O crepúsculo descia sobre a cidade, tingindo o céu em tons de laranja e roxo. Issei, sentado em uma lanchonete, observava o vaivém da vida urbana enquanto tentava digerir os acontecimentos recentes. A imagem de Raynare, a anjo decaída que tentara o assassinar, ainda o assombrava. O ataque do padre Freed também ecoava em sua mente, a lembrança de sua fúria e a quase fatalidade da luta.
A lembrança de seu irmão adotivo, Misheru, o acalmou, mas um aperto no peito o lembrava do peso de seu poder. Era uma arma de dois gumes, capaz de proteger e destruir ao mesmo tempo. O peso da responsabilidade o oprimia.
Seus olhos cruzaram a porta da lanchonete, encontrando um vulto familiar. Uma cabeleira dourada brilhava sob a luz fraca, chamando sua atenção. Asia, a gentil e doce garota que havia conhecido, sorria para um grupo de amigos.
O coração de Issei saltou. Sem hesitar, ele pagou a conta e saiu, caminhando em direção a ela.
— Asia! — A voz de Issei ecoou pelo ambiente, fazendo a garota virar-se. Seus olhos azuis brilhavam sob a luz da rua, e um sorriso tímido surgiu em seus lábios.
— Issei-san? — Ela observava-o se aproximar, um misto de surpresa e alegria em seu rosto.
— O que você está fazendo aqui? — Issei perguntou, a curiosidade o consumindo.
— Ah, apenas dando uma volta. Raphtalia me deixou sair, mas pediu para eu ter cuidado." Asia explicou, seus olhos baixando timidamente. Issei sorriu, aliviado por ela estar bem.
— Que bom que você está bem. — Ele disse, um sentimento de conforto o envolvendo. — Quer tomar um lanche comigo? —
Asia corou levemente, mas assentiu, seus olhos brilhando com a proposta. Os dois entraram na lanchonete, o cheiro de café e comida quente os envolvendo. O crepúsculo se aprofundava, e a cidade se acendia com luzes brilhantes. O encontro entre Issei e Asia, tão improvável quanto a situação em que estavam, prometia um momento de paz em meio à tempestade.
A penumbra se espreitava sobre a praça, enquanto Issei e Asia caminhavam lado a lado, a conversa fluindo como um rio sereno, repleta de lembranças do dia que se esvaía. Ele, ainda sentindo o peso da batalha contra o Freed, carregava a dor nas pernas como um lembrete silencioso. Encontrando um banco, avistou uma figura deitada, envolto na penumbra.
— Com licença, senhor. Poderia me ceder o banco? Minhas pernas estão doendo um pouco — Issei pediu, a voz levemente rouca.
A figura se ergueu, revelando um rosto familiar, enrugado pelo tempo. Era Misheru, seu irmão adotivo, e Issei se viu tomado por um turbilhão de emoções.
— Quem me chama de senhor? — Misheru perguntou, o olhar fixo no rosto de Issei.
— Misheru-nii! Desculpe, não te reconheci — Issei se inclinou para frente, buscando palavras de desculpas.
— Senhor Misheru? O que você está fazendo aqui? — Asia indagou, os olhos arregalados ao reconhecer a figura que, para ela, era um estranho.
— Asia, é você? — Misheru respondeu, a voz carregada de surpresa. A garota acenou, confirmando sua identidade. — Bem, vim aqui para respirar um pouco, mas acabei cochilando.
— Típico de sua cara irmão, dormir em qualquer lugar — Issei riu, relembrando a peculiaridade do irmão. Misheru bateu no banco, um convite silencioso para se sentarem. E assim, os três se acomodaram sob o céu estrelado, a brisa suave acariciando seus rostos.
— Issei, eu percebi que você ainda está machucado... daquele dia,- disse Asia, um pesar visível em sua expressão, como se a lembrança do ocorrido ainda a afligisse.
