Narrador's P.O.V.
O coma é um estado de perda profunda de consciência no qual a pessoa não acorda, porém o cérebro continua produzindo sinais elétricos que se espalham pelo corpo e que mantêm os sistemas mais básicos e importantes para a sobrevivência, como a respiração ou a resposta dos olhos à luz. Muitas vezes o coma é reversível e, por isso, a pessoa pode voltar a acordar. No entanto, o tempo até que o estado de coma passe é muito variável, de acordo com a idade, estado de saúde geral e a causa. Algumas pessoas dizem que quem está em coma pode ouvir tudo ao seu redor como se estivesse consciente, porém preso em seu próprio corpo.
Harry não sabia se aquilo era verdade. Ele desejava de todo o seu coração que não fosse. Desejava que Luke não estivesse ali, ouvindo todo o sofrimento que era despejado pelas pessoas que sempre iam visitá-lo. Desejava que o menino não estivesse ouvindo todas as crises de choro, todas as lamentações e palavras de tristeza...
Três semanas depois do incidente, Hemmings continuava em coma. Graças a Jean, naquele dia, Harry e Josh conseguiram salvar o irmão, levando-o a tempo para a emergência do hospital mais próximo, mas desde então Luke estava assim. Inerte. Parecia dormir, porém nunca acordava. Depois que fora transferido para Londres, tudo piorou. Aquilo estava acabando com todos, principalmente com Ashton!
E quanto ao ômega? Ah... O ômega ficou devastado!
Todos os dias Irwin ia até o hospital para visitar seu alfa. Ele ia e passava horas ao lado de Luke conversando, cantando, chorando ou as vezes apenas observando seu namorado. Ele sentia um pesar tão grande. Sentia como se houvesse perdido um pedaço de si, como se sua alma tivesse sido partida em dois, sendo uma das partes tiradas de si. Ele não sabia o que pensar. Não sabia o que fazer. O loiro sempre estava ali, deitado, inerte. Mesmo estando pálido, mesmo com as enormes olheiras profundas de baixo dos olhos do mais novo, o ômega ainda o achava lindo. Ainda era seu Luke ali! Ele esperaria o tempo que fosse necessário, mas a espera o machucava tanto...
Aquele dia não havia sido diferente. Styles estava no quarto de hospital junto a seu irmão, como fez durante todos os dias que se arrastaram daquelas três semanas que pareceram anos, de tão longas. Ele odiava aquele lugar! Odiava o som das máquinas e aparelhos que estavam conectados ao corpo do caçula. Odiava o lugar todo branco com cheiro de álcool e metal cirúrgico. Odiava ter que ver todos os dias as dezenas de pessoas que sofriam ali. Mas, mesmo odiando a aquilo tudo, ele não sairia do lado de Luke nem se fosse obrigado!
O alfa se sentia tão culpado...
Afinal, seu irmão caçula só estava naquela condição por sua culpa!
Por mais que Ashton dissesse que aquilo não era culpa de ninguém, o cacheado não pensava assim. Para ele era, de fato, sua culpa! Foi ele quem envolveu Luke nisso. Ele o levou consigo naquela noite. Ele deixou com que seu irmão fosse atingido e batesse com a cabeça tão forte que acabou causando traumatismo. Era culpa dele seu irmão estar em coma! Era culpa dele toda a tristeza do ômega de olhos castanho-esverdeados e a de todos os seus amigos!
Bom, ao menos era assim que o de olhos verdes pensava.
O pior de tudo foi ter que mentir para todos sobre o que realmente aconteceu. Harry dissera que aquilo foi fruto de um assalto a mão armada. Dissera que ele e os irmãos apenas saíram para caminhar durante a madrugada, quando foram abordados. Dissera que Luke reagiu e acabou sendo baleado, o que o fez cair e bater com a cabeça. Dissera isso, mas era mentira! Era tudo mentira!
Ele já estava cansado de tantas mentiras!
Ele estava cansado...
- Harry... - O garoto despertou de seus devaneios quando ouviu a voz de Ashton.
- Oi, Ash... - Tentou sorrir mesmo que fosse de forma fraca, porém falhou miseravelmente.
