Princesa Shahnaz POV:
Fazemos mais uma reverência e nos afastamos dos Imperadores, meu esposo me dá a mão e me conduz até os nossos aposentos, que antes era apenas a minha alcova.
Ao adentrar vejo que muitas coisas estão mudadas e tudo está preparado para um casal, muitas flores estão espalhadas por todos os lados, pétalas de rosas espalhadas pelo chão e até na cama, o dossel está adornado com flores e cordões floridos, tudo está lindo, vemos candelabros e castiçais acesos iluminando todo o ambiente e muitos doces e bebidas para nós.
Jahangir estende a mão para mim e com delicadeza me conduz até ele, que está bem no centro da câmara e delicadamente faz um carinho em meu rosto, vamos ficando cada vez mais próximos.
— Posso te abraçar? – ele pede.
— Claro. – digo com timidez e ansiedade.
Jahangir me envolve em seus braços e lembro de quando o abracei, quando estava chorando ao ser atacada na guerra, mas agora é diferente, estou sentindo todo o seu corpo, seu perfume e seus braços me envolvendo, minhas pernas começam a ficar trêmulas.
— Está tudo bem? – ele pergunta.
— Sim, deve ser emoção. – digo.
Sinto desejo de aproximar nossos lábios, mas tenho vergonha de pedir, ele pode achar que sou desavergonhada.
Meu marido suavemente toca seu lábio no meu, me fazendo experimentar uma sensação incrível, mas eu quero um pouco mais, então aproximo novamente os nossos rostos e acho que Jahangir compreende porque me beija novamente, dessa vez é um pouco estranho porque nossas línguas se tocam, mas aos poucos vai ficando mais intenso e saboroso.
Então isso é o beijo entre o casal?
Aos poucos meu esposo vai me conduzindo para o nosso leito e delicadamente vai tirando o meu vestido e as joias, enquanto beija cada parte desnuda do meu corpo, vou fazendo o mesmo com Jahangir e a sensação que tenho é que meu corpo está ardendo, tamanha é a intensidade do prazer que estou sentindo.
Jahangir deita sobre mim e com vigor e poder, me faz sua, mas ávidos e insaciáveis por muito tempo continuamos a nos deleitar nas artes do amor.
— Queria que a noite fosse eterna para poder olhar para você para sempre. – Jahangir diz e faz um carinho em mim.
— Mas isso é impossível, o tempo e o destino não podem ser controlados por mortais. – digo e sorrio.
— O que não pode ser controlado por mortais pode ser influenciado pelo poder do amor. – ele diz e sorri.
— Como que o amor pode impedir o sol de levantar? – pergunto e o beijo apaixonadamente.
— Acabou de fazer. – ele diz e ri.
Despertamos quase na hora do banquete da tarde, seguimos para o banho e nos arrumamos, minhas damas adentram a alcova para me ajudar a vestir meu vestido vermelho e dourado, acinturado e bordado, penteiam meus cabelos, põe o véu, me adornam com colares longos e curtos, pulseiras, anéis, brincos, enfeites para os cabelos, pendente para a testa, coroa, calço meus sapatos, Jahangir veste roupas azuis escuras, logo estamos prontos para descer.
Então seguimos para a celebração do quarto dia do casamento, ficamos sabendo que todos estão exaustos, mas também comemoramos quase até o amanhecer na noite passada.
Quando chegamos ao salão do cerimonial, todos estão celebrando animadamente, mas ao nos ver gritam e aplaudem, brincam conosco, ficam realmente felizes, nos fartamos com o banquete, dançamos, nos divertimos, até o anoitecer.
Quando a lua está alta os convidados começam a se despedir, seguir para suas carruagens, saindo do forte e retornando para suas províncias.
Assim que a celebração termina, o Imperador é levado às pressas de volta para sua alcova, sua febre está altíssima e ele está começando a falar coisas desconexas, está tossindo cada vez mais e geme muito, não sabem se é dor de cabeça, mal-estar ou dor no ventre.
Vashti aconselha fazermos uma pequena viagem após o casamento, mas nos aconselhamos com um astrólogo, que acha melhor ficarmos porque o destino da Pérsia será decidido em poucos dias, segundo ele, o que me deixa mais assustada e temerosa.
Ao longo dos dias continuo indo para a sala do trono para realizar todas as audiências como regente, felizmente vivemos tempos de paz e não há nada, senão as questões triviais do povo para serem tratadas, além da coleta de impostos e da construção da estrada real.
