Capítulo 156: Plano
"Para onde devemos ir agora?" perguntou Kael depois de entrar na cidade.
Qin Yue e Hua Fei ficaram em silêncio. Também era a primeira missão delas, então não estavam muito certas do que fazer.
Um dos irmãos respondeu: "Vamos procurar quem emitiu a missão e conseguir mais detalhes. Depois, planejaremos o que devemos fazer para encontrar os bandidos."
Kael e os outros já sabiam que os irmãos se chamavam Bi e Ji. Quem respondeu foi Bi.
"Provavelmente não será fácil encontrá-los", disse Ji.
Kael assentiu. Essas pessoas tinham que ser cuidadosas para não serem encontradas pelos especialistas da cidade Supra, e ainda existia a possibilidade de uma missão ser emitida e enviada para o Clã Mu, que foi exatamente o que aconteceu.
Kael não conseguia entender essas pessoas. Mesmo não pertencendo a um grande clã, sendo cultivadores relativamente poderosos, existiam muitas formas de conseguirem dinheiro e recursos. Ele acreditava que não havia necessidade de roubar.
Ele revelou sua dúvida, e dessa vez Qin Yue respondeu: "É verdade que existem muitas formas de cultivadores conseguirem dinheiro e recursos, mas poderia ser um processo demorado e tedioso. Também poderia ser através de algo perigoso, então algumas pessoas escolhem agir dessa forma para conseguir dinheiro fácil. Apesar de também ter um certo grau de perigo, normalmente o retorno é maior, e depois que elas se acostumam com isso, é difícil parar."
"São apenas um bando de escórias que não têm a mente firme e se rebaixam a esses métodos. Nunca terão a capacidade para evoluir muito no cultivo", zombou Hua Fei.
Kael concordou com seu raciocínio. Cultivadores deveriam ter a mente firme e serem determinados. Aqueles que não podiam suportar e recorriam a esses métodos dificilmente alcançariam grandes alturas.
Mas sempre existiam exceções. Algumas pessoas faziam esse tipo de coisa e não sentiam nenhuma culpa. Para elas, isso era algo natural, e podiam fazer isso porque eram poderosas o suficiente. Suas mentes eram firmes e determinadas porque acreditavam verdadeiramente nisso. Então, em termos de determinação, não eram inferiores aos que abominavam tais atitudes.
Porém, Kael ainda acreditava em carma e tinha certeza de que tais pessoas, mais cedo ou mais tarde, pagariam pelos seus atos. Mesmo que conseguissem crescer até certo ponto, ainda encontrariam um final trágico.
Enquanto Kael pensava nessas coisas, chegaram ao local que pretendiam. Era uma casa relativamente luxuosa. Hua Fei, animada, bateu na porta.
Uma criada saiu e falou de forma educada: "Em que posso ajudá-los?"
Bi levantou o panfleto, mostrando-o para a criada. "Estamos aqui por causa da missão!"
Os olhos da criada brilharam.
"Entrem, por favor!" disse ela enquanto abria caminho. Claramente, já tinha sido orientada sobre o que fazer se aparecesse alguém interessado na missão.
A criada pediu para que aguardassem na sala de espera, mas não demorou muito. Em pouco tempo, um homem entrou. Ele era baixo e um pouco corcunda. Sua idade claramente estava avançada. O homem não parecia ser um cultivador.
"Obrigado por terem aceitado a missão. Meu nome é Breno", disse ele.
Qin Yue deu um passo à frente e fez uma reverência: "Eu me chamo Qin Yue. Esses são Kael, Bi e Ji."
"Ei, como você pode me ignorar?" gritou Hua Fei, furiosa.
Qin Yue pareceu se lembrar de repente.
"Essa é Hua Fei", disse ela, desinteressada.
Vendo Qin Yue agir dessa forma, Hua Fei ficou ainda mais irritada.
Os lábios de Kael tremeram um pouco. Ele pensou que a competitividade de Hua Fei era completamente unilateral, mas parecia que Qin Yue não era completamente indiferente a ela e também tinha uma pequena rivalidade.
Breno ficou um pouco nervoso. Ele não sabia como lidar com a situação. Felizmente, Kael interrompeu:
"Viemos aqui para adquirir mais informações sobre a missão", disse ele.
Ouvindo Kael perguntar sobre a missão, Hua Fei parou de querer começar uma briga, enquanto Qin Yue permaneceu indiferente.
"Claro, por favor, sentem-se", respondeu Breno, com um suspiro de alívio.
Então, ele contou toda a história. Breno era um comerciante que sempre fazia viagens entre cidades para comprar e vender produtos. Esse trabalho trazia alguns perigos, então os comerciantes costumavam contratar escoltas, que eram cultivadores. Dessa forma, mesmo ao encontrarem perigos, geralmente conseguiam escapar praticamente ilesos.
Mas, recentemente, apareceu um grupo que se denominava "Escorpiões". Eles começaram a atacar comerciantes, causando muitas baixas e prejuízos. Os cultivadores contratados, geralmente no Reino do Refinamento de Sangue ou Condensação inicial, não eram páreos para os Escorpiões.