- Eu... Posso ficar... Com ele? - Perguntou. Sua voz soava tão cansada quanto seu olhar sem brilho. Os olhos do cacheado mais novo caíram sobre o corpo inerte do alfa, e naquele momento ele sentiu uma pontada em seu peito. Tristeza e saudade.
- É claro! Por favor! - Disse, se levantando.
O alfa, ao se aproximar, abraçou o menino com força. Aquilo foi o suficiente para fazer com que as pernas do ômega fraquejassem por alguns instantes e com que o coração de Styles se apertasse. Ambos sentiam a dor um do outro. Ambos sabiam o quão difícil estava sendo para o outro. Ambos queriam apenas que Luke acordasse e tudo voltasse a ser o que era antes.
- Me desculpe, Ash... Por favor, me desculpe... - Sussurrou com lágrimas em seus olhos. Já não aguentava mais chorar, porém seu coração o traía todas as vezes.
- Harry, não foi sua culpa! Não faça isso consigo mesmo, por favor... - O ômega não estava tão diferente de seu cunhado, mas tentava soar firme. Precisava fazer Styles se perdoar! - Luke sabe que não foi sua culpa. Eu sei que não foi sua culpa! Você precisa parar de se martirizar dessa forma ou vai acabar ficando doente. Você não pode ficar doente! Você precisa cuidar de Louis, de seu filho, e precisa ser forte para estar do meu lado até seu irmão acordar! Nós precisamos de você, Harry...
O cacheado suspirou pesadamente, mas concorda. Irwin secou as lágrimas do outro e deu seu melhor sorriso. Ele estava certo, afinal. Harry acabaria enlouquecendo se continuasse daquele jeito, e isso não seria nada bom. Ele realmente deveria estar ali, presente, para proteger a todos!
- Vá pra casa descansar um pouco. Minha mãe está chegando aqui, ela vai ficar comigo enquanto eu cuido do Luke, então não precisa se preocupar. - Falou.
- Tudo bem... - Sorriu. Finalmente conseguiu sorrir. Fraco, de maneira quase imperceptível, mas sorriu.
O mais velho deposita um beijo na testa de seu cunhado e sai do quarto, deixando o menino e seu irmão sozinhos.
Só Deus sabia o quanto tudo aquilo estava sendo difícil para ele. Mas, ao menos, tinha Louis, Josh, Cameron e todos os outros ao seu lado. Eles eram seu suporte. Eles o impediam de desabar. Eles estavam sempre ali, fazendo com que se sentisse melhor, mesmo que minimamente. Isso deixava Harry feliz.
O alfa andava de forma vagorosa pelos corredores brancos do grande hospital. Não estava prestando muita atenção à sua volta, já que sua mente estava mergulhada em pensamentos. Tantas coisas acontecendo, tantas preocupações... Ele não sabia onde aquilo iria parar, e isso era o pior de tudo! Harry odiava o fato de não poder prever o que viria a seguir, e odiava ainda mais a forma como o universo parecia brincar consigo fazendo sua vida seguir por caminhos que ele nunca imaginaria trilhar, colocando coisas e situações que ele não esperava. Era ridículo! Mas, mesmo com tudo aquilo, ele ainda era feliz. Louis o fazia feliz!
- Com licença... Pode me dizer onde fica o quarto trinta e dois? - Uma senhora o parou de repente e perguntou. Harry se surpreendeu, afinal aquele era o quarto de Luke.
- Claro, mas... Quem é você? Esse quarto é o do meu irmão. - Murmurou.
- Oh, você deve ser o Harry, não? - A mulher sorriu. Ela era familiar para o garoto, porém ele tinha absoluta certeza de que não a conhecia.
- Sim, sou eu... - Disse.
- Eu sou Anne Marie, a mãe de Ash.
- Ah, sim, claro! - Se lembrou das palavras do mais novo, e então entendeu a sensação de familiaridade. A mulher é a cara de Ashton. Harry se surpreendeu ainda mais por ela ter o mesmo nome de sua mãe, Anne. Não sabia desse detalhe sobre o namorado de seu irmão. - Venha, eu vou te levar até lá.
- Como ele está? - Perguntou enquanto caminhava ao lado do alfa.
- Estável. Não há melhoras, nem pioras... Está na mesma e os médicos sequer tem previsão de quando Luke pode acordar... - Murmurou tristemente.
