Cavernas escuras.
Essas cavernas formam praticamente um mundo subterrâneo: uma vasta rede de túneis e cavernas profundas que se estendem desde Kanto até Johto. Poucos ousaram explorar esses labirintos desconhecidos, e ninguém sabe até que profundidade eles realmente vão. Caminhar ali é como se perder em um labirinto tridimensional, onde cada caminho parece idêntico ao anterior, e onde a escuridão parece devorar qualquer tentativa de se orientar.
Mas isso nunca foi suficiente para afastar os cientistas humanos, sempre ansiosos para desbravar o desconhecido. Apesar dos perigos e da falta de luz, muitos passaram meses explorando e mapeando esses túneis, muitas vezes guiados apenas pelo brilho das luzes fracas que levavam consigo. Há quem diga que só a curiosidade os levou a se aventurar nesse submundo, enquanto outros murmuram que foi a obsessão, o desejo de descobrir os segredos mais sombrios da Terra, que os fez continuar.
Dentro das cavernas, a vida floresce, embora de forma estranha e misteriosa. Elas abrigam uma quantidade impressionante de Pokémon dos tipos Terra, Sombrio e Fantasma.
É especialmente fascinante como os tipos Sombrio e Fantasma se adaptaram perfeitamente a esse ambiente, tornando-se verdadeiros mestres do oculto.
Esse lugar sombrio, repleto de ecos e sombras dançantes, acabou se tornando um verdadeiro paraíso para essas criaturas, um refúgio onde elas podem viver livremente, longe dos humanos e do mundo acima.
Assim como a floresta de Viridian é um paraíso para os Pokémon tipo Inseto, e os recifes e águas de Cerulean são um refúgio para os Pokémon do tipo Água, essas cavernas escuras são o santuário dos Pokémon Sombrio e Fantasma.
O ambiente é escuro, silencioso e frio, com uma aura sobrenatural que parece emanar das paredes de pedra e dos itens e materiais misteriosos que estão escondidos por toda parte.
É como se a própria caverna estivesse viva, com uma energia pulsante que preenche o ar e faz até os mais bravos hesitarem antes de dar o próximo passo.
Apesar da atmosfera opressiva, o desejo de explorar foi mais forte, e com muito esforço, os humanos acabaram conquistando parte dessas cavernas. Eles criaram túneis e mapearam algumas das rotas principais, ao ponto de estabelecerem uma passagem entre duas cidades. No entanto, até mesmo os mapas mais detalhados são de pouca ajuda, pois os caminhos mudam constantemente, quase como se a caverna tivesse vontade própria.
Atualmente, Dave, Misty, Brock e Melanie estão em um desses túneis, seguindo um caminho específico que, segundo o mapa, os levará diretamente para a cidade de Lavender. Mas, em um lugar tão imprevisível, eles sabem que os planos podem mudar a qualquer instante. O ambiente sombrio e o silêncio quebrado apenas pelo eco dos próprios passos deixam todos em alerta máximo.
Com uma cautela natural diante do desconhecido, eles liberaram todos os seus Pokémon, formando um círculo de proteção ao redor. Os Pokémon avançam ao lado de seus treinadores, emitindo uma luz suave que afasta a escuridão, mas só o suficiente para iluminar alguns metros ao redor.
Cada ruído distante parece amplificado, e o grupo fica atento, sabendo que os perigos podem surgir de qualquer direção.
Depois de muito tempo navegando pelos túneis escuros e úmidos, o grupo finalmente encontrou seu primeiro imprevisto.
O grupo inteiro parou abruptamente diante de uma encruzilhada, onde o túnel se dividia em três direções. No entanto, a entrada do túnel central estava bloqueada por uma enorme pilha de pedras e escombros, tornando impossível passar.
Misty olhou para Brock com um olhar preocupado, a tensão evidente em sua voz. "Brock, não me diz que…"
Brock suspirou, confirmando as suspeitas dela com uma expressão séria. "Sim, Misty. O caminho que devíamos pegar era o do meio."
"Droga!" exclamou Misty, cerrando os punhos com frustração.
Dave analisou a situação com olhos atentos e logo fez uma observação. "Parece que algum Pokémon deve ter destruído a entrada. Esse tipo de desabamento é muito suspeito para ser natural."
"Então vamos ter que pegar outro túnel?" perguntou Melanie, tentando esconder a preocupação em sua voz.
Dave fez uma pausa, pensando. "Talvez. Se o túnel inteiro tiver desabado, então não temos escolha e precisaremos mudar de caminho. Mas, se foi apenas a entrada que desmoronou... talvez possamos limpar a passagem." Ele se virou para Brock com um ar decidido. "Brock, use seu Onix para abrir um buraco na entrada."
