Já era de tarde na hora que saímos do palácio de Kanterlot, iríamos a noite para PeaceValley, a viagem seria bem rápida, seríamos levados com uma aeronave para a cidade, Celeste havia nos mostrado algumas fotos da cidade, era bem simples, medieval, mas não era ruim, era calma.
- Gostaram? - Perguntou Celeste.
- Sim, Parece um lugar ótimo! - Faye falou exaltada.
- Como vai ser nossa vida Celeste? - Celeste se levantou - Vai ser bem simples, a prefeita da cidade vai lhes mandar tarefas para fazer e mandar para mim um relatório de como se saíram, principalmente Faye.
- E sobre minha escola? Eu sei que Faye estudará com você, mas e eu? - Eu estava em dúvida sobre o que aconteceria comigo.
- Você Fire, vai estudar em Quémeron, uma cidade vizinha, eu irei lhe colocar na Agência Husk, acho que eles vão saber cuidar de você.
Olhe só, menos uma coisa para me preocupar, envés de eu ter que ir atrás por mim mesmo, terei uma bela ajuda, preciso dar as notícias logo para meus amigos. Nós estávamos no quarto de Celeste, era um ambiente muito amplo, com uma enorme cama no meio e uma vista maravilhosa, Celeste andou até a janela e ficou observando o abismo nas montanhas.
Seu olhar era pensativo, estava perdida em alguma coisa.
- Fire, você sabe o que é a Agência Husk? - Perguntou ela ainda olhando pela janela.
- Sim Celeste, meus amigos me explicaram o que era, e eu também fui atrás por conta
Ela se virou para mim e sorriu.
- Então acho que está tudo certo, vocês partirão essa noite, e Fire, vou pedir que Grace leve você até Quémeron, para a agência.
- Quem é Grace? - Perguntou Faye.
- Grace Lencastre é a prefeita de PeaceValley, é uma mulher incrível, conheço ela a muito tempo, sei que ela vai ajudar vocês em qualquer coisa.
Que assim seja, nossas coisas já estavam arrumadas, passamos a tarde toda fazendo isso, agora que a noite caia, não nos restava muita coisa a se fazer, provavelmente jantariamos e já iríamos partir. Alguém bateu na porta, era um serviçal do palácio, veio nos avisar que o jantar estava pronto e deveríamos descer, saímos todos juntos pela porta e fomos rumo a sala de jantar, Celeste ficava me encarando o tempo todo.
- Fire, o que você almeja?
- Eu não entendi a pergunta... - Faye virou e me empurrou, - Pare de ser burro! Almejar é desejo, vontade, o que você quer...
- Ah, Desculpe Celeste, bom, o que eu almejo...
É uma pergunta difícil de se responder, eu quero algumas coisas, mas nada demais.
- Não sei se eu realmente tenho um sonho ou desejo, mas eu gostaria de algum dia ser capitão de uma nave, e navegar pelo espaço profundo, um sonho que todo jovem deve ter...
- Hm, acho que você entrar na Husk pode te levar a isso, sabe, eles mais que uma escola, são uma organização paramilitar, só recebem esse título por não serem anexados ao governo.
- Você diz como se fosse um colégio militar ou algo assim?
- Mais ou menos, Paramilitar é uma organização fundada sobre regras rígidas e uma hierarquia, quase como uma organização militar oficial, talvez cheguem ao mesmo nível, nesse caso, eles só não são mais poderosos que o governo pois limitamos seu desenvolvimento bélico.
- Como assim limitam?
- Eles não podem produzir alguns tipos de armas ou naves, como bombas de ouro ou fragatas que tenham mais que 5 quilômetros de comprimento
- Ah, entendi, mas porque está me contando isso?
- Não sei, deu vontade.
- Ah.
Pelo tempo que passamos com Celeste, deu para perceber que ela jogava algumas "Cartas" ao alto e via no que dava, eu não entendia se era de propósito ou não, acho que ela quer nos testar, principalmente eu, ela só fez esse tipo de coisa com a Faye uma vez, comigo ela faz direto. Acho que ela gosta de mim, muito provavelmente não, mas seria legal, ser uma pessoa que a princesa gosta, que sonho.