Conforme os dias vão passando a enfermidade do grande Shahanshah vai alcançando graus alarmantes, até que não há mais o que fazer, nossas esperanças minguam, ele definhando e está cada vez mais pálido, recusa-se definitivamente a se alimentar, tosse muito e agora tem sangramento, além das habituais dores que o incomodam tanto.
Despertamos cedo, vamos para o banho, Jahangir se arruma e permite que as damas adentrem para me ajudar, me vestem com o vestido vermelho com bordados dourados, acinturado, com mangas longas e largas, penteiam os meus cabelos e põe o véu, adornam com colar, brincos, pulseiras, anéis, coloco a sapatilha e a coroa e seguimos juntos para o salão do banquete.
Desfrutamos da refeição e da companhia da Imperatriz, Mirza, os nobres e as esposas, conversamos agradavelmente e assim que terminamos somos convocados aos aposentos do Imperador.
O Narrador:
Todos estranham o chamado, mas assim que adentram o aposento reverenciam o Imperador, que está em más condições sobre seu leito.
— Convoquei todos aqui porque tenho que lhes fazer comunicados importantes antes de partir. – o Imperador diz e todos querem refutar sua afirmação, mas ele ergue a mão para os impedir.
— É meu desejo que todos os nobres da corte permaneçam em suas funções, assim como os servos com posições de confiança. – Shahanshah diz.
Um por um dos nobres confirmam sua permanência e agradecem ao Imperador por sua confiança.
— Quero que todos tenham ciência e cumpram a minha ordem coroando a Princesa Shahnaz como sucessora do trono do império assim que eu morrer, tendo como seu principal conselheiro Mir Babak, assim como por todo o meu reinado me serviu fielmente. – o Imperador exige e ele concorda.
— Sirdar Kansbar, meu irmão, peço que você permaneça ao lado de Shahnaz para orientá-la nesses primeiros anos de governo. E o mesmo peço a você, Sirdar Asha. – Shahanshah diz e eles concordam.
— Ela precisará de uma base confiável para se alicerçar no começo e todos juntos darão esse apoio que ela precisará, principalmente você, general Jahangir, seu apoio, estratégias e segurança serão fundamentais. – o Imperador diz e ele concorda.
— Agora podem ir, me deixem sozinho com a minha família. – Shahanshah os dispensa.
Passamos algumas horas ao lado do Imperador, vendo todo o seu sofrimento, enquanto os curandeiros e servos tentam tudo o que podem para manter sua vida pelo máximo de tempo possível com beberagens e preparados, mas de repente o grande Shahanshah dispensa os sábios, que apenas se afastam, permanecendo em um canto do aposento.
Então o Imperador estende a mão para o Príncipe Mirza.
— Filho, quero que me perdoe por ter sido duro tantas vezes com você, mas eu preciso educar um futuro Soberano e não um tirano, sei que você ainda vai crescer e amadurecer e muitas coisas ainda farão sentido para você, tente aprender com a sua irmã, você receberá o trono dela, tenho certeza de que ainda será um grande Imperador. Agora vá e seja feliz. – ele diz, Mirza beija a sua mão chora desesperado.
— Que a glória de meu pai seja eterna. – o Príncipe Mirza diz entre soluços e sai chorando.
Shahanshah se despede de Sirdar Kansbar.
— Meu irmão, nunca me importei com o título de nobreza que nos é diferente, o que nos faz nobre é o caráter e a dignidade, qualidades que jamais lhe faltaram e que tanto admiro em você. Seja sempre feliz, lhe dou parte da minha riqueza, assim como meu coração. – o Imperador diz e Kansbar chora.
Etty, Madge, Ksathra e Ghoncheh também se despedem do Imperador com emoção.
Shahanshah faz sinal para o general se aproximar.
— General, quero dizer que estou muito orgulhoso do seu desempenho heroico diante do meu exército, mas com a minha morte você se tornará Imperador, portanto precisará de um novo general, imagino que deverá recomendar um dos comandantes para essa posição, mas lembre-se de Sarosh para o posto de comandante de tropa, se desejar o harém, ele é seu, no mais, desejo que seja feliz com a minha filha. – o Imperador diz e Jahangir fica atordoado, beija a mão do Soberano e se retira.
Então a Imperatriz é convidada a se aproximar, Vashti olha para o homem que temeu a vida toda, mas também amou e se dedicou integralmente, sente desejo de lhe fazer um carinho, embora tenha receio de ser repreendida.
