Quando os raios solares invadiram o quarto de Naoya, iluminando o cômodo escuro, ele levantou-se ainda sonolento e, ao se espreguiçar, notou sua irmã Sayuri ao seu lado.
— Ah, bom dia, Sayuri. Está na hora de...
Ao abrir os olhos, Naoya percebeu Sayuri deitada em sua cama, assustando-se e caindo da cama. Com o barulho, Sayuri se levantou, esfregando os olhos ainda sonolenta.
— Onii-sama, você está fazendo muito barulho. Você sabe que horas... são?!
Ao direcionar o olhar para Naoya, Sayuri levou um grande susto, jogando um travesseiro nele e se cobrindo com a coberta novamente.
— Waaaah, onii-sama, o que está fazendo no meu quarto? Você está desenvolvendo um complexo por irmãzinha?
— Isso não é verdade. Foi você que veio para o meu quarto.
Ao olhar ao seu redor, Sayuri corou, lembrando-se do ocorrido da noite passada. Incapaz de contar para seu irmão, deitou-se novamente, cobrindo o rosto. Naoya se aproximou da cama, puxando a coberta que a cobria. Ao ver o corpo de Sayuri, ele corou e se virou, incapaz de manter contato visual.
— Onii-sama, você é um pervertido? Não puxe a coberta assim de repente.
— O pervertido aqui é você. Por que está na minha cama usando apenas calcinha e uma camisa minha? Está desenvolvendo um complexo por irmãos?
— Não é o que você está pensando. Eu não sou uma pervertida. O que aconteceu foi que eu tinha acabado de tomar banho, e quando percebi, não tinha trazido meu pijama. Então decidi pegar uma de suas camisas e vestir. Caminhei para meu quarto, mas estava tão escuro que acho que entrei no seu quarto sem perceber.
— Saia logo do meu quarto.
Quando Naoya desceu para tomar seu café da manhã, Sayuri estava sorridente, ela segurava em suas mãos um par de ingressos ao fixar seus olhos em seu irmão, ela sorriu e se aproximou da cadeira de frente a Naoya.
— Onii-sama, vamos sair em um encontro?
Quando Naoya escutou aquelas palavras, ele se assustou e engasgou com a bebida que estava bebendo. Ele a olhou assustado enquanto ela mantinha o sorriso e o olhava atentamente.
— Você está doida? Irmãos não podem sair em um encontro.
— Onii-sama, é um passeio no parque de diversões, não é um encontro de verdade. O que você achou que era?
Naoya pôs seus hachis sobre a mesa e agradeceu pela refeição, enquanto se levantava da mesa em silêncio ele olhou para Sayuri e olhou para a mesa novamente enquanto tentava manter a calma.
— Se eu disser sim, isso vai te deixar feliz?
— Sim.
— Então, tudo bem! Vamos sair em um encontro.
Ao ouvir aquelas palavras, Sayuri abraçou seu irmão e correu para seu quarto, ansiosa por sair novamente com ele para o parque de diversões, algo que não faziam há muitos anos. Enquanto escolhia cuidadosamente suas roupas, ela recordou a primeira vez que saiu com seu irmão para o parque de diversões, dos momentos felizes que tiveram. No entanto, a tristeza a invadiu ao lembrar-se da garota que monopolizava a atenção de seu irmão, afastando-os.
As lembranças ruins daquela garota começaram a retornar gradualmente, tornando Sayuri mais determinada a não deixar que ela afastasse seu irmão novamente.
— Desta vez, eu não deixarei que aquela garota tome o meu Onii-sama de mim novamente, só vai ser eu e ele.
Enquanto admirava seu belo vestido rosa, ela sorriu confiante de que teria seu irmão somente para si naquele dia. Satisfeita com a roupa escolhida, Sayuri desceu as escadas para encontrar Naoya, que estava concentrado em seu smartphone.
— Onii-sama, eu já estou pronta.
Quando Naoya olhou para sua irmã, corou, percebendo-a de uma maneira que nunca tinha antes. Sem palavras, Sayuri se aproximou sorrindo, segurando sua pequena nécessaire.
— E então, como eu estou?
A pergunta fez Naoya recompor sua postura e se afastar, guardando o telefone no bolso.
'Se acalme, Naoya. Ela é sua irmã. Você não pode se apaixonar por ela. Você está apaixonado pela... você ama a... será que eu realmente estou apaixonado por ela?'
Ao perceber o silêncio de Naoya, Sayuri se aproximou dele e apoiou sua mão em seu ombro.
— Onii-sama, você está bem?
