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11.24% Os Pecados Ardilosos de Sua Majestade / Chapter 28: Não Seja Mal Educado

Capítulo 28: Não Seja Mal Educado

Os olhos de Adeline se abriram de repente. Ela se sentou na cama, a testa encharcada de suor frio.

Que sonho estranho.

Foi a primeira vez que ela viu Elias em seus sonhos. Ele parecia bastante familiarizado com ela também.

Adeline recordava que era cautelosa com estranhos. Ainda era. Raramente sorria para seus parentes, muito menos para um estranho. Se a pequena Adeline havia pedido para Elias pegá-la no colo e até alimentá-la, então isso deveria significar que ela tinha total confiança nele. Mas como isso era possível?

Adeline não se lembrava de ter encontrado Elias até aquela noite. Com o passar dos anos, ela aos poucos esqueceu suas memórias de infância.

"Isso é muito bizarro," disse ela para si mesma.

Não havia nada que Adeline pudesse fazer. Ela só teria que perguntar a Asher. Ele saberia de algo. Ele a acompanhava há muito tempo.

Com essa nova missão em mente, Adeline saiu da cama. Não se deu ao trabalho de conferir as horas, antes de puxar as cortinas para trás. A luz do sol a banhou, aquecendo-a. Para seu deleite, era manhã! Ela poderia sair deste castelo agora!

Adeline ficou instantaneamente animada. Ela rapidamente experimentou uma das várias portas do quarto. Logo, encontrou um dos dois armários. Para seu espanto, os armários estavam totalmente abastecidos com roupas. Vestidos, camisas, calças, joias, espelhos enormes, havia tudo que uma garota poderia precisar.

"Pelo menos ele não sabe minhas medidas," Adeline sussurrou para si mesma, ao notar os vários tamanhos das roupas.

Ela nem conseguia imaginar como ele saberia. Adeline pegou o que era mais fácil de vestir. Neste caso, era um vestido de chiffon que deslizava pelo corpo e não precisava de zíperes nem nada.

Adeline o vestiu e passou a mão pelas saias plissadas. O vestido era branco como o céu da manhã, mas a fazia parecer um fantasma.

Batida. Batida.

Adeline piscou. Ela acabara de sair do quarto quando ouviu uma batida suave na porta. Acreditando que fossem as empregadas, ela correu apressadamente para a porta e a abriu para elas.

"B-bom dia!" ela cumprimentou animadamente.

O ótimo humor de Adeline azedou.

"Alguém acordou faceiro," ele comentou.

Elias se destacava sobre ela, com as mãos enfiadas nos bolsos. Ele estava todo vestido de preto de novo, com uma camisa de seda abotoada que tinha as mangas dobradas até os cotovelos, revelando cordões espessos em seus braços tonificados. A camisa estava desabotoada no topo, mostrando um vislumbre de seu pescoço forte.

"O que há de errado?" ele provocou. "Eu já estraguei sua manhã?"

Elias percebeu o quão rápido ela franziu a testa. Onde foi parar aquele sorriso alegre? Divertido com as atitudes dela, ele beliscou o lado da bochecha dela.

"É bom ver que a noiva já está vestida de branco," ele disse, só para irritá-la ainda mais.

Adeline não reagiu. Parecia que ela estava se acostumando com as brincadeiras dele agora. Mas sua carranca se aprofundou um pouco.

"Isso não tem graça."

"Hmph, público difícil."

Elias permaneceu na entrada, uma mão segurando o batente e a outra acariciando a bochecha lisa dela. Ele estava surpreso que ela não afastou sua mão.

"Eu sonhei com você," ela admitiu.

"Um sonho molhado?"

"Elias," ela gemeu.

Elias sorriu. "O que foi?"

Adeline teve um dejà vu. Ela segurou a lateral do vestido, ficando parada para ele. Ele tinha uma expressão gentil, mas provocadora no rosto. Será que era por isso que ele era tão gentil com ela? Porque ele a conhecia desde criança? Mas por que ela não se lembrava dele?

"Foi um sonho peculiar," ela acrescentou.

Elias ergueu uma sobrancelha. "Pena. Eu esperava por um mais picante."

"Elias!"

Ele riu alto. O som ressoou pelas paredes e tocou algo em seu coração. O estômago dela se agitou com o som profundo e aveludado. Ele era tão bonito que a cegava.

"Admita, minha pequena Adeline. Quem não gostaria de ter um sonho encantador comigo?" ele provocou. "É a única maneira de uma mulher estar em meus braços."

Adeline apertou os lábios. Por pouco não deixou escapar as vezes que esteve em seus braços. Ele não parecia se importar também. Que déspota sem vergonha ele era!

