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27.27% On The Weekend (PT) / Chapter 3: Capítulo Um

Capítulo 3: Capítulo Um

Maddison Junez

— Você falou que ia viver aqui enquanto estudava, Maddison. — falava o pai da menina, colocando os óculos para cima, focando o olhar na sua filha.

Eu sabia que tinha que ter essa conversa mais cedo com os meus pais, mas do jeito que eles são, eles são bem capazes de cortar as minhas asas cada vez que eu sonho por alguma coisa que mais desejo na vida. Uma delas que mais queria e realizei no momento, foi entrar na universidade onde eu iria cursar arte e com certeza, meus pais sempre quiseram como médica, esperando que eu fosse entrar numa universidade e fazer medicina.

Me lembro a primeira vez que o meu pai me perguntou o que eu queria fazer na vida. Ele estava no sofá, assistindo as notícias e me chamou. Com a educação rígida que sempre aprendi, respondi sim, papai , em frente da entrada da sala. Ele não estava olhando para mim, mas simplesmente me perguntou o que você quer ser na vida? E eu respondi sem pensar "Quero ser médica". Acho que foi o pior erro que fui fazer na minha vida.

Por isso que meu pai me perguntou de novo, quando eu tinha 11 anos, enquanto estávamos no carro a caminho de ir para escola, me lembro bem, porque meu pai quase não me levou para a escola. Apenas duas vezes. E com apenas 25 minutos, ficámos conversando sobre o meu futuro e o que eu deveria ser para agradar ele como a filha perfeita. Já que as minhas outras irmãs apenas são mães e trabalham em algo que não são felizes em fazer.

E eu não quero isso.

Eu quero que meus pais aceitem o que eu quero fazer na minha vida, mesmo que a minha mãe concorde no fundo, por fora ela não pode falar nada, pois meu pai sempre fala sobre ela. Isso é o que mais me irrita, minha mãe nem tem voz em casa para falar o que ela realmente sente das situações e meu pai impede isso. Já discuti com o meu pai sobre isso e o que recebi foi duas chapadas no rosto e um puxão de cabelo.

Isso foi há três anos, mas me lembro perfeitamente bem. Ele mesmo parou quando a minha mãe estava implorando para não bater mais em mim e com certeza, o que estava destruindo a família que todo mundo achava perfeita, era o meu pai. Claro, ele não via isso. E era isso que mais me irritava, pois ele colocava a culpa de quem não era culpado, ou seja, ou a culpa era da minha mãe ou era filha. Desde que minha mãe percebeu do abuso que ela sofria por dependência financial e por mais que oferecesse o dinheiro todo que recebo do trabalho, ela iria negar.

Eu queria muito ajudar, mas ela mesma não me deixa ajudar ela. Pelo todos os traumas que ela e ela tenta cobrir isso tudo de tudo e todos. E hoje eu sabia que tudo iria estremecer. Meu pai não estava gostando nada da conversa que eu estava tendo com ele e parecia que ele tentava manter a calma, por mais que não durasse muito.

— Pai, a universidade que eu escolhi, é 6 horas daqui. Eu vou ter que me mudar de qualquer forma. — disse cautelosamente, com a voz meio estremecida, percebendo que ele não tinha gostado nada daquilo.

— E a universidade que eu escolhi para você era medicina e não artes! A universidade que eu escolhi para você era daqui uma hora e não seis horas! Você está entendendo? — este aumentou o tom de voz, pressionando os dedos na chávena de café, vendo que os dedos estavam cada vez mais pálidos quando mais ele apertava.

— Você não está me ouvindo, pai. É o meu futuro, eu que devo escolher—

— Você acha mesmo que artes vai te dar um futuro melhor? Vai fazer o quê? Desenhar a bunda de alguém? — ele interrompeu, se levantando da mesa, caminhando lentamente para mim com a voz meio severa.

Naquele momento, eu congelei.

Não sabia o que fazer no momento, mas eu tinha que enfrentar meu pai desta vez para conseguir ter o meu futuro, caso contrário, eu estaria trancada em casa e ele me controlando como sempre fez a mim e a minha mãe. Eu quero que isso tudo acabe. Mas também a mamãe tem que colaborar comigo.

O pior é que não contei o plano, pois se eu contasse para ela, ela ia acabar por ter medo do pai e se render completamente. Tudo iria de água abaixo. Por agora, eu apenas tenho que sair dessa casa, sem meu pai me bater ou me ameaçar de morte.

— Se for preciso, sim. É o que eu gosto de fazer e desenhar arte também pode ser trabalho! — falei, me afastando a quanto mais ele me aproximava de mim, pois nem tinha bolas para ficar cara a cara com ele.

— Você só deve estar brincando—

— Não, eu não estou! Eu não quero fazer medicina e aceita isso! — do momento que eu gritei isso, com a garganta picando em mim de tanto medo e desconfortável, a resposta que eu recebi foi um tapa na cara e um puxão de cabelo.

