Três dias se passaram desde a evolução da princesa.
Agora que ela é uma Kakuna e não pode se mover direito, precisei explicar a situação para Surge, já que não poderia mais levá-la para os treinamentos. Decidi pendurá-la em uma árvore, onde poderia completar sua evolução.
A fase de casulo dos Pokémon insetos é sempre intrigante. Enquanto estão presos, sem poder se mover, como eles conseguem reunir energia suficiente para evoluir para o próximo estágio?
A resposta é simples... o poder da amizade!
Pokémon insetos, em sua maioria, vivem em grandes grupos, e os Weedles não são exceção. Ao evoluírem para Kakuna, as Beedrill do grupo protegem e cuidam de suas irmãs mais novas. Quando colocados em árvores, os Kakuna podem lentamente absorver nutrientes, acumulando energia para a evolução.
Depois de um longo, longo período, elas finalmente acumulam energia suficiente para evoluir para Beedrill. Enquanto isso, as próprias Beedrills caçam e usam as carcaças das presas para nutrir as árvores onde os Kakuna estão.
No meu caso, isso não é necessário. Há apenas uma Kakuna se alimentando nessa árvore, então ela não vai sofrer por falta de nutrientes.
As colmeias de Beedrill podem abrigar centenas de Kakunas, todas aguardando pacientemente a evolução. É por isso que as Beedrills precisam cuidar bem das árvores.
Mas isso não facilita as coisas para mim, pelo menos do meu ponto de vista.
"Sigh, depois de todo esse tempo eu ainda não tenho dinheiro para comprar aquela pedra evolutiva." Reclamei enquanto olhava minha conta bancária.
Para comprar a pedra evolutiva que eu quero, preciso de milhões de Pokédolares, e no momento só tenho alguns milhares.
"Sigh." Suspirei novamente, resignado à realidade. É impossível que eu consiga uma pedra inseto antes da princesa evoluir de novo.
Isso é um grande desperdício. Eu queria aproveitar essa chance para evoluí-la usando uma pedra evolutiva de altíssima qualidade, ou pelo menos de boa qualidade. Assim, poderia aumentar ainda mais seus IVs, deixando-a mais próxima da perfeição.
Mas é isso, pobres não têm o direito de reclamar.
toc toc Alguém bateu à porta do quarto de Dave.
"Uhm? Sim?"
"Dave, sou eu. Queria falar com você um instante." A voz familiar de Misty soou do outro lado da porta.
Levantei-me e abri a porta, deixando-a entrar. Foi aí que percebi que ela estava agindo de forma um pouco estranha.
'Ela parece estar tentando esconder algo atrás de si.' Pensei, tentando ver o que ela escondia, mas ela não deixou.
Ao entrar no meu quarto, Misty se sentou na cama e fez um gesto para que eu me sentasse ao seu lado. Ela respirou fundo e fechou os olhos, parecendo tentar reunir coragem.
"Dave... eu tenho um presente para você," Misty disse, ainda tentando esconder o pacote atrás de si.
"O quê?" Reagi, confuso; não estava esperando por algo assim.
"Bom, desde que nos conhecemos, você tem sido um grande amigo e me ajudado de várias formas. Como o meu Feebas, que você conseguiu para mim. Sou muito grata por isso."
"De nada, eu acho." Respondi, meio sem jeito.
"Então, pensei em retribuir o favor."
"Não precisa. Eu não costumo recusar presentes, mas não fiz isso esperando algo em troca. Para começo de conversa, só estamos aqui porque eu estava te devendo um Carvanha."
"É..." Misty olhou para cima, um sorriso suave aparecendo em seu rosto, como se estivesse lembrando de algo especial. Para ela, aquele momento foi aterrorizante no início, mas no fim, tudo deu certo entre nós dois.
"Agora que parei para pensar, você nem precisava estar me acompanhando. Eu te dei um Feebas, não foi? Isso deveria ser suficiente para compensar a perda."
"Verdade, haha, mas... eu simplesmente quis vir junto. Não sei... viajar sozinha é bem chato, e vocês são muito legais. Claro, o Brock precisa parar de dar em cima de todas as garotas que vê e você... bem, você poderia aprender um pouco com ele, sabe?" Misty sorriu de lado, tentando disfarçar o tom sugestivo em sua voz, mas sem conseguir esconder o brilho em seus olhos.
Fiquei sem reação ao ouvir o comentário dela.
