บท 9: CAPÍTULO 8 - SIGNIFICADOS
– "Meu nome?" – Ele respondeu, confuso com a pergunta feita pela garota que permanecia em sua frente, próxima a seu rosto.
– "Exatamente!" – Empolgada, ela disse enquanto aproximava seu rosto para ainda mais perto dele.
– "Eu sou o Mizu…" – Ele respondeu, enquanto mostrava uma grande insegurança.
Recebendo a resposta de sua pergunta, a garota se afastou do rosto do garoto e se virou de costas, direcionando seu olhar para o céu limpo de nuvens.
– "Seu nome significa água em um dos escritos do nosso mundo, não é? É um significado legal" – Ela nem mesmo deu tempo para que ele respondesse, e logo continuou a falar – "meu nome é Luna, que significa Lua. É um grande prazer te conhecer."
Ela se virou novamente para ele enquanto sorria de forma totalmente simpática, tirando dele um riso tímido junto de uma vermelhidão no rosto.
Os dois mostravam ter uma forte química por mais de aquela ser a primeira vez que se viam.
– "Pois bem, agora que nos conhecemos por nome, acho importante falarmos mais sobre nós." – Disse a garota, puxando assunto de forma extremamente direta.
– "Você é extremamente rápida nisso, não é? Sobre o que você quer falar?" – Relutando, o garoto se viu em modo defensivo, mas mesmo assim, decidiu continuar o assunto.
– "Relaxa, eu não sou uma inimiga." – Ela comentou, percebendo que ele relutava e se afastava pouco a pouco.
– "Isso não me acalma nem um pouco nesse momento." – Comentou Mizu, usando de um tom de voz forte e uma linguagem ainda relutante.
– "É estranho pensar que ações tão bem feitas saíram de uma criança." – Ela disse, usando um tom forte de cinismo.
Provocando no garoto uma revolta, fez ele se aproximar de seu rosto.
Em resposta, ela fixou seus olhos nos dele, testando o quanto ele poderia manter aquele olhar sério sem desviá-lo.
– "Nós temos a mesma idade, não me chame de criança!" – Respondeu em alto tom para ela.
– "Não disse que era em porte físico ou idade, é sobre suas atitudes."
Sorrindo de forma cínica, ela o beijou na bochecha, desconstruindo automaticamente toda a seriedade dele, que desabou de vergonha no mesmo momento.
Afastando seu rosto, o garoto se virou para o lado contrário de onde estava a garota. Seu rosto vermelho revelava sua vergonha e sua reação repentina fez com que toda a tensão do diálogo sumisse.
– "Você é mais fácil de agradar do que eu imaginava. Usarei disse mais vezes." – Ela comentou enquanto ria.
– "Não estou vendido por um beijo! Inclusive, o que você é para sair beijando as pessoas sem mais nem menos." – Respondeu Mizu, praticamente elevando o tom de sua voz.
Aparentemente alterado, o garoto deixava todas suas falas com um forte tom de briga.
Por mais que estivesse com o rosto totalmente vermelho de vergonha, ele tentava manter a postura de alguém maduro.
A garota por outro lado, não ligava nem um pouco para esconder a expressão de seu rosto e não deixava de sorrir a nenhum momento.
– "sinceramente, eu sou apenas uma pessoa comum. Você que me deu brecha para isso na verdade." – Provocando, ela tentava ao máximo o tirar do sério.
– "Ah, garota!"
– "Me incomoda que você não me chame pelo nome, isso particularmente desconsidera nossas apresentações."
Ela impediu que ele formulasse sua frase até o final, e novamente em tom irônico o provocou, o que o fez sair totalmente do sério e perder o controle de suas ações.
Correndo na direção da garota, Mizu estendeu a mão para dar um soco reto no rosto dela com sua mão direita, porém, ela logo desapareceu de sua frente, deixando sua presença totalmente escondida.
Passando totalmente reto ao tentar dar o soco, ele quase caiu do prédio, porém, foi segurado no último instante.
– "Você mesmo confirmou aquilo que eu disse à pouco sobre suas atitudes."
A garota que tinha surgido de volta o segurava pela roupa e impediu que ele caísse do prédio. Ela estava com um olhar sereno, entretanto, sua expressão já era mais séria que antes.