"Você não vai me deixar entrar?"

Adeline piscou surpresa. Desde quando ele tinha a cortesia de perguntar agora? Ela ainda segurava a maçaneta da porta, como um animalzinho assustado. Com cautela, ela olhou ao redor do quarto.

"Mas não tem onde sentar."

"Então a cama simplesmente não está lá?"

Ele bufou quando ela assentiu. Que mesquinha ela era. Ele soltou a mão.

"Tudo bem, venha comigo."

Adeline assentiu animada. Ela saiu do quarto, os pés afundando no tapete incrivelmente macio. De repente, ela parou. Ela não estava de sapatos.

"O que há?"

Elias se virou para ver que ela havia sumido. Suas sobrancelhas se arquearam alarmadas. Ele correu até a porta, só para vê-la se apressando a entrar no armário. Sem perceber, ele soltou um pequeno suspiro de alívio.

"Mas que porra?" ele murmurou em voz baixa.

Elias passou a mão pelo cabelo. Ele deve ter ficado cansado de dormir apenas um instante à noite. Por um breve segundo, ele se importou demais com ela. Ele não deveria. Foi um erro.

"Eu não tinha sapatos," ela disse a ele, saindo com um par de sapatos baixos nas mãos.

Elias acenou com a cabeça sem palavras. Ele se apoiou na moldura da porta, de braços cruzados, observando-a calçar os sapatos. Ele decidiu que mandaria trazer um sofá para o quarto.

Ele notou imediatamente a cor das sapatilhas confortáveis dela. Azul Tiffany. Ele desviou o olhar, resistindo à vontade de irritá-la novamente. Algo velho, algo azul... Era uma tradição de casamento do passado.

"Para onde estamos indo?"

Elias piscou uma vez. Ele tinha se perdido em seus próprios pensamentos para perceber que ela estava agora de pé na frente dele. Adeline olhou para ele inocentemente, com grandes olhos verdes. Ele foi instantaneamente sugado para o mundo verde dela e teria ficado lá com prazer.

"Para a sala de jantar," ele disse em voz baixa.

Excitação inundou seus olhos, tornando a cor ainda mais clara. Sem aviso, ela ficou repentinamente chateada, revelando um mar de esmeralda.

"Ah, mas eu não estou com fome..."

Elias estreitou os olhos. Mentiras. Ela estava eufórica para comer um segundo antes. Agora, ela mudou de ideia? Ele não aceitaria isso. Ela não iria desperdiçar comida sob o teto dele.

"Pelo menos experimente, querida."

"Não—"

"Adeline," ele cortou.

Adeline cedeu relutantemente. Ela poderia apenas sentar lá e mexer na comida. Ele nem notaria se ela fizesse seu "truque" usual. Silenciosamente, ela assentiu com a cabeça.

Ela ouviu-o soltar um pequeno suspiro. Ele colocou a mão no topo da cabeça dela. Ela levantou a cabeça, apenas para ver o sorriso torto dele. Ele parecia muito mais amável assim. Ela queria ver que outras expressões ele era capaz de ter...

A ideia a surpreendeu. Ela a dispensou. Quem não gostaria de ver os diferentes lados do seu novo amigo?

"Boa garota," ele disse.

"Não me trate como um animal de estimação."

"Presa, muitas vezes, são pets," ele declarou.

Adeline não entendeu o que ele quis dizer. Uma presa? Ela?

"Vamos parar de enrolar," Elias falou seriamente. Ele se virou sobre os calcanhares, e partiu, sem esperar por ela.

Ela era surpreendentemente teimosa. Adeline alcançou-o com uma pequena corrida. Em breve, ela estava andando ao lado dele, com uma grande pressa de suas perninhas curtas. Ele segurou uma risada e acelerou o passo. Logo, ela estava sendo pressionada a seus limites, do jeito que ele gostava.

"Não seja tão cruel," ela finalmente disse.

"Do que você está falando?"

Elias diminuiu a velocidade. Ela estava um pouco sem fôlego, somente por andar rápido. Teimosa até o fim, ela fechou a boca e se recusou a dizer mais alguma coisa. Ele não se importou.

Seu plano deu certo.

Ele queria que ela falasse mais, expressasse suas preocupações e entendesse que era perfeitamente normal reclamar.

Com um descuido nos ombros, Elias não disse mais nada. Logo, seus passos caíram em sincronia, e um silêncio confortável pairou sobre eles. Ele não havia percebido antes, mas estava surpreendentemente bem com o silêncio dela.

Que estranha constatação.


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