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70% O Recomeço em um mundo de RPG / Chapter 36: Capítulo 36 - Verdadeira natureza de um assassino

Chương 36: Capítulo 36 - Verdadeira natureza de um assassino

Tudo fica escuro de repente, não consigo ver nada olhando para os lados. Ao abrir os olhos vejo que estou novamente em frente aos alvos, apesar das marcas de flechas não havia nenhuma presa neles. Tento virar meu pescoço para olhar ao redor, mas não consigo, era como se eu estivesse sendo controlado por algo.

Estava treinando como sempre. Uma, duas, três flechas são atiradas, todas atingindo o centro do alvo. Quando estou tirando a quarta flecha da aljava ouço barulhos vindo de trás, ao me virar vejo vários homens entrando em meu centro de treinamento.

— Encontramos ele — grita o primeiro que entra. — Agora, você vai se juntar ao seu papai e sua mamãe — diz se virando para mim.

Os observo atentamente. Alguns estavam armados, pelo que pude ver de relance acredito que são dois deles, os outros pareciam estar de mãos vazias. Abaixo o arco, assim como a flecha, mas não as solto, pelo contrário, as mantenho juntos, para que possa armar rapidamente.

— Muito bem, não tente resistir. — O mesmo que chamou seus companheiros diz.

Ele parecia estar desarmado e dá um passo em minha direção. Com um movimento rápido atiro a flecha, mesmo com a posição irregular o projétil acerta o olho esquerdo de um deles, um dos que estava armado.

— Maldito! — grita ao notar que seu companheiro estava morto. — Peguem ele, agora.

Ao todo eram cinco adversários na sala, embora não saiba quantos estão lá fora, podem haver muito mais. Um deles estava morto, outros três avançam em minha direção, o que fica atrás estava com uma pistola.

Sinto a mesma sensação que senti naquele dia. Meu sangue parece começar a ferver, posso ouvir perfeitamente meus próprios batimentos. Tento pegar mais uma flecha, mas vejo que não terei tempo o suficiente, o primeiro inimigo já estava perto demais. Pego a flecha e, ao invés de colocar no arco, acerto sua coxa direita.

Haviam armas por toda a parte e eu era a pessoa que mais conhecia este local. Com um rolamento para o lado fico perto das lanças, porém quando fiz isso acabei deixando o caminho livre para o atirador. O som ensurdecedor do disparo é ouvido, abaixo rapidamente, mas não sou rápido o bastante, o tiro atinge meu braço direito de raspão.

— Merda... — Giro arremessando a lança, que atinge o peito do atirador.

Outros dois parecem estar com medo de se aproximar.

— O que estão fazendo? — Aquele que parecia o líder diz. — É apenas um garoto.

Assim como fiz eles pegam armas nas paredes. Todos os três pega uma diferente, o primeiro uma espada longa, o segundo usava uma grande machado, por fim o líder estava com uma clava.

— Onde estamos? Na era medieval? — pergunto rindo enquanto pego a lança.

Em momentos de tensão costumo fazer algumas piadas, o que se mostrou efetivo neste momento, já que o primeiro parece perder a paciência e atacar.

O primeiro inimigo é o do machado. Eles teriam mais chance se me cercassem e atacassem juntos. Meus adversários não são acostumados a utilizar as armas que usavam, então era um trabalho fácil desviar de seus golpes, o que surpreendeu meu oponente, que é derrubado segurando seu pescoço, lugar onde a ponta da lança perfurou.

O que segurava a espada longa tenta atacar quando estava desatento, mas seus movimentos são desajeitados, mais uma vez desvio facilmente. Giro a lança o acertando com a parte de madeira e o jogando para trás com o golpe.

Solto a lança e troco por duas adagas. Quando as seguros sinto algo diferente, é como se encaixassem perfeitamente em minhas mãos. Meu momento de reflexão é quebrado, pois tenho que pular para o lado, desviando do pesado golpe da clava, que quebra o chão.

— Só preciso atingi-lo uma vez. — O líder diz com um sorriso no rosto.

— Você está certo — respondo.

Olhando para mim ele vê que estava segurando agora apenas uma adaga, a outra estava presa em sua cabeça. A última presa tenta escapar, mas também é atingido, desta vez, por mim que derrubo-o com um chute antes de esfaquear uma de suas pernas.

— Por favor, me deixe... por favor — suplicou o homem.

Piso na adaga, que ainda estava enfiada em sua perna direita.

— Me conte tudo que sabe ou você será morto aqui e agora — falo.

