitado na cama, coberto dos pés à cabeça com um cobertor. Sua mãe, ao perceber que não havia resposta, girou lentamente a maçaneta da porta e a abriu vagarosamente.
Aquele quarto escuro aos poucos era invadido pela luz do corredor. Sua mãe se sentou na ponta direita da cama e pôs a mão sobre a cabeça dele. Enquanto acariciava, ouviu leves soluços que vinham de debaixo da coberta.
"Filho, o que está acontecendo? Por que você está chorando?"
Lentamente, Naoya foi abaixando o cobertor; seus olhos marejados, em seu olhar demonstrava aflição, como se estivesse sofrendo por algo ou por alguém.
"Mãe, eu sinto como se estivesse fazendo algo de errado e estivesse magoando alguém que eu não quero que sofra, sei lá, meu coração tá doendo, meu peito está apertado. Eu já não sei mais nem o que pensar, o que será isso? Eu estou doente?"
Quando Naoya se sentou sobre a cama sua mãe o abraçou fortemente, um abraço caloroso e aconchegante de mãe o havia envolvido, ele se acalmou de suas preocupações e aos poucos foi parando de chorar, sua mãe alisou suas costas como símbolo de afeto e ele calmamente adormeceu no ombro dela, aquele abraço era tudo que ele estava esperando, ele estava aguentando tudo aquilo calado, a pressão do aviso, os e-mails, e a promessa que estava com seus dias contados para ser rompido, aquilo estava sufocando ele aos poucos, seus olhos aos poucos foram ficando pesados, ele estava sendo vencido pelo sono, aquela seria a primeira noite que ele dormia bem depois de muito tempo.
"Não se preocupe meu pequeno príncipe, a mamãe está aqui para te apoiar em suas decisões e te dar sempre o ombro de mãe."
Aquelas palavras doces ecoaram pelos ouvidos de Naoya que já havia se rendido para o sono e sua mãe estava sentada ao seu lado acariciando seus cabelos enquanto dormia, após ele adormecer ela se levantou e se retirou do quarto.
Família Hanazawa
"Você está pronta para o seu grande dia, minha princesa?"
Disse um homem de meia idade enquanto segurava um jornal e sorria. As palavras ecoaram pela sala sem resposta. Uma garota de longos cabelos prateados e um porte físico de uma garota do ensino médio apenas o ignorava como se não fosse nada importante.
"Filha, você não vai nem querer dar uma olhada no seu noivo, não?"
"Para que eu faria isso, mamãe?"
Retrucou a garota enquanto se levantava da mesa de jantar e se dirigia para o quarto.
A garota em questão era Yui Hanazawa, número 1 no ranking dos esportes da sua escola. Ela era conhecida como a 'flor do pico nevado', pois nenhuma garota conseguia chegar perto dela, tanto nos estudos quanto nos esportes. Os garotos a colocaram como top 1 em um ranking de garotas bonitas, ou seja, ela era uma beleza tipo SS. A sua fama que gerou o apelido 'Flor do pico nevado' era da sua forma fria de responder às inúmeras confissões que recebia dos garotos da sua turma ou turmas vizinhas.
Ela não entendia muito sobre o amor, mesmo lendo mangás shoujo. Ela imaginava aquilo como uma mera mentira, pessoas que mentiam sobre seus sentimentos para nutrir seu egoísmo. Seu modo de pensar mudou drasticamente quando era uma aluna do ginasial e teve seu coração partido por um dos garotos que ela gostava. O jeito frio e maldoso com o qual ele recusou sua confissão a transformou em uma garota que estava desacreditada no amor e não via mais felicidade em um romance de contos de fadas.
Aquele aviso de casamento era um empecilho que ela não podia evitar. Um garoto desconhecido havia sido escolhido para ser seu futuro marido, alguém que ela não conhecia e nem sabia sobre nada dele. O encontro de apresentação dos noivos estava se aproximando. A união de duas famílias totalmente desconhecidas já estava com a data marcada e apoiada por ambas as famílias.
Aquela decisão não era mais decidida por ela e sim pelo governo. Uma lei que já existia antes mesmo dela nascer unia pessoas desconhecidas a fim de controlar a grande queda na taxa de natalidade e obter os melhores genes. Um futuro incerto a aguardava e ela não sabia como ia ser o seu futuro marido e se iria aceitar aquele casamento tão facilmente. Mesmo que a recusa do noivado não fosse uma opinião e nem uma decisão tomada por ela. Enquanto essa lei existisse, o direito de escolher ou recusar o casamento não era mais escolhido por você mesmo, mas sim por outras pessoas que analisavam ambos os perfis usando a tecnologia avançada.