Brock assentiu e deu um passo à frente, já pegando a Pokébola de seu Onix. "Abram espaço, pessoal."
Os outros se afastaram rapidamente, formando um semicírculo ao redor de Brock, enquanto ele se preparava para liberar o Pokémon. Onix era grande demais para seguir com o grupo pelos corredores estreitos, mas naquela situação ele seria essencial.
"Onix, precisamos de sua ajuda!" gritou Brock, lançando a Pokébola.
Em uma explosão de luz, Onix emergiu com um rugido que reverberou pelas paredes de pedra.
Ele se moveu como uma serpente rochosa até a entrada bloqueada e, sem hesitar, atirou-se contra a parede de pedras, iniciando o trabalho de desobstrução com força bruta.
O som de pedras se partindo e caindo ecoava pelo túnel, criando uma tensão ainda maior. Os outros observavam em silêncio, cada um com sua própria mistura de expectativa e nervosismo.
Finalmente, depois de alguns minutos que pareceram uma eternidade, Onix terminou de abrir o caminho. Brock se aproximou do túnel recém-aberto e olhou para dentro, usando uma lanterna para iluminar o caminho.
A visão foi um alívio, o túnel continuava em frente, como o mapa indicava. Ao que tudo indicava, apenas a entrada havia desabado.
"Bom trabalho, Onix!" Brock acariciou a pedra dura do Pokémon com gratidão antes de retorná-lo à Pokébola.
Com os Pokémon prontos e o grupo em alerta máximo, eles avançaram pelo túnel aberto.
...
Enquanto faziam seu caminho pelos túneis, o grupo enfrentou vários desafios.
Assim como na encruzilhada anterior, muitas das passagens estavam comprometidas, bloqueadas por desmoronamentos ou erodidas pelo tempo, mas com a força de Onix, Brock conseguiu abrir caminho em boa parte delas.
Em alguns trechos, no entanto, as coisas não eram tão simples. Alguns túneis internos haviam desmoronado completamente, e nessas ocasiões, eles não tinham outra escolha a não ser abandonar o caminho traçado no mapa e explorar outras passagens adjacentes.
A ideia de se afastarem do trajeto planejado gerava uma tensão crescente entre eles, principalmente quando o ambiente começava a parecer cada vez mais claustrofóbico.
No entanto, por sorte, sempre encontravam uma forma de retomar o percurso principal, embora a sensação de estarem se perdendo fosse cada vez mais inquietante.
Esses obstáculos físicos não eram os únicos problemas. Ao longo do caminho, eles se depararam com alguns Pokémon selvagens, que não hesitavam em proteger seus territórios.
Mesmo com o uso de repelentes e a presença de Pokémon poderosos ao seu lado, isso não impediu que alguns Pokémon decidissem atrapalhar o grupo.
Golbats surgiam em bando, soltando guinchos estridentes, enquanto Geodudes e Gravelers rolavam pelo chão tentando barrar o caminho. A tensão só aumentava, mas o grupo estava preparado.
Felizmente, Zubat e Clefairy, que acompanhavam o grupo, estavam sempre atentos aos arredores.
Com sua percepção aguçada, eles conseguiam identificar qualquer presença estranha antes que os selvagens se aproximassem demais, permitindo que o grupo se preparasse para os encontros.
A situação mais crítica ocorreu quando se depararam com um Excadrill, um Pokémon toupeira extremamente forte e territorial.
Seu tamanho e poder eram intimidadoras, e ele rapidamente se posicionou em defesa de seu território, os olhos brilhando com ferocidade.
Dave tentou enfrentá-lo com seu Scyther, mas os ataques rápidos de Scyther quase não faziam efeito no Pokémon de aço e terra. As lâminas de Scyther apenas ricocheteavam contra a garras metálicas de Excadrill, que contra-atacava com força descomunal.
No final, os membros do grupo precisaram unir forças. Misty chamou seu exercito de tipo agua e derrotou o bicho.
Todos respiraram aliviados ao verem o Pokémon toupeira recuar e desaparecer nas sombras, ainda um tanto abalados pela força do encontro.
Apesar dos desafios, uma coisa aliviava o grupo: até o momento, não haviam encontrado nenhum Pokémon fantasma.
Entre murmúrios, Brock comentou sobre as dificuldades de enfrentar esses Pokémon, cuja intangibilidade tornava inúteis os ataques físicos.
Além disso, o grupo sabia bem dos efeitos perturbadores dos movimentos fantasmas, técnicas que não apenas causavam dano físico, mas também mexiam com a mente, provocando visões, paralisia e até pesadelos que pareciam reais.
O grupo continuava em frente, mais cauteloso e unido do que nunca.
...
"Falta quanto para chegarmos?" Dave perguntou a Brock, que examinava o mapa com uma expressão séria.