- Eu sinto muito, querido... Se para Ashton já está sendo difícil, imagino como deve ser para você que é irmão dele. - Até mesmo ela parecia triste. Styles já começava a se perguntar se era sua culpa, se ele estava emanando alguma aura que estava deixando todos tristes.
- Todos nós... Estamos tristes... Eu... - Por mais que tentasse, as palavras pareciam não querer sair. Não sem trazerem junto consigo as lágrimas. Ele não conseguia falar, mas não foi preciso mais do que aquilo para que Anne pudesse entendê-lo.
- Sabe, Harry... Meu filho realmente ama seu irmão. Eu nunca o vi dessa forma, nem mesmo quando seu pai morreu. Ele sempre falou muito sobre o Luke, e eu sempre quis conhecê-lo, mas não nessas condições. Há semanas eu não vejo meu filho sorrir, e por muitas vezes o pego chorando, porém ele está empenhado em cuidar do namorado. Tudo o que eu estou falando agora pode parecer meio sem sentido, e até eu mesmo não estou me entendendo muito, mas o que quero dizer é que logo ele irá sair dessa! Logo Luke estará bem! Todos nós estaremos aqui! - Garantiu. Suas palavras deram ao cacheado mais algumas gotas de esperança.
- Muito obrigado, Anne. - Agradeceu. Logo eles chegaram a porta do quarto, onde pararam. - Você não deve saber, mas nossa mãe adotiva se chamava Anne também. De certa forma é bom ouvir isso vindo de você...
- Oh... - Anne corou, porém sorriu. A mulher entrou no quarto, deixando o garoto sozinho mais uma vez.
(...)
Harry já havia se acostumado com sua vida de professor, e até pensava em seguir a carreira definitivamente. Mesmo sendo jovem, o alfa amava a maneira que se sentia ao passar seus conhecimentos para os alunos, e era gratificante para si ver os frutos do que ensinava. Além disso, ele também já havia se acostumado com o ar de juventude que um colégio de ensino médio exala, então lentamente estava se inclinando a tomar aquela decisão.
No dia seguinte ao que conversou mais uma vez com Ashton e que conheceu sua mãe, Anne, o alfa se sentia... Um pouco menos pior, digamos assim. As palavras daquela mulher, mesmo que sendo poucas, o fizeram um enorme bem. O cacheado sentiu como se aquilo fosse vindo de sua própria mãe. Isso o revigorou. E também, Irwin estava certo quando disse que ele precisaria estar ali para todos os seus amigos, seus irmãos e, principalmente, para seu namorado e seu filho.
Ele precisava ser forte!
Mas falar era muito mais fácil do que fazer. Styles tinha noção disso. Seu coração e mente, por diversas vezes, lhe traiam de maneira que ele chegava a pensar que nada daria certo ou que ele não seria forte o suficiente para suportar e superar tudo aquilo, porém toda vez que ousava pensar assim alguém vinha e revigorava suas forças. Com o tempo o garoto aprendeu que não valia a pena ficar remoendo o passado, muito menos se assustar com o presente, e que sim devemos focar no futuro que iremos construir. Construir! Isso lhe fazia ter esperanças!
- Harry... - Josh chamou a atenção do outro ao encontrá-lo lendo distraidamente um livro na sala dos professores.
- Hey... - Sorriu e foi retribuído da mesma maneira. - Tudo bem?
- Sim... Até que sim... - Disse, sentando-se ao lado do irmão. Devine jogou sua cabeça para trás, olhando para o teto e suspirou de maneira cansada. Afinal, eles não estavam nada além de cansados!
- Você sabia que a mãe do Ashton se chama Anne? - Comentou.
- Jura? - O garoto pareceu se surpreender.
- Sim. Descobri ontem quando ela foi visitar o Luke com o Ash. - Styles focou em um ponto e olhou fixamente para o vazio enquanto organizava seus pensamentos. - Isso pode ser um sinal, não é?
- Talvez sim. Se for, é bom! - Falou.
- Sim... - O mais velho parou de falar quando ouviu seu celular tocar. Ao pegar o aparelho ele vê que é uma chamada de Ruby, a psicóloga de Louis. - Com licença...
Styles, por fim, atendeu a ligação. No fundo ele sabia que talvez fosse receber notícias ruins, mas implorava para que não fosse. Isso era o que ele menos precisava.