— S-Sim, eu estou bem. Você está muito linda.
Aquelas palavras fizeram com que Sayuri congelasse e corasse. Era a primeira vez em muitos anos que Naoya a elogiava. A última vez que ela ouvira um elogio dele foi quando passou nos testes para a prestigiosa escola particular para garotas.
Quando chegaram ao parque Sayuri ficou extremamente animada ao ver todos os brinquedos, enquanto corria para eles, ela segurou na mão de Naoya que corou e ficou sem saber o que fazer.
Enquanto olhava Sayuri correndo alegremente, Naoya sorriu, relembrando a primeira vez que a levou para o parque de diversões e ela fez a mesma coisa, enquanto recordava lembranças, Naoya não percebeu que Sayuri estava para o encarando fixamente.
— Onii-sama, você está bem? Você está estranho desde que saímos.
— Não se preocupe Sayuri, eu estou bem, só estou feliz por está ao lado de uma garota tão bonita como você.
Ao ouvir aquelas palavras, Sayuri corou e encolheu, ela respirou fundo e encheu suas bochechas de ar.
— Mooo Onii-sama, não diga coisas tão vergonhosas assim tão de repente.
— Haha, Me desculpe.
Eles aproveitaram o dia indo em todos os brinquedos, quando foram a montanha russa Naoya teve uma série de enjôos e tonturas, quando o dia estava finalizando eles aproveitaram para ver a vista do pôr do sol na roda gigante.
Quando a roda gigante alcançou o topo, Sayuri pulou para o banco ao lado de Naoya e então abraçou seu braço, ele se assustou com a súbita atitude dela mas sorriu e acariciou a cabeça dela.
— Onii-sama, eu estou… tão feliz por ter vindo com você… obrigado.
Após dizer estas palavras Sayuri se levantou e beijou a bochecha de Naoya que corou fortemente enquanto era pego de surpresa, seu coração pulou uma batida e disparou, aquela era a primeira vez que seu coração havia disparado daquela forma, aquele final de tarde havia se tornado especial para ele.
'Isto não significa nada, ela é sua irmã. Você não deve se apaixonar por ela, lembre-se ela está apenas demonstrando afeto, irmãos demonstram afeto um pelo outro, isso é normal.'
Enquanto passeavam pelo parque, Sayuri abraçou o braço de Naoya e seguiram a caminhada, aquele dia se tornou memorável para Sayuri, dias felizes como este não deveriam terminar, todas as dúvidas que ela tinha em seu coração haviam sumido dando espaço apenas para as lembranças que ela gravou em seu coração, Sayuri encostou sua cabeça no ombro de Naoya e fechou seus olhos.
— Olha o que temos aqui, vejo que você não conseguiu esperar e resolveu me trocar por outra garota bem rápido. Você realmente é um infiel Nao-kun.
Aquela voz ecoou no ouvido de Naoya que buscou a origem dela, enquanto seus olhos passearam pelo parque, eles fixaram em uma garota sentada num banco com pouca iluminação.
Ela se levantou e deu alguns passos para a frente se aproximando de Naoya, ao perceber a aproximação dela ele congelou, sua mente aos poucos se enchia se dúvidas e vários pensamentos permeavam a mente dele. Sayuri ao perceber a aproximação da garota ela se enfureceu e apertou o abraço fazendo com que Naoya recomposse sua postura e olhasse diretamente para ela.
Quando a garota se aproximou de Naoya, ele a olhou firmemente enquanto tentava manter a calma, aquela garota parecia familiar demais para ele.
— Nao-kun, não me diga que você esqueceu de mim?
— Q-Quem é você?
Ao ouvir aquelas palavras e notar o rosto sério de Naoya, a garota mudou sua expressão de sorridente para confusa. Ela não podia acreditar que ele havia esquecido dela tão facilmente. O choque foi tão grande que, incapaz de processar o que havia acontecido naquele momento, ela deu dois passos para trás e se virou, indo embora sem se despedir de Naoya ou continuar a conversa.
Quando a garota se afastou de Naoya, Sayuri respirou aliviada, a garota que iria atrapalhar seu dia com seu irmão havia ido embora e ela poderia respirar aliviada. Vendo a garota se distanciando Naoya tentou entender o que havia acontecido, e quem seria aquela garota que parecia conhecer ele, tentando compreender a situação que estava acontecendo, sua cabeça começou a latejar em uma dor insuportável, ele então desistiu e resolveu terminar o seu dia com Sayuri, dando uma caminhada pelo parque até sua casa.
