Dylan
Charlotte salvou meu irmão de um destino fatal, mas, mesmo assim, não consegui evitar a onda de ciúmes ao vê-la ao lado dele, especialmente com as provocações que eles não param de fazer.
Apesar das incessantes provocações de meu irmão, os sentimentos humanos são como o vento, e essa raiva pode se transformar em amor. Ao lado dele, ela formaria uma família, enquanto comigo, isso é praticamente impossível. Não seria surpreendente se ela optasse por ele.
Entretanto, este não é o momento para incertezas; preciso me focar em concluir a missão. Charlotte sugere que todos descansem, mas meu irmão a agarra, repreendendo-a por ignorar suas ordens. Enquanto escuto, a humana reclama da necessidade de ir ao banheiro, e a levo para longe do grupo.
De repente, algo me envolve, derrubando-me no chão. "Não tive escolha, sinto muito", diz a humana, e zumbis surgem ao nosso redor. Ela esclarece que sou é crucial para a super soldado.
Sou arrastado pelos zumbis e, eventualmente, lançado ao chão. Ouço rosnados ao meu redor. Um homem se aproxima, sem lábios e com dentes afiados. Ele me cheira, passa a língua pelo meu pescoço e ri. Fico observando-o, intrigado e apreensivo.
"Os humanos conseguiram domesticar um zumbi," - diz ele, e fico surpreso ao perceber que ele pode falar. Maria havia comentado que ele só rosna. Mas percebo que ela estava mentindo. - "Não tem o odor e nem o gosto da morte. Mesmo assim, precisa usar essa máscara, pois eles não confiam em você," - ele segura minha máscara, - "Mas algo me chamou a atenção, um cheiro em particular. Jamais me esqueci desse aroma, e ele está em seu corpo," solta a minha máscara. - "Ela permitiu que um ser insignificante tocasse em seu corpo, e isso não me agrada," - diz, rosnando. - "Vejo que você é racional, agora entendo porque é tão importante. Mas será que continuará a ser quando ela perceber que se tornou um de nós? - sinto algo penetrando em meu pescoço. - "Logo você será apenas um peão sem cérebro, e eu adorarei vê-la estourando seus miolos," - avanço em direção a ele, mas sou contido. - "Não lute contra meu veneno, ou ele agirá mais rapidamente. Então, aproveite os minutos que lhe restam, animalzinho dos humanos."
"Maldição," - pensei.
(...)
Charlotte
Deveria ter eliminado aquela humana assim que o bebê nasceu, evitando que Dylan fosse capturado. No entanto, minha confiança excessiva me impediu.
Assumo total responsabilidade por isso. Convenci-a a me guiar até Jacob, enquanto ela lamenta a distância de seu filho durante todo o caminho.
Embora tenha exagerado ao ameaçar o bebê, nunca machucaria uma vida inocente. O blefe foi necessário para fazê-la revelar o paradeiro do Dylan.
Mais tarde, ela para e menciona que Jacob está dentro do shopping. Faço com que ela se sente enquanto elaboro um plano. De repente, escuto passos e ordeno que ela se esconda, também me oculto e, ao perceber passos se aproximando, me preparo para atacar.
Ao sair de meu esconderijo, interrompo o ataque ao perceber que é o irmão de Dylan.
"Você não deveria estar resgatando os adolescentes?"
"Meu irmão é mais importante. Então, qual é o seu plano?"
"Entrar e matar todos e, depois, resgatar Dylan."
"Você não tem um plano" - diz ele, soltando um suspiro - "Se eu não tivesse vindo, vocês morreriam antes de chegar ao Dylan. Sua sorte é que não confio em você."
"Dylan é importante para mim."
"Sua palavra não vale nada para mim. Esse amor todo é muito estranho vindo de alguém como você."
"Por favor! Quando essa missão acabar, vá a um prostíbulo e aproveite, toda essa raiva deve ser porra acumulada."
"Minha vida sexual não é da sua conta."
"Nem vida sexual você tem, Spider" - digo, e ele fica paralisado - "Use esses músculos perfeitos e resolva suas pendências, porque está sendo insuportável com essa irritação e jogando suas frustrações em mim."
"Você é desprezível."
"Pelo menos não estou frustrada."
"Não tem como ser legal com você" - diz ele, virando as costas, e eu solto um suspiro ao ouvir passos rápidos.
"Meu coelhinho está tentando fugir" - digo, saindo correndo e agarrando Maria - "Aonde vai, coelhinho?"
"Já mostrei onde está seu zumbi, agora me deixe ir."
"Você servirá de moeda de troca, se necessário. Agora, sente-se" - digo, empurrando-a, e ela cai no chão - "Te ajudei, e você me traiu. Então, agradeça por estar viva."
"Não tive escolha."
"Todos nós temos escolhas. Você poderia ter recusado."
"E ficar para sempre servindo de fábrica de bebês para um monstro?" - Diz, com raiva. - "Faz dez anos que estou vivendo um pesadelo. Tive que ver meus bebês nascerem mortos ou morrerem logo depois. Não sou companheira dele como você pensa."
"E quais são os objetivos dele?"
"Criar uma nova raça mais forte e resistente para dominar o mundo."
"Vejo que meu velho amigo está perdendo a sanidade", - penso enquanto reflito. - "Você sabe de alguma passagem segura para entrarmos no shopping?"
"Vamos todos morrer de qualquer jeito."
"Você sabe, Maria?"
"Me sigam." - Diz ela, levantando-se e começando a andar, e a seguimos.
"Vai confiar nela?"
"Dessa vez ela disse a verdade", - responde ele, e fica em silêncio. Minutos depois, ela para em frente a uma farmácia.
"Vamos entrar por aqui", - ela entra na farmácia e fazemos o mesmo. - "O que está fazendo?" - Pergunta, ao me ver observando as prateleiras.
"O plano B" , - respondo, pegando cinco seringas e agulhas. Então, tiro meu uniforme até a cintura, amarro uma borracha no meu braço e começo a tirar meu sangue.
"Por que está tirando seu sangue?"
"Logo você saberá" - tampo as seringas e entrego a ele. - "Guarde para mim."
"Charlotte."
"Só dessa vez, confie em mim" - digo, e ele pega as seringas e guarda. - "Isso é pelo bem do Dylan."
"Espero", - ele volta a andar e faço o mesmo. Após um tempo, estamos dentro do shopping.
"Conhecendo o alfa, seu zumbi estará preso no centro da praça de alimentação, e estará sozinho para servir de isca", - diz ela, enquanto eu prendo as algemas. - "O que está fazendo?"
"Você é minha moeda de troca", - digo, olhando para Spider. - "Então, qual é seu nome verdadeiro?"
"E por que você quer saber?"
"Porque vou fazer o dono do nome se ajoelhar e beijar meus pés", - digo, e ele dá uma risada.
"Meu nome é Dion. Mas você nunca me fará se ajoelhar, e muito menos beijar seus pés" - diz ele, e eu rio.
"Fique de olho nela."
"Vou te ajudar."
"Sua segurança é minha prioridade, comandante" , - digo, tocando seu ombro, e ele fica paralisado. - "Eu sei, sou incrível" - digo, afastando-me e começando a andar.
"Traga meu irmão para mim, e veremos se é tão incrível como diz ser."
"Então você irá beijar meus pés?"
"Nem a pau" - diz ele, e eu rio, voltando a andar.