- Ruby...
- Bom dia, Sr. Styles. Como vai? - A voz animada da mulher o fez sentir um pouco melhor.
- Vou bem, obrigado. - Disse. - Mas... Por que me ligou?
- Tenho notícias, mas não sei dizer se são boas ou ruins. - Sem que pudesse controlar, o mais velho sentiu uma pontada de desespero.
Será que havia algo com Louis?
- Pode dizer, por favor. - Josh notou a aflição na voz do irmão, e automaticamente passou a prestar atenção no mais velho.
- Bom. É algo meio complicado de se dizer por telefone, mas creio que seja melhor lhe contar o mais rápido possível. - Falou. Harry pôs no vivo-a-voz para que Devine também pudesse ouvir. Ele não achava que aguentaria aquilo sozinho. - Depois de todas as conversas que tive com Louis, cheguei à um diagnóstico. Ele tem depressão pré-parto.
- E o que seria isso? - O alfa mais novo questionou.
- Geralmente, quando alguns ômegas tem seus filhotes, eles podem entrar em depressão. Eles acabam rejeitando a criança por não sentirem como se fosse seu filho, e isso durante meses. A depressão pós-parto tem cura, mas quando detectada precisa de tratamento imediato. - Harry franziu o cenho.
- Mas você falou que ele tem depressão pré-parto. - Lembrou.
- Essa é a parte estranha. Na verdade, depressão pré-parto não deveria existir. Louis tem a mesma depressão que os outros ômegas, porém ele a desenvolveu antes mesmo da criança nascer. Isso é raríssimo!
- Isso quer dizer que...
- Sim. Ele odeia a criança. - Styles sentiu uma lágrima solitária escorrer por seu rosto quando a psicóloga falou a dura realidade. Isso era tudo o que ele menos precisava ouvir. Josh notou a dor de seu irmão, e o abraçou da melhor maneira que pôde. Ele também achava que Harry não merecia passar por tudo aquilo, e odiava ver seu irmão naquela situação. - Mas, surpreendentemente, ele veio tendo melhoras significativas. Eu até estranhei a forma como de repente ele pareceu começar a aceitar a criança. Por acaso aconteceu algo com ele nas últimas semanas, ou talvez ele conversou com alguém?
O cacheado não se lembrava. Havia Louis conversado com alguém? Será que o acidente com Luke foi forte o suficiente para fazer seu quadro, subitamente, melhorar?
Mas aí ele lembrou...
O ômega do aeroporto!
- Sim, ele conversou com um ômega no aeroporto! - Murmurou, lembrando. - Era um ômega com uma criança, e Louis pareceu muito mais feliz depois de conversar com ele. Ele também falou para Louis não se esquecer sobre o que eles haviam conversado.
- Então foi isso! - Ruby soltou gritinhos de felicidade. Ela era uma figura! - Talvez esse ômega tenha feito Louis aceitar seu filho! Eu tenho que anotar isso!
- Viu, Harry. As coisas vão melhorar. - Devine sussurrou para o irmão, o que o fez sorrir. Ambos sorriram.
- Ah, antes que eu me esqueça... Tem mais. - A psicóloga falou de repente.
- Mais?
Por Deus, quantas notícias aquela mulher iria dar?
- Agora envolve o outro ômega. Cameron.
- E o que seria? - Questionou.
- Lembra que eu lhe falei que Louis odiava a criança? - Ambos murmuraram apenas um "uhum" e esperaram que ela continuasse. - Bom, outra coisa meio estranha. Seu ômega transferiu todo o sentimento que deveria ter pelo bebê para o Cameron. Ou seja... Ele sente que é pai de Cameron.
- Então é isso! - Harry quase gritou. - É isso o que eu sinto por ele!
- Mas como é possível? - Àquela altura Josh já não entendia mais nada.
- É possível por causa da ligação. Talvez esse sentimento de Louis tenha migrado para você, e agora ambos sentem como se o outro ômega fosse seu filho. - Ruby parecia uma cientista louca apresentando sua maior descoberta para o mundo. - É muito, muito estranho, até porque eles têm a mesma idade, porém é assim que Louis se sente e não há nada que possa ser feito para mudar. Tudo o que vocês precisam é entender que, na verdade, Cameron não é seu filho!