Finalmente descobri o que havia acontecido antes. Meus pais haviam sido executados. Meu pai havia se envolvido com algumas pessoas perigosas, além de seu trabalho que, pelo que me foi contado, se envolvia com diversas ilegalidades. No fim ele acabou sendo morto a mando de seu próprio irmão e eu fui colocado como alvo, seria morto para que não houvesse um herdeiro.

— Muito obrigado — falo após ele terminar de contar o que pedi.

Sorrio enquanto pego algumas facas que estavam penduradas na parede. No fim podia-se ver algo desfigurado no chão, diversas facas estavam presas por seu corpo.

— Você era tão lindo nesta época. — Posso ouvir a voz de Nahemah.

Em seguida posso vê-la novamente ao meu lado. Estava sorrindo.

— A sensação de quando matou pela primeira vez, ela é ótima, né? — diz chegando próxima de mim.

— Só isso que queria me mostrar? — pergunto. — Sei muito bem o que aconteceu nesse dia.

— Você é tão frio. — Ela fala fazendo biquinho, em seguida começa a andar em direção à saída. — Vou apenas te deixar pensando nisso, lembre-se da sensação de quando a primeira vida foi tirada por suas mãos, o porquê de lutar em sua vida passada e hoje em dia, qual é a sua razão?

— Não preciso pensar sobre isso, sobrevivência, sempre foi e sempre será apenas uma questão de sobrevivência — respondo-a.

— Tem certeza? — O sorriso em seu rosto parece ficar ainda maior. — E Sally, lembra da sede de sangue que sentiu quando estava lutando contra aquele cara?

Não consigo respondê-la, nem eu mesmo sei a resposta.

Sem dizer mais nada ela estala seu dedo novamente. Assim como antes a paisagem começa a mudar, tudo ao redor parece derreter, transformando tudo em uma grande planície.

Em minha frente surge uma pequena figura no chão, era totalmente negra de início, mas começa a ganhar cor, em poucos instantes Alícia está em minha frente.

— Você abandonaria ela para poder salvar sua própria vida? — pergunta Nahemah.

A pergunta me acerta como um forte golpe. A resposta obviamente era não, mas há algum tempo atrás, o que eu iria responder?

— Porque tanta dúvida? Você sabe muito bem qual seria a sua resposta, afinal, não foi a primeira vez que você a tomou, quantas foram as pessoas que se prejudicaram por sua causa? Pode se lembrar de todas elas? — Ela continua falando. — Entendeu o que estou tentando te mostrar? Você está se tornando fraco, sabe muito bem disso.

Essa era minha filosofia de vida, fazer de tudo para sobreviver, essa era a única prioridade que tinha, pelo menos após aquele evento...

— Engraçado você lembrar exatamente deste evento, quer lembrar o que aconteceu? É apenas mais uma prova que sua força se demonstra quando está sozinho. — Ao terminar de falar a mulher se desfaz, virando uma poça e se fundindo a sua própria sombra.

A paisagem se desfaz e a escuridão domina novamente o local. Meus olhos parecem estar fechados, ao abri-los um local nostálgico aparece mais uma vez, porém, diferente do anterior, não queria estar aqui. Estou deitado olhando para o teto, tento sair, correr, fugir dali com todas minhas forças, mas aparentemente não controle sobre meu corpo novamente.

— Não está conseguindo dormir novamente? — Uma doce e sonolenta voz pode ser ouvida vinda de meu lado esquerdo.

Olho para o lado lentamente. Sei quem está ao meu lado, mas não quero vê-la novamente, a pessoa que causou um grande impacto em minha antiga vida, também foi aquela que apareceu pouco antes de ser atropelado. Tento com todas as forças virar a cabeça para o outro lado, mas era impossível.

Aquela ao meu lado era Yasmin. Seu cabelo curto, que chegava até aos ombros, cor de caramelo estavam espalhados na cama. Olhava para mim, com seus olhos castanhos e o sorriso brilhante que só ela tinha. Diferente de antes, que não podia sentir nada, tenho vontade de chorar ao vê-la, mas esses sentimentos parecem não afetar meu corpo.

— Não foi nada — respondo. — Apenas um sonho.

— Já falei para você. — Ela diz se aproximando um pouco, nos deixando a centímetros um do outro. — Sonhos são apenas manifestações de nosso subconsciente.

— Eu também já te disse. — Também me aproximo, tocando nossos narizes e deixando sua boca perto da minha. — Você precisa ler um pouco menos.

Ela dá uma breve risada.

— Não posso, afinal, esse é o meu trabalho. — Após terminar de falar nossos lábios se encontram.

Foram poucos segundos, mas sinto como se fosse o melhor momento que tive em toda minha vida, esse era o efeito que ela me passava a cada segundo que passamos juntos.

— Para mim a melhor parte vem em seguida — ouço a voz de Nahemah.


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