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74.84% Semente do Universo / Chapter 119: Guerra

บท 119: Guerra

O rosto de Kael estava completamente escurecido; ele pensava que iria participar da busca por algum tesouro, mas quem podia imaginar que estava se voluntariando para uma guerra entre duas forças? Agora, finalmente, ele entendia os olhares estranhos que vinha recebendo. Afinal, era no mínimo curioso alguém claramente ferido se voluntariar para lutar. A criada até havia presumido que ele estava ali apenas para conseguir um pouco de comida, sendo completamente inútil para a batalha. Era natural que ela demonstrasse tanto desprezo.

Ao mesmo tempo, a explosão da outra serva também era justificável. Essas pessoas estavam arriscando a vida e se voluntariando, e, se percebessem qualquer chance de a tribo Blue quebrar suas promessas e renegar as recompensas, ninguém seria tolo o suficiente para entrar na batalha. A confiança era essencial em uma situação dessas.

Claro que Kael não tinha a menor intenção de participar de uma batalha, mas ele não podia sair agora. Só lhe restava seguir o fluxo.

"Vocês entrarão na batalha amanhã. Por enquanto, preparamos algumas instalações; as servas lhes mostrarão o caminho."

Ao terminar de falar, Ba Lo virou-se e saiu. Outras servas apareceram e começaram a guiar os cultivadores.

Os grupos foram divididos e conduzidos em diferentes direções, mantendo os que haviam sido formados pelos "guias" inicialmente. O grupo de Kael foi levado para um grande corredor, com vários quartos. Era evidente que o local havia sido preparado para acomodar uma grande quantidade de pessoas, e aquelas eram apenas as acomodações para o grupo dele. Parecia que essa tribo enfrentava situações semelhantes com certa frequência.

O quarto era pequeno, mas suficiente para acomodar uma pessoa de forma relativamente confortável. Tinha até um banheiro pequeno e poucos móveis — apenas uma cama.

Quando a serva saiu, Kael fechou a porta. Ainda conseguia ouvir o som da batalha ao longe, mas já estava anoitecendo, e as lutas provavelmente cessariam em breve, só recomeçando no dia seguinte.

Kael colocou Yan Xi deitada na cama e olhou para ela, desamparado.

"Vamos ter que participar de uma guerra!" disse ele, desanimado.

Os lábios de Yan Xi se curvaram levemente para cima. Ela sabia que a situação era séria, mas estranhamente não estava preocupada; na verdade, estava se divertindo um pouco com a aflição de Kael. Entendia a intenção dele ao se infiltrar nesse grupo, mas acabaram encontrando algo completamente diferente do esperado.

"Essa é a retribuição por esse patife se 'aproveitar' de mim!" pensou internamente.

Claro, Yan Xi não sentia mais nenhum ressentimento em relação a Kael; estava apenas se divertindo com a situação.

Kael deixou Yan Xi descansando na cama e se concentrou em seu cultivo e recuperação. Na manhã seguinte, alguém bateu à porta.

"Senhor, é hora de ir para a batalha!"

Após falar, a serva aguardou do lado de fora. Não precisou esperar muito até que a porta se abrisse e Kael aparecesse, trazendo Yan Xi.

A serva olhou para Yan Xi, estranhando. "Pode deixar sua mulher no quarto enquanto luta."

Ao ouvir isso, Yan Xi corou sob o capuz.

"Não é necessário, lutarei assim mesmo!" respondeu Kael, tranquilamente, e começou a andar pelo corredor. Ele não conseguiria ficar em paz deixando Yan Xi para trás; era melhor tê-la ao seu lado, pois, assim, pelo menos teria mais controle sobre a situação.

Yan Xi não se importou com a forma como Kael agiu, sem sequer perguntar sua opinião. Não tinha a menor intenção de ficar sozinha naquele lugar; mesmo em meio a uma guerra, acreditava que estaria muito mais segura ao lado dele. E, mesmo que essas pessoas não a tocassem enquanto Kael estivesse vivo, caso ele morresse, seu destino provavelmente seria pior que a morte. Se fosse o caso, ela preferia morrer com ele no campo de batalha.

A serva não disse mais nada. Se ele sabia que poderia deixá-la e, mesmo assim, escolheu levá-la, não cabia a ela se meter.

Kael foi levado até a muralha do lado oposto ao qual havia entrado na tribo. Era ali que acontecia a batalha. Ainda era bem cedo, e o sol não tinha nascido, então os dois lados não haviam reiniciado o combate. Lutar no escuro traria baixas desnecessárias para ambos os lados, sem falar que os cultivadores precisavam descansar.

Ele podia ver que ambos os lados já estavam se preparando, com muitos cultivadores envolvidos. A grande maioria estava no Refinamento Ósseo, com alguns no Refinamento de Sangue, e apenas dois no Reino da Condensação — um de cada lado. Parecia que esses dois lideravam a batalha. Kael sabia que a tribo Blue tinha outros cultivadores no Reino da Condensação, como o homem que o havia guiado até ali, mas esses provavelmente só entrariam em um momento crítico. Provavelmente, o mesmo valia para os oponentes.