— Vasthi, sei que não fui o melhor esposo para você, mas tentei lhe dar todo o luxo que o ouro pode comprar, porque sempre soube que merecia por cuidar de tudo por mim, para que eu tivesse uma vida pacífica e tranquila. Graças a você eu fui feliz em todos os momentos, a minha Imperatriz me honrou com o futuro do império, com o orgulho do Imperador, me fazendo descansar em paz e tranquilidade, sabendo que eu terei meu legado salvaguardado, graças a você, minha grande esposa real e minha sempre tão bela e vistosa Vashti. Quero que seja feliz e se lembre de que fez a minha vida completa e feliz, um homem só pode ser grande, se tiver uma mulher da mesma estatura ao seu lado. – Shahanshah diz, a Imperatriz beija sua mão, lhe faz um carinho e chora desesperadamente.
— Que sua glória seja eterna, meu amor. – a Imperatriz diz e se afasta.
Princesa Shahnaz é chamada para se aproximar do leito.
— Shahnaz, desde o seu nascimento és profundamente amada por mim, mesmo que eu nunca tenha lhe dito tais palavras durante toda a sua vida, ainda que eu tenha lhe feito tanto mal, lhe afirmo que um pai sempre tem o anseio de acertar e ver a sua herdeira realizada e feliz, mesmo que eu tenha sido um homem austero e rígido, meu sonho sempre foi ver a sua plena felicidade, como estou vendo agora, como guerreira e mulher, mas apenas você poderia me ensinar esse caminho e com paciência, ousadia e coragem me ensinou... És o orgulho do Imperador, honra e futuro do meu legado, em você estão firmadas todas as minhas esperanças e anseios a respeito do meu império, entrego em suas mãos tudo o que me pertence, a família, a corte, o palácio estão sob seu comando, o exército imperial, o governo das vinte e quatro Satrapias, o domínio de toda a Pérsia, que todos se rendam à soberania da nova Imperatriz Shahnaz Akbar, a reverenciem e façam seus juramentos, porque meu tempo nessa terra se acabou. Seja feliz, meu grande orgulho e saiba que muito me honrou em todo esse tempo, eu a amo. – o grande Shahanshah diz.
— Que sua glória e esplendor prevaleçam, grande Shahanshah, meu pai, eu o amo. – a Princesa Shahnaz diz e o Imperador expira.
Ela fecha seus olhos e chora sua morte.
— Grande Shahanshah acaba de morrer. – um dos sábios proclama e o pranto se espalha por todo o palácio.
Vashti abraça a Princesa Shahnaz e a faz levantar do leito de morte de seu pai, levando-a para fora dos aposentos para que possam preparar o corpo para o funeral, o Príncipe Mirza se junta ao abraço e os três pranteiam por um breve momento, até que a grande esposa real enxuga as lágrimas dos dois herdeiros.
— Grande Shahanshah criou e educou dois herdeiros impetuosos e valorosos, por isso sejam fortes e suportem suas lágrimas por ele, digam a todos quem foi o glorioso rei dos reis e façam valer o seu legado, principalmente você, Shahnaz, agora que será sua sucessora. – a Imperatriz diz e ambos concordam.
Então Mirza e Shahnaz vão para suas alcovas para descansar, enquanto Vashti segue para o harém e nota o quão agitado está, Dara e as servas parecem inconsoláveis, mas fazem e oferecem beberagens para acalmar todas as esposas e concubinas que estão em desespero e pranto pela morte de seu Imperador.
— Por que não nos deixou vê-lo antes de partir? – Omid pergunta assim que vê a Imperatriz e enxuga as lágrimas.
— Shahanshah escolheu as pessoas que desejaria ver antes de sua morte. – Vashti diz.
— Quer dizer que não fomos escolhidas? – Azar pergunta.
— Ele sequer nos mencionou? – Laleh pergunta.
— Apenas que o fizemos muito feliz até o fim de sua vida. – a grande esposa real diz.
Todas suspiram aliviadas.
— Que será de nós agora? – Jaleh pergunta.
— Toda a família imperial será cuidada pelos novos Imperadores, mas o harém talvez seja tomado pelo Imperador, assim como novas esposas e concubinas. – Vashti diz.
— Quando será o funeral do Imperador? – Arzu pergunta.
— Estão preparando o seu corpo, deverá ser amanhã, agora vamos descansar. – a Imperatriz diz.