'Como é que o Brock correr atrás de qualquer garota é errado, e eu fazer o mesmo seria certo?!' Pensei, confuso.
"Cough, de qualquer forma, queria te agradecer... por tudo." Misty então tirou as mãos das costas e me entregou um presente.
Uma pequena caixa embrulhada com papel de presente azul e um laço verde repousa em minhas mãos.
Fico olhando para ela, os dedos roçando levemente o papel texturizado, mas não sei o que dizer, o que pensar. O presente parece tão simples, mas carrega um peso invisível. Um presente de Misty. Sinto meu coração bater um pouco mais rápido, como se esperasse algo mais que aquele gesto.
Estou feliz? Claro, quem não gosta de presentes? Mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim hesita, como se houvesse algo mais profundo aqui que eu não soubesse lidar. Será que ela sente algo que eu não consigo ver? Ou será que estou apenas imaginando coisas? Misty é sempre tão imprevisível... e eu, tão péssimo em ler sinais.
Meu olhar permanece fixo na caixa, mas minha mente está a mil. Agradecer parece pouco, mas não sei o que mais fazer. É como se houvesse uma barreira entre nós, algo que eu deveria entender, mas que escapa no último segundo. Cada pequena pausa, cada sorriso discreto dela... seria eu apenas desatento?
"Obrigado." As palavras saem antes que eu possa processá-las. Parecem vazias. Será que foi suficiente? Eu queria dizer algo mais, algo que mostrasse que esse gesto significava mais para mim do que um simples presente. Mas, no fim, tudo o que consigo fazer é segurar a caixa com cuidado e tentar não parecer completamente perdido.
Ela está ali, esperando alguma reação, talvez um sorriso. Mas estou paralisado. Tento esboçar uma expressão de gratidão, mas tudo que sinto é esse misto de felicidade e incerteza, como se estivesse diante de algo muito maior do que o presente em si.
Percebendo que, por mais que eu contemplasse, não chegaria a resposta alguma, soltei um suspiro leve. Eu podia passar horas pensando nisso, mas a verdade era que nunca fui bom em entender o que se passa na cabeça dos outros — ou até mesmo na minha. Então, decidi ignorar a confusão no peito e abrir o presente.
Sou uma pessoa simples. Fico feliz quando recebo um presente, sem questionar muito o que isso significa. Mas... desta vez, é diferente. Ela me deu esse presente. Algo dentro de mim se agita com essa ideia. Misty não costuma ser tão... direta. O que ela espera de mim com isso? Estou tentando não pensar demais, mas é impossível ignorar o peso dessa pequena caixa em minhas mãos.
Minhas mãos tremem levemente ao puxar o laço verde. Tento abri-lo com cuidado, como se estivesse lidando com algo precioso, algo que não posso estragar. É ridículo, eu sei. Mas é assim que me sinto agora. Não quero apressar o momento, não quero rasgar o papel. Como se a forma como abro o presente pudesse dizer algo sobre mim.
Dentro da caixa, havia outras duas pequenas caixinhas. Senti um breve impulso de fazer uma piada — algo sobre "presente dentro de presente" — mas logo esse pensamento se esvaiu. Algo dentro de mim não queria estragar o momento, não agora. Era como se houvesse uma atmosfera delicada entre nós, algo que eu não queria quebrar com palavras impensadas.
As duas caixinhas são pequenas, aveludadas, e parecem feitas de materiais finos. O toque suave do tecido sob meus dedos apenas aumenta a tensão que sinto. "Será que ela gastou muito nisso?", me pergunto, mas logo me pego pensando em algo mais. Elas se parecem com aquelas caixas que guardam joias... ou anéis. Anéis de casamento. O pensamento me pega de surpresa, e sinto meu coração acelerar por um breve instante. Não, não pode ser isso, certo? Isso seria... impossível.
E ainda assim, não consigo afastar a sensação de que essas caixinhas carregam algo mais do que apenas objetos. Elas carregam uma mensagem, algo que eu talvez não esteja pronto para entender. Fecho os olhos por um momento, tentando me acalmar. O que quer que esteja aqui dentro, sei que vai mudar as coisas. E isso me assusta um pouco.
Coloco a caixa de presente de lado, em cima da cama, e pego as duas caixinhas. Meu coração bate um pouco mais rápido enquanto abro a primeira. Um brilho verde escapa pelas frestas, e por um instante, hesito. O que será que Misty escolheu pra mim? Isso não é só um presente qualquer, tem algo mais aqui.
