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9.37% DragonSky / Chapter 3: III - Amanhecer com Café

章節 3: III - Amanhecer com Café

No raiar dos primeiros feixes de luz do sol todos começaram a acordar, eu abri meus olhos e olhei para cima, o teto estava iluminado com uma luz azulada, Havia um cheiro de grama molhada no ar, me perguntava se era por causa do orvalho, ou se era de alguém que molhou a grama de manhã, bom era irrelevante qual foi, o mais importante era que eu nunca havia sentido um sentimento de descanso tão bom, cogitei ficar deitado por mais alguns minutos, porém o cheiro de comida para o café da manhã começou a chegar em meu quarto. Me levantei peguei um shorts das roupas que me deram, coloquei a camisa que me foi dada também, peguei na gola dela e dei uma forte fungada na roupa, o cheiro do amaciante era viciante, coloquei uma par de sandálias e abri a porta, olhei pela sacada interna da meu andar e vi lá embaixo a grande mesa, os empregados já estavam alocando as bandejas de comida em seus devidos lugares, enquanto alguns outros arrumavam os talheres, seguiam uma tênue ordem de colher, garfo, colher pequena, faca, prato um, prato dois e taça, fiquei observando hipnotizado enquanto arrumavam, eles faziam com demasiada velocidade e maestria, era como olhar a linha de produção de latas, era bonito. Após sair daquele momento de apreciação me levantei da sacada e desci as escadas, quando cheguei lá embaixo a supervisora mais próxima veio e mexeu no colarinho de minha camisa, ela fazia isso dando uma alta importância a isso, ela encarava as próprias mãos enquanto desamassava minha roupa, quando terminou ela olhou e me disse - Da próxima vez que você vier assim, irei te ensinar a dobrar sozinho pequenino- olhei para ela e vi no seu rosto um olhar materno, ela era muito jovem, julguei que tivesse pelo menos dezesseis anos, naquele planeta, ou melhor na cultura daquelas espécies quinze anos já é uma maior idade, eu prossegui para a mesa e me sentei, fiquei olhando meu reflexo no prato enquanto os outros não vinham, um outro chegou, olhou para a mesa e averiguou os assentos, ele se virou para mim e veio em minha direção, puxou a cadeira e se sentou, eu fingi não olhar para ele, ele me encarou um tempo e soltou a seguinte questão - Nossa, nunca pensei que veria um como vocês na vida- indaguei de volta - Como assim alguém como eu? - ele respondeu - Bom, alguém como você, um Sky de fogo, você não sabia? Todos os Skys de fogo existentes estavam lá naquele planeta, aquele era o planeta natal deles e eles estavam lá defendendo - Fiquei assustado e em dúvida - Como assim?!, Existem milhões de Skys pelo sistema, como poderia ser possível que todos morreram ali?! - ele olhou para mim com uma cara de pena - Não, Fire né?, Bom existem sim Bilhões de Skys, porém existem pouquíssimos de fogo, e estavam todos no planeta, então você meio que é o último, podemos dizer que você é raro... - nossa, aquelas palavras, saíram tão rápido e repentinamente que nem as digeri direito, foi algo pesado, logo de manhã, uma serviçal do lugar colocou café na minha taça, segurei em minha taça encarei ele e bebi um gole, desceu tão seco quanto areia, a sensação agora era diferente, no início me senti feliz por saber o que eu era, porém agora estava com um aperto no peito por saber que eu era único agora, isso foi pesado, os outros jovens chegaram para comer, os pratos deles já estavam cheios, e o garoto que eu conversei também já estava comendo, virei me para a mesa e comecei a me servir, pegava as coisas aleatoriamente, ainda tentando ver o verdadeiro peso daquela verdade, uma real verdade universal, ele falou com uma certeza muito forte, comecei a comer para tentar amenizar a ferida, um verdadeiro amanhecer com café ruim.

A tarde daquele mesmo dia a nossa cuidadora nós passou tarefas para fazermos, achava justo, era um preço para morarmos em tal paraíso sem termos que nos preocupar com contas ou responsabilidades sobre a propriedade.