Todas fazem conforme a grande esposa real ordena e seguem para suas alcovas e cabines, o sol está se pondo, os banquetes estão sendo servidos tanto no harém quanto no salão, mas ninguém os toca, porque não há apetite, apenas tristeza por todos os lados.
General Jahangir Azimi POV:
Desde o momento em que me despedi do Imperador, suas palavras ecoam em minha mente, não consigo deixar de pensar em sua morte e em minhas novas responsabilidades logo depois, mesmo que as rédeas da nação estejam nas mãos da minha Shahnaz, a coroa também pesará sobre a minha cabeça e o título sobre os meus ombros, de tal maneira que juntos teremos que fazer escolhas para o império, uma delas já me é solicitada pelo grande Shahanshah, a escolha o novo general.
Quando o anúncio de sua morte ecoa por todo o palácio, o pranto se espalha com tanta velocidade e desespero que entendemos a importância e o valor do Imperador, logo depois se estende por toda a província que lamenta ruidosamente sua ausência e já clama pela herdeira do trono.
Sigo apressado para os meus aposentos para consolar minha consorte e a encontro estranhamente lívida e quieta, a abraço ternamente e beijo, sei que em seu íntimo há muita dor e gostaria de protegê-la de todo o sofrimento, mas infelizmente não sou capaz, Shahnaz me agarra como quem busca abrigo e depois de muito tempo adormece, deito ao seu lado, mas não consigo descansar, aflito por toda a situação que estamos vivendo.
Levantamos assim que amanhece, nos banhamos, me visto e permito que as damas adentrem a alcova para que ajudem minha consorte. Elas vestem Shahnaz com roupas as vestes reais e o véu, adornam com muitas joias e a coroa, calça as sapatilhas e estamos prontos.
— Você deve se alimentar. – digo.
— Como se não tenho apetite. – ela diz.
— Venha e coma alguma coisa, force-se. – insisto e a levo ao salão do banquete.
Acho que todos pensam o mesmo, afinal encontramos a família e os nobres à mesa nas mesmas condições que nós, em silêncio e com o mínimo de apetite, forçando-se a comer ao menos um pouco. Assim que terminamos, seguimos todos para a sala do trono.
Shahnaz se assenta à esquerda do trono, deixando-o vazio e a Imperatriz à destra, com o Príncipe Mirza em pé, me posiciono ao lado dos nobres, suas consortes e filhos e as esposas secundárias e filhos do Imperador.
Trazem o corpo do Imperador envolto em uma túnica e um manto branco, com os símbolos da nossa religião o masdeísmo ao seu redor, quatro candelabros nas extremidades com o fogo sagrado, avesta, o livro sagrado, acima de sua cabeça, o faravahar, que representa a alma antes do nascimento e após a morte aos seus pés.
— Grande Shahanshah durante os anos de seu reinado, em todo o seu esplendor e glória conquistou a Pérsia, guerreando bravamente e dominando vinte e quatro províncias, inovando a sua maneira de governar transformando-as em Satrapias, enviando Sátrapas para recolherem os impostos, enquanto mostrava ao seu povo sua compaixão permitindo que o povo cultuasse seus próprios deuses e mantivesse suas tradições e costumes. Deu esperança a todos construindo a estrada real, para melhorar o transporte entre as províncias. Os persas jamais esquecerão do Imperador que é o verdadeiro rei dos reis, o grande, temido e invencível Shahanshah Akbar, a ele toda a glória e esplendor para sempre, seu legado jamais será esquecido. – a Princesa Shahnaz diz com a mão sobre o ombro do pai, todos concordamos e aplaudimos.
— Decreto sete dias de luto em toda a Pérsia pela morte de seu Imperador, nada farão senão lamentar e prantear por sua perda. – a Princesa Shahnaz ordena.
Então o sacerdote Hormuzd faz um discurso e uma breve oração, os nobres dizem algumas palavras em honra e agradecimento ao grande Shahanshah, logo depois o levamos em comitiva ao cume do monte, com cuidado posicionamos seu corpo sobre a beirada da roda para que ele seja devorado pelas aves e sua alma e espírito sejam libertos em três dias.
Retornamos para o palácio e nos recolhemos pelo restante do dia, afinal não há nada que nos apeteça fazer depois de momentos tão tristes, minha esposa está resignada e está junto com as mulheres no harém, enquanto elas choram, minha Shahnaz permanece calada.
Princesa Shahnaz POV:
Vashti tem razão quando diz que precisamos ser fortes, ainda mais eu, afinal agora todos esperam que eu seja o alicerce deste império, não devo demonstrar mais as minhas fraquezas e limitações, principalmente agora que a minha coroação se aproxima.