Agora tudo fazia total sentido!
Tudo aquilo que Styles sentia pelo pequeno ômega de sardas, aquele sentimento de amor intenso que não conseguia explicar, era exatamente isso. Paternidade. E, além disso, aquele sentimento ao menos era seu, e sim de seu namorado...
Mas, como era possível?
Afinal... Por que Louis se sentia pai do ômega?
- Muito obrigado, Ruby! - Agradeceu, finalizando a ligação.
~*~
Harry's P.O.V.
Ok...
E agora?
Depois da ligação da Dra. Ruby eu... Eu não sei bem o que fazer...
Afinal, o que eu posso fazer?
Saber tudo o que Louis sente, finalmente entender exatamente o que está se passando com o ômega é maravilhoso, porém eu me sinto mais perdido do que nunca!
Se Luke estivesse aqui ele me ajudaria a pensar em uma solução para tudo isso...
Mas ele não está, então tenho que pensar!
Tudo piora com o que ele sente pelo Cameron. Com o que nós dois sentimos! Agora eu finalmente consigo entender esse sentimento confuso em relação ao ômega de sardas. Finalmente entendo todo esse apreço, carinho, cuidado... Porém, o que devo fazer? Será que devo seguir com isso ou devo pôr um fim? Deixo esse sentimento incomum aflorar ou o corto pela raiz?
O que eu devo fazer?
Tantas perguntas me atingem de uma só vez e me deixam atordoado, tanto que quado dou por mim já estou estacionado na frente da casa do de olhos azuis. Suspiro. É incrível a maneira como minha mente de forma automática me traz para cá. Eu não preciso estar lúcido, pois sempre acabarei voltando para cá. Acabo sorrindo com esse pensamento.
Isso significa que, talvez, esse já tenha se tornado o meu lar!
Saio do carro e vou direto para a porta, entrando sem cerimônias já que tenho uma cópia da chave. Hoje, por ter sido conselho de classe, os meninos não tiveram aulas, sendo assim ficaram em casa, porém mesmo eles tendo ficado em casa tudo está um completo silêncio...
Subo as escadas rapidamente, passando pelo quarto de Cameron e me deparando com ele completamente vazio. Uma ponta de preocupação começa a surgir, porém ouço vozes vindas do quarto de Louis. Isso me faz suspirar, aliviado.
"Let's take it back to where we first began
(Vamos voltar para onde tudo começou)
They turned us strangers into closest friends
(Nos transformaram de estranhos a melhores amigos)
Turn the page and see the wonder
(Vire a página e veja essa maravilha)
That's here for you and I
(Que está aqui para você e eu)"
A voz de Louis soa docemente enquanto canta uma de suas músicas favoritas. O mais novo está sentado na cama, com Boyce logo a sua frente. O de olhos azuis penteia os cabelos do ômega mais novo como uma mãe faz com seu filho, e, mesmo estando preocupado, acabo sorrindo.
Afinal, que mal teria?
"Was all so different once upon a time
(Era tudo um conto de fadas tão diferente)
But now the spark we got won't ever die
(Mas agora a chama que temos nunca irá apagar)
Close your eyes and feel the magic
(Feche seus olhos e sinta a magia)
Don't ever let it go
(Nunca deixe de sentí-la)"
Agora é Cameron quem canta, e devo dizer que me surpreendo ao ouvir sua voz. Ambos parecem tão inertes no que fazem que ao menos notam minha presença aqui. Mas não me importo. Observo os sorrisos estampados nos rostos de ambos os ômegas, e automaticamente acabo sorrindo. Sinto meu peito se encher de alegria e amor, apenas por vê-los assim.
"A bit of me, a piece of you
(Um pouco de mim, um pedaço de você)
With a sprinkle of attitude
(Com uma pitada de atitude)
A little dream, a lot of love
(Um pequeno sonho, muito amor)
Turn up the heat baby, don't give up
(Aumente essa chama, não desista)"
Não, realmente não é nada normal. Esse sentimento não é normal. Cameron tem praticamente nossa idade, sendo assim nunca poderá ser como nosso filho. Porém eu não me importo. Independente desse estranho sentimento, eu decidi cuidar dele da melhor maneira possível. Ele se tornou um de nós, um da família, um motivo de felicidade, e uma pessoa bastante especial. Esse ômega de sardas conseguiu conquistar a todos nós, principalmente a mim e a Louis.