Quem liderava o lado de Kael era Ba Lo. Ele se colocou diante do "exército" e gritou: "Todos em posição!"

Os cultivadores se prepararam e começaram a gritar. Gritos também surgiram do acampamento inimigo.

"Ataquem!" Ordenou Ba Lo.

Todos gritaram ainda mais e saíram em disparada. Kael estava entre eles, e seu coração começou a acelerar; ele também era afetado pela empolgação e pelo fervor dessas pessoas. A energia da multidão era realmente contagiante, e ele nunca havia participado de uma batalha em larga escala antes.

A maioria dos cultivadores estava armada com espadas, lanças, lâminas e escudos, mas todas as armas pareciam velhas e enferrujadas. Muitos lutavam de mãos vazias, sem qualquer recurso. Kael compreendeu que esses cultivadores provavelmente não tinham condições de obter uma arma decente, sendo forçados a lutar apenas com suas próprias habilidades e coragem.

Enquanto as tropas avançavam, duas nuvens de poeira começaram a crescer em lados opostos, e os exércitos finalmente se aproximaram. No primeiro impacto, cultivadores foram lançados ao ar, gritos de dor e agonia ecoaram, enquanto alguns eram empalados, cortados ou até decapitados, com o sangue jorrando por todos os lados.

Kael ficou chocado; o confronto inicial já havia gerado inúmeras baixas em ambos os lados. O que se seguiu foi um verdadeiro massacre, onde cultivadores se matavam sem hesitação nem piedade, como se estivessem lidando com meros insetos. Alguns aproveitavam para recolher as armas dos caídos, mas a distração lhes custava caro, pois muitos eram mortos ao tentar pegar essas armas.

Kael, que estava mais atrás, finalmente se aproximou dos inimigos. Eles o atacaram sem medo, com olhos injetados de sangue e gritos ferozes, parecendo mais bestas selvagens do que cultivadores racionais. Um deles tentou cortá-lo, mas Kael bloqueou com a espada, empurrando-a com força para abrir a guarda do oponente, e depois atacou, cortando-lhe a cintura. O inimigo soltou um último grito antes de cair e ser pisoteado pelos que vinham atrás.

Embora Kael ainda sentisse um leve desconforto ao bloquear golpes, a dor era muito menor comparada a quando tinha acabado de ficar gravemente ferido; agora, ele conseguia lutar com maior facilidade.

A morte do oponente foi insignificante diante da brutalidade da batalha. Kael não tinha um segundo de descanso: sempre que derrotava um adversário, outro surgia. Além de proteger a si mesmo, ele precisava vigiar Yan Xi de perto, pois em meio ao caos, qualquer deslize poderia ser fatal para ela.

Kael sentia um crescente ressentimento pelas pessoas daquele lugar. Tanto os cultivadores que enfrentara antes quanto os que agora o atacavam pareciam agir da mesma forma; todos, sem exceção, focavam seus ataques em Yan Xi ao perceberem que Kael era um adversário formidável.

A última hesitação que restava em seu coração desapareceu. Ele começou a matar sem hesitação, dando tudo de si para proteger Yan Xi. E cada vez que alguém tentava atacá-la, Kael o eliminava da forma mais brutal possível, desmembrando-o ou perfurando-o repetidamente, sem mostrar misericórdia.

Em meio à batalha, a crueldade de Kael era tamanha que seus inimigos estremeciam.

"Esse garoto é um demônio!" gritou um dos oponentes, afastando-se, assustado.

"Como alguém pode ser tão cruel em uma idade tão jovem?" murmurou outro.

Essas palavras fizeram muitos franzirem o cenho. Antes, não haviam reparado, mas Kael era incrivelmente jovem para alguém com tamanha habilidade. Pela lógica comum, garotos de sua idade deveriam estar apenas no Refinamento Básico. Contudo, não havia tempo para questionamentos, e logo voltaram a se concentrar na batalha; ninguém ali queria morrer.

Pouco a pouco, os cultivadores começaram a focar em Kael, e a maioria finalmente cessou os ataques contra Yan Xi. Kael se sentiu um pouco aliviado; seu objetivo havia sido alcançado, e embora alguns ainda tentassem atingi-la, eram minoria. Agora, ele poderia se concentrar mais na luta, com o risco de Yan Xi ser ferida significativamente reduzido.

A batalha prosseguiu até o pôr do sol, quando o som dos tambores de recuo ecoou. As tropas começaram a se afastar. Kael estava ofegante, tendo passado o dia todo lutando nesse massacre insano, sem descanso.

Seu corpo não tinha feridas novas — afinal, as armas rudimentares desses cultivadores não conseguiam perfurar sua pele —, mas algumas de suas antigas lesões haviam reaberto, e ele fora atingido em lugares ainda sensíveis. Agora, ele estava coberto de sangue, tanto seu quanto dos inimigos, e até Yan Xi estava tingida de vermelho.


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