Durante o funeral do Imperador, faço questão de mencionar sua bravura e todo o esplendor e glórias de seu império, para que para sempre seja lembrado e glorificado, todos lançam flores sobre seu corpo e dizem palavras de gratidão e louvam seus feitos, então permito que sigamos com o cortejo para o monte.
Decreto sete dias de luto por sua morte, apenas após esse período será realizada a cerimônia de coroação.
Assim que retornamos, peço permissão ao Jahangir para permanecer com as mulheres no harém, sinto-me melhor com elas nesse momento, conversamos um pouco, enquanto ele vai se distrair cavalgando. Passo o dia todo sendo cuidada pelas servas, que me banham e cuidam da minha pele e cabelos, tentando me alegrar.
Sigo ao salão do banquete, encontro com toda a família e os nobres, nos alimentamos em silêncio e ao terminar, seguimos para as nossas alcovas.
Por sete dias toda a Pérsia pranteia a perda do Imperador, inclusive no palácio, mas os nobres preparam tudo para a grande celebração da minha coroação, que deverá ser no oitavo dia da morte do Imperador, todos estão empenhados e tudo está praticamente pronto até o anoitecer.
Ao chegar em nossos aposentos, Jahangir e eu quase não conversamos, estamos tensos com os acontecimentos de amanhã, apenas trocamos carinhos e dormimos abraçados, sempre sinto seu apoio incondicional e sua proteção.
Despertamos ainda antes do amanhecer, nos banhamos, recomendo que vista as roupas reais e o ajudo, então Pari, Zena e Lila adentram nossa alcova e me ajudam com o vestido vermelho com muitos bordados dourados, acinturado, com mangas longas e largas, penteiam meus cabelos e põe o véu da mesma cor, me adornam com pulseiras, colares longos e curtos, brincos, anéis, enfeites para os cabelos, coroa, calço meus sapatos e logo estou pronta, mais pareço uma noiva.
Seguimos para o salão do banquete e mal tenho apetite, mas Jahangir me obriga a comer ao menos um pouco, todos os nobres e a família estão quietos e assim que terminamos, todos vamos à sala do trono.
Sento-me novamente à esquerda do trono, enquanto Vashti senta à destra e o Mirza em pé ao nosso lado, o general Jahangir e os nobres, suas consortes e filhos, as esposas secundárias do Imperador e filhos estão nas laterais, assim como os comandantes, os Sátrapas e Sirdares de todas as províncias ficando a sala repleta.
— É o momento do cortejo, Alteza. – comandante Cy diz.
— Seu povo espera para aclamá-la. – Mir Babak diz.
Seguimos para a área externa do palácio, Jahangir e eu sentamos nas cadeiras especiais que são como tronos, Vashti e o Príncipe Mirza também, somos erguidos e levados pelas ruas de Persépolis e os nobres nos seguem em comitiva, vamos sendo aclamados pelas ruas principais por onde passamos, todos querem ver a família imperial, tem gente que sobe em árvores e casas para acenar para nós, é bastante emocionante de se ver.
— Mande providenciar um banquete para o povo. – digo para Ashtad, que está ao meu lado.
— Agora mesmo, Alteza. – ele diz.
Somos levados a um trono montado em praça pública, todo o povo continua nos aclamando, vejo toda a corte, os nossos nobres e de todas as províncias ao nosso redor.
Então o sacerdote Hormuzd se põe ao nosso lado e se dirige ao público.
— Nesse dia glorioso e memorável, a valorosa a brava guerreira Shahnaz, escolhida por Ahura-Mazda e pelo Imperador Shahanshah Akbar, cujas habilidades se fazem inquestionáveis e em tudo aprovadas e admiradas pelos homens e por deus, perpetuamente conhecidas de geração em geração, hoje é coroada como Imperatriz da Pérsia. – o sacerdote diz.
Levanto-me do trono.
— Eu, Shahnaz, faço votos de cuidar da Pérsia e de todo o povo que nele habita, seja estrangeiro ou persa, como faço com a minha própria vida e família. – ergo a minha mão direita e digo.
Então a coroa é posta em minha cabeça.
—Nesse dia glorioso e memorável, o valoroso e bravo guerreiro Jahangir, escolhido por Ahura-Mazda, cujas habilidades se fazem inquestionáveis e em tudo aprovadas e admiradas pelos homens e por deus, perpetuamente conhecidas de geração em geração, hoje é coroado como Imperador da Pérsia. – o sacerdote diz.