Minha tarefa era comprar algumas verduras na feira da cidade, nada de extravagante, apenas algumas coisas simples, pedi a cuidadora que me dissesse aonde ficava está tal "feira", ela me passou simples palavras - Desça até o centro da aldeia e procure tendas. - Olhei para ela, olhei para a porta, voltei a ela novamente, dei uma funda aspirada e estendi a mão para ela, ela olhou, provavelmente havia esquecido que era necessário dinheiro para comprar as comidas, ela correu até um balcão na cozinha e retirou algumas "gemas", perguntei a ela do que se tratava aquelas pedras, pedras transparentes com formas losangulares azuladas, ela me indicou que naquele reino existiam três unidades monetárias, as Takens, as Cédulas, notas impressas em uma espécie de papel leve e resistente e as moedas digitais, as quais não eram utilizadas nas aldeias próximas, depois dessas explicações resumidas porém completas, Fui lá então após isso, abri a porta, tomei um forte tapa já cara pelo vento, sai e fechei a porta com cuidado para não bater com o vento, eu me virei rapidamente e olhei para o céu, e vi poucas nuvens, se movendo rapidamente, a grama estava agitada e as árvores do bosque ao fundo estavam se agitando fortemente, comecei a descer a colina a qual o orfanato ficava, a estada de terra compactada tinha um certo contraste com a grama verde claro, eu andava aproveitando ao máximo aqueles ventos fortes, achei um galho interessante no meio da estrada, agachei e o encarei um pouco, era pouco torto e parecia muito rígido, a ponta era meio torta, se parecia com um báculo, peguei ele o saquei como devido, continuei com o caminho, estava me aproximando da cidade, as estruturas eram medievais, comparadas aos prédios futuristas antes vistos, as estruturas atuais tinham pedras em suas bases, colunas de madeiras escuras com fungos crescendo nelas, porém era muito bem cuidado, não existiam rachaduras ou outras falhas, mesmo tendo prováveis milhares de anos, continuei andando até chegar em uma praça, havia uma estátua com uma fonte ao centro e muitas tendas em volta, era realmente uma feira.

Cheguei na tenda e dei uma olhada rápida em volta para tentar encontrar as comidas necessárias, cenouras, maçãs, alguns tubérculos que eu não conhecia, peguei uma sacola que tinha pendurada na fonte, chequei a quantidade de Takens em meu bolso e sai andando procurando o necessário, fui andando e olhando em volta, existiam muitos produtos pendurados para fora das tendas e muitas pessoas conversando, dava para ouvir os vendedores falando das mercadorias e fazendo seu marketing, comecei a achar as cenouras, eram grandes e bem laranjas, parei em sua tenda e comecei a observa-las, peguei algumas e coloquei na sacola, após pegar três eu chamei o mercador para pagar, consegui pagar e fui partir para a outra, fiz a mesma coisa até terminar a lista, faltava ainda aquela, aquela Jaca, fui até a última tenda, eu já tinha visto ela na entrada, porém pensei e pegar por último para não ter que carregar peso, consegui comprar ela, sobrou algum dinheiro, pensei em comprar algo para comer, mas desisti, fui levando as coisas menores na sacola e a Jaca no braço, fui andando tranquilamente até o portal de entrada da cidade, olhei para ele e tinha alguns soldados reais pregando um papel, eu me esquivei para trás de uma parede e fiquei observando eles até saírem, quando se foram eu fui ler o papel, era um aviso sobre uma escola que seria aberta na região, escola de ensino completo avançado, quando terminei de ler aquilo eu vi apenas oportunidades, olhei em volta para ter certeza de que ninguém veria, e então arranquei o papel e enfiei na calça, o papel ficava me incomodando, peguei a Jaca do chão, onde a coloquei para pegar o papel e segui em frente, no meio do caminho saquei o papel e dei uma olhada, estava bem, bem mais amassado do que antes, obviamente, tentei dobrar ele o melhor que dava, e então o coloquei no meu bolso esquerdo, voltei a andar a caminho da casa.

