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22.22% Abunai Aisuru: Uma Jornada Contra o Destino / Chapter 3: Capítulo 02

บท 3: Capítulo 02

Dizem que a memória são pequenos fragmentos de lembranças dos dias felizes ou tristes que tivemos e nos marcaram imensamente. Esses fragmentos são uma forma da consciência manter esses dias na nossa memória. Algumas lembranças se perdem com o tempo, outras esquecemos completamente ou algum acidente acaba causando a perda dessas lembranças temporariamente ou definitivamente.

Eu me lembro vagamente dela e dos nossos dias juntos, mas há lacunas em minha memória. Minhas memórias sobre ela não estão totalmente completas. Naoya, sentado em sua cadeira de frente para o computador, lembrou-se de sua amiga de infância, que há muito tempo não via, as lembranças de quando brincavam juntos e de todos os momentos felizes que tiveram juntos.

'Não é como se ela fosse aparecer assim do nada depois de muitos anos longe. Eu já não consigo me lembrar totalmente dos nossos momentos juntos, mas eu acho que ela nem se lembra mais de mim.'

Naoya recebeu um golpe crítico ao ouvir o que tinha falado. Seus pensamentos sobre ela invadiram sua mente e o distraíram de seus estudos para o exame de entrada. Seu desejo por entrar na escola que para muitos é a mais difícil de ser aceito o deixou confiante. A escola em questão era o Instituto de Ensino Moteshiro, elogiada por sua excelente forma de ensino e famosa por ser uma das escolas mais rigorosas em seus exames de admissão. Sua decisão de entrar para a escola que era "impossível" de ser aceita veio de uma lembrança que ele teve quando se formou no fundamental II. Naoya havia prometido a sua mãe que entraria na mesma escola que ela havia estudado para manter vivo o seu legado. Após essa decisão, todas as suas férias foram dedicadas a estudar arduamente. Não era como se ele tivesse amigos para aproveitarem as férias juntos.

Espreguiçando-se gostosamente, Naoya se levantou e deitou em sua cama. O sono o venceu enquanto ele segurava o telefone. No alto daquele playground em formato de cúpula com alguns buracos, estava uma garota com lindos e longos cachos loiros, que refletiam ao toque da luz. Ela acenava alegremente para Naoya enquanto gritava o seu nome. Seu sorriso contrastava com aquele pôr-do-sol, deixando a visão ainda mais bela naquele momento. Sentada sorridente, ela gritou meu nome. "Naaaaaaaaooooo-kun."

Enquanto sorria, os raios solares batiam sobre seus cabelos ao vento. Era como estar vendo a visão de uma deusa. Tentei subir o mais rápido que pude com meus pequenos braços e pernas.

"Não me chame assim, é vergonhoso."

Gritei com ela. Ela apenas sorriu, fingindo não se importar com o que eu tinha acabado de falar. Admiramos o pôr-do-sol, e ela tirou do seu pescoço um cordão com duas metades de um coração e me deu uma metade.

"Toma."

"Para que isso?"

"Quando nos encontrarmos de novo e este coração se unir novamente, então... Então nós seremos marido e mulher."

Corei ao ouvir aquelas palavras, meu coração disparou. Eu não sabia como reagir naquele momento, então virei o rosto para disfarçar minha vergonha. Foi quando ela beijou a minha bochecha. Aquele beijo durou apenas 20 segundos, mas para mim durou 1 hora. Eu congelei, e quando virei o rosto novamente em sua direção, ela havia se levantado e olhava fixamente para a frente. Então, ajeitando uma das mechas de seu cabelo atrás da orelha, ela sorriu enquanto me olhava.

"É uma promessa, tá?"

"T-Tá bom."

Aquele verão se tornou especial para mim e foi o último que passei com ela. Quando terminaram as férias de verão, os pais dela se mudaram para Saitama, e eu não pude mais vê-la.

Quando começaram as aulas na primavera, as cerejeiras estavam soprando suas folhas com a brisa. Aquela escola parecia um sonho, tantas pessoas diferentes e tantas possibilidades de fazer amizade. Aquilo ainda parecia um sonho.

"Todos os estudantes novatos, por favor, dirijam-se ao auditório para a cerimônia de entrada."

Com aquele anúncio, eu me senti assustado, pois eu não sabia onde era e era novato naquela escola. Tudo parecia tão novo para mim e parecia extremamente uma novidade. Com um pouco de dificuldade, encontrei o auditório. O anúncio do conselho estudantil já havia começado. Entrei silenciosamente e me sentei enquanto o evento acontecia. O grande mural no pátio da escola mostrava aos alunos todas as salas onde estavam. Fui mandado para a sala 1A e, devido à minha alta nota no exame de admissão, tive que discursar na frente de todos os calouros. Eu estava em pânico e não sabia como reagir, e as palavras saíam levemente falhadas.

Minha primeira impressão naquela sala foi meio desagradável; senti olhares assustados. Foi sempre assim desde o ensino fundamental, onde as pessoas me olhavam com medo, e muitos não se aproximavam. Meu medo de viver um ensino médio solitário retornou. Enquanto eu me apresentava, até a professora ficou com medo. Meu rosto parecia o de um delinquente, mas eu era uma pessoa comum. Era difícil achar alguém que viesse falar comigo e fizesse amizade. Minhas tentativas de criar uma amizade foram todas estragadas, pois as meninas e os meninos fugiam assustados. Piorava ainda mais na hora do almoço, quando os garotos me davam seu dinheiro com medo, achando que eu iria fazer algum mal com eles. Eu não sabia como reagir, então entregava as carteiras no depósito de achados e perdidos. O ojisan já até me conhecia e sempre fazia uma piada.

'Sério! Por que eu tinha que nascer com um rosto tão assustador assim?'