— Sério, Issei? Você ainda sente dor? — Misheru indagou, a preocupação evidente em seu tom, o cuidado fraternal transparecendo em cada palavra.
— Sabe, Misheru-nii, esses machucados não se curam apenas com saliva, — respondeu Issei, um ar de frustração em sua voz. Misheru apenas balançou a cabeça, a desaprovação estampada em seu rosto, como se estivesse cansado das travessuras do irmão.
— A Rias tinha uma missão e, mesmo assim, deixou você com essa dor,- Misheru disse, mas Issei negou com veemência, o que o fez se calar. Ele sabia que Issei negaria qualquer coisa que implicasse em suas perversas aventuras.
— Me perdoe por isso, Issei, — Asia suplicou, a voz carregada de remorso. Ela tocou a região da dor na perna de Issei, e uma luz verde emanou de sua palma, envolvendo o membro ferido. Issei sentiu um calor suave e reconfortante enquanto a dor se dissipava. — Pronto, eu terminei. Como está sua perna agora? —
Issei se levantou, batendo a perna no chão com força. — Ah, eu não sinto mais nada! Isso é incrível, Asia! — exclamou, um sorriso radiante em seu rosto, a alegria da recuperação transparecendo em seus olhos. Asia retribuiu o sorriso, um rubor delicado pintando suas bochechas.
Misheru observava a cena, uma pergunta pairando em sua mente. — Asia, me responde uma coisa. Isso que você fez… é um equipamento sagrado, né? — questionou, o olhar curioso. Asia assentiu, confirmando a natureza sagrada do poder que a envolvia.
— Não é incrível, Misheru? O poder da Asia cura qualquer um. Mesmo que seja um demônio, — disse Issei, mas, ao olhar para Asia, notou que sua expressão se nublava de tristeza.
— Ah, o que foi, Asia? Foi alguma coisa que eu disse? Me desculpe, — Issei pediu, a preocupação transparecendo em sua voz. Asia engoliu em seco, as lágrimas brotando em seus olhos.
O olhar de Ásia se nublou, a lembrança do passado a consumindo. — Você não fez nada de errado, Issei. É só que... me lembra de uma época difícil — confessou, a voz embargada. Misheru e Issei se aproximaram, atentos à história que ela se preparava para contar.
Ásia nasceu em um lar marcado pela pobreza. Seus pais, incapazes de arcar com suas necessidades, a deixaram em um orfanato administrado pela Igreja. Com oito anos, a menina viu uma criança chorando ao lado de um cachorro ferido. Com o coração apertado, Ásia fez uma oração com todas as suas forças. Para seu espanto, o animal foi curado.
A notícia se espalhou como um rastilho de pólvora. A Igreja, ciente de seu dom, passou a tratá-la como uma santa. Ásia utilizava seu poder para curar os doentes, e a fama de seus milagres se espalhava por toda a região. No entanto, a reverência a transformou em um ser solitário, privada de uma vida normal.
Em um dia fatídico, Ásia encontrou um demônio ferido, clamando por ajuda. Ingênua e bondosa, a jovem usou seus poderes para curá-lo, sem saber a verdadeira natureza do ser que estava diante dela. Um padre, que caçava o demônio, testemunhou a cena.
O demônio, curado, atacou e matou o exorcista, escapando em seguida. Ásia, acusada de pecar, foi julgada pelas próprias pessoas que antes a reverenciavam. Chamada de bruxa, foi expulsa da Igreja.
As lágrimas de Ásia rolavam sem cessar. — Foi então que um anjo caído me encontrou e me acolheu — sussurrou, o peso da memória ainda a sufocando. Issei e Misheru ouviam, a história de Ásia gravando-se em suas mentes como um selo indelével.
Misheru puxou Issei para perto e sussurrou em seu ouvido:
— Issei, é sua vez. Tente confortá-la à sua maneira.
Issei olhou para o irmão, surpreso e nervoso.