Chegando em "casa" fui até a cozinha, uma sala grande atrás do salão de jantar e coloquei as coisas em cima da mesa, a moça que estava cuidando da cozinha veio me questionar sobre uma mancha na Jaca, expliquei que outrora tinha tropeçado em uma pedra e a derrubei no chão, por pouco não derrubei o resto, logo a jovem de antes entrou e me perguntou sobre os trocados, retirei do bolso direito o que sobrou, ela pegou e me abraçou - Bom trabalho pequeno! -, olhei para ela meio envergonhado, e subi para meu quarto, ao entrar lá eu saquei de volta o papel, dei uma última lida, olhei pela janela, em direção as distantes montanhas atrás da aldeia e de volta para o papel, exalei determinação. Ouvi um som, era a porta, alguém estava abrindo, rapidamente me joguei na cama e enfiei o papel dentro da fronha do travesseiro, quem entrou foi outra das jovens que cuidavam de nós, ela passou a mão suavemente sobre minha costa e minhas pequenas asas, ao chegar em meu pescoço ela se virou de costas a mim e sentou na cama comigo, ela sem se virar até mim disse - Amanhã será um dia bom para alguns de vocês... - não tinha escutado aquele tom de voz ainda - Por quê? - ela se virou e me respondeu - Amanhã chegará o dia em que as pessoas, os pais, chegarão para ver vocês, isso estava preparado para acontecer mês que vem, eu esperava ficar mais com vocês - senti a melancolia na voz dela - Mas porque está assim?, Não deveria sem algo bom? - passou uma mão nas pálpebras do olho e disse - Sim, é um dia muito bom, mas eu nunca consigo conhecer vocês direito, sempre vão embora cedo, eu queria que pelo menos você, pelo menos você eu tivesse a chance de conhecer melhor... - virei me para ela e falei seriamente - Sabe, acho que você realmente se empenha aqui, não sei nem seu nome, porém queria saber, todavia, não adiantaria querer saber mais sobre mim, nem eu sei quem sou, a única lembrança lúcida sobre mim que tenho, são meus sentimentos, sobre coisas ou pessoas - Ela passou novamente a mão nas minhas asas - Entendo... ...Nath, Nath é meu nome, qual o seu? - vi que ela se animou - Fire, Fire Sky, meu nome é esse, e pelo que fiquei sabendo, sou o último Sky de fogo que existe, não sei se isso poderia me tornar "valioso" ou "importante", tenho muitas dúvidas, como o porquê de eu ser o único vivo, o como começou essa guerra, quem luta e ou o porquê lutamos, não reconheço esses lugares, só vejo essas paisagens, tão diferentes, só vi alguns poucos lugares neste mundo, não experimentei a vida como deve ser, porém sei como fazer as coisas, essa é uma das minhas maiores dúvidas - ela me olhou e parou de me acariciar, ela me encarou um pouco, passou os olhos por todo meu corpo, e então desfechou assim - Bom, ninguém aqui sabe exatamente o que acontece, eu mesma nunca sai do planeta ou da região, não sei o porquê da guerra ou como ela anda, estamos em um território isolado, nada chega aqui tão facilmente, nem mesmo as tecnologias das grandes cidades vem até nós, então a mídia em si para nós é limitada, eu como você não sei como é essa guerra, talvez você tenha mais noção do que eu tenho sobre isso, já que você passou pelo inferno já, desculpe o vocabulário, porém é algo a se dizer com firmeza - olhei para ela de modo indiferente, e a respondi - Sabe, eu acho que tenho sim alguma noção de como é, porém nada grandiosamente certo, e sabe de algo, eu iria me esconder isso, olhe - mostrei a ela o papel que eu tinha escondido no travesseiro, ela estendeu a mão e pegou o papel, começou a ler - Sabe, acho que pode ser algo bom para você, vou fazer com que a família que te adotar te coloque nessa escola, vai ser bom para você, eu sei que você vai ter um futuro brilhante - ela terminou a falar e me pediu para levantar, ela era pouco maior que eu vendo daquele jeito, daí ela veio beijou minha testa e me abraçou, ficou um belo tempo me abraçando, parou, virou-se para a porta e saiu, ela encostou a porta e desceu as escadas, me virei de volta para a janela e me apoiei na sacada da janela e peguei o papel, olhei para cima, amanhã poderia ser um grande dia...


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