Ao abrir a caixinha por completo, vejo uma pedra verde-clara reluzente, com um símbolo de inseto amarelo em seu interior. Minha respiração prende.
"Uma pedra de inseto... e de altíssima qualidade!" exclamo, surpreso.
Fico em silêncio por alguns segundos, processando o significado disso. Misty pensou em mim, realmente se importou. Não é só o valor da pedra, é o gesto. Um calor inesperado cresce em meu peito, junto com a sensação de que preciso retribuir de algum jeito... mas como?
Ansioso, abro a outra caixinha. Dentro, vejo o segundo presente: um cilindro metálico. O Metal Coat tem um peso frio e denso, sua superfície prateada refletindo a luz, com o anel azul-ciano ao redor do topo emitindo um leve brilho.
"Metal Coat... da melhor qualidade", sussurro, sentindo o valor disso em minhas mãos. Não era só um presente caro, era algo essencial, capaz de elevar meu Pokémon a outro nível.
Eu deveria estar empolgado, e de certa forma, estou. Mas, ao mesmo tempo, a ideia de que Misty gastou tanto em mim mexe comigo. Meu peito se aperta, um misto de gratidão e desconforto. Eu não posso simplesmente aceitar algo assim. Não sem questionar.
"Misty, eu... isso é demais. Eu não posso aceitar algo tão caro", começo a dizer, mas ela me interrompe, colocando a mão sobre a minha, suas palavras suaves, porém firmes.
"Se você gostou, então pode ficar", ela diz com um sorriso leve, mas sincero, seus olhos brilhando com carinho.
Meu coração acelera. O Metal Coat não é apenas um presente; é um símbolo do quanto ela se importa. Algo dentro de mim se aquece, uma mistura de alegria e surpresa. Mas também há algo mais... algo que eu não posso ignorar. Talvez seja mais do que apenas a pedra ou o Metal Coat. Talvez seja sobre nós dois.
Antes que eu pudesse protestar mais, Misty se aproxima e encosta a cabeça no meu ombro. O calor dela me faz esquecer por um momento o que eu deveria dizer. Tudo que consigo fazer é respirar fundo e me perder na simplicidade daquele gesto. O Metal Coat ainda brilha em minhas mãos, mas agora o que realmente importa é o que ele representa.
Eu fico em silêncio, sem saber como reagir. Minha mente está um caos, como se uma tempestade de pensamentos me envolvesse. Por dentro, sinto um misto de ansiedade e medo. O que esse gesto realmente significa? Será que estou pronto para lidar com isso?
Meu coração bate forte, tão forte que tenho a impressão de que ela pode sentir. A cada segundo de silêncio, meu corpo parece ficar mais quente, como se o calor subisse pelo peito e deixasse minhas mãos trêmulas.
Eu sabia que tinha que fazer algo. Algo que fosse sincero, verdadeiro, mas... o quê? Depois de tanto tempo, até mesmo um cego enxergaria os sentimentos dela, e eu me sinto tolo por não ter percebido antes, ou por ter fingido que não sabia.
O peso da expectativa me sufoca. Eu não queria estragar o momento, não queria dizer a coisa errada. Mas ficar parado não parecia certo também. Sem saber o que fazer, fecho os olhos e deixo meu coração tomar as rédeas. Com um movimento leve, apoio minha cabeça na dela.
O toque suave de nossos rostos faz minha respiração se acalmar por um instante. Sinto o cheiro doce dos cabelos dela, uma fragrância que sempre me acalma, mesmo nas situações mais tensas. Eu fecho os olhos, e, pela primeira vez em muito tempo, deixo minha mente silenciar.
Nesse momento, o tempo parece parar. Não há futuro, não há passado, apenas o agora. E isso é tudo o que importa. Eu sei que, depois de hoje, nosso relacionamento não será mais o mesmo. Isso deveria me assustar, mas, estranhamente, eu me sinto em paz. Talvez porque, no fundo, sempre soube que esse momento chegaria. Talvez porque, agora, percebo que a mudança pode ser boa, mesmo que assuste.
Tudo o que sei é que, enquanto ela está aqui, ao meu lado, o mundo lá fora pode esperar. Nada mais importa.
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<2164 palavras>
Gostaram do capítulo? Eu e o captura GPT passamos mais de duas horas e meia discutindo para deixar isso perfeito.
Esse capítulo marca o início do romance entre Misty e Dave, eles não vão ser namorados agora mas obviamente tem algo Rô entre os dois.