— Dessa casa, você não sai. Pode colocar suas malas no quarto e cancela sua viagem pra essa universidade ridícula. — a voz foi calma, mas com muita raiva, vendo que ele estava me olhando nos olhos e isso me deu mais raiva dele.

Naquele momento, eu nem estava chorando, pois acostumei. Minha mãe que estava chorando. Implorando que ele me largasse, mas para ele, choro da minha mãe era uma melodia. Ele não importava com os gritos.

Do momento que ele me larguei, fiquei ainda encostada na parede, ainda olhando para ele com a raiva nos olhos e naquele momento, eu já sabia o que fazer. Mesmo que fosse crime, nada era comparado com o crime que ele fez durante 18 anos.

Minha mãe correu para me ajudar a me recuperar e eu sorri. Quis tranquilizar ela. Ela falou que ia ficar tudo bem e eu ri, beijando o rosto dela que estava molhado de lágrimas. Abracei ela forte e simplesmente falei.

"Onde está os remédios para dormir?"

Ela estranhou a minha cara e analisou o meu olhar. A mulher achou que ia cometer a minha própria morte. Eu falei que não. Disse que iria ser difícil de dormir hoje e simplesmente ela entendeu o motivo, me indicando que estava na prateleira do banheiro debaixo do espelho.

Minha mãe foi se recompondo aos poucos e foi fazer jantar. Fui no banheiro e peguei a caixa de remédios e coloquei no bolso e fui na cozinha para puder ajudar. Pelo rosto dela, ela se surpreendeu por eu ajudar ela na cozinha já que eu fico ocupada estudando.

Lá fora chovia e dava para ver pela janela do final do corredor que tava aquela luz fraca pelo corredor. As luzes estavam apagadas mas era suficiente pra ver o necessário. Realmente estava chovendo bastante e meu pai estava se preparando para sair, já que ele nunca diz para onde ele vai.

Semana passada, ele tinha camisinha aberta no bolso da calça e eu escondi para minha mãe não saber. Na quarta, foi batom na borda da blusa e perfume feminino. Na sexta pro sábado, tinha caixa de cigarro e um saquinho com pó. Drogas. Meu pai nem importava se minha mãe visse, pois ele queria ver ela se machucar e eu não ia deixar isso acontecer mais.

Tudo tá guardado numa caixa com cadeado, onde ninguém tinha acesso. Na gaveta das minhas calcinhas. Ninguém seria maluco de abrir lá, apenas se for pervertido ali. Com isso, eu simplesmente atravessei o corredor e fui ajudando a minha mãe no almoço e simplesmente terminou.

Falei para ela que eu poderia servir os pratos enquanto ela fazia a mesa e coloca os talheres e copos e eu fiquei insistindo, pois minha mãe nunca me deixou ajudar ela. Depois de insistir bastante, ela aceitou. Esperei ela sair da cozinha e ir para a sala. Comecei a servir o do pai, depois da mãe e eu. Adicionei um pouco mais de comida nele e peguei o que tinha na bolsa.

Enquanto a minha mãe fazia a comida, eu pisava o remédio com o pé, sem ela perceber, pois ela estava concentrada em fazer a comida direito, enquanto eu deixava os legumes descascados para ela e ela simplesmente pegava e cortava para a panela.

Coloquei o remédio em pó em minha mão e despejei como se fosse sal ou salsa. Sorri, coloquei mais um pouco por cima para o calor da comida absorver o remédio e como era molho da carne, facilitava bastante. Com isso, peguei os pratos e levei para a mesa.

Sentamos e esperando o imbecilizado chegar.

Ele chegou coberto de perfume, com ar de que ia conhecer uma nova amante. Fazendo a mãe desviar o olhar e dar um sorriso fraco, simplesmente acariciando a minha mão. Logo que ele sentou, ele nem quis saber de nada, apenas começou a comer.

Então, começamos a comer.

Ao longo do tempo que ele comia, mais lento ele ficava. Estava dando efeito. Minha mãe estava ficando preocupada, mas não falava nada. Até que em meio de várias colheradas, ele encostou a cama para se apoiar e comer. A mesma mão que ele puxou o meu cabelo estava apoiando o rosto. E eu fui contando.

— 3…

O seu olhar estava pesado.

— 2…

Ele deu o último suspiro.

— 1…

E ele caiu.

A cabeça estava deitada na mesa, com o corpo completamente apagado de vista. Minha mãe já estava se sentindo culpada por aquilo tudo e simplesmente olhou para mim com o corpo frio e trêmulo, com o ar que já não tinha vida e cheio de desespero. Com certeza ela não sabia o que fazer no momento, mas eu com certeza sabia o que nós iriamos fazer.

— Faça as malas, vamos embora, mãe.


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