O Colapso das Realidades
A cidade de Nethros, antes um centro de avanço tecnológico e arquitetônico, agora estava à beira da destruição. Suas ruas, repletas de arranha-céus e ruas iluminadas por hologramas vibrantes, começaram a se desintegrar em uma dança de luzes e sombras distorcidas. O céu, uma vez claro, agora era um caos de cores impossíveis, com fissuras visíveis, como rachaduras no próprio tecido do espaço-tempo.
Kael Alaric olhou em volta, seus olhos apertados pela dor e pela desorientação. Ele havia visto muitas coisas em sua vida como piloto espacial, mas nada como isso. A realidade ao seu redor estava se desfazendo, como se estivesse sendo engolida por algo que não poderia compreender. O chão, o ar, até mesmo as pessoas, estavam sendo fragmentados, perdendo a coesão. Era como se as camadas do mundo estivessem se sobrepondo, criando distorções impossíveis.
Ele se ajoelhou no que restava da calçada de Nethros, sentindo a dor pulsar em seu peito. Não era só o corpo exausto que o fazia ceder. Era o peso da culpa. A culpa por ter falhado. Por não ter sido capaz de impedir o que parecia ser o fim do mundo.
Há dias, Kael sentira uma energia diferente no ar. Algo fora do comum. Ele, que sempre se manteve afastado das grandes questões interdimensionais, sabia que não poderia mais ignorar o que estava acontecendo. As distorções não eram apenas um fenômeno de um outro mundo. Elas vinham de dentro de sua própria realidade, e ele, um dos poucos com habilidades para manipular as linhas do espaço-tempo, fora o responsável por iniciar tudo.
"Eu fui um tolo", pensou, olhando para os destroços ao seu redor. Ele havia sido escolhido para ser um Conector — alguém com o poder de influenciar as realidades. Mas, sem o devido treinamento, sem controle, suas ações haviam criado um buraco no espaço-tempo, uma ruptura que agora consumia tudo.
A figura etérea apareceu diante dele. Era como se ela surgisse de um pesadelo, uma presença imensa que emanava uma aura azulada e roxa, a luz de suas órbitas pairando no vazio. Seus olhos eram como portais para outra dimensão. Ela olhou diretamente para Kael, seus olhos fixos e profundos, e estendeu a mão em sua direção. Ele sentiu um choque ao tocá-la. Não era físico, mas uma sensação que atravessava sua mente, tocando algo mais profundo dentro dele.
"Você ainda pode corrigir isso, Kael", disse a figura, sua voz uma mistura de ecos de várias realidades. "Mas não terá mais tempo. A ruptura já está em movimento. O que resta de seu mundo está prestes a ser consumido."
Kael olhou para a cidade que agora desmoronava ao seu redor. Não havia mais tempo. Não havia mais escolhas. A única coisa que ele podia fazer agora era enfrentar a distorção e tentar restaurar o que restava. Mas o que ele teria de sacrificar para isso?
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