No corredor mal iluminado, as luzes fracas piscavam, entrando e saindo, o zumbido da eletricidade constante ao fundo.
Uma garota corria pelo corredor sem fim, segurando a mão de outra garota.
"Francesca?" Blair olhou para a frente, para sua amiga em um torpor, sem certeza de como havia chegado ali.
A mão segurando a dela pertencia a uma figura familiar que de repente apareceu ao seu lado, seus cabelos eram de um tom de marrom.
"Blair, precisamos correr, não podemos ficar aqui mais tempo." A voz de Francesca era urgente e frenética, mas, apesar de estar tão perto, Blair sentia sua voz estranhamente distante.
Os cabelos de Francesca estavam soltos, e Blair não havia visto claramente seu rosto.
"Pra onde estamos indo?" Blair estava ficando ansiosa. Estava escurecendo, e elas precisavam voltar para o dormitório em vez de correr sem rumo pelos corredores.
Francesca não respondeu; seu cabelo flutuava à frente e atrás de seu rosto. Foi então que Blair percebeu que não tinha visto o rosto de Francesca desde o início da corrida.
"O que há de errado? Por que seu cabelo está cobrindo seu rosto?" Blair observou cautelosa, estendendo a mão para ajudar a prender os cabelos dela.
Francesca se desviou abruptamente, continuando a correr à frente sem parar.
"Para, para, Francesca, o que há de errado? Precisamos voltar para o dormitório." Francesca finalmente parou e soltou a mão de Blair. Blair queria falar sério com ela.
A neblina invadiu o corredor.
De repente, Blair sentiu uma onda inexplicável de pânico. Ela estendeu a mão para agarrar Francesca, mas não encontrou nada.
Num instante, Francesca desapareceu.
"Francesca! Onde você está?" Blair olhou ao redor freneticamente, a névoa envolvendo o corredor, tornando o mundo silencioso e imóvel.
A névoa girava lentamente, alterando a cena. De repente, Blair se viu na entrada do Orfanato, envolta em névoa, os detalhes obscurecidos. Ao seu redor, vozes urgentes ecoavam:
"Blair, corre!"
"Blair, corre!"
"Blair, corre!"
Então as vozes cessaram, deixando o silêncio.
"Francesca! Francesca! Onde você está?" Blair gritou alto.
Um choro lamentoso de uma criança com imensa dor e desespero veio de não muito longe.
Era o choro de Francesca!
Movida pela urgência, Blair correu em direção à fonte do choro.
Elá encontrou uma casa de onde vinha a voz de Francesca!
Dando a volta na casa, ela não encontrou janelas, apenas uma grossa porta de pedra.
O choro se transformou em soluços suaves e gemidos, soando mais como ofegantes pedidos de ar.
"Francesca! Não tenha medo, estou aqui para te salvar! Eu vou te salvar!" Blair bateu na porta de pedra com força, suas mãos sangrando da pedra áspera, mas isso não importava.
A voz de Francesca desapareceu.
A porta de pedra rangeu abrindo-se lentamente, criando uma brecha apenas larga o suficiente para uma pessoa passar.
Lá dentro estava completamente escuro, um cheiro denso de sangue emanando, como a boca escancarada de um monstro escondendo incontáveis perigos desconhecidos.
Tremendo de medo, Blair reuniu sua coragem para entrar quando—
"Bang———Bang—Bang—Bang———"
Sons de batidas altas vieram de dentro, seu código secreto de perigo, instando-a a fugir.
"Bang———Bang—Bang—Bang———"
"Francesca! Francesca! Francesca!"
Blair acordou sobressaltada, sentando-se abruptamente na cama. Ela bateu no peito, respirando fundo.
Era só um sonho.
Ela se recostou impotente, a orelha contra a parede, os dedos batucando sem pensar.
"Dang———Dang—Dang—Dang———"
Essa manhã ela tinha perguntado a todos os adultos do Orfanato se haviam visto Francesca. Alguns se afastaram indiferentemente balançando a cabeça, outros zombaram, sugerindo que ela deve ter sido adotada.