O garoto não soube exatamente reagir ao que havia acontecido, ele mal entendia como ela tinha simplesmente sumido e voltado do nada, porém, ele sabia que devia reconhecer a ajuda que recebeu dela.
– "Ei. Obrigado por não me deixar cair." – Ele disse em tom baixo, aparentemente envergonhado.
– "Hehe, está tudo bem, garoto. Digo, Mizu." – Voltando a sorrir bruscamente, revelou que sua feição séria de antes também era uma provocação.
O garoto se enfureceu novamente ao ver que a garota estava brincando com ele o máximo que podia, mas dessa vez, decidiu segurar sua reação de raiva para parecer mais maduro.
Tomando dessa vez a primeira fala, Mizu decidiu perguntar para a garota, que estava o esperando abrir a boca.
– "Como você sumiu daquela forma?" – Trocando sua expressão baixa com um rosto curioso, ele completou – "Por favor, responda de forma séria."
A especificação na fala dele deixava evidentemente sua insegurança com as reações brincalhonas que ela tinha enquanto falava com ele.
Os dois mal tinham se conhecido, mas ela já agia com total intimidade, enquanto que ele ainda se via mais distante em relação a intimidade com ela.
Ela, percebendo que seu objetivo com as provocações já tinha se cumprido, decidiu finalmente responder de forma sinceramente séria:
– "Assim como meu nome significa "Lua" em alguns idiomas, no idioma do qual falávamos em minha vila, "Luna" significa "Lua Escura", que vem da referência ao uso da magia das trevas." – A garota explicava enquanto usava suas mãos para gesticular sua explicação.
"Então você é…" – Diminuindo o tom de voz, ele pareceu inseguro de terminar sua fala, que na verdade foi completada pela garota.
– "Sou uma filha das trevas, nascida de uma usuária de magia de trevas com um usuário da maldição da besta das trevas."
A reação do garoto era de total espanto. Sua expressão estava totalmente perdida no longínquo horizonte que se formava nas costas da garota. O dia já estava ficando para trás e o fato de estar ficando de noite acendeu ainda mais o arrepio de seu corpo.
Se aproximando lentamente dele, a garota estendeu sua mão e tentou simbolizar para que ele tivesse calma. Enquanto caminhava, voltou a tomar a palavra:
– "Assim como eu disse no início de nossa conversa, eu não sou sua inimiga." – Disse ela, usando um tom de voz suave que evidenciava mais sua doce voz.
Respirando fundo, o garoto percebeu que não deveria temer apenas pelas origens de alguém. No fundo, o fato de poder ter uma aliada forte ao invés de uma inimiga forte, o animava.
– "Me desculpe por isso. Normalmente não encontramos muitos usuários de magia das trevas." – Disse, curvando a cabeça em forma de desculpas.
– "É claro, eles foram praticamente exterminados." – Ela disse enquanto sorria de forma leve, dando um peso ainda maior ao que foi dito, deixando o garoto desconfortável.
Balançando a cabeça, ele decidiu ignorar aquilo e ao perceber que o tempo estava escurecendo, tornou a palavra novamente.
– "Já está ficando tarde. Acho melhor você ir." – Ele aparentemente se preocupava com ela, mas talvez ele só estivesse sentindo medo.
– "Gosto desse seu comportamento protetor, mas na verdade eu não tenho um lugar para ir." – A garota respondeu de forma serena, não evidenciando mínima preocupação em não ter um local para ir.
"O que? Como assim?!" – Ele respondeu totalmente confuso
– "Acho que pulamos bastante a parte das apresentações. Provavelmente foi por sua ação infantil de tentar me bater." – Ela voltou a provocá-lo, mas dessa vez, tirou a tensão do ar de forma positiva.
– "Pois bem. O que faltou você me falar em nossas 'apresentações', Luna." – Ele retomou a postura e disse de forma a manter sua seriedade.
– "Olha, me chamou pelo nome, que bonitinho." – Ela quebrou novamente a postura dele, o fazendo ter vergonha novamente. Logo, ela retomou a palavra e completou – "Na verdade, eu também invadi esse país junto com você, somos dois foragidos aqui. Ah, e eu persegui você durante um tempo."