"Já percorremos três quartos do caminho. Acho que, em mais meia hora, finalmente sairemos deste fim de mundo," Brock respondeu, seu tom misturando alívio e cansaço.
"Que alívio," suspirou Misty, estremecendo. "Eu já estava começando a ter calafrios por aqui."
"Até que não foi tão difícil... quer dizer, pelo menos não encontramos nenhum Pokémon fantasma—" Melanie começou a dizer, mas foi interrompida por uma risada assustadora que ecoou pelo túnel.
"ZEHAHAHAHAHA!" A risada parecia vir de todos os lados ao mesmo tempo, reverberando nas paredes e envolvendo o grupo em um som sombrio e profundo.
Misty e Melanie se entreolharam em pânico, sentindo o medo arrepiá-las. Em um reflexo, elas se esconderam atrás de Dave e Brock, procurando proteção, enquanto todos olhavam em volta tentando entender de onde vinha o som.
De repente, as sombras nas paredes começaram a se mover, torcendo-se e assumindo formas estranhas, como se tivessem vida própria. Silhuetas fantasmagóricas apareciam e desapareciam, rindo e espreitando ao redor.
Dave suspirou, tentando manter a calma. "Tinha que comentar..." Ele lançou um olhar ligeiramente irritado para Melanie.
"D-desculpa," ela murmurou, olhando nervosa para os arredores.
Dave respirou fundo e se preparou para a possível batalha. "Docinho, onde ele está? Jack, prepare um Psych Cut!"
A Clefairy em seus braços, carinhosamente chamada de Docinho, começou a concentrar sua energia psíquica. Seus olhos brilharam enquanto ela tentava localizar o Pokémon fantasma, varrendo as sombras ao redor do grupo.
De repente, ela viu: uma forma semi-transparente à direita, encoberta pelas sombras do túnel. Era um Haunter, com sua forma etérea, mãos flutuantes, uma boca enorme e uma língua pendendo para fora em um sorriso macabro.
"Fairy~" Docinho murmurou baixinho, apontando na direção do Haunter. Com um rápido gesto de sua mãozinha, usou seus poderes psíquicos para tentar conter o movimento do Pokémon fantasma.
Jack, o Scyther, que estava pronto ao lado de Dave, notou a confirmação e suas garras começaram a brilhar com energia psíquica. Com um movimento rápido, ele disparou em direção ao Haunter. Sua lâmina cortou o ar, brilhando intensamente com a técnica de Psych Cut, e atingiu o Haunter, cortando através de sua forma espectral.
O Haunter soltou um grito assustador enquanto caía no chão, a energia do ataque de Jack causando dano tanto à mente quanto ao corpo intangível do Pokémon. Ele se contorceu uma última vez antes de desaparecer em uma nuvem de fumaça negra.
"Argh!" exclamou o Haunter, desaparecendo, derrotado, enquanto o grupo suspirava aliviado, mas ainda em alerta.
"Temos que sair daqui antes que outro apareça," alertou Dave, sua voz grave e apressada.
"Tivemos sorte que era apenas um Haunter," disse Brock, mantendo a voz baixa.
"Eles gostam de fazer travessuras, mas, se fosse um Gengar ou algo mais agressivo, poderíamos estar realmente encrencados."
"Então, o que estão esperando? Andem logo!" Misty exclamou nervosamente, começando a empurrar Dave para frente, a urgência estampada em seu rosto.
Não querendo arriscar encontrar outro Pokémon fantasma, talvez um mais poderoso e perverso, o grupo começou a correr pelos túneis.
A respiração de cada um ecoava na caverna, acompanhada do som de passos apressados e o ocasional deslizar de pedras soltas sob os pés.
À medida que corriam, podiam sentir a tensão crescer. Sombras pareciam se mover nas paredes, e risadas baixas ressoavam de vez em quando, como se fossem observados de perto. Mesmo sem olhar para trás, eles sabiam que não estavam sozinhos.
A cada passo, a atmosfera ficava mais pesada, o ar mais frio, e uma leve névoa começou a se formar ao redor de seus pés, aumentando a sensação de desconforto. Todos sabiam que o menor atraso poderia ser fatal.
"Vamos, pessoal, mais rápido!" Brock incentivou, sentindo o mapa em suas mãos começar a tremer levemente – talvez fosse sua própria ansiedade, ou talvez algo mais, algo oculto e ancestral nas profundezas.
Finalmente, avistaram um trecho mais aberto à frente, onde uma luz fraca brilhava no final do túnel, indicando que estavam se aproximando da saída.
Reunindo suas últimas forças, o grupo acelerou, com o coração disparado e os sentidos alertas, sabendo que a segurança estava a apenas alguns metros...
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