O coronel Cleaner como sempre, estava muito pensativo a respeito de como tudo havia acontecido.
E por causa disso o seu sonho repetia se continuadamente noite após noite e pela manhã ele se sentia exaurido revivendo mais uma vez aqueles momentos tensos dos antes e depois do ocorrido.
Por isso costumava dizer que acordava sempre com o pé esquerdo do lado de fora da cama, levantou-se ainda tremendo e foi lavar seu rosto.
Ele sabia que esse era um dos poucos luxos que ainda existia para ele e sua base, por isso não havia desperdício algum de recursos fossem eles naturais ou não.
O mundo estava colapsado e agora os sobreviventes tinham que aceitar e conviver com isso.
A base militar conhecida agora por Último Refúgio já tinha vivido tempos melhores com efetivos na casa dos 1500 soldados sem contar o pessoal de patente.
Mas agora existiam menos de 10 por cento de todo esse efetivo e o número deles estavam diminuindo cada vez mais.
Já faziam alguns meses que não encontravam mais nenhum sobrevivente para engrossar o número de suas fileiras e melhorarem a defesa da base militar.
Mas nem por isso eles desistiam e por duas ou três vezes o coronel Cleaner organizava um esquadrão para procurar suprimentos e sobreviventes.
Mesmo que precisassem de novos recrutas, quando encontravam algum, existiam alguns procedimentos que tinham de ser levados à risca.
Esse iria primeiramente para a chuveirada fria e a seguir para a enfermaria passar por alguns exames básicos de saúde.
Algo não muito complicado além de verificar se havia algum osso quebrado ou alguns cortes que um simples esparadrapo desse um jeito.
Depois ele ou ela era encaminhado para o refeitório e após uma breve refeição e curto descanso, era trazido até o coronel Cleaner para que fosse ouvido sua história.
Quem era, onde estava quando tudo aconteceu e o mais importe, se estava disposto a colaborar com ele e aceitar as regras do refúgio.
Ninguém era obrigado a fazer nada, desde que estivesse apenas de passagem.
O coronel Cleaner jamais iria gastar seus poucos recursos com pessoas que não estivessem dispostas a colaborarem e não haviam desculpas o suficiente que o fizesse mudar de ideia.
Se o sujeito reclamava de um braço torto ou doendo ele chamava o soldado Dell Moore conhecido como Guindaste.
Não porque tivesse muita força, mas, lhe faltava um braço e isso não o impedia de lutar e nem de fazer trabalhos corriqueiros entre os soldados de dois braços.
Se o resgatado reclamasse de cortes e feridas abertas então chamavam o soldado Bilhão.
E não porque ele tivesse sido rico, mas era porque ele sempre tinha um corte ou um machucado novo em seu corpo e mesmo assim era sempre o primeiro a se apresentar para as missões de busca ou reconhecimento.
Quando a pessoa reclamava de alguma doença grave e que não poderia ajudar em coisa alguma, então o coronel Cleaner a convidava a se retirar dali para que em seguida fosse levada até o local que foi encontrada e deixada lá para sobreviver.
Isso sempre dava certo e vendo que a alternativa de ser deixada sozinha num cenário mais que perigoso, qualquer que fosse o argumento feito pelo resgatado caía por terra, então ele ou ela ficavam a disposição para a mútua colaboração.
E como frase de motivação o coronel Cleaner sempre dizia aos recém-chegados:
"Não estamos em lua-de-mel, estamos em guerra, agora mexam essas panças preguiçosas, peguem uma pá ou uma vassoura e vamos trabalhar."
Em várias ocasiões os resgatados demonstravam boa vontade de colaboração e desejo de lutar na guerra que estava sendo travada.
Queriam de toda maneira lutar contra aquele inimigo diferente de todos os que já haviam lutado em guerra.
Coronel Cleaner nunca incentivou ninguém para a batalha, antes ele falava o quanto seria difícil aquela guerra.
O inimigo não eram um soldado humano e nem tinha as fraquezas de um, era muito mais rápido, muito mais forte e muito mais letal.
O inimigo não era um soldado que utilizava armas como uma metralhadora ou fuzil para atacar e nem sequer usava um uniforme.
Em contrapartida garras e dentes afiadíssimos aliado a uma pele dura quase impenetrável fazia parte do arsenal do time adversário.
Peles resistentes para a maioria dos calibres existente ali no Último Refúgio.
Isso sem mencionar que o inimigo contava com algo até então desconhecido entre os soldados, uma habilidade fenomenal de restabilização corpórea ou simplesmente cicatrização rápida.
E isso faziam deles quase imortais e para que fossem abatidos precisava ter muito mais que só um pouco de sorte, uma boa mira além de é claro. uma arma de grosso calibre.
Alguns dos sobreviventes ainda não conhecia o inimigo abertamente pois havia sido resgatado de alguns bunkers caseiros.
E depois de ouvir todo relato do coronel Cleaner muitas dúvidas continuavam sem ser esclarecidas.
O coronel adorava isso e agendava uma visita à jaula, e o que mostrava nesse lugar sanava mais que imediatamente toda e qualquer dúvida sobre aquela guerra e sobre a capacidade morta do inimigo.