"Yeah, I know we've come so far
(Sim, eu sei que viemos de tão longe)
But it's just the beginning
(Mas esse é apenas o começo)".
Canto essa pequena parte, e automaticamente a atenção dos garotos cai sobre mim. Eles sorriem ainda mais ao me ver.
- Há quanto tempo você está aí? Está nos espionando? - Tomlinson questiona, terminando de arrumar os cachos do mais novo. Isso me faz lembrar de uma de nossas primeiras conversas quando ele me fez essas mesmas perguntas.
- Há tempo suficiente para apreciar essa cena linda. - Falo enquanto me aproximo.
- Você canta muito bem. - Cameron se levanta, já que antes estava sentado no chão, e se senta ao lado de Louis.
- Muito obrigado, Cam... Sua voz também é muito bonita! - Me sento de frente para ambos os meninos, estes que me observam atentamente.
- Por que você está nos olhando assim? - Meu namorado me olha de maneira desconfiada.
- Assim como?
- Assim! Com esse sorrisinho besta no rosto. - Diz.
- Eu não sei... Mas deve ser porque eu amo vocês... - Dou de ombros, e rio com o "awnt" que eles fazem.
- Vocês dois são estranhos. - O mais novo dos ômegas ri. - Mas também amo vocês.
- Venham aqui!
Estendo os meus braços e ambos os garotos vêm sem hesitar. Abraço os ômegas e beijo seus cabelos da melhor maneira que posso.
- Tenho que conversar com vocês. - Murmuro.
- Sobre o que? - O de olhos azuis indaga.
- Sobre vocês. Sobre nós. - A expressão de confusão estampada nos rostos dos meninos só mostra que não entenderam absolutamente nada.
- Como assim? - Agora é a vez de Boyce questionar.
- Bom... Por onde devo começar...? - De fato não é algo simples para se falar. Eu mesmo ainda não entendo nem metade do que está acontecendo, porém devo dar meu melhor. - A Dra. Ruby me ligou hoje e falou algumas coisas sobre o quadro do Lou...
- Quem é essa?
- Minha psicóloga. - Tomlinson responde ao cacheado e logo volta a prestar atenção em mim. - O que ela disse?
- Ela disse algumas coisas, mas a principal é que... Bem... Nós somos os pais do Cameron. - Coço a nuca, tentando achar a melhor maneira de falar, porém acabo piorando tudo.
- O quê?! - Os dois dizem em uníssono e riem. Acabo rindo também. Afinal, tudo isso é meio engraçado.
- Calma, deixem eu reformular essa frase... - Rio. - O que eu quis dizer, na verdade, é que parece que o Louis desenvolveu um sentimento de paternidade por você, Cameron. Lou, você sente que é pai dele, e graças a isso eu também me sinto assim. O imprinting transferiu seus sentimentos pra mim, e agora nós dois nos sentimos como pais do Cam.
Os ômegas ficam em silêncio por alguns instantes, apenas me encarando, porém sem expressão alguma. Louis parece confuso, em choque, e abre e fecha a boca por algumas vezes, mas em nenhuma ele fala algo.
- Sabem... Isso é meio... Estranho... Porém eu até que gosto. - Cameron dá de ombros e sorri como uma linda criança feliz. - Desde que eu cheguei aqui vocês foram maravilhosos comigo. Eu nunca soube como é ter uma mãe ou um pai de verdade, mas vocês dois me deram um pouco dessa sensação. Vocês cuidaram de mim, vocês me acolheram, me fizeram parte dessa família, e... E eu sou muito grato por isso...
- Eu não sei bem o que devo falar. - Tomlinson suspira, mas sorri mínimo. O ômega mais velho olha para o cacheado e bagunça seus cabelos, arrancando algumas risadas do mesmo. Apenas observo a cena com um sorriso besta nos lábios.
- Não há muito o que falar, Louis. É assim que nós nos sentimos, e não há nada que possamos fazer para mudar. Cameron nunca poderá ser nosso filho, mas... Digamos que ele é um irmão caçula...
- E, como nosso irmão caçula, continuaremos cuidando e amando você! - Por fim diz, completando minhas falas.