Pensando nisso eu comecei a dar alguns risinhos e fica mais vermelho, acho que tanto Faye quanto Celeste perceberam.
- O que há com o Fire?
- Eu não sei Celeste, espero que pare logo ou eu o jogarei escada abaixo.
Eu ouvi elas falando e parei com meus delírios, mas não posso mentir que pensei apenas coisa boa.
Chegando no salão de jantar apenas Glacies estava lá, ele estava deitado na cadeira dele com os pés na mesa, havia gelo se formando aonde ele encostava, Celeste olhou para o gelo e sua feição mudou.
- Glacies o quê aconteceu?
- Nada...
- Glacies, você está congelando a mesa, o quê aconteceu?
- Nada...
- Glacies...
- Tá, eu fui hoje ver como estava o oeste
- Como está? - Glacies respirou fundo, eu e Faye estávamos vendo um pouco apavorados.
- Eu nunca vi tantos corpos sem farda mortos...
- Mortos por quem?
- Por ambos
- Puta merda...
Calma, a Celeste, ela acabou de falar um palavrão? A coisa não é boa, a coisa com certeza não é boa.
- O que aconteceu para acabar assim?
- Bom, segundo o capitão da operação, os inimigos haviam tomado a cidade pacificamente, quando chegamos não fomos atacados, na verdade eles falaram para não fazermos nada, que era perigoso tanto pra eles quanto pra gente.
- Quê?
Quê? Como assim, perigoso para ambos os lados, nunca vi isso, estão em guerra mas tem medo de lutar? Faye estava com uma cara de dúvida bem estranha.
- Eles disseram que Orchard estava lá, e que qualquer coisa a ordem dela era sumir com a cidade, segundo o capitão eles iriam recuar a voltar em dois dias, o comandando da tropa inimiga concordou.
- Mas o que aconteceu então?
- Pelo visto quando estavam se retirando, uma jovem, parecida com um sky os atacou.
Celeste colocou as mãos na cintura ainda encarando Glacies.
- Depois disso, chegamos na cidade, não havia sequer uma centelha de chama, a pequena cidade estava intacta, mas todos os nossos soldados, civis e soldados inimigos estavam mortos, marcas de corte estavam cobrindo seus corpos.
- Mas que merda...
- Orchard fugiu...
Faye andou para perto de Celeste e colocou a mão nela.
- Celeste, quem é Orchard? - Disse Faye com um tom um pouco nervoso.
- Orchard é a mais poderosa guerreira de Kathleen, nossa inimiga... - Respondeu Glacies.
Os empregados entraram com a comida em mãos, colocaram todos os pratos alinhados na mesa, com uma precisão quase que perfeita, digo quase, mas eu só perceberia os erros usando de equipamentos avançados. Os pratos cheiravam muito bem, alguns dos empregados já sentaram, eram as camareiras, iriam comer primeiro e já ir dormir, a ordem sempre era essa, Majestades e Camareiras, Soldados, Empregados Gerais, Soldados e por fim cozinheiros.
Era feito de modo que nunca faltassem soldados de guarda e cozinheiros trabalhando, a comida também não sobrava nem faltava, era a quantidade certa.
- Vamos largar esse assunto de lado por hora, ela podia ter feito muito pior, nas decidiu nos poupar... - Disse Celeste puxando a cadeira e se sentando.
Durante o jantar eu e Faye estávamos muito inquietos, então conversamos de uma maneira mais secreta, sempre deixavamos uma certa quantidade de molho no canto do prato, e escrevíamos com ele para lermos e assim ninguém perceberia.
- O quê foi isso? - Escreveu Faye
- Eu não sei - Respondi - Acho que eles brigaram...
- Será que devemos nos preocupar?
- Acho que não Faye.
