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69.23% Sobrevivente Z / Chapter 9: A evolução de um Sobrevivente

Chương 9: A evolução de um Sobrevivente

"Por que essas ervas sempre são tão caras? E ainda subiram de preço... 450 créditos por isso? Vou ter que caçar mais vezes este mês..." Kael reclamava enquanto colocava o pacote de ervas sobre a mesa. Ao entrar em casa, notou tudo como deixara: uma pequena mesa com cadeiras, um velho sofá desbotado e sua cama. Não era muito, mas para alguém solteiro, bastava.

'Preciso de um banho urgente. Três dias de caçada e estou parecendo um cadáver ambulante. Todo esse sangue e sujeira... Estou enlouquecendo,' pensou, indo direto para o banheiro. 'Só preciso cuidar para não estragar os curativos, ou vou gastar ainda mais créditos.'

Após o banho, Kael encarava seu reflexo no espelho. Sua pele marrom clara exibia olheiras profundas, os lábios ressecados descamavam, e seus olhos carregavam o peso das experiências traumáticas.

"Estou acabado... Parece que o tempo e o estresse não têm sido nada gentis comigo," murmurou, passando os dedos pelos cabelos curtos ainda úmidos.

Na mesa, os frutos da caçada aguardavam. A pele da lebre, lavada e estendida, secava lentamente. Ao lado, repousava a pequena pedra vermelha que encontrara no animal. Mas o item que mais chamava atenção estava cuidadosamente guardado em um copo de vidro. Pulsava como um coração, com veios brilhando em um tom escarlate fraco, como se roubasse a luz ao redor.

"Não posso levar essa coisa para a associação. Nunca vi ninguém com uma pedra tão grande... Geralmente, as maiores vêm de ursos mutantes, e mesmo assim, são metade desse tamanho." Kael analisava o artefato escarlate com um olhar indeciso. 'Vou ter que manter isso comigo... pelo menos até sentir que é seguro entregar.'

Com a expressão firme, ele embalou a pele e a pedra menor, vestindo-se com alguma dificuldade por conta do curativo.

"Espero que pelo menos paguem bem por isso. Os preços têm caído ultimamente..." Murmurou, caminhando em direção à porta. Quando já estava prestes a sair, parou de repente. "Certo, antes de sair, preciso esconder isso."

Voltando ao sofá, ergueu a almofada desgastada e deslizou o copo cuidadosamente entre a armação do móvel. "Isso deve servir... por enquanto."

O caminho até a associação não era longo, mas cada passo revelava os destroços de um mundo em colapso. Homens e mulheres mutilados se amontoavam pelas ruas, estendendo mãos trêmulas em súplica por comida ou alguns créditos. Crianças desnutridas buscavam abrigo nos braços frágeis das mães, enquanto olhares vazios contavam histórias de dor e desesperança. Kael desviou o olhar, e continuou até avistar o prédio de dois andares da associação.

"Preciso vender algumas coisas que consegui na última caçada," disse ele, aproximando-se do balcão.

"Bom dia," respondeu o atendente com um leve aceno. "Espere um momento, por gentileza. O avaliador está ocupado com outra pessoa agora. Enquanto isso, poderia me emprestar sua identificação? Assim, podemos registrar e creditar os valores em sua conta."

Enquanto aguardava, Kael observava o segundo andar. Mais pessoas se acumulavam, muitos tentando se inscrever ou conseguir aceitação na associação.

De repente, gritos chamaram sua atenção.

"Isso é um absurdo! Essas peles estão impecáveis! Você está me roubando!" A voz exaltada de um caçador rude ecoava pela recepção enquanto ele saía da sala do avaliador, furioso.

"Senhor, se os preços não o agradam, pode tentar vender em outra cidade. Mas vou adiantar: será perda de tempo." O avaliador, um homem de óculos, respondeu com frieza antes de fechar a porta.

"Porra! Pelo menos depositem os créditos ainda hoje!" O caçador barulhento vociferou, cerrando os punhos enquanto marchava para a saída.

"Próximo," chamou o atendente, fazendo um gesto para Kael avançar.

Sem hesitar, ele entrou na sala.

"Deposite os itens sobre a mesa," disse o avaliador, sem esperar ele fechar a porta.

Desdobrando a pele ainda meio úmida, ele a colocou sobre a mesa.

"Essa pele não foi seca completamente, e algumas partes da pelagem cinza estão em falta. Podemos pagar 150 créditos." O homem iniciou e finalizou sua avaliação sem nem ao menos lançar um olhar para o homem em pé.

"Se estiver de acordo, pode sair e deixar o material. O valor será creditado em sua conta mais tarde."

"Tenho mais uma coisa para ser avaliada", informou Kael, retirando a pequena pedra, que estava enrolada em papel no bolso de sua camisa, e colocando-a sobre a mesa.

"Interessante... Finalmente algo útil hoje!" O examinador, que estava prestes a mandar o caçador embora, teve uma rápida mudança de humor ao observar a pequena gema escarlate.

"Hum... Certo... Está com alguns indícios de veios novos se formando aqui e ali... Diga-me, esta pedra veio da mesma lebre que o couro?" perguntou o homem, avaliando-a com interesse.

"Sim."

"Ótimo! Isso eleva o valor do couro. Pagamos 2 mil créditos por tudo, e caso encontre mais alguma pedra como esta, traga para nós. O governo está precisando de mais amostras para pesquisa!"

O homem sorria com a pequena pedra na mão enquanto Kael deixava a sala após a avaliação.

"Aqui está sua identificação. Foi enviado hoje mais cedo uma cobrança do hospital de campanha em seu nome. A conta será abatida do valor dos itens vendidos, e 1.100 créditos serão creditados na sua conta. Tudo bem, senhor?" informou o atendente.

"Sem problemas."

Agradecendo ao atendente, Kael deixou o prédio e seguiu para casa, sentindo o cansaço pesar em seu corpo.

Urgh!

Ele gemeu enquanto sentava preguiçosamente no velho sofá, ainda com um pouco de molho nos cantos da boca do sanduíche de porco desfiado que havia comido no caminho. Em uma das mãos, segurava a pedra retirada do gigante. Observava a gema escarlate, do tamanho de seu dedão, com o olhar fixo, quase em transe. O brilho vermelho parecia pulsar, aumentando de intensidade.

Se alguém estivesse ali para assistir atentamente, veria algo difícil de descrever: finos tentáculos de luz escarlate emergiam da pedra e envolviam a mão de Kael. O brilho parecia abraçar seus sentidos, mergulhando sua mente em um vazio absoluto.

Algo ainda mais estranho começou a acontecer. A pedra, antes sólida e imponente, começou a encolher, como se estivesse sendo absorvida. Dentro do corpo de Kael, uma transformação impressionante se desenrolava.

Seus cortes e hematomas, que ainda estavam em processo de recuperação, começaram a cicatrizar em uma velocidade sobrenatural. As fibras musculares, antes desgastadas pelos esforços da caçada, se romperam e se reconstruíram com uma força renovada. Nos ossos, uma fina camada de um fluido brilhante começou a se formar, como se fortalecesse sua estrutura a um nível incomum.

Kael não sabia, mas algo extraordinário estava se enraizando em sua essência.


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