Breno já tinha sido atacado três vezes e, na última, quase perdeu a vida, o que o deixou furioso. Ele se uniu a outros comerciantes, juntaram uma quantia significativa de pedras espirituais e criaram uma missão para o Clã Mu, pois já estavam fartos desse grupo de bandidos.
"Como e onde eles atacam normalmente?", perguntou Ji.
Breno ponderou por um momento antes de responder:
"Esses ataques são sempre realizados em grupos de pelo menos quatro pessoas. Enquanto alguns enfrentam os cultivadores contratados, outros roubam a carga. Normalmente, não se preocupam muito conosco, comerciantes, mas isso não é uma regra absoluta, afinal, já mataram alguns de nós... quase fizeram o mesmo comigo."
"O local é aleatório. Algumas vezes, nos atacaram quando estávamos mais próximos da cidade Supra; em outras, quando estávamos mais distantes. Também não existe um período fixo. Às vezes, passamos dias sem ser atacados, mas, mais cedo ou mais tarde, eles sempre voltam."
Todos franziram a testa. Já imaginavam que localizar esse grupo não seria fácil, mas ainda assim ficaram decepcionados com a escassez de informações. Eles não tinham ideia de por onde começar.
"Será que realmente vamos ter que acompanhar os comerciantes por alguns dias e esperar que eles ataquem?", perguntou Hua Fei, com uma expressão de desagrado.
Os outros também não estavam muito animados com essa perspectiva. Kael olhou para Breno e perguntou: "Eles só atacam comerciantes?"
Breno balançou a cabeça. "Não. Ouvi dizer que também atacaram algumas pessoas que pareciam ricas, roubando suas pedras espirituais ou outros itens valiosos. Além disso..."
Ele hesitou, mas, considerando a importância da informação, decidiu continuar:
"Também atacaram grupos com mulheres bonitas, raptando-as. Muitas mulheres ricas e até mesmo cultivadoras poderosas foram levadas por eles... e, dias depois, seus corpos eram encontrados em péssimo estado."
Quando terminou de falar, a expressão de Breno estava sombria. As expressões de Kael e dos outros também se tornaram severas.
"Realmente um bando de lixos! Não bastava abusar dessas mulheres, ainda tiraram suas vidas depois!", exclamou Hua Fei, com os olhos cheios de intenção assassina.
Breno suspirou: "A cidade Supra chegou a enviar especialistas para tentar localizar e derrotar os Escorpiões. Mas a maioria deles nem conseguiu encontrá-los. Os que encontraram travaram batalhas ferozes, resultando em ferimentos graves ou até baixas de ambos os lados."
"A cidade Supra tem apenas dois cultivadores no Reino do Núcleo Espiritual, e eles não podem deixar a cidade para perseguir criminosos. O trabalho recai sobre os cultivadores do Reino da Condensação, que não têm uma vantagem esmagadora."
Breno parecia impotente. Os cultivadores do Núcleo Espiritual poderiam resolver o problema facilmente, mas seu dever era proteger a cidade, o que os impedia de abandonar seu posto.
A atmosfera estava pesada, até que Kael quebrou o silêncio: "Vamos. Acho que tenho uma forma de lidar com isso."
Todos ficaram surpresos com sua declaração.
"Você realmente tem um jeito?", perguntou Bi, incrédulo.
"Sim. Não sei se eles cairão nisso, mas acredito que vale a pena tentar", respondeu Kael.
"Senhor Breno, obrigado pela informação. Faremos o nosso melhor para acabar com os Escorpiões e completar a missão", continuou ele.
Ao terminar de falar, Kael se levantou e saiu. Embora Breno fosse o contratante, Kael achava inadequado discutir estratégias na presença dele. Qin Yue e os outros também se despediram e o seguiram.
Depois de sair da casa de Breno, eles alugaram um quarto grande em um hotel. O local oferecia privacidade suficiente para conversarem tranquilamente.
"Então, qual é o plano?", perguntou Qin Yue, curiosa.
"Antes disso, quem sabe sobre o fato de os comerciantes terem criado uma missão para o clã?", perguntou Kael.
Qin Yue pensou um pouco antes de responder: "Se eles não contaram a terceiros, é provável que ninguém saiba. Por que essa pergunta?"
Ouvindo isso, Kael sorriu: "É provável que os Escorpiões tenham alguns olheiros na cidade, observando as pessoas que entram para identificar possíveis vítimas. Como nos encontramos com o comerciante Breno, se eles souberem da missão, podem imaginar o motivo de nossa visita, e o plano não funcionaria."
Bi franziu a testa: "Você quer dizer que somos possíveis vítimas?"
"Não é óbvio?", respondeu Kael, como se fosse algo natural.
Todos ficaram confusos. Kael sorriu ainda mais: "Eles procuram mulheres bonitas. Nesse lugar, existem mulheres mais bonitas que as senhoritas Qin Yue, Hua Fei e... minha Yan Xi?"
Os olhos de todos se arregalaram. Hua Fei revelou um sorriso largo, enquanto Qin Yue corou levemente. Apesar de estar acostumada a ser elogiada, era raro ouvir algo tão direto.
Quanto a Yan Xi, ela quase engasgou com as palavras de Kael. A frase "minha Yan Xi" ecoava em sua mente como um mantra. Seus olhos brilhavam, e seus lábios se ergueram em um sorriso discreto.
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