- Espero
Glacies se levantou, no susto Faye colocou arroz em cima das mensagens e eu sem ter ideias apenas lambi o prato.
- Boa... - Disse Faye segurando o riso
- Fire por favor né... - Exclamou Glacies.
- É Fire, aonde estão os modos? - Disse Faye querendo ir na onda de Glacies
- Modos? Esqueci em Miray... - Glacies não segurou e deu uma risada.
Celeste bufou e se levantou da mesa, saiu sem falar uma palavra, Celeste era uma pessoa com sentimentos bastante estranhos, em um momento ela parece relevar o ocorrido, mas pode remoer tudo em segundos, era difícil.
Fomos para o quarto pegar as malas, já iríamos as deixar na entrada do palácio, logo logo Celeste ia nos levar para Peace Valley. Pegamos tudo no quarto e descemos, ela já estava esperando, estava vestindo um moletom Branco com detalhes dourados, era legal como tudo que ela usa combina com ela.
- Vocês estão prontos?
- Sim estamos. - disse Faye.
- Vamos então, iremos usar o trem da montanha...
- Espere um momento Celeste! - eu a parei, algo estava errado - O que aconteceu Fire?
- Pelo que aprendi na escola, nenhum trem desce a montanha...
- Sim, nenhum trem atual desce a montanha...
- Atual?
- Sim, o que vocês usaram para vir aqui, o que desce a montanha é um trem muito velho, movido á mecânica mágica, ele foi preservado por todos esses anos.
- Uau! Acho que nunca ouvi falar disso.
- O vale é cheio de coisas assim, preservar o passado é algo importante, aprendemos com o passado.
- Faz sentido.
- Agora vamos! Ou iremos nos atrasar
Saímos pela porta, o ar gelado da noite parecia cortar nossa pele, havia um carro nos esperando, entramos todos juntos, logo partimos e chagamos em uma pequena estação, era assim como o palácio na beira do penhasco, havia um mapa na parede, o trilho fazia um caminho muito tortuoso, demoraria bastante tempo para descer a montanha.
- Quanto tempo até PeaceValley? - Perguntou Faye á Celeste
- Acho que oito horas, agora já é dez da noite, vamos chegar junto do sol.
- Porquê não fomos de nave?
- Não tinha nenhuma nave liberada e acho que a viagem seria mais confortável assim.
Celeste também era uma pessoa de gostos interessantes, ela gostava de coisas rústicas e antigas, ou de lugares calmos, eu consigo bem imaginar ela em um trem daqueles passando por uma floresta estando bem calma.
O Trem estava soltando muito vapor, a enorme chaminé estava escorrendo água, as rodas tinhas linhas mágicas brilhantes, estar perto do Trem era confortável, ele exalava um bom calor, e naquela noite fria, qualquer calor já é maravilhoso.
- Vamos entrar? - Peguei na mão de Faye
- Outro Trem, outra aventura não é? - Ela apertou minha mão
- Vocês são muito fofos juntos, são realmente irmãos? - indagou Celeste
- Não, não temos o mesmo sangue, e não agimos nem um pouco como irmãos... - Disse Faye
- Isso, acho que estamos mais para melhores amigos, o destino me deu a melhor companhia que eu poderia ter... - disse eu olhando para ela.
Celeste cruzou os braços olhando para nós, bufou e disse.
- Como eu disse antes, fofos.
A Faye ficou bem vermelha e apertou minha mão, acho que não é possível discordar da Celeste nisso.
Entramos juntos no Trem, as paredes de madeira com um acabamento em vermelho com detalhes dourados davam elegância ao lugar, o carpete no chão era macio e vermelho, o rodapé e os cantos eram feitos em madeira escura muito lustrosa, o ambiente era quente e aconchegante.
- Fire! Faye! Aqui, nossas cabines são no vagão de trás, vocês vão dividir o quarto dez e eu estarei logo atrás no quarto doze.
- Como são as camas? - perguntei.
- Entrem e vejam...
