Elvira diminuiu o passo, ouvindo atentamente qualquer sinal de outros por perto.
Sua respiração desacelerou, e seu coração parecia decrescer enquanto ele se concentrava, captando sons distantes claramente entre o ruído.
Havia vozes de crianças lendo em uma sala de aula próxima, o som de trabalhadores de cuidados arrastando os pés contra o chão, e o tique-taque de muitos relógios balançando para frente e para trás.
Havia também outros sons estranhos, desordenados e fracos, como uma batida rítmica ou o barulho de mãos batendo contra o vidro.
Navegando pelo terreno e explorando pontos cegos, e depois de evitar cinco trabalhadores de cuidados e desviar das rondas de Georgewill duas vezes, Elvira finalmente chegou ao terceiro andar como pretendia.
O terceiro andar estava escuro como boca de lobo. Este andar costumava abrigar o consultório médico, o depósito e o dormitório da Professora Ginger. Se tinha mudado ou não agora, Elvira não fazia ideia.
Ele pausou em frente à sala 301 por um momento, ouvindo atentamente, mas não havia ninguém dentro.
Ele tirou um grampo de cabelo do bolso, endireitou-o e o inseriu na fechadura, abrindo a porta facilmente.
Este era o dormitório da Professora Ginger, e a disposição e os móveis pareciam exatamente como haviam sido.
Elvira fechou suavemente a porta atrás de si, olhou ao redor do quarto e caminhou até a escrivaninha junto à janela, tocando o tampo da mesa.
Estava impecavelmente limpa, sem poeira.
Ele deu um profundo suspiro; o quarto não tinha odores desagradáveis.
Era como se alguém estivesse morando lá o tempo todo.
Então ele se virou para olhar a cama à esquerda, que não tinha nem travesseiros nem cobertas. Abrindo o armário à sua direita, ele o encontrou vazio, sem nenhuma roupa.
A Professora Ginger realmente tinha ido embora?
Elvira franziu a testa, afastou a cadeira e se agachou sob a escrivaninha. Estendeu a mão e sentiu ao longo da emenda entre o lado da gaveta e o interior da escrivaninha.
Na verdade, estava aqui.
Ele tirou um caderno familiar — era o diário da Professora Ginger. Também era um presente que ele lhe enviara no ano passado.
Certa vez, quando Elvira bateu e entrou, viu a Professora Ginger escondendo o diário numa fenda entre a gaveta e a escrivaninha.
Segurando o diário, Elvira sentou-se em uma cadeira e começou a lê-lo com a luz do dia entrando pela janela.
"Hoje, um novo Dean chegou. Não sei por que, mas não gosto dele. Espero que ele seja bom para as crianças."
"Ele comprou muitos instrumentos médicos e os colocou no porão, dizendo que queria fazer exames de saúde nas crianças. Isso é ótimo; ele é realmente generoso. Eu sempre quis examinar as crianças medicalmente, mas nunca foi resolvido por questões financeiras. Surpreendentemente, o Dean é bem abastado."
"Os Trabalhadores de Cuidados originais envelheceram e deveriam se aposentar, então o Dean lhes deu uma quantia generosa de dinheiro para enviá-los para casa. Além disso, ele contratou uma dúzia de jovens deficientes, dizendo que era uma oportunidade para esses jovens se sustentarem de forma independente. Eu concordo plenamente com isso."
"Ele queria expandir o Orfanato, para proporcionar um lar quente para mais crianças que perderam seus pais. Então, eu concordei em deixá-lo construir naquela grama. Mas ele é o Dean e ainda queria discutir isso comigo; ele realmente é um homem jovem e humilde."
"Depois que a expansão foi concluída, ele disse que os componentes químicos da tinta eram tóxicos e temia que pudesse prejudicar as crianças. Então, ele trancou todas as entradas, impedindo que as crianças entrassem. Quanto ao momento em que poderiam entrar, ele disse que esperaria até que o comerciante inescrupuloso que lhe vendeu a tinta o compensasse. Ele realmente considerava o bem-estar das crianças."
Elvira virou mais algumas páginas e viu uma linha em letras grandes:
"Recentemente, tenho me sentido cansada e distraída, sempre esquecendo coisas e ficando desfocada—"
Virando mais páginas, as entradas do diário pararam abruptamente.
Ele cuidadosamente sentiu o espaço entre as páginas, depois fechou o diário para examinar a seção mais de perto.
— O conteúdo de várias páginas parecia ter sido violentamente arrancado, deixando apenas grandes manchas de vazio.
A caligrafia gradualmente se tornou mais errática, em alguns lugares quase perfurando a página: "Quero relatar isso ao Dean..."
As últimas palavras deste segmento foram obscurecidas com tinta, tornando impossível discernir o texto original.
Seguindo isso, havia duas linhas de questionamento. Inicialmente, cada letra era pontuada com algumas manchas de tinta, mas, no final, a caligrafia se tornou errática, como se o escritor estivesse se questionando enquanto escrevia:
"Onde está o Dean? O Dean realmente existe?"
"Eu sou—o Dean?"