"Dang———Dang—Dang—Dang———"
Eles disseram que Francesca partiu às pressas, então não houve tempo para despedidas.
Como assim?
Blair e Francesca eram melhores amigas! Francesca não iria simplesmente partir assim!
"Dang———Dang—Dang—Dang———"
Ignorando as regras, ela causou confusão por todo o Orfanato até que o Dean apareceu.
Ele acariciou sua cabeça gentilmente, prometendo que Francesca ligaria para ela em alguns dias e mandaria um cartão postal.
Será mesmo?
Blair observou o Dean com desconfiança, meio acreditando, meio duvidando. Francesca foi mesmo adotada?
"Bang———Bang—Bang—Bang———"
O que ela ouviu?
Blair pressionou o ouvido firmemente contra a parede, tendo acabado de ouvir um som vindo de dentro dela, como o barulho de tubulações de água.
"Bang———Bang—Bang—Bang———"
Era como se os sons de batidas do sonho tivessem atravessado para a realidade, e ela realmente ouviu os barulhos feitos pelas tubulações de água dentro da parede.
Era Francesca!
"Bang———Bang—Bang—Bang———"
Duas longas, duas curtas, era o sinal específico delas: Perigo! Corra!
Os olhos de Blair se arregalaram, um calafrio percorreu sua espinha. Tudo ao seu redor parecia estar observando-a.
Ninguém pode deixar este Orfanato! Todos estão enganando eles!
...
"No dia em que ela desapareceu, eu ouvi alguém batendo nas tubulações através da parede," Blair disse, olhando para baixo com uma expressão serena.
"Duas longas, duas curtas, esse era o nosso código secreto."
"Duas longas, duas curtas? O som de batidas em tubulações?" Elvira repetiu as palavras-chave, a testa franzida, perdido em pensamentos.
Ele se lembrou da cantiga de ninar que ouviu na seção expandida, o ritmo das batidas da tubulação de água, e as imagens fragmentadas que ele viu.
A cantiga era cantada assim, "Amigos voam para longe, como espectros eles desmaiam. Tubulações de água batem, uma melodia peculiar."
Então, era a garota daquelas visões Francesca?
Era ela quem estava cantando e batendo nas tubulações para sinalizar perigo? Era ela quem, no momento de perigo de Blair, lhe disse qual botão abriria a porta?
Francesca estava protegendo Blair silenciosamente, na forma de um espírito? Como isso poderia ser?
Ela estava viva ou não? E por que ele podia ouvir e ver essas coisas?
O olhar de Elvira estava perdido, sua mente cheia de confusão. O mundo diante dele parecia irreal, como se a realidade que conhecia nos primeiros vinte anos fosse apenas uma pequena fração do todo.
Ele se levantou lentamente.
"Onde você vai?" Blair puxou sua manga, olhando para cima.
"Para a seção expandida, deixei algo importante lá." Ele disse. "Depois, para encontrar um lugar para dormir."
"Você tem alguma sugestão?" O olhar de Elvira tornou-se sério, fixo nos olhos azul-esverdeados de Blair.
"Vá para o dormitório da Professora Ginger," Blair soltou a manga de Elvira e murmurou suavemente.
Falando tão suavemente e indistintamente, nem mesmo Elvira conseguiu captar claramente.
"Então, onde está a Professora Ginger?" Elvira finalmente expressou a pergunta.
Blair saiu da cama sem responder. Ela puxou uma lata de biscoitos de debaixo da cama, baixou a cabeça e comeu silenciosamente, suas bochechas estufadas como um pequeno esquilo.
Sabendo que Blair não queria responder, Elvira decidiu partir.
Assim que sua mão tocou a maçaneta da porta, a voz de Blair de repente veio por trás, "Você já a conheceu."
Sobressaltado, Elvira se virou para ver Blair comendo tranquilamente seus biscoitos, sem sequer olhar para ele.
Por que ela diria isso?