O mais novo dos ômegas nos olha com lágrimas nos olhos. Ele sorri de uma forma tão linda que me enche de alegria, e, de certa forma, minha alegria é complementada quando os sentimentos de Louis começam a me invadir.
- Muito obrigado. A vocês dois! - Chora.
Sim, é estranho... Mas quem se importa?
~*~
Narrador's P.O.V.
O homem estava irritado. Muito irritado.
Seu plano não estava saindo como desejado. Ele não conseguia, de maneira nenhuma, eliminar o ômega desgraçado que tanto lhe incomodava apenas com sua existência. O alfa odiava aquele garoto de uma forma surreal, e queria vê-lo morto, mas nada funcionava!
E tudo por culpa dele...
- MALDITO STYLES! - Rosnou, jogando a mesa do outro lado do escritório, sem se importar com as coisas que foram destruídas.
Ele estava emanando puro e genuíno ódio. Ódio principalmente do alfa e de seus irmãos, que insistiam em lhe atrapalhar a todo custo. Ametista contratou diversos assassinos, mas todos acabavam sendo eliminados por Harry, Luke, Josh e seus homens. Naquele dia, mais uma vez, seus subordinados não obtiveram sucesso, sendo mortos por Styles em pessoa.
- NÃO É POSSÍVEL QUE ELES SEJAM TÃO BONS ASSIM! - Gritou.
O alfa estava furioso, de fato. Queria ver Louis morto a qualquer custo. Não admitiria que o ômega continuasse vivo, o incomodando. Apenas o fato dele ainda respirar o incomodava. Ele queria Tomlinson a sete palmos do chão e não iria descansar até ter o que queria!
O homem pegou seu celular, discando o número que havia conseguido no dia anterior. Ele estava disposto a acabar com aquilo, e, se necessário, iria fazer tudo pessoalmente!
Ele teria a cabeça de Louis Tomlinson em uma bandeja de prata, de um jeito ou de outro!
- Alô... - Sorriu de maneira doentia ao ouvir a voz do alfa.
- Harry Styles... Que prazer finalmente conhecê-lo... - Disse.
- Quem é você? - Styles indagou de maneira firme, o que fez o alfa rir.
- Ametista. Conhece? - Silêncio. Ele decidiu continuar. - Liguei para pedir encarecidamente que pare de matar meus homens e me deixe, por fim, matar ômega.
- Nunca. - É tudo o que o garoto diz. Como era petulante!
- Sabe, garoto... Quando te contratei não pensei que se tornaria uma pedra tão grande no meu caminho. Não pensei que você se tornaria alfa do... Louis... E muito menos que iria me decepcionar como fez.
- Você nunca vai conseguir, Ametista. Eu vou proteger Louis com tudo o que tiver! Eu sou melhor do que qualquer outro, então te garanto que você nunca tocará em um fio de cabelo do meu ômega! - Ralhou.
- Ora, mais que criança petulante! - Ametista já estava começando a se irritar. - Você é petulante igual ao seu pai, Harry Styles!
- Não ouse falar do meu pai...
Um sorriso surge nos lábios do homem.
Tinha, enfim, encontrado um ponto fraco!
- E por que não? Você é como ele, e eu terei que te eliminar da mesma forma que fiz com seu amado paizinho e sua querida mamãe! - Riu. Um rosnado foi ouvido do outro lado da linha.
- PARE DE FALAR SOBRE O QUE NÃO SABE!
- Não, é você que parece não saber! Seus pais tentaram entrar no meu caminho uma vez, então eu tive que matá-los. Eu, pessoalmente, rasguei o pescoço de Robin e o fiz assistir enquanto me divertia com Anne, mas, claro... Eu também a matei. Com um tiro na cabeça, aliás. - O alfa sorria enquanto despejava cada palavra, lembrando-se da cena. Adorava saber que aquilo afetava Harry.
- Eu... Eu vou arrancar seu coração... Com minhas próprias garras! - Sibila lentamente. Era notável a voz embargada do garoto.
Ametista sorriu satisfeito.
Logo a ligação foi encerrada.
A música que os meninos cantam se chama "The Beggining" e é de uma das minhas GirlGroups favoritas, Little Mix. Super aconselho!!
Kisses ❤