Jahangir se levanta do trono.
— Eu, Jahangir, faço votos de cuidar da Pérsia e de todo o povo que nele habita, seja estrangeiro ou persa, como faço com a minha própria vida e família. – ele ergue a sua mão direita e diz.
Então a coroa é posta em sua cabeça.
Entregam o cetro e a espada em minhas mãos, todos se ajoelham e curvam suas cabeças perante a nossa presença, os nobres fazem o juramento de fidelidade.
— Juro, pela minha fé em Ahura-Mazda, a ser fiel e leal à Vossas Majestades por toda a minha vida, sacrificando-a por amor e devoção ao império. – a corte jura a uma só voz.
Logo em seguida os Sátrapas e os nobres de todas as províncias, então todos tem permissão para se levantar.
E agora uma grande celebração terá início, ordeno a Asthad que sirva o banquete ao povo, enquanto comemoramos no interior do palácio, acenamos para todos em agradecimento e adentramos.
Entramos no salão do baile e sentamos em nossos tronos porque todos desejam nos reverenciar e saudar, conversam conosco e já tentam estabelecer as primeiras alianças, mas ainda é muito cedo para conversarmos sobre política, embora meu pai tenha me ensinado que todas as ocasiões são importantes para isso, então ouço o que alguns Sirdares tem a nos dizer.
Circulamos pelo salão e entendemos o peso da nova posição, quando o dia finalmente termina, nos recolhemos para a nossa alcova, mas a Imperatriz Vashti me diz que eu devo me mudar para os aposentos do Imperador e deixar que o novo Imperador permaneça em minha alcova, afinal ele deve ter novas esposas e concubinas em breve.
Será que esse é o desejo de Jahangir?
Retorno para os meus aposentos e o Imperador sente que estou estranha.
— Quer conversar? – ele pergunta.
— Agora que você é o Imperador, vai se casar novamente? – pergunto.
— Como que é? – Jahangir pergunta em desespero.
— Vai requerer o harém para você? – pergunto.
— Shahnaz o que está dizendo? – ele pergunta.
— Todos pensam que você vai querer novas esposas e concubi... – vou falando e ele me silencia com um beijo.
— Minha amada, você é a única mulher que eu desejo, não importa quem eu me tornei, meu destino e mundo é Shahnaz! – Jahangir diz, acalmando meu coração turbulento, então nos entregamos ao amor por toda a noite
Na manhã seguinte temos nosso primeiro desafio na sala do trono, escolher o novo general, depois de muito pensar e dos conselhos dos nossos nobres, optamos pelo comandante Cy e para o seu lugar como comandante de tropa, o Sarosh, conforme o desejo de meu pai.
Vivemos tempos de paz e tranquilidade, mas não descuidamos da segurança nas fronteiras e do recrutamento de novos soldados e treinamentos constantes, sempre pode haver uma guerra a qualquer momento, principalmente com a proximidade dos gregos.
Governamos com austeridade, mas também justiça e compaixão mantendo o legado do grande Shahanshah vivo por longos anos, a construção da estrada real fica pronta anos depois e facilita muito não apenas a comunicação entre as Satrapias quanto o comércio e o transporte, deixando nosso povo ainda mais satisfeito e aumentando sua produção e lucro e com isso a arrecadação dos impostos.
— Majestade, nossos espiões dão conta de que os gregos se preparam para atacar a Pérsia. – general Cy diz.
— Quando? – o Imperador questiona.
— Qual o contingente de seu exército? – Sarod pergunta.
— Dizem que marcharão em sete dias, o exército grego tem aproximadamente oitenta e cinco mil soldados, Majestade. – general Cy diz.
— Quando é o nosso contingente atual? – Heydar pergunta.
— É de oitenta e cinco mil soldados. – general Cy diz.
— Temos armamentos o suficiente para essa investida? – Mir Babak pergunta.
— Sim, cem mil espadas, punhais, lanças e escudos, trinta mil arcos, cem mil flechas foram forjadas e esculpidas a tempo. – general Cy diz.
Olho para o Imperador por um momento e o vejo concordar.
— General Cy, prepare as tropas, vamos marchar contra a Grécia essa noite e vamos conquistá-la. Avante Pérsia! – digo e todos repetem a última parte.
Sou Shahnaz o orgulho do Imperador e jamais desistirei de uma batalha!
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