Fomos até os quartos no vagão de trás, os vagões de quarto tinham um pequeno corredor com uma janela na direita e na esquerda as portas dos quartos, entramos em nosso quarto, não era tão grande, tinha pelo menos três metros ou menos de uma parede a outra, de ambos os lados, olhando para a direita tínhamos uma beliche, parecia muito confortável, haviam cobertores nas camas já, na direita tinha algumas prateleiras para as coisas.
- O que esse botão aqui faz? - Disse eu apertando um pequeno botão de madeira na parede da janela.
De frente para a porta havia uma janela dando visão para fora, quando apertei o botão eu esperava que a mesma se abrisse, mas para minha surpresa e arrependimento uma pequena mesa, com não mais que meio metro se estendeu, e bom, eu estava com a cara na frente.
- Argh!
- Fire! Você está bem?
- Ah... Estou sim...
- Não está não, está sangrando!
- O quê! Aonde?!
Eu passei a mão em cima do nariz, aonde a droga da mesa havia batido, acabou abrindo uma ferida, não mais que um corte, mas estava sangrando até que bastante.
- Vou chamar Celeste, ela vai te curar!
- Ok, mas não exagere nada para ela, é capaz dela ficar muito preocupada.
- Acho que ela não ficaria, pelo menos não o quanto você aparenta dizer.
- Vai logo chamar ela!
Faye saiu, eu ficava passando a mão no machucado, o sangue era bonito, vermelho escuro, me trazia memórias, não muito boas, mas que agora pareciam pesar menos, pelo menos dessa vez eu sei que o sangue é meu.
- Será que o gosto é bom? - Amargo.
Celeste abre a porta e olha para fim sentado no chão, a feição dela de despreocupada muda por completo, talvez ela tenha entrado esperando nada, mas né.
- Fire? Você está bem? Está doendo em algum lugar?
- Estou bem, e bom, meu rosto todo ta doendo.
- Ok, vou arrumar seu rostinho bem rápido, não é para doer nada.
- Certo?
Faye estava olhando ansiosa, acho que ela estava assim mais por ver a magia de cura de Celeste do que se eu iria ficar bem. Celeste fez algum movimento com os dedos, e colocou no começo do corte, aonde ela tocava brilhava, eu fechei os olhos, ela foi passando o dedo, como se fechasse um zíper, não devo mentir, doeu um pouco sim.
- Pronto, fechei sua ferida, você vai se regenerar sozinho agora, bom, mas ainda está sujo de sangue.
- Eu tenho um pano sobrando Celeste. - disse Faye pegando alguma coisa da mochila.
- Bom o pano é branco, mas dá para usar.
Ela passou o pano sobre meu rosto limpando o sangue, o pano ficou bem vermelho mesmo, Faye estava encarando a mesa.
- Fire...
- Oi?
- O quão forte a mesa bateu em você?
- Um pouco forte, parecido com o soco que eu tomei do Carl
- A messa amassou e tem bastante sangue espirrado por cima.
- Hum.
Celeste passou o pano na mesa também.
- A mesa amassada será paga, não precisam se preocupar.
- Obrigado Celeste. - Agradeço ela.
- Denada Fire, mas agora, vão dormir, iremos partir já.
Assim que ela falou isso o Trem começou a se movimentar, ele partiu, Celeste olhou pela a janela, cada vez mais longe da estação e mais rápido.
- Vão dormir os dois, iremos chegar em PeaceValley lá pelas seis horas da manhã.
- Okay Celeste, novamente obrigado.
- Não precisa se preocupar com isso...
Ela saiu do quarto e fechou a porta, então é isso, acho que é hora de dormir, os sons do Trem davam um belo sono, ele se movia balançando um pouco, era confortável, lá fora a floresta de pinheiros perto da capital já começava a aparecer, algumas árvores solitárias passavam hora ou outra ao lado do trem.
- Acho que ja vou dormir Faye...
- Eu também vou...
Falamos isso arrumando as camas e ja deitando, Faye deitou em cima e eu em baixo.
- Boa noite Fire!
- Boa noite Faye!