Durante todo o trajeto para casa, Sayuri permaneceu em silêncio, sua atenção foi tomada pelo aparecimento repentino daquela garota, Naoya percebendo que Sayuri estava quieta demais e com uma expressão de preocupada ele então apoiou sua mão sobre a cabeça dela e afagou seu cabelo.
— Sayuri, está tudo bem?
— Eu estou bem, Onii-sama, está evidente que estou mal?
— Você parece preocupada com algo, se algo está te perturbando é só você me falar, que eu vou tentar te ajudar.
— Onii-sama, você realmente ama a Luana não é?
Ao ouvir aquelas palavras Naoya corou, havia muito tempo que ele não pensava em seus sentimentos por ela e ouvir aquela pergunta repentina havia feito ele repensar se realmente "amor" era o que ele sentia. Ao ver que Naoya estava muito tempo calado, Sayuri se aproximou e abraçou seu braço fazendo ele recompor a compostura e olhar para ela com uma expressão de espanto.
— Sayuri, o que você está fazendo?
— Onii-sama, como você parecia não estar me respondendo, eu resolvi te abraçar e aguardar.
Naoya olhou para aquela situação mas não afastou Sayuri, mesmo aquela cena sendo constrangedor para ele, apenas tentou manter concentração em sua mente.
— Você não acha que já está grandinha demais para andar de mãos dadas?
— Se for com o Onii-sama, eu não me importo de andar de mãos dadas.
— Mas eu me importo.
Após dizer isso, Naoya tentou afastar Sayuri, mas não obteve sucesso, um casal de senhores que passava por ali sorriu enquanto olhava aquela cena.
— Olha querido, que belo casal de jovens. A Juventude é algo fascinante mesmo, isso me lembra de quando eu te conheci aqui neste parque.
— Isso já faz mais de 30 anos, mas me lembro como se fosse hoje.
Aquela conversa ecoou no ouvido de Naoya como lâminas, não importava qual ângulo se visse aquilo, eles pareciam um casal na visão dos outros. Aquilo era realmente um problema para ele, quando ele olhou para o lado viu Sayuri com a cabeça encostada em seu ombro e uma expressão de felicidade parecia que para ela não havia problema naquela situação.
— Onii-sama, nos realmente parecemos um casal?
— …
Aquela pergunta havia Naoya se assustar e corar, enquanto Naoya tentava manter a calma enquanto tentava entender porque sua irmã estava tão agressiva daquela forma, ela estava apenas zoando ele ou aquilo era real? Imerso em seus pensamentos, sua atenção foi tomada por uma repentina ligação, quando Naoya olhou para o visor do telefone ele se assustou, Mayumi ligou para ele. Era a primeira vez que ela havia ligado para ele em tanto tempo que se conhecem.
— Alô, Mayumi-chan? O que aconteceu?
— Akagawa-san, por favor. Eu preciso de sua ajuda, venha aqui rápido.
— O que houve?
— Vem rápido aqui em casa.
Após dizer aquelas palavras ela desligou, sua voz no telefone parecia trêmula como se estivesse chorando por algo, após guardar seu telefone no bolso, Naoya correu para a estação deixando Sayuri sem entender o que tinha acontecido.
Quando Naoya chegou a estação, ele parou enquanto esperava o ônibus, seu cansaço era aparente ele havia corrido 2 quarteirões para chegar ao seu destino, quando o trem chegou, ele embarcou e se sentou a estranha ligação de Mayumi havia feito ele se preocupar de uma forma diferente do que ele estava acostumado. Enquanto admirava a paisagem ele se lembrou de sua amiga de infância, para ele, era muito mais do que só uma amiga para ele, ela era muito mais do que isso.
Ele queria criar um relacionamento com ela, casar e viver uma vida lenta e feliz mas, devido ao aviso do governo ele não poderia realizar seu sonho, enquanto pensava sobre isso o maquinista anunciou a próxima estação, quando chegou o momento do desembarque ele se levantou e aguardou as portas se abrirem, ao desembarcar na estação, Naoya se dirigiu a casa de Mayumi.
Ao chegar ao portão da casa, ele o abriu e adentrar para dentro, ele tocou a campainha e vagarosamente a porta foi aberta.
— Ah Mayumi-chan, o que acon…
Antes de terminar a sua pergunta, Naoya foi recebido por um beijo repentino de Mayumi, que havia puxado sua cabeça e beijado ele antes mesmo de cumprimentá-lo. Aquele beijo havia deixado Naoya assustado sem saber o que estava acontecendo naquele momento.
'O que está acontecendo?'