— O quê? Quer que eu faça isso? Não sei se consigo, nii-san — respondeu em um sussurro.
Misheru sorriu de lado.
— Sabe, Issei, naquele primeiro encontro… você sempre seguiu minhas ordens. Mas agora, reaja. Seja você mesmo, meu irmão.
Misheru se levantou e, deixando Issei a sós com Asia, disse que ia embora.
No caminho da saída daquela praça, Misheru suspirou olhando para as estrelas ao céu. Ele sorriu, pois, ele havia deixado o seu irmão dar o seu primeiro passo para que ele possa reagir com uma garota. Sem ele está presente em suas situações.
Porém, misheru sentiu uma dor aguda em seu estômago. Como se fosse que seu tecido da pele se rasgasse. Ele olhou para baixo e viu uma lança de luz e suas entranhas enroladas nelas.
Misheru caiu de joelhos, ele estava sentido uma queimação naquela região. Seu sangue caindo ao chão, ele ouviu uma voz, uma voz que ele mesmo conhecia. E então ele olhou para trás e lá estava, Raynare.
— Sua cadela maldita!… — gritou Misheru, mas logo ele foi atingido por outra lança de luz em seu ombro. Ele gritou de dor, isso tudo por causa que as lanças estavam queimando.
— Sabe, ver você desse jeito me faz feliz… desde a última vez que você me destruiu por dentro e também por fora — disse Raynare, cerrando os seus punhos. Ao se lembrar do ocorrido passando, onde ela mesmo tentou matar o issei.
— Raynare… maldita, eu não vou deixa você fugir. Não dessa vez — disse Misheru, se levantando com dificuldades. Raynare rapidamente o impedir, lançando, mas, uma lança na sua perna, o fazendo cair no chão novamente.
— Sabe, o Akamochi me falou que o sei fator de regeneração está mais fraco agora. Já que você virou metade demônio — disse Raynare, Misheru olhou para ela surpreso ao ouvir o nome de Akamochi sair da boca de Raynare.
— Quê? Como você sabe dele? E, aliás, cadê aquele desgraçado! — perguntou Misheru, Raynare olhou para ele. Com um sorriso perverso, o que deixou Misheru com mais raiva.
— Sabe, nós somos parceiros. Eu não sei se você viu, mas, está vendo isso aqui? — disse Raynare, apontando para o seu peito esquerdo onde está uma marca ou tatuagem do símbolo cobra, o símbolo do clã de Akamochi. — E falando nele, ele está pegando a asia por mim. Já que eu queria muito te ver e te fazer cair de ante de mim e é isso que está acontecendo! —.
Enquanto isso, no outro lado daquela praça. Podemos ver issei caído no chão, sem se quer ter forças para se levantar. Ele olhou para a frente onde estava Akamochi segurando a asia.
— S… seu canalha! O que você vai fazer com a asia — disse issei, com os olhos fervendo de raiva daquele homem. Porém, issei viu Raynare desce do céu, o que deixou surpreso com a sua presença. — quê? R...Raynare? — ele disse, Raynare olha para o issei com um sorriso.
— Bora embora, Raynare. Você já se divertiu muito com o misheru — disse Akamochi, com o seu olha frio. Raynare olha para ele, e dá um beijo em sua boca.
— Obrigado, por ter aceitado me ajudar Akamochi. Talvez, eu te dê uma recompensa mais tarde — disse Raynare, Akamochi por um momento revirou os seus olhos e ela gostava desse seu jeito.
— Aliás, você conseguiu derrotar alguém com um equipamento sagrado. Isso me deixa surpresa — disse Raynare, enquanto olhava para o Issei.
— Eu já matei um que tinha esse tipo de equipamento, mas vamos embora antes que o misheru tenha os seus ferimentos curados — disse Akamochi, Raynare por sua vez criou um portal onde ela e Akamochi que estava segurando a asia entraram, deixando issei sozinho naquela praça.