– "Ah sim… pera aí, você me perseguiu?" – Mizu esticou totalmente seu corpo em direção a garota, deixando evidente sua reação surpresa.
– "Ignora essa parte!" – Ela por sua vez, apenas se virou para o lado contrário de onde estava Mizu e minimizou suas explicações.
Ao final de suas reações exageradas, eles sorriram de forma leve um para o outro e pouco tempo depois de começarem a se encarar, caíram em risos.
A intimidade entre os dois já era grande o suficiente para rirem juntos enquanto conversavam de forma provocativa. Na verdade, ela provocava e ele tentava manter a postura, porém, no fundo ele já tinha começado a gostar do jeito dela.
Os dois riram ao final de suas falas e não precisava que dissessem mais nada para entenderem que estavam na mesma situação naquele exato momento.
– "Acho que vamos ter que ficar por aqui então." – Disse o garoto enquanto abria um simpático sorriso.
– "Descanse. Se precisar eu te protejo." – Ela novamente o provocou, forçando os músculos enquanto falava.
– "Nem vem com essa!" – Retrucou ele, fazendo bico.
Os dois logo riram enquanto se olhavam e ao final do pôr do sol, sentaram encostados a estrutura de tijolos no topo do prédio.
Logo, eles dormiram daquele jeito, evidenciando o cansaço deles até aquele momento.
• • • • •
Não demorando muito, o dia já havia amanhecido e os raios do sol já tinham se tornado evidentes, porém, o garoto ainda permanecia dormindo no topo do prédio.
– "Você é um garoto genuinamente despreocupado." – Disse a já conhecida voz feminina.
Acordando lentamente, o garoto abriu os olhos para ver de onde vinha a voz que havia ouvido atravessar seus sonhos.
Aquela voz era particularmente conhecida, porém, naquele estado de sono ele com certeza não reconheceria de primeiro momento.
Finalmente após despertar completamente, abriu os olhos e pôde ver em sua frente a garota, que já estava mais suja do que na noite anterior.
Pensar ainda era algo difícil para o garoto que tinha acordado a pouco tempo. No entanto, mesmo ainda sonolento, conseguiu notar rapidamente a diferença na roupa da garota, que muito provavelmente indicava que algo aconteceu.
– "Você ainda não acordou?!" – Aumentando o tom de voz, ela falou com ele novamente.
A garota estava projetada a sua frente de forma reta ao sol, impedindo que ele queimasse os olhos recém despertos do garoto.
Ela já estava praticamente a 1 minuto parada em frente dele esperando que ele despertasse, mas ele demorava cada vez mais para passar os estágios de seu despertar matinal.
Impaciente com a lentidão, Luna saiu do caminho do sol, que rapidamente chegou aos olhos do garoto, queimando sua retina de forma leve e o incomodando.
– "Ah, isso é horrível."
Se levantando rapidamente, ele se virou de costas para a direção do sol, ignorando totalmente a garota que estava o chamando repetidas vezes.
A expressão que ela tinha no rosto era aquela já conhecida por ele, por isso, ele parecia não temer uma resposta muito negativa por parte dela.
Tomando novamente o caminho do sol, Luna virou Mizu de forma forçada para olhar em seus olhos e, mudando de expressão, o fez sentir medo pela primeira vez naquele dia.
– "Você quer morrer, não é?!" – Disse Luna, com seu tom maligno.
– "Me perdoe!" – Respondeu Mizu, quase suplicando por sua vida.
– "Está bem, eu entendo." – Ela o soltou enquanto sorria e suavizou seu tom de voz.
Aparentemente assustado, o garoto não conseguiu nem mesmo se mover após ser solto das mãos da garota.
Ela, por sua vez, andava de beirada a beirada do térreo do prédio. O objetivo dela em receber a atenção dele já havia sido um sucesso. Agora ela não precisava mais se preocupar em olhar em seus olhos.
– "Pois bem, você não se acha despreocupado demais?" – Ela se virou para ele, enquanto lançava sua pergunta.
– "Porque você me questiona tanto isso?" – Respondeu o garoto, ainda com sono e coberto por confusão.
– "Você dormiu como um morador, não como um procurado. Já estamos na tarde."