Enquanto eu estava sentado no banco de frente para o jardim da escola, senti a presença de uma garota se aproximando de mim. Ela estava nervosa, e isso era óbvio. 'Com licença, eu posso me sentar ao seu lado?'

Me virei completamente nervoso. Era a primeira vez que alguém se aproximava para falar comigo. Infelizmente, meu nervosismo fez com que eu a olhasse com um rosto assustador, e ela começou a tremer.

'M-Me desculpe por interromper o seu horário de almoço. Com licença.'

Após dizer isso, a garota se virou e saiu correndo assustada. Abaixei minha cabeça desapontado.

'Espera, não era isso…'

Aquele primeiro dia de aula foi demais para Naoya, que sentia como se não fosse aceito em lugar algum por ter um rosto assustador. Quando chegou em casa, sua mãe estava fazendo o jantar. Ela o cumprimentou, e ele subiu diretamente para seu quarto. Ele se jogou na cama com o rosto afogado no travesseiro. Toda aquela série de mal-entendidos iria se repetir novamente, como foi no ensino fundamental. Após dar uma má impressão aos seus colegas de classe, Naoya estava sujeito a ter um novo ano solitário. Ele estava dando seu máximo para tentar fazer amizades. No entanto, suas tentativas eram sempre mal interpretadas pelos outros, levando seu rosto do travesseiro, ele se virou na cama e pegou uma foto em seu criado-mudo. Admirando as duas pessoas naquela foto, ele sorriu. De repente, algumas lágrimas começaram a pingar sobre o porta-retrato.

'Por que tem que ser sempre assim? Por que todas as minhas tentativas de fazer amigos são fracassadas?'

Ele abraçou aquela foto e então olhou para o teto, as lágrimas insistiam em cair.

'Como será que você está hoje? Eu queria poder te ver novamente. Você é a única que me entende e a única que se aproximou de mim quando todos fugiam com medo.'

Enquanto estava deitado na cama olhando para o teto com o porta-retrato em seu peito, a porta abriu vagarosamente.

'Onii-sama, o jantar está pronto. Tome um banho e desça para jantar.'

Aquelas palavras tiraram Naoya de seu transe. Ele se levantou e foi ao banheiro. Após o banho, ele desceu para jantar. Sua irmã, ao perceber que ele estava abatido, o olhou com um olhar complacente. 'Aconteceu alguma coisa, onii-sama?'

'Não aconteceu nada… é só a mesma coisa de sempre.'

'Se quiser desabafar, você pode sempre contar comigo.'

Naoya terminou seu jantar e se levantou. Sua irmã o olhava com um olhar apreensivo. Vê-lo sofrer assim não era nada agradável.

Ao voltar ao seu quarto, uma notificação em seu telefone chamou sua atenção. Seus pais haviam mandado um e-mail para ele.

{Filho, estamos com saudades de você e queremos te dizer que, na semana do seu aniversário de 16 anos, nós vamos estar de volta em casa. Estamos ansiosos também para conhecer quem será sua futura noiva.} Aquele e-mail o deixou apreensivo, pois ele não havia pensado nesta questão há muito tempo. Ele tirou da gaveta o cordão com a metade de um coração e o apertou em suas mãos. A promessa que ele havia feito com sua amiga de infância de se encontrarem novamente e se casarem estaria arruinada pelo aviso do governo, um casamento contra a vontade dele. Seus pensamentos começaram a poluir sua mente, e então ele tomou uma decisão sobre aquele evento que estava próximo de se cumprir.

'É isso, para evitar este casamento, eu tratarei minha futura noiva tão mal que ela não terá outra chance a não ser recusar o casamento, e então poderei casar com minha amiga de infância e cumprir a promessa que fizemos juntos. É isso, está decidido.'

Com um sorriso em seu rosto, ele sorriu enquanto era observado com desprezo pela sua irmã que estava parada na porta do quarto em silêncio.

'Sayuri, eu já avisei para bater na porta.'

'Você é realmente nojento, sabia?'

'Só dá o fora daqui logo.'

Enquanto sua irmã saía do quarto, ele guardou novamente o cordão em sua gaveta e se deitou na cama para dormir. Sayuri, que estava encostada com a cabeça baixa na porta fechada, apenas raciocinava sobre o que havia ouvido naquele momento. 'Onii-sama, você está certo do caminho que vai tomar? Cuidado para não se machucar de novo. Eu não me perdoaria se você se machucasse outra vez.'

Enquanto se afastava da porta e ia em direção ao seu quarto, ela pensou, sentindo seu peito apertar de preocupação. Era óbvio que a decisão que ele havia tomado não era a melhor. Mas o que mais o preocupava era o fato de que ele estava determinado a ir contra uma decisão já tomada: o aviso do governo quando foi anunciado.

O povo, no início, foi contra esta decisão egoísta. Algumas pessoas tentavam mudar o sistema ou recusar o aviso. Após alguns anos se passarem e a natalidade dar uma grande baixa, os cidadãos começaram a aceitar o aviso do governo como lei e não mais protestar contra, afim de tentar salvar as futuras gerações que estavam por vir. Os filhos nascidos daquela união eram cuidadosamente assistidos pelo Ministério da Saúde e Bem-Estar, uma organização do governo criada para cuidar destas questões e dos futuros casais arranjados. Naoya estava disposto a retomar uma antiga disputa já abandonada pelos cidadãos, a sua tentativa de recusar o seu aviso só traria mais sofrimento e vários problemas futuros.

A sua decisão iria impactar muito em sua vida, pois o caminho a ser percorrido era longo, tortuoso e cheio de espinhos. A força de vontade dele o transformava em alguém teimoso e insistente naquilo que queria.


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