A alegria, no entanto, parecia que não ia durar naquele recinto porque de repente iniciou uma onda de barulho que vinha da comporta de metal.
Eram as tais companhias do dragão ou melhor dizendo, feras inimigas dele que estavam do lado de fora do corredor ansiosas por devorá-lo por completo.
Pela intensidade do barulho os inimigos daquele dragão haviam buscado reforços, mesmo assim eles não eram fortes o suficiente para abrirem aquela comporta metálica.
No entanto aquele barulho estava se tornando ensurdecedor e ficar próximo dali já não era boa opção.
_ Que tal se você mostrar uma saída desse lugar?
Berrou Kowalsk.
Piotr até que tentou, mas, diante de tanto barulho ele acabou se perdendo no que ia fazer.
Kowalsk estranhou a atitude dele parecer estar tão perdido quanto um cego num tiroteio.
Afinal de contas pra quem estava há tanto tempo naquele local como ele deixava transparecer, deveria conhecer todas as entradas e saídas que existissem ali... Exceto se ele nunca tivesse saído dali.
Enquanto isso o barulho na comporta era crescente deixando Kowalsk com a mente ainda mais perturbada.
_Faça alguma coisa Piotr ou vou acabar enlouquecendo nesse lugar.
Gritou Kowalsk já procurando algum botão ou alavanca para tentar abrir aquela comporta.
_ Você está ficando louco velho soldado? Acha que nós sobreviveríamos a essa alcateia de dragões?
Por um instante Kowalsk parou pensando sobre aquilo que tinha acabado de escutar de seu companheiro de má sorte.
_ Desde quando alcateia é o coletivo para dragões? Que eu saiba isso serve para lobos.
_E por que você está preocupado com isso velho soldado? Que importância isso tem? Então como se chama esse bando de feras?
Kowalsk ficou em silêncio afinal de contas ele também não sabia, mas por acaso ele tinha achado um livrinho em uma das gavetas que ele havia encontrado as tais luvas.
Olhou para capa com alguns desenhos feitos a mão e ao ler um dos seus conteúdos ficou satisfeito reproduzindo logo a seguir para Piotr.
"Só os animais que têm vida coletiva como as abelhas ou aqueles que vivem próximos dos seres humanos é que dão lugar a nomes coletivos. No entanto o dragão é um ser ou um animal mitológico que é representado normalmente isolado ou um réptil que vive afastado dos seres humanos. Estas características determinam que não haja nome coletivo para estes animais quer sejam mitológicos quer sejam reais."
E afastando o livro rapidamente para guardá-lo no bolso Kowalsk concluiu:
_ Então agora você sabe que não se fala alcateia para dar nome aos dragões.
Mas na sua ânsia de esconder o livrinho, ele o deixou cair ao chão no que rapidamente Piotr o recolheu.
_ Senhor Kowalsk ou velho soldado como eu prefiro lhe chamar, saiba que antes de ser um experimento eu também fui um aluno exemplar e se me deixar ler esse complemento que você deve ter esquecido de ler:
"...mas se aparecer, no sentido figurado, um monte de dragões ou dragoas, a língua lhe oferece alguns recursos: bando (de dragões), aluvião, turba, dragãozada, tal como se usam esses tipos de sufixos para qualquer outro animal - cachorrada, gataria, peixeirada. Por extensão de sentido, pode dizer enxame (de dragões), já que se tratará de um texto bem-humorado. Ou legião, se for para aterrorizar. Quando não existe, costuma-se emprestar.
Kowalsk avermelhou-se de vergonha como não fazia há muito tempo.
_ Vamos fazer o seguinte velho soldado, a partir de agora a gente vai colocando esses nomes aí nesses bichos.
Sentindo frustrado Kowalsk ainda retrucou:
_Pra mim eles sempre vão se chamar dragões.
E para mim se eles estiverem em bandos vão ser qualquer coisa que eu diga que seja. Afinal você leu o livro não leu? Eu também li. Então não há mais o que discutir e pronto.
Afirmou Piotr categoricamente para Kowalsk, encerrando aquela insensata discussão.