บท 30: capitulo 30
(...)
Dylan
Desde sempre, a paciência com crianças foi uma das minhas virtudes. Mas, desta vez, a situação está se tornando insuportável. Não importa quantas vezes eu repita para Anna que ela deve desistir de me perseguir. Mesmo que Charlotte não estivesse na minha vida, nada entre nós jamais aconteceria. Mas ela parece surda às minhas palavras, e suas insistências se tornaram perigosas.
Anna passou a manhã inteira tentando sem sucesso me convencer a me voltar contra Charlotte. Após três meses ao lado da minha mulher, sei que ela é uma força da natureza — uma ciumenta destemida que não hesitaria em incendiar o mundo se fosse necessário.
Charlotte me assegurou que não existe nada entre ela e Samuel; ele é apenas um amigo. E eu confio nela o suficiente para saber que Anna está apenas tentando nos separar.
"Isso nunca vai acontecer."
Dion, claramente irritado com a situação, sugere que saíamos para a cidade, em uma tentativa de dar um fim às tormentas que Anna está causando. Mal sabemos que ao sairmos da fazenda, seremos surpreendidos por um ataque inesperado. Charlotte está lutando contra um homem que, para nosso horror, se revela um zumbi — ágil e forte, como uma máquina de destruição.
Quem é esse ser?
Samuel está ferido, e para protegê-lo, Charlotte usa seu corpo como escudo. Isso me enche de raiva. Ela pula de um prédio, amortecendo a queda com seu próprio corpo.
Uma atitude que poderia ser fatal!
Charlotte já se sacrificou por nós antes e continua a agir de forma imprudente, sem pensar nas consequências.
No caminho de volta à fazenda, não consigo parar de pensar sobre quem poderia ser o zumbi e por que ele atacou Charlotte e Samuel. O assobio que ouvimos me faz suspeitar que ele possa estar sob controle de alguém.
Mas quem?
Ao chegarmos à fazenda, a movimentação é frenética. Dion leva Samuel para a pequena sala de cirurgia que temos, enquanto Charlotte corre ao porão para verificar as câmeras de segurança. Deixo meu irmão cuidar do jovem e sigo atrás dela.
"Amor!", - chamo, enquanto Charlotte se concentra no computador. Ao seu lado, assisto às várias telas, até que uma delas mostra carros blindados e três ônibus. - "Por que os sensores não dispararam?"
"Devem estar com defeito," - ela responde, sem desviar o olhar da tela. - "Nunca vi um zumbi racional, tão rápido e forte. Ele defendeu meu golpe com uma facilidade impressionante."
"Você acha que ele é um experimento?"
"Se for, deve estar aqui para me capturar," - ela diz, olhando nos meus olhos. - "Preciso avisar Stefany para levar as crianças e as meninas para o bunker. É só uma questão de tempo até que encontrem nossa fazenda." - Ela começa a andar, mas tomba e eu a seguro para que não caia.
"Você levou uma flechada e ainda usou seu corpo para proteger Samuel de uma queda alta. Você precisa descansar."
"Estou bem."
"Eu entendo que você tem esse complexo de heroína, mas lembre-se: temos um bebê que precisa da mãe," - digo, segurando seu rosto. - "E eu também preciso da minha esposa." - Curvo-me para encostar a testa na dela. - "Vá tomar um banho e se livrar desse cheiro horrível. Eu e Dion cuidaremos do resto, e você deve descansar."
"Tudo bem," - ela responde, me dá um selinho e sai. Eu fico sozinho, olhando para as telas, e noto vários homens armados.
"Se isso é obra do governo, eles nunca colocarão as mãos na minha mulher."
"Dylan," - a voz irritante de Anna me chama, interrompendo meus pensamentos.
"Agora não, Anna," - respondo, revirando os olhos. - "Não estou com cabeça para aturar sua insistência de adolescente mimada."
"Por que você não aceita que tem que ser meu?"
"Escute, eu não sou um objeto a ser possuído," - falo, a raiva brotando. - "Salvamos sua irmã e seus amigos. Charlotte te curou, e é assim que você retribui?"
"Uma coisa não tem relação com a outra. Sinto que somos almas gêmeas," - ela diz, colocando a mão sobre o peito.
"Eu cansei. Vou falar apenas uma vez: quem eu amo é Charlotte, e sempre será."
"Você tem que dividi-la com seu irmão. Se ficar comigo, serei apenas sua."
"Eu sugeri o trisal; foi uma escolha minha. Você diz que somos almas gêmeas, mas não sinto isso. Para mim, você é como uma filha, e nada mais."
"Por que você quer ficar com ela, sabendo que eu te amo?"
"Como você me ama, se nem me conhece?" - Anna fica em silêncio. - "Quando era um zumbi, só fui gentil para mostrar que não iríamos te machucar. Mas se soubesse que você se tornaria um aborrecimento, nunca teria salvado vocês."
"Você me odeia?"
"Com razão! Faz meses que você tenta me separar da mãe do meu filho, mesmo sabendo que amo Charlotte. Sua cegueira por paixão me faz odiá-la," - digo, avançando em sua direção. -"Já está na hora de você parar de ser uma garotinha mimada e agir como uma mulher." - Aproximo-me e seguro seu rosto. - "Só não a matei ainda devido a Charlotte. Mas se continuar no meu caminho, nem ela poderá te salvar," - lagrimas escorrem pelo rosto dela.
"O Dylan que eu conheço não agiria assim. O que Charlotte fez para você é tão cruel!"
"Acorda. Esse sou eu; nunca fui gentil e nem um bonzinho," - respondo, abaixando-me para ficar ao seu nível. - "Sou um psicopata doente, e não gosto que entrem no meu caminho e tentem tirar o que me pertence." - Solto seu rosto. - "E você está tentando tirar Charlotte de mim, o que é inaceitável."
"Você usa uma máscara?" - Ela pergunta, e ao ver meu sorriso, seu coração acelera.
"Agora você sabe quem sou de verdade. Desista se ainda quiser continuar com esse coração inútil batendo em seu peito." - Viro as costas, e escuto saindo do porão
"Vejo que deixou a garota ver sua verdadeira personalidade," - diz meu irmão ao se aproximar.
"Essa humana irritante só está viva devido a Charlotte. Estou farto," - respondo, olhando para ele. - "E Samuel?"
"Ele está descansando; não vai perder o pé. Mas será que estão aqui por nossa causa?"
"Não tenho certeza."
"E Charlotte?"
"Falei para ela descansar. Mas antes, mencionou que o zumbi defendeu o golpe dela com facilidade," - digo, pensativo. - "Esse zumbi deve ser algum tipo de experimento, considerando que superou Charlotte."
"O que faremos agora?"
"Precisamos enviar Stefany e os outros para o bunker e proteger nossa mulher. Algo me diz que vamos nos deparar com o zumbi novamente, e desta vez, ele não estará sozinho," - começo a andar, já planejando os próximos passos.
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