– "Eu dormi por vinte horas?" – Ele respondeu, totalmente assustado com a afirmação feita pela garota, que estava do outro lado do prédio.
– "Sim. Você dormiu todas as dez horas da noite e todas as dez horas da manhã."
O garoto estava evidentemente envergonhado em perceber que não estava sendo o melhor que podia em sua jornada. Em sua mente ele pensava que talvez naquele momento ele nem mesmo estaria vivo se estivesse sozinho.
A garota que estava do outro lado nem mesmo se importava com o fato de ter protegido o garoto enquanto dormia, na verdade, ela aparentava ter saído no tempo em que ele permanecia desacordado.
– "Me desculpe por isso, Luna." – Abaixou a cabeça em respeito ao pedir desculpas.
– "Fique tranquilo com isso. Você não vai me matar por dormir mais do que deve, mas talvez você se mate por isso. Não se preocupe comigo agora, mas com você."
Por incrível que pareça, as palavras que ela disse tinham uma seriedade que passava além de sua ironia descarada que surgia ao fundo de todas as suas falas.
O semblante sério dos dois garotos fazia com que o clima do lugar esquentasse ainda mais. Junto ao sol extremamente quente, aquilo se tornava com os segundos algo insuportável para se manter.
– "Você parece ter saído de manhã. Aonde você foi?" – O garoto puxou a fala para tentar tirar o clima ruim que a seriedade da conversa trazia.
– "Estava analisando o que podemos fazer como próximo passo."
Apontando para um lugar enquanto falava, fez com que o garoto se levantasse para ir ver o lugar que estava sendo indicado por ela.
Com os dois observando o mesmo local, ela continuou sua fala:
– "Eu sinceramente não poderia descrever qualquer plano sem antes dizer o primeiro passo. O nosso é uma moradia para vivermos menos preocupados em sermos pegos por guardas no meio da rua."
– "Você diz isso como se apenas fôssemos comprar uma casa." – Disse o garoto, de forma irônica
– "Não temos dinheiro para isso, na verdade seria muito mais fácil dessa forma." – Respondeu a garota, enquanto sorria de forma sinceramente leve.
– "Na verdade nós temos dinheiro. Porém, não há possibilidade de termos uma compra legal nesse lugar."
A tecnologia avançada não permitiria que eles pudessem adquirir uma casa sendo procurados, séria basicamente como se entregar para a justiça de forma simples.
Respirando fundo, Luna tomou novamente o controle do diálogo que tinha saído do rumo novamente. Antes de continuar falando, ela se afastou de Mizu.
– "Eu encontrei uma casa no final de uma rua de pessoas ricas. Provavelmente o dono está viajando, então vamos para lá agora."
Tomando basicamente a postura para pular, ela foi parada pelo garoto, que segurou seu ombro de forma firme, o pressionando para baixo
– "Espere." – O garoto disse de forma séria
– "O que você quer?" – Ela respondeu de forma levemente rude.
– "O que te motiva a me ajudar em um plano? Pelo que me lembro você nem sabe o que eu vim fazer."
Mizu deixou o clima daquela conversa algo ainda mais insuportável.
Sem dar nenhuma resposta para a pergunta, Luna ignorou a fala de Mizu por aquele momento e logo seguiu em sua postura para pular.
– "Tire a mão do meu ombro. Quando estivermos seguros, continuamos essa conversa." – Luna disse em tom de voz firme e logo pulou do prédio em direção a outro, e assim se fez sumir rapidamente enquanto pulava pelos prédios.
O garoto que tinha ficado, se viu confuso, porém, sabia que não sobreviveria sozinho naquele ponto.
"Mesmo complicada, é melhor tê-la como aliada do que como inimiga." – Pensou Mizu.
Logo, ele também se lançou do prédio e seguiu na mesma direção da garota.
Apesar de ser um humano comum, as habilidades físicas dele pareciam bem intensas e poderosas para um simples humano. Por mais de ser forte, aquilo não significava muito para aquele mundo, talvez apenas o diferenciava dos comuns, o colocando em um degrau acima.
Rapidamente ele saiu de perto do prédio e se viu mais próximo novamente da garota, a seguindo em direção ao local que ela havia apontado.
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